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Publica-se e emite-se para aí celebratoriamente que os gastos dos portugueses nesta «quadra festiva» (como uns chamam à data de nascimento de Cristo) estão a bater recordes de décadas.
É um sintoma da pusilanimidade e indigência da informação portuguesa que um índice altamente preocupante seja apresentado como motivo de festa.
Há um primeiro ministro português que tomou muitas decisões sobre educação, embrulhadas em considerandos modernos e razoáveis. Essas decisões resultaram numa redução da população escolar em cerca de 90%, para além de uma diminuição drástica da qualidade de ensino, tendo o país demorado 170 anos a voltar a uma situação de escolarização que se aproximasse da que existia antes das decisões tomadas.
Há outro primeiro ministro que tomou muitas decisões sobre educação, embrulhadas em considerandos reaccionários. Estas decisões resultaram num aumento de alunos que se traduziu na triplicação do número de alunos, numa diminuição do analfabetismo de 40% pontos percentuais e na erradicação do analfabetismo na população em idade escolar, tornando real a escolaridade obrigatória que o país tinha decidido cem anos antes, sem qualquer resultado prático.
Em qualquer manual escolar português, o primeiro é apresentado como um profundo modernizador da educação em Portugal, a quem se devem muitos avanços, apesar da destruição do sistema de ensino que promoveu, o segundo é apresentado como um obscurantista responsável pelas baixas qualificações no país, apesar de ter de facto escolarizado o país, ainda que apenas no nível básico.
É um bom retrato do que somos: o que fazemos é relativamente pouco importante face ao que conseguimos parecer.
E é uma parte da explicação para a falta de qualidade das políticas públicas, quase sempre discutidas nas suas intenções e com base nas opiniões de quem as defende, raramente avaliadas nos seus resultados concretos e com base nos dados empíricos existentes.
O Bloco de Esquerda quer acabar com as propinas no ensino superior.
É uma proposta que merece discussão e há vantagens e desvantagens no ensino superior gratuito para todos.
O que me espanta é que o Bloco faça esta proposta e muitos jornalistas não pareçam interessados em a discutir, como se o papel de difusão de propaganda coincidisse com o papel do jornalismo.
Um exemplo de uma perguntinha que eu gostaria de ver respondida:
"Tendo em atenção que já hoje os mais pobres não pagam propinas, e que acabar com as propinas corresponde a pôr os pescadores de Rabo de Peixe e os pastores da serra da Estrela a financiar o investimento em formação e capacitação dos netos de Alexandre Soares dos Santos e Américo Amorim, como se explica a proposta do Bloco de pôr os mais pobres a financiar o ensino dos mais ricos?".
Manuela Ferreira Leite e Bagão Félix foram, à direita, dos mais duros críticos da medidas económicas e financeiras implementadas pelo Governo de Passos Coelho. Não faltaram as críticas destes dois destacados economistas às medidas impostas pela troika e à obsessão pelo défice. Agora que decorre, na AR, o inquérito à CGD e os mesmos são confrontados com o que fizeram no passado, então ou não respondem (caso de Ferreira Leite) ou, como acontece com Bagão Félix, reconhece que era contrário à medida (transferência do Fundo de Pensões da CGD para a CGA) mas, como bom comentador futebolístico, chutou a bola: “Já estava previsto que fosse transferido". Mais, assumiu que "na altura, o procedimento por défices excessivos era impiedoso". E no Governo de Passos não era? Se era contra uma medida que permitiu salvar as contas públicas do tal procedimento, porque não se demitiu? Ser comentador é fácil, ser Ministro é um problema!
Não é dia de chover no molhado, porque felizmente não cai chuva e Lisboa livra-se por isso de mais complicações do que as que já tem em matéria de trânsito.
As obras do dr. Medina não são já um teste à paciência dos lisboetas, mas um teste à sua capacidade de tolerância diante duma ocupação do espaço público por obras que avançam por toda a parte ao mesmo tempo mas sem aquela rapidez e finalização que seria desejável. Quem sabe, o motivo é demorar para que se perceba que coisas estão a ser feitas... Infantilidades políticas, irresponsabilidades de todo o tamanho...
Por exemplo, não se entende que bancos colocados entre Campo Pequeno e Entre Campos, libertos dos plásticos que os envolviam há dias, fiquem agora sujos de pó e lama sem que um único e simples operário, numa hora ou duas de trabalho, no máximo, os limpe convenientemente, do primeiro ao último!
Isso simplesmente prova que as obras decorrem sem qualquer supervisão que as obrigue a resultados efectivos e consolidados para benefício imediato do povo. Havendo direcção de obra por parte da CML, jamais seria tolerável, mais que umas horas decorridas, que os bancos que as fotografias apresentam ainda estivessem por limpar. (Mas que profissionalismo é esse?!...)
Quero ver o dr. Medina todos os dias a acompanhar a obra que deixa à Cidade para se fazer eleger (pela primeira vez), como espera conseguir. Sem isso, é um magnífico demagogo que não sente a vida do quotidiano da cidade que ele pretende governar. Ora isso...!
Vá lá com o paninho limpar os bancos — se não tiver quem o faça por si...
Se até agora os clientes dos bancos do Grupo Espírito Santo não recuperam o dinheiro que aplicaram em dívida das empresas do Grupo Espírito Santo que entraram em insolvência e liquidação, foi porque alguém tem de pagar o que o Grupo Espírito Santo por má gestão, imprudência e irresponsabilidade não pagou.
