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Da depressão

por henrique pereira dos santos, em 30.11.16

O PS redigiu um voto de pesar pela morte de Fidel Castro que é inqualificável.

Já de si, é muito mau.

O voto foi aprovado.

Já de si, é péssimo.

Mas, ao que me dizem (não verifiquei os factos em fontes independentes), foi aprovado porque a bancada do PSD se absteve, o que já de si seria absurdo.

A direcção parlamentar (o que significa, a direcção do partido também) impôs disciplina de voto, o que é absolutamente inimaginável.

O resultado é que houve muitos deputados a abandonar a sala no momento da votação (honra lhes seja), alguns a acatar a disciplina de voto mas a apresentar declarações de voto dizendo que votaram discordando do seu voto (o que enfim) e à meia dúzia, penso que cinco, que quebraram a disciplina de voto terá sido levantado um processo disciplinar.

Mesmo depois de morto Fidel continua a perseguir pessoas por delito de opinião, o que já de si é espantoso, mas que o faça usando como correia de transmissão a direcção do PSD é deprimente, muito deprimente.

Estão a destruir o Serviço Nacional de Saúde

por José Mendonça da Cruz, em 30.11.16

Da Imprensa: «Os hospitais de Cascais, Hospital de Braga (ambos PPP), o Centro Hospitalar Gaia/Espinho e o Centro Hospitalar do Porto e Unidade Local de Saúde de Matosinhos são os cinco vencedores do ranking TOP 5 da empresa espanhola IASIST. Entre os critérios avaliados estão a mortalidade, as complicações, custos e tempo de internamento. Se todos os hospitais conseguissem os mesmos valores, a poupança para o SNS seria o equivalente aos custos operacionais de sete hospitais, ou seja mais de 700 milhões de euros.»

Apoiado por rankings enganosos que ainda não aderiram às técnicas do ministério Nogueira da Educação que finalmente coloca no topo as escolas mais miseráveis, o governo PS/PCP/BE está a destruir o SNS. As preocupações economicistas de alguns hospitais que, embora apresentando números alegadamente magníficos, no entanto obedecem a princípios de gestão capitalista põem em risco o futuro de todo o sistema e, aliás, dos próprios hospitais apresentados como exemplo.

A saúde não deve guiar-se por EBIDTAs nem poupanças, a Saúde é um serviço para as pessoas. Pela contratação de mais 3000 médicos, 30 000 enfermeiros e a abertura de 50 000 vagas de pessoal auxiliar, rumo à libertação das grilhetas da tecnocracia e das visões contabilísticas, e pela representação democrática dos conselhos de administração, lutemos contra a racionalidade nos hospitais. 

A estratégida de empobrecimento

por henrique pereira dos santos, em 29.11.16

Uma das coisas mais estranhas no debate político é a facilidade com que se usam, se espalham, se aceitam e se não escrutinam argumentos evidentemente absurdos.

Há muito que ao ler qualquer coisa aparentemente absurda, ou que me parece mal contada, a minha posição base é partir do princípio de que é realmente absurda, ou que está mal contada.

A ideia de que um governo que depende dos votos tem uma estratégia de empobrecimento é uma ideia intrinsecamente absurda e, evidentemente, estúpida. E no entanto há anos que se ouve isto como argumento político o que me tem custado a perceber.

A morte de Fidel Castro, ou melhor, as notícias e comentários sobre essa morte ajudaram-me a perceber melhor a persistência de estupidezes destas.

A quantidade de pessoas que falam do grande progresso económico e social de Cuba durante o regime castrista (os mais contidos restrigem-se aos progressos sociais) não sentem a menor necessidade de verificar os dados que existem sobre o assunto (ver, por exemplo, um pequeno texto com gráficos expressivos).

Não sei o suficiente sobre a história económica e social de Cuba para avaliar a solidez dos argumentos dos que dizem que houve grandes progressos e dos que dizem o contrário, mas o que tenho lido ultimamente é bem diferente do que sempre ouvi dizer e, tendo em atenção aspectos paralelos que conheço melhor, suspeito de que realmente há por aí mais mitos que realidades que, aparentemente, pouca gente se dispõe a escrutinar.

