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Doces ou travessuras?

por João Távora, em 31.10.16

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 Nas cidades portuguesas (as aldeias há muito que já não contam para o campeonato) o Halloween é hoje um facto consumado, até chegou a minha casa, não vale a pena resistir. Por todo o lado, virtual ou físico, deparamo-nos com decorações de máscaras de abóboras ocas, teias de aranhas e vassouras de bruxas, e meninos-bem mascarados de mortos-vivos batem-nos à porta a pedir “doces ou travessuras” (do inglês tricks or treats). Curioso é como várias pessoas com que me cruzei hoje se despediram de mim desejando "bom feriado", não sei se por não saberem o que se celebra amanhã ou se fruto dum esforço de serem politicamente correctas - vou mais pela primeira hipótese. Constato com alguma tristeza que os portugueses são tão permeáveis a modas quanto volúveis no que respeita às suas tradições mais "genuínas"; muitas delas, suspeito que não tiveram tempo de o chegar a ser (tradições). Nascido e crescido em Lisboa onde desde cedo circulava com aguma liberdade, não me lembro de alguma vez ter visto pedir “Pão por Deus”. A coisa mais parecida que testemunhei foi, há muitos anos, o “tostãozinho para o Santo António”, mendigado por meninos que me pareciam mesmo pobres. Desconfio que seja essa pobreza que justifica a fragilidade das nossas tradições populares, que o mais das vezes remetem para um passado rural que à segunda geração os imigrantes citadinos votam ao esquecimento como se de más memórias se tratassem. Já o Dia das Bruxas transmitido das séries americanas é suficientemente anódino, higiénico e venal. O Dia das Bruxas ajusta-se ao formato da diversão carnavalesca em que por estes dias se vão transformando todas as nossas festividades religiosas, do Natal com o velhinho de vermelho entontado, passando pela Páscoa dos chocolates e dos coelhinhos, ao dia de Todos os Santos cujo objecto afinal é um grande incómodo para a adolescentocracia. 

A emigração, a academia, os jornais e a demagogia

por henrique pereira dos santos, em 30.10.16

"Alguns dos nichos de actividade da sociedade portuguesa estão moribundos, o que fez com que houvesse outra vez uma emigração massiva de quadros qualificados. E aqui entramos na questão da confiança. São pessoas com uma massa crítica enorme. Isto é muito fácil de entender. Se temos 100 pessoas de alturas diferentes e eliminarmos os mais altos, a média baixa. Na massa crítica e no conhecimento técnico e académico, acontece exactamente a mesma coisa. Se os mais qualificados zarparem, os que ficam são pessoas com qualidade, mas a nossa média de capacidade técnica claramente vai baixar. E isso está a acontecer."

Isto dizia o então candidato do PS e actual Ministro da Educação. E, para a grande maioria das pessoas, é um dado adquirido que tem havido uma emigração de pessoas qualificadas que diminui a qualificação média da população portuguesa.

"Entre os portugueses emigrados em 2010/11 mais de metade (61%) continua a ter apenas o nível básico de escolaridade. Os portugueses com o ensino superior a procurar trabalho lá fora representaram 10% do total naquele período, quando dez anos antes representavam 6%. Considerando que a percentagem de diplomados na população portuguesa passou de cerca de 8% em 2001 para quase 14% em 2011, ou seja, aumentou cerca de 80%, o relatório sublinha que "a qualificação da população portuguesa mantém-se superior à da população emigrada, pelo menos à que reside em países da OCDE". Logo, "o aumento da qualificação daquela população emigrada é mais um resultado do aumento da qualificação portuguesa do que de uma maior incidência da emigração nos sectores qualificados". Uma constatação que não surpreende José Carlos Marques: "É verdade que os emigrantes altamente qualificados são hoje mais do que no passado, mas exagerou-se no destaque dado à emigração qualificada, porque a nossa emigração continua a ser marcada pela saída de pessoas pouco ou nada escolarizadas, o que se compreende porque um dos sectores que mais sofreu com a crise em Portugal foi a construção civil"."

E isto é o que dizem os relatórios do Observatório da Emigração, que não demonstra grandes simpatias pelo governo anterior.

