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Alô Porto

por João Távora, em 28.02.17

Convite_lançamento_Porto.jpg

No próximo Sábado dia 4 de Março às 18h00 estarei no Porto na Sala da Música do Museu Nacional Soares dos Reis com o Vasco Lobo Xavier e o Francisco José Viegas para a apresentação do meu novo livro "Crónicas Moralistas". 

Entretanto, os meus amigos que o desejarem podem receber um exemplar autografado do livro comodamente em casa através desta página.

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Ruas como deve ser (2)

por João Távora, em 27.02.17

Rua_poco_novo.jpg

Estou convencido de que há nomes de ruas que têm o condão de ajudar os seus moradores a serem pessoas melhores e mais felizes.

Uma curiosidade

por henrique pereira dos santos, em 27.02.17

Como sabemos hoje a publicação das estatísticas offshores é uma questão central para o país.

Como sabemos houve um Secretário de Estado (Sérgio Vasques) que determinou a sua publicação e levou essa publicitação à prática.

Sabemos hoje que durante vários anos essas estatísticas não foram publicadas por um "erro de percepção" entre outro Secretário de Estado (Paulo Núncio) e a Autoridade Tributária.

O que ainda não sei, e tinha curiosidade em saber, é que diligências foram feitas durante esses quatro anos, pelos senhores deputados, no âmbito da fiscalização dos actos do Governo, para entender esta suspensão de publicitação e retomar a sua publicação, uma questão que, como sabemos hoje, era absolutamente central e essencial para o combate à fraude fiscal.

Perguntas ao governo, questões nas audições dos responsáveis, comissões de inquérito, uma coisinha qualquer.

Ou os senhores deputados, que acham esta questão da publicação das estatísticas absolutamente central, não deram pela ausência dessa publicação durante quatro anos e são politicamente irresponsáveis?

Domingo

por João Távora, em 26.02.17

Evangelho de Nosso Senhor Jesus Cristo segundo São Mateus


Naquele tempo, disse Jesus aos seus discípulos: «Ninguém pode servir a dois senhores, porque ou há-de odiar um e amar o outro, ou se dedicará a um e desprezará o outro. Vós não podeis servir a Deus e ao dinheiro. Por isso vos digo: «Não vos preocupeis, quanto à vossa vida, com o que haveis de comer, nem, quanto ao vosso corpo, com o que haveis de vestir. Não é a vida mais do que o alimento e o corpo mais do que o vestuário? Olhai para as aves do céu: não semeiam nem ceifam nem recolhem em celeiros; o vosso Pai celeste as sustenta. Não valeis vós muito mais do que elas? Quem de entre vós, por mais que se preocupe, pode acrescentar um só côvado à sua estatura? E porque vos inquietais com o vestuário? Olhai como crescem os lírios do campo: não trabalham nem fiam; mas Eu vos digo: nem Salomão, em toda a sua glória, se vestiu como um deles. Se Deus assim veste a erva do campo, que hoje existe e amanhã é lançada ao forno, não fará muito mais por vós, homens de pouca fé? Não vos inquieteis, dizendo: ‘Que havemos de comer? Que havemos de beber? Que havemos de vestir?’ Os pagãos é que se preocupam com todas estas coisas. Bem sabe o vosso Pai celeste que precisais de tudo isso. Procurai primeiro o reino de Deus e a sua justiça, e tudo o mais vos será dado por acréscimo. Portanto, não vos inquieteis com o dia de amanhã, porque o dia de ama­nhã tratará das suas inquietações. A cada dia basta o seu cuidado».


Palavra da salvação.

Consultar um manipulador?

por henrique pereira dos santos, em 25.02.17

Há quem tenha tido uma grande comoção com a indicação de Francisco Louçã para o Conselho de Estado e, agora, para o Banco de Portugal.

Francamente não me parece que faça muita diferença face aos que estão nestes orgãos, cuja utilidade não sei avaliar, espanto-me é que Louçã aceite legitimar o poder da burguesia e ser um serventuário do capitalismo, mas isso é lá com ele.