Há em Portugal dois casos paralelos que vale a pena referir: o mito da reforma da educação feita pelo Marquês de Pombal e o mito do empobrecimento (e o voluntário obscurantismo) provocado pelo salazarismo.

No essencial a reforma do ensino do Marquês de Pombal terá sido feita no papel, na prática reduz-se à expulsão dos Jesuítas e à destruição do sistema de ensino existente, sem que nada de muito relevante tivesse substituído o sistema de ensino que existia. De tal maneira que o número de alunos que havia em Portugal em meados do século XVIII só voltou a ser atingido nos anos 30 do século XX, 170 anos depois, quando a população já tinha duplicado a que existia no século XVIII (para leitura mais completa, ver aqui).

A outra situação que conheço melhor diz respeito ao mito do empobrecimento do país pelo regime salazarista, incluindo a miséria dos seus indicadores sociais. A origem da persistência do mito, para além das motivações políticas, está na situação pouco brilhante, do ponto de vista social e económico, em que o país estava quando acabou o regime, quando se compara com os países mais desenvolvidos do mundo.

Por exemplo, uma taxa de analfabetismo perto de 20% é um péssimo indicador social.

Mas quando se compara com a taxa de analfabetismo no início do regime, por volta dos 60%, a avaliação do resultados do regime político então existente é, forçosamente, diferente. E seria ainda mais evidente se esta taxa fosse avaliada para a população menor de 15 anos, em vez da totalidade da população, uma vez que desde os anos 60 a população em idade escolar tem uma taxa de escolarização muito perto dos 100% (no que diz respeito ao ensino elementar).

Se se olhar para outros indicadores sociais, como a taxa de mortalidade infantil, ou para indicadores económicos (o maior período de crescimento económico e convergência com os países mais ricos nos últimos 200 anos, ver aqui para quem tiver dúvidas) a conclusão é a mesma: é verdade que no fim do salazarismo Portugal era um país pobre e com maus indicadores sociais, mas é igualmente verdade que era incomparavelmente menos miserável do que era no início do regime, tendo inclusivamente havido uma aproximação relativa aos padrões dos países mais desenvolvidos.

Dizer isto, que é estritamente factual, é imediatamente lido por dezenas de pessoas como uma defesa do regime salazarista, tal como se entende que para defender o regime castrista é fundamentel assegurar os seus êxitos económicos e sociais, seja ou não verdade.

A legitimidade dos regimes políticos não se mede pelos seus resultados económicos e sociais, mas sim pelo respeito pela vontade das pessoas comuns e pelo primado da lei, independentemente dos resultados económicos e sociais que se consigam apresentar (penso que não lembraria a ninguém justificar, ou sequer usar o famoso "mas" de cada vez que se referisse um aspeco negativo do regime nazi, com base nos resultados económicos e sociais da Alemanha de então)

É esta ausência de rigor, ou se quisermos, é a substituição da análise dos factos pelo preconceito, questão especialmente grave na imprensa e outros veículos de discussão pública massificada, o que permite que o combate político seja feito com argumentos tão estupidamente absurdos como a existência de estratégias de empobrecimento.

É assim que se abre o caminho ao populismo que sempre caracterizou a extrema-esquerda mas que agora, porque em crescimento do lado direito, parece preocupar muita gente.

Pela parte que me toca, lembro-me sempre da "assinatura" dos mails e afins de um dos meus orientadores de tese, e o primeiro português a receber o prémio Jaime I: ""L'objectif reste le même; détruire le préjugé. Mais pour l'atteindre il faux s'ouvrir a la raison des autres". Claude Lévi-Strauss

Qual a lição de história que lhes falta?

por João Távora, em 28.11.16

Aqueles que como Ferreira Fernandes homenageiam Fidel por ter combatido Fulgêncio Baptista “Ao combatente de grande causa, honra. Ao tirano, vergonha” não estão indirectamente a justificar Oliveira Salazar que chegou ao poder para acabar com dezasseis anos de instabilidade miséria e tirania? Qual a lição de história que lhes falta?

Em França, entretanto, uma direita mais inteligente...

por José Mendonça da Cruz, em 27.11.16

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 ... escolheu François Fillon como candidato às presidenciais do próximo ano. François Fillon, católico praticante e declarado, tem um programa de reformas e desfuncionalização para França, além de uma política de imigração, que o seu rival de área política, Alain Juppé - aliás, o preferido de Marques Mendes (et pour cause) - considerava «brutais» e «irrealizáveis». Mas parece que foi Fillon quem melhor entendeu a vontade de mudança e melhor leu os ares do tempo.