Se é um facto que o aumento da qualificação dos que emigram é mais um resultado do aumento da qualificação da população de origem (na emigração o aumento de qualificação é menor que o aumento de qualificação na população de origem, no mesmo período de tempo), se esse facto está perfeitamente identificado nos estudos sobre o assunto, por que razão é tão fácil produzir tiradas demagógicas como a citada em primeiro lugar e se instalou a ideia de que as actuais correntes migratórias são maioritariamente constituídas por pessoas qualificadas e que Portugal está a perder qualificação por via da emigração?

É a combinação de dois velhos problemas do debate público em Portugal:

1) A academia produz informação científica em obscuros relatórios, mas demite-se de defender os factos que reporta quando no espaço público aparece um demagogo qualquer a vender uma banha da cobra que sirva as inclinações políticas da maioria da academia que intervém no espaço público;

2) Grande parte do jornalismo que deveria intermediar a passagem de informação dos produtores para os consumidores, demite-se de verificar os factos, seguindo o velho princípio de jamais deixar os factos influenciarem as ideias dos seus leitores, na medida em que isso servir as ideias certas, claro (basta ver a quantidade de vezes que resolvem verificar os factos contidos nas afirmações dos políticos de que gostam por contraste com o permanente escrutínio das afirmações dos políticos de que não gostam).

Portugal é, do ponto de vista da qualidade do debate público, o paraíso dos demagogos de esquerda (os outros têm mais trabalho, mas o ambiente também não lhes é desfavorável de todo).

Domingo

por João Távora, em 30.10.16

Evangelho de Nosso Senhor Jesus Cristo segundo São Lucas


Naquele tempo, Jesus entrou em Jericó e começou a atravessar a cidade. Vivia ali um homem rico chamado Zaqueu, que era chefe de publicanos. Procurava ver quem era Jesus, mas, devido à multidão, não podia vê-l’O, porque era de pequena estatura. Então correu mais à frente e subiu a um sicómoro, para ver Jesus, que havia de passar por ali. Quando Jesus chegou ao local, olhou para cima e disse-lhe: «Zaqueu, desce depressa, que Eu hoje devo ficar em tua casa». Ele desceu rapidamente e recebeu Jesus com alegria. Ao verem isto, todos murmuravam, dizendo: «Foi hospedar-Se em casa dum pecador». Entretanto, Zaqueu apresentou-se ao Senhor, dizendo: «Senhor, vou dar aos pobres metade dos meus bens e, se causei qualquer prejuízo a alguém, restituirei quatro vezes mais». Disse-lhe Jesus: «Hoje entrou a salvação nesta casa, porque Zaqueu também é filho de Abraão. Com efeito, o Filho do homem veio procurar e salvar o que estava perdido».


Palavra da salvação.

Sobre a reforma da floresta

por henrique pereira dos santos, em 28.10.16

"Nesse sentido, o Governo aprovou hoje na generalidade um conjunto de medidas legislativas que serão submetidas a debate público alargado, de modo a envolver a administração central, as autarquias, a comunidade académica e a sociedade em geral. Este conjunto de medidas procura responder aos grandes desafios da floresta portuguesa e está ancorado em três áreas de intervenção: titularidade da propriedade; gestão e ordenamento florestal; e defesa da floresta nas vertentes de prevenção e de combate aos incêndios."

Por mim, estou esclarecido.

Quase dois terços do país, cerca de seis milhões de hectares, têm um problema gravíssimo de gestão porque os usos possíveis para essas terras não remuneram suficientemente as acções de gestão necessárias à obtenção de óptimos sociais.

Como consequência, há uma evidente ausência de gestão dessas áreas, o que se traduz em aspectos positivos, por exemplo, a extraordinária recuperação dos sistemas naturais, que nos trará de volta a presença do urso nos próximos cinco a dez anos, mas também em aspectos negativos como o padrão de fogo que temos e a baixa competitividade do sector florestal e da pastorícia (mais do primeiro que da segunda).

Para além de um desperdício absurdo de recursos dos contribuintes em políticas que pretendem resolver os problemas de gestão, sem compreender a génese desses problemas: a falta de competitividade do sector florestal que o impede de gerir apropriadamente os riscos normais da actividade.

Pois bem, o que faz o governo nessas circunstâncias (e, nisso, não se distingue da oposição)?

Discute problemas de propriedade, fala de gestão e ordenamento sem indentificar as fontes de recursos para essa gestão e fala de fogos, que são um subproduto da falta de competitividade e gestão, achando irrelevante discutir a competitividade do sector.