Não restam dúvidas que estes clientes foram enganados, mesmo os que sabiam estar a subscrever papel comercial da Rioforte, ESFG, ou ESI, tinham a segurança que acompanhava o nome Espirito Santo. Afinal a credibilidade do grupo era um embuste.
António Costa fez dos lesados do BES um cavalo de batalha política. E isso foi o que de melhor pode acontecer a estes clientes.
Reparem que numa altura em que a legislação chama ao resgate dos bancos os obrigacionistas, accionistas e depositantes acima de 100 mil euros, esta solução é um bilhete premiado da lotaria.
Recordo ainda que António Costa era já primeiro ministro quando foi feita a Resolução do Banif que criou lesados, clientes que tinham comprado obrigações do Banif e mesmo acções do banco. E se no BES foram enganados pela credibilidade que parecia oferecer o nome Espírito Santo no Banif, intervencionado pelo Estado em 2012, e por essa via maioritariamente detido por ele, os clientes foram ao engodo da credibilidade que o Estado oferece.
António Costa anunciou hoje a solução para pagar aos lesados do BES, e disse que essa solução (desenhada pelo grupo de trabalho que juntou os reguladores e representantes dos "lesados" e ainda o seu representante Diogo Lacerda Machado), "não isenta de pagar quem tem obrigação de pagar", ainda que não tenha explicado como. Vamos tentar perceber:
A compensação financeira dos lesados do BES será feita através de empréstimo comercial a um veículo que pagará até 75% do capital investido no prazo de dois anos. O financiamento será garantido pelo Estado e terá contra-garantias do Fundo de Resolução para anular eventuais custos para os contribuintes. Caso todos os lesados adiram à solução o veículo, o Fundo de Indemnização, que deverá financiar a solução para os lesados do papel comercial do GES, receberá 286 milhões de euros de um empréstimo comercial.
O valor será reembolsado por aplicação e não por cliente (há aplicações que têm mais do que um titular) e os clientes que aceitarem a solução irão ceder os direitos judiciais dos processos já colocados em tribunal contra entidades e administradores ligados ao GES, ao novo veículo (fundo) que assumirá depois a litigância desses processos na Justiça e receberá eventuais compensações decididas pelos tribunais.
Mas é preciso não esquecer que estes créditos judiciais são créditos subordinados pelo que não são os primeiros a receber a massa falida.
Os lesados que aceitarem a solução proposta terão de comprometer-se ainda a renunciar a reclamações e processos judiciais contra uma série de entidades: Banco de Portugal, Comissão do Mercado de Valores Mobiliários (CMVM), Fundo de Resolução, Estado, o Novo Banco e o seu futuro comprador.
A primeira parcela será de 30% do valor estipulado e será paga entre março e junho de 2017, a segunda em 2018 e a terceira em 2019. No modelo fixado, os lesados vão assim poder recuperar até 75% do capital investido até 500 mil euros, com um valor máximo estipulado de 250 mil euros.
Primeira questão por responder: Quem paga aos lesados do BES?
Se não são os contribuintes e se o veículo recebe um empréstimo bancário garantido pelo Estado e contra-garantido pelo Fundo de Resolução, isto é apenas a origem transitória dos fundos.
Quem paga? Os alvos da litigância. Mas que litigância? Qual é o grau de sucesso dessas litigâncias? Mas essas litigâncias em parte não são contra o BES mau? Vai o Fundo de Resolução dono do BES bom (Novo Banco) litigar contra o BES mau?
Por outro lado se a litigância for contra os gestores do BES a probabilidade de sucesso na recuperação dos fundos é mínima porque não são propriamente ricos, e dificilmente poderão suportar esses milhões. Portanto quem vai pagar é o BES mau, o resto que não é pago é o fundo de indemnização que assume o custo, e como o empréstimo é garantido pelo Estado é este que tem de pagar e no fim da linha está o Fundo de Resolução que contra-garante o Estado. Ou seja, quem vai pagar isto são os bancos. Incluindo a CGD, que é do Estado.
Quem ganha com esta solução?
Os lesados do papel comercial do GES porque recebem uma parte significativa do seu investimento perdido em empresas insolventes e em liquidação. O Novo Banco; o futuro dono do Novo Banco; a CMVM e o Banco de Portugal. E os advogados que vão ter litigâncias que nunca mais acabam.
Quem perde?
Os bancos; os gestores do BES, BEST e BES Açores; e o BES mau. E ainda vamos ver se as contas públicas não vão ser afectadas.
Foi na quinta-feira passada que me desloquei a Coimbra, ao Tivoli, por ocasião da festa de Natal do hotel em que se celebravam os 25 anos da sua abertura, na qual numa outra vida eu participei. Foram momentos comoventes em que revi colegas e amigos de longa data passados num almoço que reuniu todo o pessoal do hotel no restaurante habitualmente exclusivo para os clientes.
