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O blog Estado Sentido, um dos finalistas do concurso Media Capital "O Blog do Ano", decidiu retirar-se da competição - é gente de bem. Infelizmente em Portugal a aldrabice ainda não causa suficiente mossa... ou vergonha.
Há pouco mais de um mês propuz a um jornal que publicasse este texto. Não o tendo feito, publico-o eu aqui:
Excelentíssimo Senhor Primeiro Ministro,
Dizem-me que terá ficado espantado por ter feito a reforma da protecção civil que permitia a reforma da floresta e, afinal, essa reforma da floresta não foi feita.
Esqueçamos toda a discussão envolvente para nos concentrarmos num ponto:
a ideia do Portugal sem fogos, seguramente uma ideia em que tem responsabilidades e que foi a base da tal reforma da protecção civil, uma ideia apoiada por todos os governos, independentemente dos partidos que os constituem ou os apoiam.
O país está confrontado com uma escolha:
a) mantém a doutrina de que o fogo é um inimigo que se pode vencer, investe na supressão do fogo, adopta a ideia de que todos os grandes fogos começam por ser pequenos, devendo o dispositivo de combate ser todo desenhado para matar à nascença qualquer fogo;
b) decide finalmente abandonar esta doutrina, que está na base da tal reforma que fez e dos resultados que conhecemos.
O que lhe peço é que esqueça por favor a sua reforma da protecção civil e estude o paradoxo do fogo, a ideia na base da qual Francisco Rego coordenou um grande projecto de investigação sobre fogos, com financiamento comunitário e envolvendo muitos países e investigadores.
Em traços largos, o paradoxo do fogo consiste no facto de que a supressão do fogo, por favorecer a acumulação de combustíveis, e de forma tanto mais extensa quanto mais eficaz for, conduzir uma tragédia brutal no dia em que um fogo fugir do controlo.
E haverá sempre um dia em que um fogo foge do controlo.
A evolução da paisagem que hoje temos favorece a acumulação de combustíveis. Esse é ponto em que o que sei se cruza com o fogo, é a razão pela qual escrevo sobre o assunto.
O essencial da opção que tem na mão é, portanto, simples de enunciar: ou mantém o modelo de supressão do fogo, e será responsável pelas tragédias provocadas pelos fogos selvagens ou, finalmente, tem a coragem de mudar a doutrina de gestão do fogo, encarando-o como um elemento natural com que temos de contar, como a chuva, o vento ou a terra.
Os homens de Estado que valem a pena são os que sabem reconhecer os seus erros e fazer melhor da segunda vez.
Por favor, não deixe passar esta segunda oportunidade que a vida lhe dá para contribuir positivamente para acabar com a ideia estúpida, por impossível e por ineficaz, do Portugal sem fogos e reconheça agora que ao fogo também se poderia aplicar a metáfora de Brecht sobre os rios, falando da sua violência, sim, mas reconhecendo a violência das margens que os oprimem.
Ou construímos paisagens em que sabemos gerir o fogo como queremos, quando queremos, da forma que queremos, ou teimosamente perseguimos a quimera da supressão do fogo que temos mantido, com o resultado recorrente que todos conhecemos: é o fogo, e não nós, quem decide por onde anda, quando anda e da forma que anda.
Quando o Sr. Florêncio, da ANTRAL, em tom fatalista - e de ameaça - prevê «porrada» no caso de os veículos UBER poderem livremente estacionar por aí, eu reforço a promessa: taxis, em Lisboa ou no Porto, nunca mais. Nem que tenha de atravessar à noite a Musgueira ou o Cerco a pé. E recordo aquele taxista furioso e malcriado, certa vez, quando soube que a viagem seria apenas do aeroporto da Portela até à Av. EUA...
Sem embargo, alguns meses atrás, o Ministro do Ambiente perorava na AR e dizia, em tom de decisão a contento, a UBER era ilegal em Portugal. Os tribunais, acrescentava, assim tinham determinado. Parece que se apoiava numa qualquer providência cautelar, perfuntória e provisoriamente despachada.
Retórica. Apenas a retórica socialista. Com o andar dos tempos, o Governo percebeu que a UBER tinha cada vez mais aderentes. Vai daí... Já só lhes serão vedados os corredores bus e, para não sei bem o quê, é-lhes imposta a factura electrónica.