Não admira pois que o Governo faça uma lista não alfabética dos interessados em envolver na discussão e nela não constem os proprietários, os gestores e as empresas, tudo diluído numa "sociedade em geral", sem a individualização que a "administração central" (como se as propriedades e o problema fossem do Estado), "as autarquias" (como se fizessem gestão florestal) e a "comunidade académica" (como se o problema fosse falta de conhecimento e informação) têm direito, e por esta ordem.

Ou seja, o Estado, em Portugal, persiste em tratar o sector florestal em Portugal como uma questão de gestão de bens públicos de acesso universal e não como uma questão económica. O resultado só pode ser o do costume.

O sector florestal em Portugal tem de facto um problema sério e esse problema chama-se competitividade.

Se se quer fazer uma reforma do sector, é concentrar todos os recursos na resolução dos problemas de competitividade que afectam o sector, começando por tirar do caminho o excesso do peso do Estado no assunto e andando para trás na política absurda de querer resolver os problemas de gestão de propriedades privadas através das câmaras municipais que não sabem, nem têm de saber, nada do assunto.

Podem começar por proibir o Estado de se servir do Fundo Florestal Permanente como fonte de financiamento da sua actividade (para isso existem os impostos) e usá-lo para que os proprietários possam ser remunerados pelos serviços ambientais que prestam e cujo valor seja de difícil captura pelo mercado.

Tudo o resto é folclore.

A situação e a oposição

por henrique pereira dos santos, em 27.10.16

A situação diz que a oposição não tem legitimidade para falar de aumentos de impostos depois do colossal aumento de impostos a que submeteu o país. O situação vai então acabar com esse aumento de impostos porque foram desnecessários? Não, não vai, mantém tudo como está, a única diferença é que a oposição não pode falar do assunto.

A situação diz que a oposição não tem legitimidade para falar das prestações sociais depois de ter diminuído o seu custo. A situação vai repôr a situação anterior nas prestações sociais? Não, não vai, etc..

A situação diz que a oposição não tem legitimidade para falar dos cortes na administração pública depois de ter diminuído 70 mil funcionários públicos. A situação vai contratar 70 mil novos funcionários? Não, não vai, vai manter a regra de só entrar um por cada dois que saiam.

A situação diz que a oposição não tem legitimidade para falar de previsões económicas e orçamentais, quando falhou todas as suas previsões. A situação vai cumprir uma única das previsões que fez? Não, não vai, etc..

E estamos nisto, na situação a opor-se à oposição procurando demonstrar a falta de legitimidade de decisões que, afinal, a situação adopta como suas.

Farinho do mesmo saco

por João Távora, em 27.10.16

Agora que fede exposta e putrefacta toda aldrabice, desfaçatez e depravação, que imperava na sinistra entourage de José Sócrates, gostava que a Fernanda Câncio nos explicasse na sua coluna do Diário de Notícias como foi essa experiência de privar pessoalmente o tal Miguel Abrantes que não era Miguel Abrantes. Ou será que o avençado António Mega Peixoto embarrilou-a como tentou fazer comigo?

Pedro Dias, o binómio cinotécnico e Schauble

por João-Afonso Machado, em 27.10.16

A Ministra da Administração Interna manifestou hoje o seu repúdio pelo reality show em que se transformou a caça ao homicida Pedro Dias, há quinze dias escapando por entre os dedos das forças da ordem. Tem toda a razão a Senhora Ministra. Até porque, com tanta reportagem in loco, Pedro Dias, ao acordar de manhã, há-de programar as suas proezas ligando a televisão e deslocando-se exactamente para onde lhe for anunciado que a zona está vaga de agentes políciais.

Mas o que quer a Senhora Ministra? Nós, portugueses, somos assim. Adoramos os westerns, particularmente os da nossa terra, com  o seu aparato, os militares encarapuçados, as shotguns e as machine guns, os binómios cinotécnicos, a iminência da detenção do malfeitor. Não fora isso, com toda a certeza, a Sra. D. Constança Urbano de Sousa não seria ministra pela razão simples de António Costa não a escolher para um Governo de que também nunca seria o 1º Ministro.

Bastaria os portugueses, em vez da coboiada, acompanharem a discussão do OE no Parlamento. Onde pontifica Costa, o homem que sabe mais do que Schauble mas não foi capaz de (há um ano) responder ao pobre Passos Coelho sobre, por exemplo, como orientar a reforma da segurança social.

Enquanto não..., não há de que reclamar.