Qual é a diferença entre equidistância e cobardia?

por José Mendonça da Cruz, em 27.11.16

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Ontem...                                  ... como hoje.

 

«Um dia se se investigasse, muita gente ia ficar mal na fotografia», diz, sem nomear partes ou nomes, Marques Mendes na Sic, sobre o lamentável caso da Caixa Geral de Depósitos. Após o que se atira a António Domingues por se ter atrasado a ir-se embora, para poupar o escrutínio às condições em que foi convidado e às garantias que lhe foram dadas. A culpa é, portanto, da vítima.

A confusão entre equidistância e pusilanimidade é uma das mais generosas fontes de toxinas no ambiente político português.

Outra, é a mixórdia de interesses titulados pela mesma pessoa. Por exemplo, a mixórdia do interesse particular de um comentador que se dispõe a colocar inteligência e juízo crítico entre parentesis, a bem de uma aparência de equilíbrio que lhe garanta as audiências e os proventos de uma aparição semanal em horário nobre televisivo; com o interesse partidário do mesmo comentador, interessado em poupar Costa para melhor proporcionar o afastamento de Passos Coelho; com o interesse jornalístico de gerir simpatias em todos os quadrantes, de forma a manter a disponibilidade das fontes do governo.

E é claro que tivemos direito a considerações sobre o «carisma», o «heroísmo romântico» e a qualidade do «contador de histórias» Fidel Castro.

É o protagonismo de personagens pardos assim que em alguns locais conduz à eleição de Le Pens e Trumps.

Tempos modernos

por João Távora, em 27.11.16

My Fair Lady deveu parte do seu sucesso à história duma rapariga da rua que com esforço aprende a ser como uma princesa. Se a peça fosse feita hoje, para alcançar o mesmo sucesso teria que contar a história de uma princesa revoltada que sem muito esforço se tornava numa rapariga da rua.

Os erros do grande revolucionário

por henrique pereira dos santos, em 27.11.16

Tenho a impressão de que há alguma mudança na discussão pública e na forma como o rolo compressor da predominância cultural e mediática da esquerda parece estar com alguns problemas na engrenagem.

Parece-me, embora possa ser só eu a ver o que gostaria de ver, que na morte de Fidel Castro deixou de haver uma dominância avalassadora dos panegíricos temperados com alguns "mas" (veja-se Catarina Martins a falar dos erros do grande revolucionário, como ilustração) para haver debate sobre a ilegitimidade das ditaduras, independentemente dos seus resultados serem positivos ou negativos.

Ao contrário do que eu estaria à espera (e que foi ensaiado inicialmente pelos jornais até se sentir que o vento tinha mudado e que elogios a Fidel Castro não passariam facilmente sem crítica) rapidamente o discurso da liberdade empurrou o discurso romântico sobre Fidel para um tom defensivo (mais uma vez, Catarina Martins sentindo necessidade de dizer que o BE sempre esteve contra os erros do regime cubano).

Sobrou apenas o PCP (e afins) para fazer o discurso que seria dominante há vinte anos, nestas circunstâncias.

Pode ser que venha por aí um tempo novo em que, para a generalidade das pessoas, ditaduras são ditaduras e ditadores são ditadores.

Domingo

por João Távora, em 27.11.16

Evangelho de Nosso Senhor Jesus Cristo segundo São Mateus


Naquele tempo, disse Jesus aos seus discípulos: «Como aconteceu nos dias de Noé, assim sucederá na vinda do Filho do homem. Nos dias que precederam o dilúvio, comiam e bebiam, casavam e davam em casamento, até ao dia em que Noé entrou na arca; e não deram por nada, até que veio o dilúvio, que a todos levou. Assim será também na vinda do Filho do homem. Então, de dois que estiverem no campo, um será tomado e outro deixado; de duas mulheres que estiverem a moer com a mó, uma será tomada e outra deixada. Portanto, vigiai, porque não sabeis em que dia virá o vosso Senhor. Compreendei isto: se o dono da casa soubesse a que horas da noite viria o ladrão, estaria vigilante e não deixaria arrombar a sua casa. Por isso, estai vós também preparados, porque na hora em que menos pensais, virá o Filho do homem.