Adivinha-se acesa polémica. Os taxistas não têm razão, mas tinham expectativas. E merecem, como nós todos, que se lhes fale verdade. Que não lhes frustrem esperanças indeviamente criadas. Insisto - como todos nós.
Talvez, por isso, a manifestação que já agendaram em Lisboa para o dia 10 de Outubro ajude, ao menos, ao início do cair das máscaras. E da coligação de Esquerda.
O resto será com os taxistas. Sobretudo os que param nos aeroportos.
Não tenho a certeza de que este seja "o" nosso verdadeiro problema (não sei o suficiente de economia para ter opinião formada sobre o assunto), mas tenha a certeza de que é um verdadeiro problema.
Estranhamente, quase não se ouve nada sobre os efeitos que a actual execução orçamental está a ter na degradação dos serviços públicos, cada vez mais preocupados em garantir que o dinheiro chega ao menos para pagar os ordenados, mas cada vez mais sem qualquer hipótese de fazer esse pagamento ter retorno de serviço público porque faltam os recursos para tudo o resto que torna útil o trabalho dos funcionários.
Longe, muito longe de mim, estar a dizer que a degradação dos serviços públicos decorre deste governo, bem pelo contrário, é um processo muito longo que tem as suas raízes no cavaquismo, em meia dúzia de decisões tomadas nessa altura mas, sobretudo, na ausência de decisões fundamentais desde essa altura, por parte de todos os governos (uns mais, outros menos).
Mas que a actual obsessão pelo défice, associada a políticas de gestão orçamental desastrosas, está a ter um efeito devastador na administração pública, lá isso está.
Iremos pagar muito caro esta desvalorização do Estado (apesar da cortina de fumo da retórica da defesa dos bens públicos) que está a ocorrer há muitos anos e que agora se tem acentuado com este governo e com esta execução orçamental absurda.
Governo quer cortar dívida dos hospitais a fornecedores em 262 milhões até Dezembro
Assim se percebe a serenidade de António Costa em afirmar que alcançará a meta do défice de 2,5%. Talvez até inferior. Simples: basta não pagar a fornecedores. Na linha da sua mestre em política, Mariana Mortágua, basta perder a vergonha de não se pagar!
Caro Dr. Pedro Passos Coelho,
Votei em si em 2010 e em 2015. Começo por este esclarecimento para – esperançosamente – o interessar a si e irritar os seus oponentes, sobretudo os militantes que enchem caixas de comentários de jornais, revistas e blogs com considerações tão incendiadas quanto obtusas contra si e a sua governação, junto com acusações de azia e ressabiamento com que imaginam esmagar quem afinal só lamenta o seu pobre entendimento. Se o interessei, a si, tanto melhor; se indispus os orcs, tanto faz: os pobres diabos produzem ruído e autossatisfação, mas é só isso, só folcore, nunca elegeram ninguém. Os orcs não são problema, Dr. Passos Coelho, mas eu, seu eleitor, sou. É que eu, embora compreendendo-o, tenho um problema consigo: é que não sei o que quer.
Austeridade, só? E que mais? Compreenda-me. Eu considero-o sério, responsável e prudente como António Costa não é, e não quero perder mais do que umas poucas linhas a discutir a sua governação entre 2011 e 2015. Compreendo que fez o necessário para dar um aroma de seriedade às contas públicas e conquistar a credibilidade entre instituições internacionais e investidores. Compreendi menos bem por que razão aceitou para as suas políticas a mesma denominação de «austeridade» com que os autores da bancarrota baptizaram as consequências desta. Compreendo ainda menos por que razão a elegeu como proclamação-cerne da sua política. E não consigo nem começar a compreender por que razão nunca fez cavalo de batalha da publicidade sobre o controlo da dívida, a baixa das taxas de juros, a taxa de crescimento superior à média europeia, a recuperação do emprego, o saldo primário positivo, a animadora taxa de investimento, a animação das exportações, o equilíbrio da balança corrente, a confiança internacional. É que além de sinais de bom rumo, essas bem que poderiam ser as fundações de um programa de governo com esperança e crível. Mas onde é que ele ficou, Dr. Pedro Passos Coelho? Além de mais austeridade, de mais do mesmo, o senhor prometeu o quê? Pensou que bastava? Pensa que, esperando, vai bastar?