Poucas pessoas terão a noção do que significa pôr um hotel acabado de construir a funcionar, e menos ainda da importância que para isso tem o factor humano. Tão importante como o edifício, o seu requinte, design e comodidades, são os diversos grupos de pessoas que, como formiguinhas, trabalham com mais ou menos discrição 24,00hs sobre 24,00hs nas ribaltas do grende "cenário". Movem-se pelas zonas de serviço como as cozinhas, copas, andares, serviço de quartos, economatos, manutenção, escritórios de reservas, contabilidade ou comerciais; sem falar das equipas que dão a cara perante os hospedes e visitantes nos balcões dos bares, das recepções e portarias, ou a servir às mesas, na reposição das comidas, etc., etc. Um hotel é um microcosmos composto por uma larga equipa de dezenas ou centenas de pessoas, heterogenia e interclassista, por uma questão de disciplina e eficiência muito hierarquizadas. Integrados em equipas, certo é que todos os colaboradores se movem por resultados exigentes e cruzam-se nas zonas de serviço, balneários, refeitórios e sala de convívio, partilhando refeições e momentos de lazer entre os turnos, como se o hotel fora a sua segunda casa, uma casa onde se passa muito tempo, se vivem emoções fortes, frustrações e alegrias, tensões que geram conflitos e cumplicidades que se fazem amizades, como se o trabalho fora uma inevitável segunda família.
A gestão dos recursos humanos é por tudo isto o maior desafio na boa administração dum hotel. É o factor humano que ao longo do tempo imprime uma “cultura” própria à empresa, que pode cativar ou repelir o cliente. Se o marketing determinado para uma marca define um certo "carisma", as pessoas que o aplicam, no relacionamento entre si e com o cliente, vão ser sempre determinantes e condicionar o resultado.
Foi a trabalhar nos hotéis que depois de passar por diversas funções e experiências descobri a minha profissão de Relações Públicas e mais tarde de Marketing e Comunicação em que hoje trabalho. A maior parte dessa experiência de vida adquiri-a ao serviço dos nos Hotéis Tivoli, uma marca com história e genuinamente portuguesa, com um carisma muito forte, onde o factor humano foi sempre valorizado.
A cadeia de Hotéis Tivoli têm origem na Pensão Tivoli na Avenida da Liberdade fundada no final dos anos 20 da associação entre os empresários José Cardoso e Joaquim Machaz. Estes dois empreendedores construíram uma marca incontornável na história da indústria hoteleira portuguesa. Depois de várias reformulações, a partir dos anos oitenta o grupo passou pelas mãos de diferentes accionistas até chegar aos dias de hoje em que o grupo hoteleiro foi resgatado pelos tailandeses da Minor. Certo é que o seu principal capital sempre esteve nos empregados e na cultura que geraram ao longo de décadas. Por isso não foi surpresa para mim quando na quinta-feira em Coimbra me senti parte de uma grande família que não esquece os seus. Também eu não esqueço todos os amigos que lá deixei.
Vários comentadores de um dos meus posts anteriores estranham o facto de eu continuar a ler e, consequentemente, a financiar, a fraude intelectual que se instalou nas secções de política e economia do Público.
Gosto de ler um jornal em papel de manhã muito cedo, quando saio para beber um café, comprar pão e cumprimentar as últimas senhoras que ficaram a trabalhar até mais tarde na minha rua.
Reconheço que o Correio da Manhã tem tanta informação como o Público, no essencial, mais enxuta ideologicamente (ataca tudo por atacado), mas eu não gosto desse tipo de jornalismo.
Dos outros, nenhum é menos orientado politicamente e outras secções do Público, para lá da política e da economia, são melhorzitas.
É claro que se o jornal fosse todos os dias como o de hoje, segunda 19 de Dezembro, eu mudaria mesmo de jornal: pura propaganda da situação, coroada com um editorial em forma de conversa de café que deveria envergonhar qualquer estagiário.
Um bom exemplo vem do destaque do boateiro Paulo Pena, com pérolas que o caracterizam muito bem.
Ao demonstrar a sua tese de que 2016 é o ano do regresso da auto-estima de Portugal, em consequência do génio político de Costa, dos afectos de Marcelo e do golo do Éder, escreve "Portugal mudou, parece óbvio. Desde 2005 que não estávamos tão felizes. Há provas científicas: os investigadores da Universidade Erasmo de Roterdão mantêm uma "base de dados da felicidade". Todos os anos, desde 1985, seleccionam uma amostra em cada país e lançam a pergunta: "Considerando todos os aspectos, quão satisfeito ou insatisfeito está com a sua vida?" Em 2007 a média das respostas em Portugal apontava para um "suficiente", 5,2, numa escala de zero a 10. Com a crise a felicidade veio pela escala abaixo, chegando à negativa (4,8 em 2012). Em 2016 já vai em 5,2 outra vez".
Sabendo que o artigo era assinado por Paulo Pena, fui imediatamente confirmar os dados em fontes primárias:
o 5,2 de 2016 diz respeito ao ano de 2015.
No fundo, no fundo, ler o Público todas as manhãs é para mim um hábito como conversar com as senhoras que trabalham na minha rua, uma porta aberta para mundos diferentes do meu.
O facto de saber quem são os meus interlocutores ajuda-me a filtrar a informação e não me impede de aceder a um mundo maior que o meu necessariamente limitado mundinho.
Eu acho que isso justifica o meu financiamento da fraude intelectual, ao mesmo tempo que a denuncio, na esperança de que Paulo Pena e o Público ganhem um mínimo de vergonha na cara para, pelo menos nesse aspecto, chegarem ao bom nível das senhoras da minha rua.
Primeiro foram os indicadores da saúde a desmentir a propaganda sobre a devastação social provocada pelo anterior governo.