Palavra da salvação.

Fidel à luz da Estatistica

por João-Afonso Machado, em 26.11.16

Ao longo dos seus 49 anos no poder, Fidel parece ter sido responsável pelo triplo das mortes - fuzilamentos, desaparecimentos, encarceramentos desumanos... -  imputadas ao nefando Pinochet.

Acresce outra circunstância: que se saiba, Pinochet não exportou tropas chilenas para guerras alheias; já Fidel enviou cubanos para Angola (onde combateram ao lado do MPLA) como quem avia charutos e cigarrilhas na tabacaria.

Qual o tamanho desta outra banheira de sangue?

Continuemos atentos à escrita do "livro branco" de Fidel. O happy end parece evidente - Fidel, um revolucionário romantico apenas. Com muitas mulheres na sua vida, ao invés de Pinochet, um nojento concupiscente.

Esta continua a ser a força da Esquerda. O seu maniqueísmo. Os maus estão sempre todos do lado oposto ao dela.

Mundo melhor

por José Mendonça da Cruz, em 26.11.16

Morreu Fidel Castro, revolucionário, inimigo da liberdade, torcionário, assassino, ameaça à paz mundial, tirano que durante décadas aferrolhou um pequeno país na miséria e no atraso político, económico, intelectual, cultural e social. A nossa imprensa celebra-o e o PR endereça condolências aos escravos do ditador. O povo que se libertou celebra nas ruas de Miami.

Foi acusado, o coitado

por henrique pereira dos santos, em 26.11.16

O Observador lá vai actualizando o obituário de Fidel Castro e, ao contrário do que acontecia na notícia original, já tem referências ao carácter do regime mas, francamente, a emenda é pior que o soneto:
"Amado por uns, odiado por outros, foi acusado de autoritarismo, radicalismo, violação dos direitos humanos e perseguição de religiosos e homossexuais. A situação em Cuba, levou milhares de pessoas a abandonarem o país, muitas delas de forma ilegal."
Foi acusado? Tudo lendas, claro, é gente que gosta de má-língua e acusa Fidel Casto de ser homofóbico, é apenas o radicalismo LBGT a acusar toda a gente de tudo, claro.
E são tão malandros, que não só abandonam o país como, criminosos, o fazem de forma ilegal, a ONU deveria olhar para este absurdo das pessoas abandonarem os países ilegalmente só para dizerem mal de governos catitas, em vez de abandonar o país legalmente, como faria qualquer pessoa de bem.

Não será bem assim

por henrique pereira dos santos, em 25.11.16

"Sim, nós jornalistas poderíamos ter investigado todas as consequências daquela mudança da lei. Era o que se teria feito num tempo em que os cidadãos em geral estavam dispostos a pagar pela informação. Este é um exemplo de como a falta de dinheiro e, por causa dele, a falta de tempo no jornalismo deixa que algumas notícias só cheguem à luz do dia pela voz de quem não é jornalista o que está longe de garantir a defesa dos cidadãos"

Esta parágrafo de Helena Garrido é muito interessante por ilustrar bem o corporativismo de grande parte do jornalismo.

Aparentemente, Helena Garrido entende que o facto dos jornalistas não terem feito o seu trabalho numa matéria sensível não é uma responsabilidade dos jornalistas, mas uma responsabilidade dos leitores que não querem pagar para ter melhor jornalismo.

E no entanto...

1) Se os recursos são escassos nas redacções (tal como são escassos nas cozinhas dos restaurantes, nas fábricas de sapatos ou na escolas e hospitais) é evidentemente uma responsabilidade dos jornalistas a escolha do que fazem com os recursos que existem;

2) Se  os jornalistas deixassem de procurar responsáveis externos para o facto dos leitores não quererem pagar o lixo que lhes querem enfiar pela goela, talvez percebessem que as relações de causa/ efeito estão invertidas neste parágrafo: é porque os jornalistas não fazem o seu trabalho que as pessoas não querem pagar por ele, não é porque o trabalho não é pago que é mau;