Não basta. A primeira notícia que tenho para si (desculpe-me a presunção) é que não basta nem vai bastar. Eu sei que o Dr. Jorge Sampaio é, por detrás da sua fingida apatia e do ar equidistante e aristocrata que se inventou, um dos mais perniciosos personagens que nos competiu sofrer. Mas, em outras circunstâncias, em outro sentido, com uma seriedade a que ele era medularmente estranho, não é verdade que há vida para além do défice? O desespero com que o actual governo se aferra ao cumprimento desse mesmo défice quando tudo o resto vai mal não é, a contrario, prova disso mesmo? Pois se a vida para além do défice vai, com este governo, de mau a muito pior; onde haveria o lamentável governo de aferrar-se? Mas… e o senhor, Dr. Pedro Passos Coelho, além do cumprimento do défice que mais teria aí para nós? É que eu ainda não ouvi. Julgo que ninguém sabe nem ouviu.
O medo não conquista votos (ou votos bastantes, ao menos) – isso, julgo eu, o senhor terá aprendido na eleição de 2015. Então, porque não tira conclusões programáticas para o futuro? Porque descansa em mais do mesmo e se limita a esperar? Bem pode dizer a um povo ignorante que entregar o poder aos responsáveis da bancarrota traz a bancarrota outra vez. O povo não acredita. E se não acredita não é apenas por ignorância, é também porque pouco tem a perder. É um dos mais pobres e incultos da Europa; se alguém lhe promete maravilhas, ou ao menos algum desapertar de cinto, ou ao menos alguns tostões, ou ao menos a promessa da esperança da ilusão de alguns tostões, como não haveria de acreditar? Ele não conhece mais nada, ele acha que os políticos e as políticas são todas iguais, e, mal por mal, prefere aquele que deixa as costas folgar (e se depois será pior é coisa que só depois se verá). Julga que bastam maus indicadores, umas quantas advertências internacionais e algum azar para pôr a governação de Costa a perder? Não julgue. Lembre-se que até Sócrates foi reeleito quando o desastre era claro e iminente.
Qual é a mensagem que o senhor traz, Dr. Pedro Passos Coelho? Se tem (como parece que tem) uma alternativa a este vicioso ciclo socialista de gastos perdulários seguidos de resgates penosos, se tem um programa contraditório e mesmo inimigo deste sórdido fingimento de preocupações «sociais» com que a esquerda funcionaliza, asfixia, tolhe e empobrece Portugal, é bem altura de o explicar e proclamar. Tem medo do «eleitorado»? Não tenha. Hesita perante as clientelas com que o PS é pródigo e nos desgoverna? Não hesite. Como os comunistas, só fazem o que as deixarem fazer. Em vez disso, em vez de crer na «esquerdização» do eleitorado por que suspiram e com que antecipadamente se deleitam os media avençados, em vez de tomar por certo que os dependentes do Estado possam ser todos contabilizados no mesmo saco cor-de-rosa em que a parcialidade dos media os imagina, em vez das sondagens amigas de Costa com que o séquito de Costa se engalana, aproprie-se da abstenção, aproprie-se o senhor, Dr. Pedro Passos Coelho, da abstenção. Faça seus os desencantados, os cépticos, os abúlicos, os zangados, e os que esperam um programa claro e melhor. Junte-os aos que votaram em si. Fale-lhes de iniciativa, riqueza, dinheiro, bem-estar, orgulho, respeito, mérito, confiança internacional, progresso. Explique-lhes ponto por ponto que há uma alternativa de riqueza, modernidade e civilização a esta mediocridade torpe, a esta maneira arcaica, falida, rasca e rasteira de estar. Explique-lhes como e por que passos chegamos lá. Experimente, que vale a pena. É que com menos do que isso nunca terá maioria para governar.
O Benfica vai jogar a Nápoles. O que é que Nápoles tem, segundo a RTP3? Segundo a RTP3, Nápoles é «uma cidade marcada por Maradona».
Ou seja, não é apenas a parcialidade, a venalidade, a falta de inteligência e escrutínio, a ignorância e a estupidez que nos devem afligir nos media que temos. É também uma indigna, redutora, miserável, confrangedora carência dos mais elementares rudimentos de cultura.