Vale a pena perder um minuto a discutir por que razão esta nomeação é ilustrativa de um processo de escolha e decisão que deveria ser mais bem ponderado e, para isso, é muito útil ouvir o comentário político de Louçã sobre as offshores e Paulo Núncio.

Questionado sobre o assunto, e sabendo que não poderia dar importância material ao que se passou sem pôr em causa a sua reputação académica (Louçã dificilmente cometeria o erro de falar em fuga maciça aos impostos sabendo da baixa probabilidade de ser isso que está em causa), refugia-se primeiro numas generalidades sobre a necessidade de cumprir as regras com que toda a gente está de acordo (esta costela institucionalista de Louçã tem vindo a manifestar-se muito desde que a geringonça chegou ao poder, e ainda bem) e depois atira-se à verdadeira manobra de diversão: sem nunca acusar directamente, descreve o percurso de Paulo Núncio antes de chegar ao governo, relacionando-o com offshores, e depois ligando-o a decisões que teriam matado o processo dos submarinos.

Sem nunca explicar qual é a relação do que diz com o assunto sobre que é questionado, insinua que Paulo Núncio estava no governo para fazer fretes aos interesses económicos, de uma forma que roça a difamação (sem nunca passar formalmente essa linha).

Louçã é exímio nesta arte de difamar terceiros sem nunca o fazer explicitamente, é um verdadeiro génio da insinuação.

Uma frase define tudo: quando fala da transferência da OI, na sequência da venda da PT, quem ele refere não é quem faz a transferência, o vendedor, mas sim a Altice, que não tem nada com o assunto para além de ser o comprador que pagou o dinheiro depois transferido pela OI. Não é um acaso, é um alinhamento com a agenda política de Louçã para quem dá mais jeito chamar à colação a Altice (os abutres que compraram a PT) que a OI, peça central de um obscuro negócio feito no tempo de um governo de esquerda.

A mim fez-me lembrar uma resposta de Louçã, quando falava da sua vida privada e, não querendo apresentar-se como um patrão que explora trabalhadores domésticos, se referia à sua mulher a dias (empregada, criada, seja qual for o termo a usar, não lhe dava muito jeito) como sendo "a senhora que ajuda lá em casa". Imagino o charivari que Louçã faria se algum patrão se referisse aos operários da sua empresa como "os senhores que ajudam lá na fábrica", mas adiante.

A questão de fundo consiste em nos perguntarmos qual é a utilidade em ter conselhos consultivos para os quais não convidamos pensadores, isto é, pessoas realmente livres que em cada momento dizem o que pensam da realidade concreta sobre a qual é preciso decidir, mas sim manipuladores que em cada momento apenas dizem o que entendem que é útil para fazer avançar a sua agenda política.

Um PS antidarwinismo

por João-Afonso Machado, em 25.02.17

De algum modo, gosto de o ver alapado naquela cadeira, ele é o verdadeiro rosto do tagarelismo republicano. Ainda assim, os socialistas deviam ter vergonha.

E a História do seu Partido também, contada desde o maçonarismo antonioarnautsista à batota joãogalambista. Porque ao absoluto de um discurso (muitas vezes adverso à portugalidade) coerente e leal, sucedeu o imenso relativismo da verdade oportunista-revolucionária.

Traduzindo em titulares do segundo cargo na hierarquia do Estado, o de Presidente da Assembleia da República:

O PS pode invocar nomes como Henrique de Barros, Vasco da Gama Fernandes, Teófilo Carvalho dos Santos, Tito de Morais, Almeia Santos ou Jaime Gama. Aprecie-se ou não, gente de saber e compostura. Com maneiras, digamos assim.

Com a dignidade que não se vislumbra agora. O PS de Costa mugiu lá para cima Ferro Rodrigues - para um Olimpo onde não é suposto ruminar as palavras, mas desde o primeiro instante da "era Geringonça" lhe apetecia à boçalidade como o pasto ao bandulho vazio.

E o resultado está à vista, Recordem Almeida Santos ou Jaime Gama, por exemplo, e façam a comparação.