3) É também interessante que, depois de constatar que os jornalistas não fazem o seu trabalho, que no caso em concreto a apatia dos jornalistas foi substituída por alguém fora da corporação (enfim, vamos admitir que Marques Mendes está fora da corporação, para o que aqui interessa), se conclua que a participação de outras fontes de informação põe em perido a defesa dos interesses dos cidadãos;

4) Parece a lenta agonia dos editores da Enciclopédia Britânica procurando sistematicamente desvalorizar a wikipedia, defendendo-se com as garantias que a Enciclopedia Britânica dava aos seus leitores, no pressuposto de que um conjunto restrito e limitado de verdadeiros especialistas daria mais garantias que o escrutínio feito por uma multidão incontável de gente muito diversa, desde os mais ignorantes aos maiores especialistas;

5) Acresce que a corporação dos jornalistas raramente é constituída por pessoas especialmente preparadas para escrever sobre os assuntos que tratam. Os jornalistas são especialistas em generalidades, e será inevitavelmente assim, pelo que me pareceria mais avisado saudar, estar atento e procurar integrar o imenso manancial de informação dos que estão fora da corporação (incluindo na corporação o pequeno número dos que estão nas listas de contactos das redacções) que defender-se com a suposta garantia dada aos leitores. Como se diz no início, os leitores ligam tanto a essa garantia que não querem pagar o serviço prestado, portanto talvez seja melhor fazer como a indústria textil quando começou a perder clientes: investiu seriamente no aumento de valor para ir ao encontro dos clientes, em vez de se queixar de que os clientes não queriam pagar o que faziam.

Para o populismo, esta imprensa apática, corporativa, dependente de fontes privilegiadas, anónimas e muitas vezes interessadas, é um campo fértil a ser lavrado, com elevadas garantias de grandes colheitas futuras.

Generation gap

por João Távora, em 24.11.16

E o que vejo quando olho para os novos cafés de Lisboa, pejados de gente a gastar dinheiro que eu tenho mas que prescindo de deixar ali, ponho-me a pensar que talvez a questão seja mesmo essa. Os millennials, a geração do milénio, não gosta do futuro que vê e come abacates para esquecer. Aqueles sítios estão cheios de gente que desistiu. 

André Abrantes do Amaral no i

Este país deve ter o que merece. Só pode.

por Vasco Lobo Xavier, em 22.11.16

Por motivos que não interessam tenho andado um pouco alheado do mundo em geral e do mundo miserável da política nacional em particular.

 

Vamos lá ver se eu percebi bem o que se passou nos últimos dias. A Carris, essa empresa de transportes públicos que serve Lisboa e alguns municípios adjacentes e que é conhecida por dar prejuízos à doida e anualmente, foi entregue pelo Governo socialista apoiado pela geringonça à Câmara de Lisboa socialista de Medina. Foi dada. Toda? Não! Uma dividazita de mais de 800 milhões de euros que a empresa tinha ficou no Estado português, para ser paga pelos contribuintes, do Minho ao Algarve, que já têm de pagar os transportes públicos das suas terras.

Recebida a Carris pela Câmara de Lisboa socialista, o seu Presidente anunciou de imediato que estava preparado para gerir a empresa e proclamou que o passe navegante para idosos baixaria de 26,75 euros para 15 mensais (aí uns 45% de repente) e que passaria a ser gratuito para crianças até 12 anos (era até 4 anos).

Pretende ainda o presidente socialista de Lisboa contratar uns 220 motoristas e adquirir 250 novos autocarros, para lá de outras coisitas.

Está portanto preparado para em Lisboa fazer a habitual gestão socialista, à custa do resto do país.

 

Fico espantado!... E não há um levantamento geral no país?!?... O país paga esta maluqueira toda da Lisboa socialista sem sequer ganir?!?... A comunicação social assobia para o lado?!?...

 

Este país tem o que merece!

 

 

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Portugal perdeu uma excelente oportunidade de proceder a mais uma parcela do total de ajustamento de que necessita. No caso da já famosa administração da CGD ficou demonstrado que a nossa classe política funciona ainda no modelo de circuito interno ao não entender que Portugal necessita para certos lugares de uma classe dirigente mais independente e arejada. Não teria sido bem mais avisada a escolha de uma equipa internacional, distante da poluição que anima a nossa vida nacional, descomprometida com o sistema de produção de “cozinhados” que historicamente resultaram em incontáveis imparidades, e com um olhar mais distanciado e mais livre tão útil para um país que carece de mais discernimento?