Nunca me pareceu possível ver um português Secretário Geral da ONU sem que antes ganhássemos um Festival Eurovisão da Canção (isso é que era!). Surpreende-me António!
Na sua crónica de hoje, Rui Tavares atribui à Bíblia, a frase "De cada um segundo as suas capacidades, a cada um segundo as suas necessidades", dizendo que está na parábola dos talentos.
Como o texto de Rui Tavares dá como exemplo prático da aplicação desta ideia a Wikipedia, e não sendo a Bíblia uma coisa em que eu seja versado, resolvi ir verificar na Wikipedia se a frase, ou ao menos a ideia da frase, estaria na parábola, coisa que contrariava, em absoluto, a vaga ideia que eu tinha da parábola.
«Pois é assim como um homem que, partindo para outro país, chamou os seus servos e lhes entregou os seus bens: a um deu cinco talentos, a outro dois e a outro um, a cada qual segundo a sua capacidade; e seguiu viagem. O que recebera cinco talentos, foi imediatamente negociar com eles e ganhou outros cinco; do mesmo modo o que recebera dois, ganhou outros dois. Mas o que tinha recebido um só, foi-se e fez uma cova no chão e escondeu o dinheiro do seu senhor. Depois de muito tempo voltou o senhor daqueles servos e ajustou contas com eles. Chegando o que recebera cinco talentos, apresentou-lhe outros cinco, dizendo: Senhor, entregaste-me cinco talentos; aqui estão outros cinco que ganhei. Disse-lhe o seu senhor: Muito bem, servo bom e fiel, já que foste fiel no pouco, confiar-te-ei o muito; entra no gozo do teu senhor. Chegou também o que recebera dois talentos, e disse: Senhor, entregaste-me dois talentos; aqui estão outros dois que ganhei. Disse-lhe o seu senhor: Muito bem, servo bom e fiel, já que foste fiel no pouco, confiar-te-ei o muito, entra no gozo do teu senhor. Chegou por fim o que havia recebido um só talento, dizendo: Senhor, eu soube que és um homem severo, ceifas onde não semeaste e recolhes onde não joeiraste; e, atemorizado, fui esconder o teu talento na terra; aqui tens o que é teu. Porém o seu senhor respondeu: Servo mau e preguiçoso, sabias que ceifo onde não semeei e que recolho onde não joeirei? Devias, então, ter entregado o meu dinheiro aos banqueiros e, vindo eu, teria recebido o que é meu com juros. Tirai-lhe, pois, o talento e dai-o ao que tem os dez talentos; porque a todo o que tem, dar-se-lhe-á, e terá em abundância; mas ao que não tem, até o que tem, ser-lhe-á tirado. Ao servo inútil, porém, lançai-o nas trevas exteriores; ali haverá o choro e o ranger de dentes.» (Mateus 25:14-30).
Encontrar aqui a ideia de uma sociedade decente se funda na exigência de cada um segundo as suas capacidades e a cada um deve dar-se em função das suas necessidades, só alguém que escreve como se representasse o povo, ou pelo menos os 99% que são explorados pelos 1%, ou mesmo a esquerda, mesmo depois de obter 39 430 votos, isto é, 0,37% dos votos em eleições livres.
Mas claro, como Rui Tavares é da corda, pode continuar a escrever coisas destas, e a ser ouvido por alguns jornais e televisões, como se dissesse alguma coisa em vez de só falar.
Parolos como somos adivinha-se que a partir de agora o Palácio da Ajuda será sempre apresentado graficamente pelas traseiras.