Baía de Cascais

por João Távora, em 27.10.16

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Se a força fez levantar
Um padrão a tirania
A rainha neste dia
Cascais o vai consagrar

4 de Abril de 1834

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 Admito que possa parecer repetitivo mas vivia com esta curiosidade de saber se, efectivamente, e segundo o INE, o défice de 2015 teria sido mesmo de 2,98% do PIB, abaixo portanto das metas com que nos tínhamos comprometido em Bruxelas e fazendo-nos sair da zona do Procedimento por Défice Excessivo (PED). E achava estranho que a coisa não fosse falada e discutida.

 

Constança Cunha e Sá fez-me hoje a vontade no programa “21ª Hora”, na TVI24, aí entre as 21h42 e as 21h45.

 

Pena é que não tenha dito coisa com coisa perante uma Judite de Sousa que estava manifestamente a dormir ou a pensar desesperadamente em ir para casa descansar.

 

Aconselho o visionamento porque é uma delícia! Constança Cunha e Sá (CCS) começa o tema do seu comentário (sobre o assunto) pondo Assunção Cristas (AC) “a descer” por considerar uma “histeria” a forma como Cristas responsabilizava o actual Governo por se ter descoberto agora (foi o INE, acrescento eu…) que, em 2015, o défice ficou em 2,98% do PIB, ou seja, duas centésimas abaixo dos 3%.

 

CCS admitia que a “barreira” era “importante” mas considerava que fazer-se “um alarido por ficarmos abaixo por duas centésimas é ridículo” (não tendo explicado porquê).

 

CCS acrescentou que Assunção Cristas criticou o Governo socialista porque ele teria tratado mal toda a questão relativa ao Procedimento por Défice Excessivo (PED) mas, segundo CCS, não é por ficar duas centésimas abaixo que Portugal não incorre no PED como está ainda em discussão toda a matéria sobre as sanções por défice excessivo.

 

Terceiro ponto, adiantaria CCS, Assunção Cristas não criticava a Comissão Europeia por estar a pensar-se em sanções quando o défice ficou abaixo de 3%. De resto, concluía a iluminada CCS perante a sonolência da Judite de Sousa, o importante é que tudo indicava verificar-se uma tendência para que o défice para 2016 ficasse em 2,5% do PIB, pelo que o CDS não deveria estar a criticar nem a ressuscitar o défice de 2015: “parece-me uma trapalhada e Assunção Cristas tem que ter um mínimo de seriedade nestas coisas”, até porque haveria um problema com o buraco do BANIF (que não é chamado para estes cálculos, mas enfim…).

 

Parecia a CCS tudo escusado e acusou Assunção Cristas de se ter afastado do “essencial”, que seria a questão de apurar como pode a Comissão Europeia centrar-se nas sanções “por causa de umas décimas ou centésimas do défice”.

 

Ora bem…, eu tenho aqui tanta matéria-prima em bruto que nem sei por onde começar. Querida Constança: adulterando uma velha frase seguramente sua conhecida, por uma centésima se ganha, por uma se perde. E se for por duas a diferença fica mais acentuada. De forma que se o défice de 2005 foi de 2,98% do PIB, o importante, o “essencial” é que ele ficou abaixo da meta acordada: 3%.

 

Parece-lhe pouco e ridículo? – Mas é exactamente por estas margens que se vencem as competições! Era a “barreira importante” que era necessário vencer e ultrapassar.

Considera uma “histeria” e “um alarido” falar-se na conquista? – pois eu considero uma imbecilidade menorizar-se o feito dos portugueses, só porque a comunicação social e os comentadores não simpatizam com o anterior Governo.

Acha, Constança, que é mais importante a possibilidade (não demonstrada) de em 2016 o défice ficar em 2,5% do PIB do que saber-se que, em 2015, o défice ficou abaixo de 3%? Prefere duas pombas a voar?!?...

 

É claro, Constança, que não é por ficar duas centésimas abaixo do PIB que Portugal não incorre no PED, e que está ainda em discussão, na verdade, toda a matéria sobre as sanções por défice excessivo (até porque as contas e resultados foram ainda e apenas anunciadas pelo INE), mas se quer menorizar este resultado dos portugueses deveria preparar-se melhor e explicar a razão pela qual o faz. Até porque certamente pelo que acabo de dizer aqui é que Assunção Cristas não criticou a Comissão Europeia (para lá de que o CDS não faz parte daqueles partidos que se põem aqui aos berros contra a Comissão Europeia quando as coisas, calmamente faladas, obtêm melhores resultados).