Ruas como deve ser

por João Távora, em 24.02.17

rua_alfarrobeira.jpg

Os nomes das ruas não deviam ser de personagens sectárias ou polémicas. Eu nunca iria viver numa Rua Álvaro Cunhal ou Avenida Cândido dos Reis, que já tenho contrariedades que me bastem. Em sentido contrário há nomes de ruas muito bonitos, que qualquer português gostaria de exibir num cartão de identidade ou inscrever num qualquer formulário. Esse é o tema da crónica que ando magicar... assim tenha eu tempo livre para tal.

Resultado de imagem para offshores

Foi o anterior Governo, com Paulo Núncio a Secretário de Estado dos Assuntos Fiscais que estipulou que o prazo de caducidade para a liquidação de imposto em atraso, que é de 4 anos no geral, tenha passado para 12 anos desde que uma offshore esteja envolvida. Portanto sobra tempo para cobrar impostos se for esse o caso no tratamento das 20 declarações das transferências das offshore. 

Como é que se faz essas declarações? É preciso preencher o modelo 38. Normalmente a entrega às Finanças dessas declarações é posterior à realização das transferências para as offshore, e essas declarações foram enviadas, só não foram tratadas as 20 declarações. Tratamento significa cruzar dados para saber se essas transferências tinham um propósito ilícito, ou origem de fundos ilícito.

Mas não há prejuízo irremediável para o Estado. 

Vítor Matos, do Observador

por henrique pereira dos santos, em 23.02.17

"A performance de António Costa foi a de um perito nas artes políticas, mas neste caso no que a retórica parlamentar e a tática comunicacional tem de pior."

Vítor Matos escreve no Observador (mais que isso, é o editor de política do jornal) e tem uma curiosa concepção do mundo da política.

Logo depois da frase com que começo este texto, Vítor Matos escreve: "A notícia do Público sobre o escândalo das offshores — um caso gravíssimo em que a Autoridade Tributária fechou os olhos no tempo do Governo de direita –, oferecia-lhe a cortina de fumo ideal que permitia atacar o adversário".

Vítor Matos não gasta uma linha a explicar por que razão considera o caso gravíssimo. É verdade que estas transferências deveriam ter sido analisadas pelo fisco, mas sabendo-se quem são os operadores na origem da transferência, quem são os destinatários finais das transferências e qual é o motivo da transferência, tudo elementos de registo e reporte obrigatório, o mais provável é não haver questão nenhuma com as transferências, excepto uma omissão do fisco, portanto é um caso que precisa de ser esclarecido, mas qualificá-lo já de gravíssimo é uma fantasia do jornalista.

E embora haja razões para admitir que a cortina de fumo foi voluntariamente fabricada por Costa, exactamente com o objectivo de ser usada como foi, Vítor Matos só fala dessa possibilidade como sendo uma ideia do CDS, já não tem as mesmas certezas que sobre a gravidade das transferências.

Mas o mais interessante é mesmo a frase com que começo este texto, depois do próprio Observador ter ido verificar três afirmações de Costa e ter concluído que, em todas elas, Costa mentiu. Mais, Vítor Costa ainda consegue criticar a oposição por não ter dito que Costa mentiu, sem nunca criticar Costa por ter mentido, excepto naquele pequeno pormenor de entender que a performance do perito nas artes políticas ter sido no que essas artes têm de pior.

Resumindo, um primeiro ministro que mente reiterada e comprovadamente (e o Observador optou por nem fazer o fact check da frase mais relevante para a definição da performance de Costa, a inqualificável "É absolutamente escandaloso que um Governo que não hesitou e não aceitou em acabar com a penhora da casa de família, tenha tido a incapacidade de verificar o que aconteceu com 10 mil milhões de euros no país") não é simplesmente um mentiroso, é um perito em artes políticas que, calcula-se que por acaso, desta vez usou as suas assombrosas qualidades de maneira duvidosa.