Depois os indicadores da educação a desmentir a propaganda sobre a destruição dos serviços públicos perpetrada pelo anterior governo.
Mais tarde foram os indicadores de pobreza a desmentir a propaganda sobre o ataque aos mais desfavorecidos levado a cabo pelo anterior governo.
Agora são os relatórios sobre a reforma do mercado de trabalho a desmentir a propagando sobre a ausência de reformas e sobre os efeitos negativos das políticas do anterior governo em matéria de emprego (e que parecem explicar parcialmente o bom desempenho do emprego neste último ano, de que o actual governo se vangloria).
Nem vale a pena falar das previsões de crescimento abaixo do que foi possível em 2015.
E, sobretudo, não vale a pena acordar os especuladores que ainda não notaram como o custo do financiamento do Estado se vai aproximando de níveis menos simpáticos.
Não, não é sobre o que dizia a então oposição que escrevo, mas sobre o que todos lemos e ouvimos na generalidade da comunicação social, que todos os dias encontrava evidências do contrário de tudo o que os estudos e relatórios agora mostram.
Não posso esperar pelo dia em que o país, justamente, se resolva a, finalmente, fazer uma estátua a Vítor Gaspar. Pode ser pequenina, pode ser um busto num cantinho do Ministério das Finanças, mas um dia teremos de lhe agradecer, de alguma forma, o serviço público a que se dedicou para nos safar de problemas muito maiores que aqueles que tivemos e ainda vamos tendo.
De preferência financiada por descontos ligeiros nos ordenados de jornalistas, para lhes dar a oportunidade de se redimirem e evitarem o inferno do remorso eterno.
Na primeira página: "PSD Lisboa promete luta contra apoio a Cristas".
Título da notícia: "Concelhia do PSD promete luta contra apoio a Cristas em Lisboa".
Notícia: "O número dois da concelhia de Lisboa do PSD, Rodrigo Gonçalves, assegura que vai continuar a contestar o apoio do partido a Assunção Cristas".
É um grande progresso que o Público tenha evitado a citação anónima de agentes políticos e tenha feito a sua obrigação: identificar a fonte da informação que está a difundir.
E ao fazê-lo torna evidente a mentira da referência da primeira página e do título: o Público verificou que há uma pessoa, que exerce um cargo relevante num orgão colegial, que tomou uma posição política e, sem mais nada, o Público anuncia que o orgão colegial de que essa pessoa faz parte perfilha o seu ponto de vista.
Até pode ser que perfilhe, ou que amanhã venha a perfilhar mas, até esse momento, é mentira dizer que esse orgão tem essa posição política.
Amanhã a chamada de primeira página e o título da notícia podem ser verdade. É plausível que assim venha a ser mas, como lembra o director do jornal em editorial, exactamente a propósito da ideia da morte política de Passos Coelho, é um bocado arriscado fazer prognósticos antes do jogo.
Um jornal não existe para propagar hoje mentiras que serão verdade amanhã, mas para dar informação objectiva aos seus leitores.
Não se admirem pois da falta de vendas: pessoas como eu, que continuam a pagar o jornal todos os dias em banca, apesar de saberem que estão a comprar gato por lebre (porque prefiro comer gato a morrer à fome por falta de alternativas) somos muito poucos.
Não vale a pena falar de pós-verdades e outros eufemismos: o Público mente porque quer mentir, não há outra forma de o dizer.
"Sonho de José" - Gaetano Gandolfi
(1734-1802)
Evangelho de Nosso Senhor Jesus Cristo segundo São Mateus
O nascimento de Jesus deu-se do seguinte modo: Maria, sua Mãe, noiva de José, antes de terem vivido em comum, encontrara-se grávida por virtude do Espírito Santo. Mas José, seu esposo, que era justo e não queria difamá-la, resolveu repudiá-la em segredo. Tinha ele assim pensado, quando lhe apareceu num sonho o Anjo do Senhor, que lhe disse: «José, filho de David, não temas receber Maria, tua esposa, pois o que nela se gerou é fruto do Espírito Santo. Ela dará à luz um Filho e tu pôr-Lhe-ás o nome de Jesus, porque Ele salvará o povo dos seus pecados». Tudo isto aconteceu para se cumprir o que o Senhor anunciara por meio do Profeta, que diz: «A Virgem con¬ceberá e dará à luz um Filho, que será chamado ‘Emanuel’, que quer dizer ‘Deus connosco’». Quando despertou do sono, José fez como o Anjo do Senhor lhe ordenara e recebeu sua esposa.
Palavra da salvação.
"Algumas comparações simples revelam a situação. Desde que o engenheiro Sócrates chegou ao poder, em Março de 2005, até o Lehman Brothers falir em Setembro de 2008, deflagrando a crise internacional, a nossa dívida directa do Estado aumentou em média 18 milhões de euros por dia, todos os dias, incluindo domingos e feriados. Da falência do Lehman Brothers à chegada da troika, em Abril de 2011, acelerou para 40 milhões por dia. Durante o período da troika, de Maio de 2011 a Junho de 2014, no auge da crise, subiu para 50 milhões por dia. A seguir, e até à chegada de António Costa, a dívida regressou ao ritmo de inicial, crescendo 19 milhões por dia. Desde que Costa tomou o poder até ao fim de Setembro, acelerou para 51 milhões por dia; em Outubro houve uma descida e essa média diária caiu, mas ainda para 42 milhões por dia, a segunda taxa mais elevada dos últimos dez anos." (João César das Neves).