 

Ademais, Constança, o seu raciocínio é incongruente e mostra-se em colisão com o que afirma: se o essencial é criticar a Comissão por se centrar em sanções apenas por uma ou duas centésimas de diferença, como pode criticar que se invoque que ficámos duas centésimas abaixo da meta estabelecida?!? Exactamente as duas centésimas em que se baseia para criticar a Comissão Europeia? Está a ver a estupidez, a irracionalidade dos seus raciocínios?

 

A meu ver, cara Constança Cunha e Sá, não é Assunção Cristas que navega numa “trapalhada” nem é ela que precisa de um “mínimo de seriedade”. Tem-se visto ao espelho?

 

A confiança do mundo

por henrique pereira dos santos, em 25.10.16

No início da discussão sobre o orçamento de estado para 2016 o governo falava de um défice de 2,8%.

Depois, nas discussões com Bruxelas, comprometeu-se com um défice de 2,6% e finalmente comprometeu-se com um défice de 2,2%, para garantir a aprovação do orçamento por Bruxelas. (não tenho a certeza, mas tenho ideia de que Bruxelas defendia qualquer coisa como 1,8%).

Mal se garantiu a  aprovação dos 2,2%, o governo virou a agulha para o momento seguinte em que era necessária a aprovação de Bruxelas, de modo a criar factos consumados que obrigassem Bruxelas a aceitar um défice maior, o que veio a suceder com a aprovação de um défice de 2,5%, apesar do governo continuar a assegurar que iria cumprir o défice de 2,2%.

Aprovada essa nova meta, o governo começou a trabalhar garantindo que iria conseguir um défice de 2,4%, mas sempre frisando que o essencial era estar abaixo dos 3%.

Parece que o governo está à espera do novo momento de avaliação, por estes dias, para depois abrir margem para que duas ou três décimas acima dos 2,4%, no fim do ano, não seja motivo para Portugal ser encostado à parede por Bruxelas (o que explicaria a inacreditável rábula dos quadros que faltam na proposta de OE para 2017).

Como o resultado final estará próximo dos pretendidos 2,8% a 2,6% iniciais, muita gente considerará que se trata de mais uma manifestação do génio negocial do primeiro ministro que consegue obter de Bruxelas o défice que pretendia, sem que haja nenhuma acção concreta por parte de Bruxelas e com a sua aprovação, mesmo que a contragosto.

Pela parte que me toca, eu acho isto tudo deplorável, por duas razões:

1) Ter um défice baixo, que nos permita a progressiva libertação do fardo da dívida não é uma questão de cumprimento de regras europeias, é uma questão de interesse nosso, somos nós os principais beneficiários de uma política financeiramente responsável;

2) Mais importante, muito mais importante, quando se depende de terceiros, como nós dependemos, não existe bem mais precioso que a confiança desses terceiros em nós. E, a ter um fundo de verdade o que agora escrevi, há poucas maneiras mais eficazes de proceder se se quiser perder a confiança do mundo.

Tudo isto pode ser uma especulação sem fundamento, é verdade, mas o facto de não parecer totalmente absurda (como seguramente pareceria com Vítor Gaspar) é um bom indicador da confiança que poderemos ter no actual primeiro ministro.

Património Espiritual da Portugalidade

por João Távora, em 25.10.16

 

Veja aqui uma síntese da alocução proferida por S.A.R. Senhor Dom Duarte Duque de Bragança na Faculdade de Direito da Universidade de Lisboa no passado dia 19 no âmbito da Conferência "Património Espiritual da Portugalidade". Nesta intervenção o Chefe da Casa Real Portuguesa, profundo conhecedor e incansável paladino do vasto mundo português, desenvolve uma importante reflexão sobre o valor de uma cultura que se universalizou, dos traços impressivos que a expansão portuguesa deixou e da síntese que resultou do encontro com culturas africanas, americanas e asiáticas. 

 

Folhetim

por João Távora, em 24.10.16

Mais um desaparecimento ou caça ao homem por estes dias e não haverá "binómios cinotecnicos" que cheguem. Eu aproveito e abro um canal de notícias.

Desculpem a insistência...:

por Vasco Lobo Xavier, em 24.10.16

Há pelo menos três dias que se sabe que, segundo os cálculos mais recentes do Instituto Nacional de Estatística, o défice de 2015 ficou-se pelos 2,98%. Abaixo dos 3%, portanto.