Evangelho de Nosso Senhor Jesus Cristo segundo São Lucas
Naquele tempo, disse Jesus aos fariseus: «Havia um homem rico, que se vestia de púrpura e linho fino e se banqueteava esplendidamente todos os dias. Um pobre, chamado Lázaro, jazia junto do seu portão, coberto de chagas. Bem desejava saciar-se do que caía da mesa do rico, mas até os cães vinham lamber-lhe as chagas. Ora sucedeu que o pobre morreu e foi colocado pelos Anjos ao lado de Abraão. Morreu também o rico e foi sepultado. Na mansão dos mortos, estando em tormentos, levantou os olhos e viu Abraão com Lázaro a seu lado. Então ergueu a voz e disse: ‘Pai Abraão, tem compaixão de mim. Envia Lázaro, para que molhe em água a ponta do dedo e me refresque a língua, porque estou atormentado nestas chamas’. Abraão respondeu-lhe: ‘Filho, lembra-te que recebeste os teus bens em vida e Lázaro apenas os males. Por isso, agora ele encontra-se aqui consolado, enquanto tu és atormentado. Além disso, há entre nós e vós um grande abismo, de modo que se alguém quisesse passar daqui para junto de vós, ou daí para junto de nós, não poderia fazê-lo’. O rico insistiu: ‘Então peço-te, ó pai, que mandes Lázaro à minha casa paterna – pois tenho cinco irmãos – para que os previna, a fim de que não venham também para este lugar de tormento’. Disse-lhe Abraão: ‘Eles têm Moisés e os Profetas: que os oiçam’. Mas ele insistiu: ‘Não, pai Abraão. Se algum dos mortos for ter com eles, arrepender-se-ão’. Abraão respondeu-lhe: ‘Se não dão ouvidos a Moisés nem aos Profetas, também não se deixarão convencer, se alguém ressuscitar dos mortos’».
Palavra da salvação.
O jornalista que mordeu o cão e Sócrates suspeita do Ministério Público e exige explicações.
António Aleixo parece saber mais do mundo que boa parte dos jornalistas.
"Para a mentira ser segura
E atingir profundidade
Tem de trazer à mistura
Qualquer coisa de verdade"
Vem isto a propósito dos estranhos critérios que tenho visto para qualificar qualquer afirmação política como uma mentira ou uma verdade.
Comecemos pela estranha escolha de afirmações a verificar: Mariana Mortágua mente quando diz que 99% da riqueza mundial está concentrada nos 1% mais ricos, mente quando diz que os mais ricos não pagam impostos, mente quando diz que, proporcionalmente, os mais ricos que pagam impostos pagam menos que a classe média, mente quando diz que o imposto sobre património serve para aumentar pensões, mente quando diz que todas as pensões mínimas dizem respeito a pessoas pobres (muitas vezes estas pensões mínimas acumulam com outras pensões e com outras fontes de rendimento, para além de património acumulado, ou poupanças, que resultam também do baixo nível de descontos para a reforma durante a vida activa) e várias outras mentiras e imprecisões em torno da proposta do novo imposto.
O que faz o Observador? Verifica se uma afirmação de Passos Coelho sobre o assunto é verdadeira ou não. Brilhante, como critério jornalístico.
Mas o mais perigoso não é isto, muito mais perigosa é a forma como se define uma mentira, o que se ilustra bem com a peça, do mesmo Observador, sobre uma das afirmações de Costa que levaram Cristas a dizer que não tinha tempo para desmontar todas as suas mentiras.
Esta verificação com critérios muito plásticos sobre o que é mentir ou não, pode ser vista também a propósito da tremenda mistificação de Costa que, se fosse feita por Vítor Gaspar, daria origem a pelo menos um mês de profundas verificações de cada número e gráfico e sempre com a mesma conclusão: mas que grande aldrabão e que grande desonestidade.
Aparentemente, nem a grande barretada que Sócrates enfiou em quase todo o jornalismo nacional leva a grande maioria dos jornalistas a aprender uma coisa básica: qualquer bom aldrabão mente muito mais com meias verdades e omissões que com qualquer outra coisa.
Não, Costa não é hábil, é mesmo aldrabão e mentiroso e no que se passou com Sócrates a imprensa tem enormes responsabilidades por se ter furtado ao escrutínio que lhe compete.
Espero que esse factor, que até hoje é um dos grandes suportes do sucesso de Costa (e do BE) não venha outra vez contribuir para os amargos de boca que vão aparecendo no horizonte, apesar da cortina de fumo da imprensa.
Os portugueses são particularmente propensos a mudar a terminologia e o nome das instituições convencidos que assim alcançam o progresso, alteram a substância e se apropriam da autoria da roda. Estamos sempre a menorizar as gerações anteriores e a menosprezar o passado - sem o conhecer. Temos aquilo que merecemos.
Sobe em flecha a dívida; sobem em flecha os juros; sobe a carga fiscal; caem abruptamente as exportações; cai abruptamente a taxa de crescimento (uma Catarina Mendes despudorada diz que sendo a taxa agora metade do que a geringonça previra, 1,8%, isso é normal porque só passaram 6 meses); esbarronda-se o número de novas empresas criadas, aumenta o número de falências; após 3 de 6 meses com regime de duodécimos e 6 meses de captivações e atrasos de pagamentos , o défice está 0,3% acima do que devia.