Por mim, vou continuar a insistir que o que diminui a qualidade da democracia não são políticos aldrabões, isso é da natureza das coisas e é legítimo que os eleitores escolham aldrabões para governar, se é isso que acham melhor, o que diminui a qualidade da democracia é mesmo esta imprensa que tem medo de chamar os bois pelos nomes e se enreda em textos gelatinosos para não dizer o óbvio: Costa, enquanto primeiro ministro, pode dizer o que quiser na Assembleia da República, mas o jornalista, enquanto jornalista, tem a obrigação de dizer que quem mente reiteradamente é um mentiroso. E que misturar uma mera falha de verificação de transferências de que se conhece a origem, o destino, o montante e a data, com a penhora de casas por dívidas, já nem é demagogia, é pura ordinarice.

Fizesse o jornalista o seu trabalho e tenho a certeza de que o próximo debate seria mais elevado, porque nenhum político se atreveria a tamanha canalhice se tivesse a certeza de que no dia seguinte seria exposto nos jornais como antigamente os criminosos no pelourinho.

A anormalidade

por henrique pereira dos santos, em 22.02.17

"O que provocou esta anormal irritação do líder do PSD foram afirmações de Costa sobre o caso."

O Diário de Notícias está muito enganado, o que é anormal não é a irritação de Passos Coelho (essa é, de facto, pouco habitual), o que é anormal é um Primeiro Ministro dizer o que Costa disse imediatamente antes de a Passos Coelho lhe ter saltado a tampa.

Infelizmente, apesar de anormal, é muito habitual este comportamento de Costa.

Se alguém tiver dúvidas é ir ouvir o debate (não vale a pena ler as reportagens que os jornais fazem dos debates parlamentares, é mesmo preciso ouvir no original e sem filtros).

Capturados

por João Távora, em 21.02.17

(...) É este polvo, muito mais do que a economia ou as finanças, que vai condicionar Portugal nos próximos anos. Porque mesmo quando a geringonça se desfizer, eles, os comissários, vão ficar lá, blindados nas funções criadas à sua medida, nos seus cargos ideológicos, nos seus programas que implicam sempre mais programas. O dízimo que Costa está a pagar à esquerda radical vai atrasar-nos anos e anos e aumentará em muito a conflitualidade pois o preço da descrispação presente é a enorme crispação futura que teremos de suportar. Por cada dia de silêncio e descrispação é mais uma comissão nomeada, um programa aprovado, um plano equacionado. Todos durante anos e anos vão determinar não só o que podemos fazer mas também o que devemos pensar e sobretudo o que devem pensar os nossos filhos e netos. (...)

 

A ler na integra Helena Matos no Observador

Janelas

por João Távora, em 20.02.17

2017-02-20 15.54.32.jpg

 Travessa Visconde da Luz - Cascais

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Domingo

por João Távora, em 19.02.17

Evangelho de Nosso Senhor Jesus Cristo segundo São Mateus


Naquele tempo, disse Jesus aos seus discípulos: «Ouvistes que foi dito aos antigos: ‘Olho por olho e dente por dente’. Eu, porém, digo-vos: Não resistais ao homem mau. Mas se alguém te bater na face direita, oferece-lhe também a esquerda. Se alguém quiser levar-te ao tribunal, para ficar com a tua túnica, deixa-lhe também o manto. Se alguém te obrigar a acompanhá-lo durante uma milha, acompanha-o durante duas. Dá a quem te pedir e não voltes as costas a quem te pede emprestado. Ouvistes que foi dito: ‘Amarás o teu próximo e odiarás o teu inimigo’. Eu, porém, digo-vos: Amai os vossos inimigos e orai por aqueles que vos perseguem, para serdes filhos do vosso Pai que está nos Céus; pois Ele faz nascer o sol sobre bons e maus e chover sobre justos e injustos. Se amardes aqueles que vos amam, que recompensa tereis? Não fazem a mesma coisa os publicanos? E se saudardes apenas os vossos irmãos, que fazeis de extraordinário? Não o fazem também os pagãos? Portanto, sede perfeitos, como o vosso Pai celeste é perfeito».


Palavra da salvação.