 

De resto, foi esse o valor enviado pelo Governo socialista para Bruxelas, em Setembro, no reporte que acompanha a proposta do OE para 2017.

 

Ora bem. Isto não interessa a ninguém?!?... A comunicação social não noticia, não comenta, não debate, não quer saber? Os jornalistas e comentadores não tratam o assunto? Preferem esconder a coisa? E ninguém tem vergonha na cara? Tive de gramar mais de 30 minutos de Marques Mendes e ele nem ao de leve se referiu ao assunto? Ando eu a perder tempo a folhear jornais, a ouvir noticiários na rádio hora a hora, a ver os canais (supostamente) de notícias e ninguém quer saber, ninguém diz nada?!?...

 

Só o CDS e Assunção Cristas alertaram para a vitória?

 

Mas que país é este? Que comunicação social é esta? Que jornalistas são estes? Que comentadores temos nós?!?... Ninguém tem vergonha na cara?!?...

 

Esta malta podia, ao menos, andar a negar a coisa, a apregoar que o INE não presta, que não sabe fazer contas, que o Governo socialista enviou esses dados para Bruxelas por erro, o que fosse! Mas diziam qualquer coisa! Agora… esconder a notícia?!?...

 

Isto é o maior insulto que poderia ser feito a todos os portugueses que contribuíram, com o seu esforço e sacrifício, para que o défice em 2015 ficasse, segundo o INE, abaixo de 3% do PIB. Em 2,98%, mais exactamente.

 

Vamos lá ver: esta é a maior e a melhor notícia desta semana para os portugueses. Desta semana, do mês, do ano! Não há volta a dar, é uma notícia excelente! Ou, no mínimo, é uma notícia.

Qualquer ser normal esperaria que esta notícia fosse, primeiro, anunciada, dada, noticiada; e, depois, divulgada, debatida, comentada, apregoada. Até podia ser negada pelo BE, pelo Nicolau Santos ou pelo Galamba mas que fosse discutida, que fosse falada.

Como deveria ser debatido o facto de o Governo PS ter incluído esse défice de 2,98% do PIB no reporte que enviou para Bruxelas, acompanhando a proposta de OE para 2017.

Como deveria estar a ser discutido o facto de esse défice de 2,98% em 2015 apontado pelo INE ter sido escondido dos portugueses desde Setembro, escondido pelo INE e pelo Governo socialista.

É simplesmente extraordinário que isto não esteja a ser amplamente divulgado, discutido e comentado por todo o país.

O silêncio ensurdecedor que paira sobre os números indicados pelo INE (sublinho, para os mais distraídos: o ano de 2015 foi fechado com um défice de 2,98% do PIB) evidencia quão miserável e facciosa é a comunicação social portuguesa, bem como os comentadores que aquela paga.

Ser socialista

por João-Afonso Machado, em 23.10.16

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A política espanhola há quase um ano está encravada, paralisada?

Não interessa. Como também não interessa, nas eleições determinadas pela impossibilidade de se formar governo, a votação em Rajoy tenha saído reforçada.

Um bom socialista não verga perante tais argumentos. Um bom socialista é um Costa qualquer, e tudo, menos um lugar de chefia, lhe assenta mal.

Sucede que a Espanha não é Portugal. Inventaram lá um Podemos que hoje se bate eleitoralmente quase de igual para igual com o PSOE. E o Podemos seria até um potencial fraternalíssimo aliado - quer dizer, algo a diluir no mais afeito aparelho digestivo do PSOE - não ocorresse a sua matriz independentista catalã. Algo com que o PSOE não pode e não quer - e não quer porque não pode perder peso político - pactuar, mas ameaça ir num crescendo de votos.

Por isso a agora - finalmente - anunciada viabilização do governo PP de Rajoy. Mal por mal, o mal menor, que umas terceiras eleições seriam, com certeza, um mal muito maior.

Ser socialista (lá e cá) é ser elevadamente assim.