Primeiro foram os indicadores de saúde a demonstrar o bom desempenho do Sistema Nacional de Saúde. Bom, não só porque os indicadores de saúde melhoraram, mas bom também porque os resultados foram obtidos com menos recursos.
Depois foram os indicadores da educação que demonstraram o bom desempenho no sector da Educação. Bom, não só porque os resultados foram bons, mas também porque foram obtidos com muito menos recursos.
Ontem foram os indicadores de pobreza a demonstrar uma melhoria em 2015.
Resumindo, o discurso apocalíptico sobre os resultados sociais do programa de ajustamento que a então oposição vendeu, com a colaboração activa de dezenas de jornalistas sensíveis, cheios de boas intenções e grande sensibilidade social, era simplesmente falso.
Não, não se trata de ter agora informação que então se desconhecia, todos estes resultados eram perfeitamente passíveis de ser antecipados e todas as pinturas negras do futuro (a espiral recessiva, o segundo resgate, a devastação social, a degradação dos serviços públicos, o ataque ao estado social, etc.) eram já nessa altura facilmente reconhecidas como pura propaganda, conversa de jacaré p'ra pato.
O parágrafo que cito no início deste post ilustra perfeitamente o que todos sabemos, mas alguns fingem que não sabem: ficamos mais pobres quando aumentamos a dívida, não é quando estamos a pagar dívidas que estamos a ficar mais pobres.
A estratégia de empobrecimento (uma expressão idiota, ninguém tem estratégias de empobrecimento como objectivo) é a que foi aplicada antes do programa de ajustamento e que agora está a ser retomada: aumentar a dívida para pagar consumos e investimentos de baixo retorno.
Que Jerónimo de Sousa ou Catarina Martins passem o tempo na mistificação, eu compreendo, se ficarem pela realidade não passam da meia dúzia de votos.
Mas que a generalidade da imprensa adopte a mistificação como base de trabalho, torturando os dados até que digam o que pretendem é que é não só uma tristeza, que condiciona a qualidade das políticas públicas, como um suicídio profissional que francamente não entendo.
"Governo assume proposta do Bloco e proíbe glifosato no espaço público".
O glifosato é um químico usado no controlo de vegetação que actua sobre a fotossíntese e é dos mais usados no mundo. As razões para o seu êxito predem-se quer com a sua eficácia, quer com o seu preço, quer ainda com as suas grandes vantagens ambientais face às alternativas visto que não afecta a fauna - actua sobre os mecanismos da fotossíntese - e que tem uma persistência no solo baixíssima, sendo rapidamente neutralizado quando chega ao solo.
Pessoalmente estou envolvido num projecto de controlo de espécies invasoras, financiado pelo programa LIFE. Durante a sua aprovação foi questionada a possibilidade de uso de glifosato, e defendemos na altura o seu uso com argumentos sólidos, exactamente associados ao seu baixo risco, tendo o projecto sido aprovado com a utilização potencial de glifosato, embora dois anos depois do começo não tenhamos usado, até agora, um pingo de glifosato e seja pouco provável que o venhamos a fazer.
Mas o glifosato tem um problema: está muito associado à produção de organismos geneticamente modificados porque a Monsanto, detentora durante anos da patente do glifosato, desenvolveu algumas sementes com resistência a este fito-fármaco, com o objectivo de facilitar a monda química: sendo a produção resistente ao glifosato, era possível eliminar a vegetação indesejável de forma muito mais barata e eficaz.
Sendo a produção de glifosato uma das grandes fontes de receita da Monsanto, sendo a Monsanto uma das grandes empresas de produção de sementes geneticamente modificadas, o movimento anti-ogms virou todas as suas baterias para o combate ao glifosato, procurando demonstrar a sua toxicidade potencial.
Este movimento teve uma grande vitória: a IARC (International Agency for Research on Cancer) classificou o glifosato como potencialmente cancerígeno, ao arrepio de todas as outras agências internacionais que trabalham sobre o assunto. Com o mesmo nível de perigosidade das lareiras ou do consumo de carnes vermelhas. Note-se que é mesmo das carnes vermelhas, não é do chouriço, do presunto ou do vinho, que estão classificadas noutra categoria de risco, mais elevada que a do glifosato.
Alexandre Quintanilha explica aqui muitíssimo bem como é infantil a conversa do BE sobre o glifosato mas, num passe de mágica, acaba a defender a proibição do glifosato em algumas circunstâncias sem que perca tempo a explicar por que razão deve o glifosato ser tratado de forma diferente das lareiras ou da carne vermelha.
O que é relevante neste assunto é que a aprovação da proibição de glifosato nalgumas circunstâncias é uma vitória do obscurantismo e mais um dos exemplos de como a fragilidade estrutural da geringonça nos põe à mercê de algumas das infantilidades do BE, em especial das que não têm tradução orçamental imediata.
Já tínhamos tido um bom exemplo com a aprovação da legislação que inclui a homeapatia nas terapias que o Estado aceita como actos relacionados com a saúde susceptíveis de tratamento fiscal mais favorável. Não tenho posição clara sobre a homeopatia, conheço pessoas cuja racionalidade e sensatez reconheço e que defendem a homeopatia, mas o facto é que o Estado não pode tomar decisões com base em convicções não fundamentadas em factos minimamente reconhecidos e não há um único estudo consistente que consiga demonstrar a validade médica da homeopatia.