A casa da 5 de Outubro

por José Mendonça da Cruz, em 18.02.17

Conta o Expresso que o «ministério da educação» pretende alterar profundamente os curricula escolares, retirando substancial carga horária às disciplinas de Português e Matemática, para intoxicar as criancinhas que não possam escapar com «consciência e domínio do corpo», «educação cívica» e «ciências sociais». O governo Costa propõe-se, portanto, formatar hostes de especialistas em generalidades e questões fracturantes, peritos em vulgata marxista, e ignorantes destituídos das principais ferramentas do conhecimento.

Diálogo entre dois grandes educadores da classe operária nos corredores da 5 de Outubro:

- Eh pá, tu preferes ir ás putas, para dominar o corpo, ou a masturbação para teres consciência dele?

- Pá, prefiro ir às putas. Convive-se, conhece-se gente, são as ciências sociais.

Mochilas cada um tem a sua

por João Távora, em 17.02.17

Um país que faz do peso nas mochilas dos petizes uma causa nacional, por certo atingiu o zénite de qualquer coisa que não sei bem o quê. Eu mal posso esperar pela hora em que possa esfregar legislação adequada no nariz do filhote pequeno, que todos os dias de manhã quando vai para a escola mais parece um Sísifo condenado, simplesmente porque se esquece de deixar no cacifo os livros que não vai usar em casa. Talvez agora com a intervenção do Estado, o grande patriarca de todos nós, eu vença finalmente esta querela. 

Video lançamento "Crónicas Moralistas"

por João Távora, em 17.02.17

 

Aqui partilho o registo intergral da aprresentação do meu livro “Crónicas Moralistas” em Lisboa no IDL no passado dia 11 de Fevereiro de 2017 pelos oradores convidados, Eduardo Cintra Torres, Pedro Mota Soares e o Cónego Carlos Paes.
Aqueles que o desejarem podem receber um exemplar autografado do livro comodamente em casa através desta página.

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Os amigos do "Zé das Sobras"

por henrique pereira dos santos, em 17.02.17

O primeiro governo de Guterres era, na verdade, um governo de coligação PS/ Independentes, em que a maioria dos ministérios dirigidos por independentes tinham um, ou mais, secretários de estado do PS puro e duro, para manter os independentes na linha (é conhecida a famosa queixa da alma mater desse governo, Jorge Coelho, sobre o facto dos independentes serem muito imprevisíveis).

No caso do Ministério do Ambiente, a então independente Elisa Ferreira trouxe do Porto um fiel escudeiro, também então independente (Ricardo Magalhães), reservando para si e para o seu escudeiro as competências reais do Ministério. Depois entregou ao comissário partidário do Ministério, José Sócrates, as coisas que não tinham importância nenhuma, embora lhe tenha atribuído o estatuto de secretário de estado adjunto, isto é, formalmente o segundo lugar na hierarquia do Ministério.

José Sócrates, nessa altura,atribuiu-se a si próprio, mais com o sentido político que o caracteriza que com o poderoso humor da ironia, a designação de Zé das Sobras, porque realmente as competências que lhe atribuiram eram mesmo as sobras do ministério (a que mais tarde ele conseguiu dar visibilidade e importância, muito para lá do que alguma vez Elisa Ferreira teria imaginado).

Dessa altura eram conhecidas dezenas de histórias, conhecidas e contadas em todos os níveis hierárquicos, sobre a forma como Sócrates funcionava.

Os seus motoristas, como acontece sempre nestas situações, eram uma das mais divertidas fontes de informação. Lembro-me de um dia me terem contado que Sócrates teria entrado no carro em Aveiro e dito explicitamente ao motorista que tinha uma reunião dentro de hora e meia em Lisboa, o motorista que fizesse como entendesse mas que ficasse claro que as instruções que tinha dele próprio é que deveria cumprir os limites de velocidade. "E agora vou dormir, acorde-me quando chegarmos, a tempo da reunião".

Gosto desta história por ilustrar bem a minha ideia de Sócrates, um mistificador para quem a realidade era um mero cenário em que se movimentava tendo apenas uma orientação: obter o que pretendia, atribuindo a terceiros as responsabilidades pelos problemas que poderiam resultar do não cumprimento das regras a que estava obrigado.