 

Domingo

por João Távora, em 23.10.16

Evangelho de Nosso Senhor Jesus Cristo segundo São Lucas


Naquele tempo, Jesus disse a seguinte parábola para alguns que se consideravam justos e desprezavam os outros: «Dois homens subiram ao templo para orar; um era fariseu e o outro publicano. O fariseu, de pé, orava assim: ‘Meu Deus, dou-Vos graças por não ser como os outros homens, que são ladrões, injustos e adúlteros, nem como este publicano. Jejuo duas vezes por semana e pago o dízimo de todos os meus rendimentos’. O publicano ficou a distância e nem sequer se atrevia a erguer os olhos ao Céu; mas batia no peito e dizia: ‘Meu Deus, tende compaixão de mim, que sou pecador’. Eu vos digo que este desceu justificado para sua casa e o outro não. Porque todo aquele que se exalta será humilhado e quem se humilha será exaltado».


Palavra da salvação.

Tem sido escondido dos portugueses mas parece que o INE (Instituto Nacional de Estatística) recalculou o défice relativo a 2015 e chegou ao valor de 2,98% do PIB, excluíndo o BANIF, e isto vem já no reporte que se enviou para Bruxelas em Setembro (há um mês, portanto) com o OE para 2017. Não se percebe o silêncio sobre esta conquista do anterior governo que a todos os portugueses beneficia, bem como a Portugal.

 

Bem vistas as coisas e feitas as contas, o anterior Governo PSD/CDS, mesmo com a confusão gerada pelo PS, PCP e Bloco no último trimestre de 2015 (com todos os efeitos nefastos que isso provocou na confiança, no investimento, na economia e, consequentemente, no défice), conseguiu que se atingisse a meta e se cumprissem as regras europeias sobre o défice.

 

O facto do anterior Governo ter conseguido um défice de 2,98% em 2015 deveria ser festejado por todo o país, por todos os portugueses, anunciado por todos os órgãos da comunicação social, abrir os noticiários, deveria ser erguido como bandeira nacional, cá e em Bruxelas. Mas neste país miserável não é o que acontece.

 

O Governo PS escondeu o facto (provavelmente para apenas ser ele a mais tarde colher os louros por sair do PDE, ainda que prejudicando Portugal e os portugueses). O Bloco, o PCP e o apêndice também. A comunicação social fecha-se em copas ou desconsidera a efeméride.

 

Na verdade, agora que o CDS e Assunção Cristas anunciam esta conquista do anterior Governo e não mais é possível esconder a vitória, a comunicação social trata-a de uma forma simplesmente extraordinária: o Expresso anuncia na 1ª página que é o CDS quem “diz que défice de 2015 ficou abaixo dos 3%” quando, lendo-se a notícia, quem o afirma é o INE (e não um partido político), depois de refeitos os cálculos e vai no relatório enviado para Bruxelas. O Observador também se refere particularmente a Assunção Cristas, e só lateralmente ao INE. No Correio da Manhã nada é referido sobre o assunto e, no Público, a notícia é falseada e adulterada. Perante esta última, nem procurei mais.

 

O país é uma vergonha. O Governo esconde dos portugueses que estes conseguiram cumprir as metas do défice em 2015, apenas para colher os méritos de uma conquista realizada sob a governação anterior. Bloco e PCP fazem o mesmo. A comunicação social igualmente. Não se pode confiar em nenhum deles. Não têm o menor pudor em prejudicar o país e os portugueses para benefício próprio (quanto à comunicação social, desconheço do que beneficiará: apenas aumenta o seu descrédito).

 

E não percebo que o Senhor Presidente da República, sempre pronto a comentar tudo e mais alguma coisa, esteja calado sobre este feito dos portugueses em 2015, autenticado pelo INE e tendo de ser anunciado por Assunção Cristas, bem como sobre o feitio defeituoso do PS, BE, PCP e comunicação social, que escondem dos portugueses a vitória alcançada. Não percebo.

O Câmara Corporativo e a sua soberba

por Maria Teixeira Alves, em 22.10.16

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Agora já percebo porque é que os autores deste blog insinuavam que toda a gente que se opusesse às suas teses eram "burros" e "ignorantes", havia um argumento de peso: 3.550 euros por mês. Uma mesada paga pelo amigo de Sócrates para fazerem de conta que eram independentes e livres pensadores de esquerda. Lá espertos os abrantinos eram... disso não há dúvida. Diria mesmo Xico-Espertos, que está para a inteligência como a água está para o azeite.

 

 

Idiotas úteis

por henrique pereira dos santos, em 22.10.16

"Em suma, dada a precariedade financeira ainda subsistente, toda a prioridade da atuação económica deve ser urgentemente encaminhada para o crescimento económico sustentável e para a criação de um clima de confiança duradouro dos investidores, combinado com um adequado equilíbrio orçamental. Se tal não suceder, uma subida das taxas de juro da dívida portuguesa poderá ter consequências muito nefastas."