Imaginemos por momentos a administração da CGD povoada de suecos, alemães, ingleses, dinamarqueses, franceses, etc, (presidente incluído). Não estaríamos mais seguros no rompimento daqueles elos e processos que tão bem têm assistido ao modelo promíscuo entre os poderes político e económico que tão brilhantemente nos atolou e que teima em não sair da frente? Não que o simples facto de ter estrangeiros ao comando na CGD nos garanta gestão de excelência. Mas a história das imparidades da CGD não é famosa e espelha bem o perigo da promiscuidade entre política e negócios, suporte onde nos habituamos a medrar toda uma teia de dependências e, pior, que passámos a tomar como referência. Algumas familiaridades, frequências conjuntas nas salas de aulas, salões e outros círculos, ainda que saudáveis, podem ser perniciosas se não impedirem o desenvolvimento do viciado modelo de circuito interno onde a racionalidade económica e análises de risco acabam por se subordinar a outros critérios menos transparentes, o que, aliado à fraca apetência lusitana para o confronto e forte apetência para a acomodação em nada vêm ajudar à prevenção do florescimento de problemas devido a excessos de decisões desastrosas.

O ajustamento necessário em Portugal está longe de se confinar às finanças. Finanças constantemente desequilibradas são o sintoma de modelos de governação adoptados e os credos que lhe servem de suporte. A crise em que nos arrastamos tratou somente de expor a podridão do modelo de circuito interno e os podres a ela associados. Não atacar este modelo e os perfis dos seus intérpretes é não resolver o problema em toda a sua extensão. Ter uma administração estrangeira na CGD ajudaria à transparência e racionalidade que a coisa pública reclama e sinalizaria até que ponto o Estado português estaria disposto a ir para resolver pela raiz este e outros problemas que assolam Portugal.

 

Pedro Bazaliza
Convidado Especial

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Mas o dinheiro dos outros, sim

por José Mendonça da Cruz, em 21.11.16

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Olá, senhor contribuinte do Porto, de Vila Real, de Coimbra, de Castelo Branco, Coruche, Marvão, Beja, Portimão, Sagres, Marvão, Maçãs de D. Maria, Bragança, Góis, e Venda de Raparigas, olá senhor contribuinte de Lisboa, também: está contente? Está feliz da vida? Devia estar. Hoje o primeiro-ministro anunciou que os seus impostos -- a que ele chama o dinheiro «do Estado» -- servem para pagar a má gestão dos transportes de Lisboa, e que assim é que devia ser. Diz ele (que sabe muito melhor que vocês como usar o vosso dinheiro) que só por «fanatismo ideológico» ainda não fora assim, e que agora prevaleceu «o bom senso» dele.

Não estão felizes? Não acreditam? Então eu transcrevo do insuspeito e cada vez mais mainstream Observador:

 

O primeiro-ministro defendeu esta segunda-feira que a transferência da Carris para a Câmara de Lisboa mostra que o “bom senso prevaleceu sobre o fanatismo ideológico” e que o Estado não faz favor nenhum ao assumir a dívida existente.

“O Estado não faz nenhum favor, porque mantém-se responsável pelo que já é responsável, que é a dívida que criou”, afirmou António Costa, referindo-se ao valor que, no ano passado, ascendia a cerca de 700 milhões de euros. 

O primeiro-ministro intervinha na cerimónia da assinatura do memorando da passagem de gestão da rodoviária Carris para a Câmara Municipal de Lisboa, no Museu da Carris.

 

Perceberam? Não perceberam? Então eu traduzo:

O primeiro-ministro defendeu esta segunda-feira que a transferência da Carris para a Câmara de Lisboa mostra que prevaleceu o fanatismo ideológico e que o Estado não faz habilidade nenhuma ao assumir a dívida existente porque paga-a com o dinheiro dos impostos que sorve.

O Estado não faz esforço nenhum, porque mantém-se responsável pelo que já era responsável, que é a dívida que criou, e o dinheiro para a pagar não é meu, é dos contribuintes, afirmou António Costa, referindo-se ao valor que, no ano passado, ascendia a cerca de 700 milhões de euros. 