Não é só o BE que aproveita a fragilidade estrutural da gerigonça para fazer avançar agendas socialmente negativas, os Verdes (essa fraude partidária que consentimos sem indignação) também fizeram avançar a agenda anti-eucalipto ao arrepio do que é o melhor conhecimento científico sobre a sua produção e os seus efeitos ambientais. E, neste caso, com efeitos económicos reais potencialmente mais relevantes.
Confesso que não entendo a passividade social para com estas fraudes, com efeitos reais sobre o principal problema de saúde e ambiental que temos: a pobreza, nas suas mais diversas formas.
O prejuízo para a criação de riqueza não é um tiro nos malandros dos accionistas e do grande capital, os prejuízos para a criação de riqueza são essencialmente pagos em pobreza e afectam sobretudo os mais pobres.
Há já alguns anos, em 2010, escrevi um post em que defendia que uma das maiores ameaças ambientais do país era o endividamento. Mas acrescentava que a maior mesmo era a falta de qualidade do processo de decisão pública, como procurei ilustrar neste post com as fantasias mal fundamentadas cientificamente sobre o glifosato ou os eucaliptos.
Passos ganhou as eleições e fez um governo.
Só não é governo porque existe uma maioria da Assembleia, não prevista antes das eleições, que resolveu escolher outro governo.
Mesmo assim, há uma quantidade astronómica de pessoas a querer convencer-me de que Passos planeou deixar para o governo seguinte uma série de problemas que ele próprio iria ser obrigado a resolver ganhando as eleições.
O mais estranho é que muitas dessas mesmas pessoas, que agora o acusam de ter escondido os problemas da CGD, ali por 30 de Julho de 2015 e dias seguintes subscreviam o que dizia a oposição (e alguns idiotas úteis como Marcelo ou Marques Mendes) sobre o facto de Passos Coelho ter manifestado a sua preocupação com a CGD (bem antes das eleições).
"A oposição receia que Passos Coelho pretenda recuperar o seu “velho sonho” de privatizar o banco público. Tanto PS como BE “estranham” que o primeiro-ministro nunca tenha falado sobre a gestão da banca privada como, por exemplo, o BES."
"Os ex-líderes sociais-democratas e comentadores políticos Marcelo Rebelo de Sousa e Marques Mendes estranharam este fim de semana as palavras do chefe de Governo e sugeriram que substituísse a administração da CGD, pois tem poderes para isso, caso considere que há desempenho negativo por parte daqueles responsáveis."
""As palavras do primeiro-ministro só podem ser entendidas, para lá de antecipadas justificações quanto a incumprimentos de metas orçamentais, à luz de um objetivo há muito manifestado - o da privatização do banco público, caminho facilitado pela privatização da Caixa Seguros e Caixa Saúde, da responsabilidade de um Governo PS", afirmou, em conferência de imprensa na sede comunista, em Lisboa.
O membro da comissão política do comité central do PCP referia-se à manifestação pública de preocupação de Passos Coelho, na passada semana, pelo facto de aquela entidade bancária ainda não ter começado a devolver o empréstimo estatal de recapitalização de 900 milhões de euros (até 2017), ao contrário de outros bancos privados."
Que a imprensa alinhe na poderosa campanha para remover Passos Coelho já é mauzito, mas enfim, não se pode pedir à imprensa mais do que ela pode dar.
Agora que o faça recorrendo ao absurdo de pretender demonstrar a tese do actual Governo sobre os problemas escondidos pelo anterior Governo, quando está escarrapachado em todo o lado o seu repúdio pelas declarações do então Primeiro-Ministro exactamente explicitando as preocupações com a situação que agora dizem que escondeu, francamente, é fazer dos leitores idiotas chapados.
"Não gosto de ser tomado por parvo, é uma coisa que me chateia" diria eu, parafraseando o Pinheiro de Azevedo.
É costume dizer: o populismo não é uma doutrina, mas um estilo. O que o define? Antes de mais, a noção de que a política consiste no combate que “nós” travamos contra “eles”. Nós somos a maioria, eles são uma minoria. Nós temos sido prejudicados, eles têm sido privilegiados. Nós estamos do lado de fora, eles estão do lado de dentro. Nós somos virtuosos, eles são corruptos.
Em nome do “nós”, fala geralmente alguém que os jornalistas, à falta de melhor vocabulário, chamam “carismático”. O que esse líder carismático se propõe oferecer é invariavelmente contraditório: por exemplo, mais despesa social e menos receita fiscal. O resultado é défice, inflação, às vezes bancarrota. Entretanto, o líder descobrirá as necessárias conspirações para explicar as dificuldades.
Rui Ramos na integra aqui
O sentido crítico de Rui Tavares, na sua crónica de hoje sobre a Rússia, no Público, é notável. Lê-se e não se encontra com que discordar! Acresce um comentário seu, há tempos, no programa televisivo semanal, moderado por João Adelino de Faria, onde contracena com Adão e Silva e José Eduardo Martins - dizia então Rui Tavares, em resposta ao tweet de um espectador, «não era bolchevique, quando muito menchevique»...
Acresce um outro comentário que também ouvi na televisão, este de Ana Drago, confessando-se «social-democrata».