Este é o consenso básico em matéria económica.

Nos últimos anos tivemos duas experiências para lidar com a situação:

a) admissão de que a restrição financeira decorrente da dívida punha em risco o financiamento da economia e, consequentemente, investir tudo na criação de confiança nos potenciais financiadores, dando sinais claros de que se percebeu que a trajectória da dívida tinha de ser invertida, usando a política orçamental para, o mais rapidamente possível, ganhar margem financeira (o governo anterior e a troica ou, mais precisamente, o inverso);

b) considerar a restrição financeira como uma criação ideológica que era preciso cumprir o menos possível para libertar recursos para o investimento que redundaria no crescimento económico, investindo tudo no cumprimento formal das regras mas sem mostrar a menor preocupação com a substância do problema do endividamento excessivo (a actual maioria).

Podemos comparar resultados: "as taxas de juro nacionais chegaram a atingir valores máximos de mais de 17% antes de iniciarem um processo de descida para um mínimo de cerca de 1,7% nos primeiros meses de 2015, a que se seguiu uma subida gradual para os atuais cerca de 3,2%".

Perante isto o que fazem os bem pensantes da direita?

Reclamam porque os responsáveis pela primeira opção são fracos e deveriam ser substituídos por outros, mesmo não sabendo quem são e o  que valem, e desvalorizam o facto de os que existem e estão disponíveis, fracos ou não, terem apresentado resultados muito mais tranquilizadores que os apresentados por quem os substituiu.

São os que procuram sempre o óptimo, como se não soubessem que é inimigo do bom.

A esquerda sempre promoveu activamente os "idiotas úteis" e, ao menos nisso, continua muito clássica.

O génio da gestão das moscas

por henrique pereira dos santos, em 21.10.16

O Governo resolveu aprovar o Programa Nacional para a Coesão Territorial, confirmando a verdadeira vocação de António Costa: gerir as moscas.

Em síntese, depois da minha estupefacção inicial decorrente da leitura do documento, aqui fica o meu parecer preliminar:

1) O processo é absolutamente lamentável, focado nas instituições do Estado e satélites (associações de desenvolvimento local e afins), esquecendo quase por completo as pessoas e as empresas. Como escreveu Ilídio de Araújo, há muitos anos, o mais relevante de um plano é o que sobraria se no dia da sua apresentação um mafarrico qualquer queimasse todos os seus elementos materiais. Neste caso sobraria coisa nenhuma porque o processo de elaboração limitou-se a repetir a lógica da discussão dos apoios dos quadros comunitários e afins;
2) O conteúdo é absurdo, como não podia deixar de ser partindo de um diagnóstico absurdo: os problemas do mundo rural (ou do interior, como queiram) resultam de políticas públicas mal desenhadas;
3) As medidas são uma lista exaustiva de desejos de cada corporação pendurada no Estado, sem grande interesse para resolver o que interessa: a competitividade dos territórios marginais;
4) Há dois problemas fáceis de enunciar e difíceis de resolver a que o Plano não liga quase nada (e, quando liga, é de forma errada): a) o acesso aos mercados por parte de operadores económicos localizados em territórios com mercados locais diminutos; b) a refundação da competitividade do sector primário que gere o território, que ruiu, e precisa de ser repensado de forma contemporânea, começando por cobrar os serviços de ecossistema que produz, sendo preciso discutir quem os paga, e como;
5) O Plano mantém o erro clássico de achar que é no interior que se resolvem os problemas do interior, afastando da discussão (e da responsabilidade) a parte mais dinâmica da economia e da sociedade, para a qual o interior tem necessariamente de produzir e a quem tem de vender: o litoral e o resto do mundo.
Um programa inútil e enganador que se limita a empacotar as banalidades do costume (e muitas são mera repetições de tretas nunca executadas, como a valorização das áreas protegidas e outras são repescagens de soluções comprovadamente erradas, como a valorização energética da biomassa para dar sustentabilidade à gestão florestal) e que, que eu tivesse visto, nem por uma vez fala de cabras e pastores, o que para mim desqualifica qualquer documento que queira mesmo discutir como podemos gerir os 3 a 4 milhões de hectares a que o país não sabe o que fazer.

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