Qualquer pessoa que tenha trabalhado profissionalmente com Sócrates confirma, no essencial, esta visão sobre Sócrates, dividindo-se entre os que admiram profundamente a sua capacidade de transformar qualquer coisa numa vantagem, valorizando este aspecto como uma poderosa força transformadora, e os que entendem que os fins não justificam os meios.

Aquilo em que o que escrevi até agora neste post me parece ter alguma utilidade, neste momento, é na ajuda que dá para formular com clareza uma pergunta: qual é o grau de tolerância à manipulação e à mistificação que tem de ter quem o tenha acompanhado de perto no seu caminho de conquista e exercício do poder?

É que muitos dos que o fizeram estão hoje no coração da geringonça e do exercício do poder. Provavelmente mantendo a mesma imensa tolerância à manipulação da realidade com objectivos políticos.

Costa escondido com Centeno de fora

por José Mendonça da Cruz, em 15.02.17

Desculpem se mal pergunto, mas...

... as promessas que Centeno fez a Domingues;

... as alterações legislativas ao gosto e à medida dos administradores convidados para a Caixa;

... a retenção de diplomas até a AR ir para a praia...

... tudo isso veio tão só da cabecinha do hábil Centeno e foi feito por sua alta recreação e poder?

O primeiro-ministro nem teve a ideia, nem sabia, nem autorizou?

As galinhas já têm dentes?

 

 

Ó patego, olhó comboio!

por José Mendonça da Cruz, em 15.02.17

A Sic fez hoje uma reportagem especial sobre o mau serviço das linhas de comboios. As linhas de comboios-tema eram as de Sintra e Cascais, porque, como se sabe, a Sic é em Lisboa e, hélas!,  Porto ou Coimbra (ou Faro, ou Viana, ou Évora, ou Castelo Branco, ou Torres Vedras, ou Beja, ou Santarém) não existem.

Diz a reportagem da Sic que as linhas de Cascais e Sintra registam perdas de passageiros de 1/3 em poucos anos, enquanto a A5 e o IC19 registam aumentos de tráfego substanciais.

A Sic ouviu (é claro) sindicatos, oficinas, e mais quem dissesse que (vá, todos em coro, agora) «faltam meios», «falta contratar mais gente», «falta investimento».

O que a Sic (e o país da Sic) nunca pergunta nem sublinha é que:

Primeiro, as pessoas abandonam o transporte ferroviário em favor do automóvel no exercício da sua liberdade de escolha porque é mais cómodo, mais eficiente e melhor.

E, segundo e sobretudo, o que a Sic e opequeno país da Sic nunca consideram é que um operador privado das linhas de Cascais ou Sintra nunca se autorizaria, por questões de racionalidade e gestão, uma perda de passageiros daquela ordem. Trataria de os manter e ampliar, sem pedir dinheiro a ninguém.

Mas a Sic (e o país da Sic) tem esta fé nas empresas públicas. Quer que elas sejam felizes, que os contribuintes não tenham opções nem escolham livremente, e que paguem para que seja assim.

E responsáveis a quem se possa pedir a devolução do dinheiro, há?

por henrique pereira dos santos, em 15.02.17

Há anos que toda a gente sabe que isto não passa de uma maneira manhosa do Estado se financiar a si próprio através de taxas a que não corresponde qualquer serviço, portanto, uma cobrança fraudulenta de impostos.

Aparentemente o Tribunal de Contas descobriu isso agora.

Nada que impeça o actual Ministro de pegar no dinheiro para sensibilização ambiental e reservar um terço para financiar festivais de música, sem qualquer justificação (se é pela capacidade de mobilizar pessoas, mais valia financiarem os jogos de futebol ou as missas, que mobilizam mais pessoas que possam ser sensibilizadas ambientalmente).

Escrutínio público?

Zero, ou quase.

Responsabilidade pelo uso sensato de dinheiros públicos?

Zero, ou zero.

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Corta-fitas

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