Antes e depois da queda do Muro de Berlim, a História do socialismo tem destas coisas espantosas. Antes - quando o reformismo era ainda e sempre «fascista», camuflagem «burguesa», aleivosamente «capitalismo» puro e duro. Depois - quando leninistas e trotskistas, estalinistas e maoistas, já incapazes de esconder a careca, tomaram as dores da liberdade e abraçaram as «causas fracturantes», a sua nova ferramenta para dar conta do modelo social que juraram fracturar: o nosso.
E incomodados com a presença da Direita (social-democrata ou democrata-cristã) no lugar certo do Personalismo, empurraram-na aos berros - sempre aos berros, revolucionariamente, - para a gafaria «neo-liberal». Subindo eles, como se o século XX não tivesse acontecido, ao galarim dos justos.
Para a Revolução, a verdade (e mesmo a realidade) é apenas circunstancial. A Esquerda não muda: maniqueista, exclusivista, expropriadora. Sempre aos berros.
""Em 2013 já havia informação mais do que suficiente para que estes responsáveis tivessem forçado Ricardo Salgado a recorrer a ajuda pública, o que teria como resultado a nacionalização do BES. Por não quererem enfrentar o poder de Ricardo Salgado, ou seguindo o princípio da destruição criativa, nunca o fizeram.".
Um jornalismo que tortura os factos desta maneira até que digam o que quer consegue chegar ao ponto de dizer que Passos Coelho não quis enfrentar Ricardo Salgado e por isso arranjou um 31 no BES e no sistema financeiro.
No Público de hoje, cheio de informação a demonstrar, um ano depois, que todos os problemas do sistema financeiro decorrem do governo anterior não ter feito nada.
Noutro jornal, o I, não passa dia nenhum em que não haja uma primeira página a demonstrar a revolta que vai no PSD contra Passos Coelho.
É caso para perguntar: que raio tem o homem para haver tanta gente tão interessada no futuro do PSD ao ponto de perderem tanto tempo a trabalhar para o remover?
Por mim, que não tenho nada com o assunto e me limito a votar em quem me pareça que tem uma política mais séria de redução da dívida, acho uma ironia deliciosa ver que a agitação em partidos por causa do manda-chuva de um deles não seja no próprio partido mas nos que não votam nele, ou seja, nos que mais beneficiam da sua putativa incompetência política e teriam, por isso, todo o interesse em o manter como seguro de vida.
Li, há muitos anos, o Livro “Peregrinação Interior” de António Alçada Baptista. Nesta obra, autobiográfica, o autor descreve, ente vários outros temas, a sua relação com a Fé e como esta caminhou ao longo da sua vida; o testemunho partilhado no livro marcou-me muito na altura e várias foram as reflexões que ainda permanecem na minha memória; uma destas refere-se à forma como a sociedade (no caso, as senhoras de famílias abastadas da Covilhã) tratava a pobreza e em concreto aqueles viviam nesta realidade e, neste contexto, encontrei a expressão “pobres de estimação”; o autor destacava, com muita ironia, a “defesa” que cada senhora fazia dos pobres que cuidava e depois discorria uma reflexão sociológica que vale a pena ler e por isso sugiro a leitura do livro. Tudo isto a propósito de uma entrevista de Maria Filomena Mónica (MFM) ao Público em que fala quer do livro “Os Pobres”, que recentemente publicou, quer sobre a sua relação com os pobres. É interessante ler (Maria Filomena Mónica é uma brilhante investigadora) a perspetiva das elites da esquerda sobre a pobreza e, sobretudo, sobre a forma de lutar contra esta situação em que muitos se encontram. Não li ainda o livro e por isso escrevo a partir da leitura da entrevista. Nesta, a autora refere que “em Agosto de 2014, pela primeira vez desde há muitos anos, dei uma esmola (um euro) a um pobre” e acrescenta que “provavelmente, o que me fez abrir a carteira foi ter chegado à conclusão de que, após um interlúdio a seguir à revolução, tínhamos voltado ao cenário atroz da miséria”. Ou seja e para a esquerda (sim, Maria Filomena Mónica sempre se assumiu de esquerda), a miséria terminou com a Revolução e reapareceu nos anos da recente crise e em resultado das medidas da troika. Por outras palavras, a pobreza (para a esquerda) é resultado das políticas quer do Estado Novo quer dos governos que se sujeitam às imposições do FMI. Não por acaso a pobreza em Cuba é explicada, pelos movimentos de esquerda, como sendo resultado do embargo económico americano e não pela política revolucionária de Fidel. Para todas estas abordagens, a leitura histórica parte de teses (tal como acontecera com os Românticos) e depois procuram-se factos que as suportem. E a tese é a de que as políticas de esquerda eliminam a pobreza e a as políticas de direita (a que agora apelidam de neoliberais) conduzem as populações à miséria. Mas regressemos à entrevista e para Maria Filomena Mónica “o que falha em Portugal não é apenas o Estado, mas a Igreja, as classes altas e até os pobres”. As elites de esquerda consideram sempre (está na essência do seu posicionamento ideológico) a Igreja como uma das principais responsáveis da miséria das populações e por isso (seja a propósito ou despropósito) malham em grande nos católicos; curiosamente, no mesmo artigo do Público, é relatado um caso (acompanhado por MFM) em que um jovem desprotegido consegue apenas apoio numa instituição católica (a Casa do Gaiato) mas desde logo apelidada pela jornalista (suspeito que também de esquerda) de vetusta; antiquada ou não, a verdade é que foi numa instituição da Igreja que o tal rapaz teve apoio; não se percebe qual o apoio dado em concreto pela Investigadora mas apenas que recebe cartas do rapaz nas quais informa que está a tirar um curso de fisioterapia. As elites de esquerda nunca assumem qualquer responsabilidade nos males do Mundo pois, para elas, as responsabilidades são sempre dos outros. Também a responsabilidade de contribuir para a solução dos problemas compete, em exclusivo, aos Estados. Não por acaso a participação de cada um (seja a nível individual seja a nível coletivo) nunca é defendida (e muito menos aplaudida) pois é sempre vista como uma presença ou da Igreja ou de qualquer outra atitude burguesa com aspeto social. Um exemplo do que escrevo é o Banco Alimentar que é sempre, mas sempre, criticado pela esquerda. Outro exemplo disto é também contado aqui por MFM no seguinte episódio: “tendo notado que em minha casa existia um armário com objetos a que as minhas netas já não ligavam, decidi oferecer o espólio ao infantário local. Num gesto altruísta, fui até à junta. Por detrás do balcão, duas meninas olhavam as moscas voando sobre as suas cabeças. Expliquei-lhes ao que ia. Que não, a junta não recebia brinquedos para os meninos pobres. Se o desejava fazer, que fosse ao infantário, algures no bairro. Respondi-lhes que ou elas aceitavam os brinquedos ou os deitaria no primeiro caixote do lixo. A ameaça deixou-as indiferentes, pelo que os objectos acabaram num contentor.” Ou seja, ou o Estado intervém ou de nada adianta a ajuda!
Regressando à expressão “pobres de estimação”, temos que a mesma se aplica também para a nossa elite de esquerda. Apenas com uma ligeira diferença: nos tempos das elites do Estado Novo, os pobres não eram objeto de estudo académico e apenas recebiam uma míseras esmolas (mas lá iam recebendo qualquer coisa). Nos tempos das elites de esquerda ou Estado protege ou então nada para os pobres.
Vou ler o livro pois, academicamente (não confundo posicionamento ideológico com trabalho sério de investigação), será uma obra imprescindível para todos aqueles que prestam atenção aos problemas da pobreza.
Evangelho de Nosso Senhor Jesus Cristo segundo S. Mateus
Naquele tempo, João Baptista ouviu falar, na prisão, das obras de Cristo e mandou-Lhe dizer pelos discípulos: «És Tu Aquele que há-de vir, ou devemos esperar outro?». Jesus respondeu-lhes: «Ide contar a João o que vedes e ouvis: os cegos vêem, os coxos andam, os leprosos são curados, os surdos ouvem, os mortos ressuscitam e a Boa Nova é anunciada aos pobres. E bem-aventurado aquele que não encontrar em Mim motivo de escândalo». Quando os mensageiros partiram, Jesus começou a falar de João às multidões: «Que fostes ver ao deserto? Uma cana agitada pelo vento? Então que fostes ver? Um homem vestido com roupas delicadas? Mas aqueles que usam roupas delicadas encontram-se nos palácios dos reis. Que fostes ver então? Um profeta? Sim – Eu vo-lo digo – e mais que profeta. É dele que está escrito: ‘Vou enviar à tua frente o meu mensageiro, para te preparar o caminho’. Em verdade vos digo: Entre os filhos de mulher, não apareceu ninguém maior do que João Baptista. Mas o menor no reino dos Céus é maior do que ele».
Palavra da salvação.
""O que registei do relatório é que eles, que acompanharam algum do ceticismo que muita gente teve no início deste ano sobre a evolução da nossa economia, mostraram-se agora agradavelmente surpreendidos por as previsões que tínhamos feito se estarem a aproximar da concretização e até terem, nalguns aspetos, um 'feeling' ainda superior ao meu e do senhor Presidente da República sobre a evolução da economia" (António Costa).
Um jornalista atento verificaria que "algum do ceticismo que muita gente teve no início deste ano" se referia a uma previsão do Governo de crescimento de 1,8% do PIB e um défice de 2,2%, e que o "mostraram-se agora agradavelmente surpreendidos" diz respeito à previsão anterior do FMI de 1% de crescimento do PIB e um défice a rondar os 3% e que, portanto, dizer que "as previsões que tínhamos feito se estarem a aproximar da concretização" corresponde a uma simples aldrabice que decorre do próprio Governo ter alinhado com "o ceticismo que muita gente teve no início deste ano", mudando o referencial da previsão para 1,2% de crescimento do PIB e um défice de 2,5%.
Fosse Vítor Gaspar a fazer estes malabarismos linguísticos e aritméticos e no dia seguinte toda a imprensa lhe chamaria aldrabão, pondo em evidência a esperteza saloia de usar dois referenciais como se fossem um só.
Mas Costa é Costa, pode dizer o que quiser que para a imprensa é virtualmente inimputável.
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Não há um problemas com a credibilidade do Governo...
O artigo não está nada mau não, vamos para a teori...
Estou a ficar desiludido. Segundo o que vou ouvind...
Absolutamente execrável essa de Ana Gomes.Debita d...
Quem derrubou o governo foi quem rejeitou a moção ...