O primeiro-ministro intervinha na cerimónia da assinatura do memorando da passagem de gestão da rodoviária Carris para a Câmara Municipal de Lisboa, no Museu da Carris.

 

Então, felizes ainda? Sim? Não? Ou apetece-vos dizer como a criança a cujo pai António Faria assaltara a barca e roubara as galinhas que agora comia enquanto ia fazendo prédicas de beiços untados:  «Não cuides de mim, inda que me vejas menino, que sou tão parvo que possa cuidar que, roubando-me meu pai, me hajas a mim de tratar como filho.»

 

 

 

Perguntas simples

por João Távora, em 20.11.16

Irónico como a propósito de Donald Trump e Marine Le Pen o “jornalismo de referência” só agora descobriu o fenómeno do “populismo” que caracteriza pela “utilização de mensagens demagógicas, soluções irrealistas para problemas complexos emitidas através de imagens simplistas proclamadas em frases curtas de fácil compreensão principalmente através das redes sociais”. Afinal como é que os partidos do sistema vêm alcançando os seus resultados e desiludindo o eleitorado? Debatendo abertamente os desafios que pendem sobre a nossa sociedade e as reformas cada vez mais urgentes? Ou será que o adjectivo “populismo” só se aplica quando a oligarquia não gosta dos resultados?

Domingo

por João Távora, em 20.11.16

Evangelho de Nosso Senhor Jesus Cristo segundo São Lucas


Naquele tempo, os chefes dos judeus zombavam de Jesus, dizendo: «Salvou os outros: salve-Se a Si mesmo, se é o Messias de Deus, o Eleito». Também os soldados troçavam d’Ele; aproximando-se para Lhe oferecerem vinagre, diziam: «Se és o Rei dos judeus, salva-Te a Ti mesmo». Por cima d’Ele havia um letreiro: «Este é o Rei dos judeus». Entretanto, um dos malfeitores que tinham sido crucificados insultava-O, dizendo: «Não és Tu o Messias? Salva-Te a Ti mesmo e a nós também». Mas o outro, tomando a palavra, repreendeu-o: «Não temes a Deus, tu que sofres o mesmo suplício? Quanto a nós, fez-se justiça, pois recebemos o castigo das nossas más acções. Mas Ele nada praticou de condenável». E acrescentou: «Jesus, lembra-Te de Mim, quando vieres com a tua realeza». Jesus respondeu-lhe: «Em verdade te digo: Hoje estarás comigo no Paraíso».

Palavra da salvação.

São necessários 900.000 imigrantes

por Vasco Mina, em 19.11.16

Quando li aqui esta notícia pensei que se tratava de uma deturpação de declarações do atual Presidente do Conselho Económico e Social, Correia de Campos. Mas não, ao ver o vídeo constatei que este destacado socialista considera mesmo serem necessários 900.000 (sim, é este o número) trabalhadores imigrantes para que Portugal consiga ter um crescimento em torno de 3%. Esta afirmação passaria bem ao lado se fosse feita por alguém com menores responsabilidades políticas mas sendo assumida por quem é obriga a ser questionada. Em que estudos e análises se baseia esta explicação sobre os recursos humanos necessários para um crescimento de 3%? O famoso Documento  "Uma década para Portugal" apresentado pelo então economista e hoje Ministro das Finanças Mário Centeno, apontava para um crescimento de 2,6% em 2016 e em resultado do aumento do consumo interno; ou seja bastaria dar mais rendimento aos portugueses para estes gastarem mais dinheiro e assim garantir uma economia a crescer. Em lado nenhum deste tal documento se refere a necessidade de contratar novecentos mil imigrantes. Ainda há dias se soube que no 3º trimestre o PIB cresceu 1,6% face ao período homólogo e, segundo a explicação oficial, à custa das exportações. Será que as empresas exportadoras conseguiram contratar 450.000 trabalhadores? Costuma dizer-se que a ignorância é a mãe de todos os disparates e por isso aconselho o Sr. Presidente do CES a estudar mais e melhor o assunto das migrações (vale a pena ver o vídeo) e assim evitar afirmações à toa e sem qualquer fundamentação.

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