O povo bale, o Público festeja, a Sic celebra, a Tvi aplaude, o DN celebra, o Expresso rejubila. Viva a festa. Viva o mesmo dinamismo que Sócrates brandia contra os velhos do Restelo. A legislatura tem 48 andares, ainda só caímos 12. Isto vai acabar bem. Viva a festa. Viva a barriga do Costa.
"Acho que a História é a grande ciência do sentido da vida (...) A Humanidade tem uma gesta no tempo e no espaço, que é construir, que é fazer a realidade. Para a adolescência a História pode ser muito formativa, é extremamente importante que os adolescentes tomem consciência de que nós somos uns seres que constroem coisas, e ao construirmos coisas estamos a ser. (...) É muito importante que a História dê o empolgamento de que viver é construir."
Teresa Pimenta (com imensa saudade) in "Na Escola Pública" de Emília Cardoso
Já estavamos habituados a que Pacheco Pereira aproveitasse cada minuto de tempo de antena para criticar Pedro Passos Coelho. Mas não se me acaba o espanto quando vejo António Lobo Xavier a sistematicamente dar uma no cravo do governo e outra na ferradura no Pedro Passos Coelho (será para agradar a Costa?).
Mas será possível que de repente para o centrista que ajudou o Governo de Passos, e bem, na reforma fiscal do IRC, agora considere que Passos Coelho tem só pontos negativos?
Até tu Brutus?
Num conseguidíssimo sktech no programa DDT, o humorista Manuel Marques (que não é fascista), parodiando Mariana Mortágua, soltou em dado momento um monumental e muito agressivo zurro, como resposta dela a uma qualquer interpelação.
Ao contrário do que se possa pensar, os burros não são estúpidos. Antes os caracterizam a obsessiva teimosia e, quando incomodados, a sua propensão para o coice. Mariana Mortágua, politicamente, é assim mesmo. Nem podia deixar de ser, estão-lhe no sangue os assaltos a bancos para financiar a "luta popular", o esbulho/cooperativização/destruição da Torre Bela e outras traquinices do seu pai.
Mas Mariana Mortágua em si mesma não é um problema. Nem ela nem o seu já célebre imposto. O problema é a total ausência de escrúpulos de Costa, de quem sobretudo se sabe pactuará com o diabo, se necessário (quanto mais com Mariana!), para manter a sua profissão de político.
E o problema - maior ainda - reside em ser cada vez mais perceptível Costa não cairá da cadeira do Poder tão cedo. Principalmente se a gente séria que há no PS não der uma ajudinha. Portugal, a propósito, lembra o conto dos Irmãos Grimm, O Flautista de Hamelin - esse encantador de ratos com a sua flauta. Não é que nós, portugueses, sejamos ratos - mas como podemos caminhar assim encantados, hipnotizados, para o precipício onde o gaita-de-foles Costa, apoiado numa Esquerda puramente anti-Direita, nos conduz?
Curiosa é a expressão bastante comum por estes dias nas notícias de “muçulmano radicalizado”. Referindo-se aos islamitas nascidos na Europa que aderiram à "guerra santa", parece uma forma subtil de complacência perante umas supostas vítimas do colonizador ocidental. A frase parece assumir que muçulmano radicalizado é um homem desprovido de vontade ou livre arbítrio e que a sua adesão é imposta de fora para dentro.
Esta constatação pode parecer um preciosismo, mas não é: não se deve desvalorizar as palavras e o seu significado pois que é através delas que podemos entender ou não a realidade à nossa volta. O facto é que as crescentes comunidades muçulmanas que sob a cumplicidade cega de governos de esquerda e de direita se instalaram nas últimas décadas nas cidades mais ricas da Europa entrincheiradas nas suas idiossincrasias culturais e religiosas prevalecem de costas voltadas para os valores dos países que os acolheram. Aqui chegados não há outra solução se não encararmos a ameaça de frente sem condescendência nas palavras.
Estive a ver, com muito interesse, a sua entrevista de ontem à TVI.
Partilho da sua preocupação em relação às pensões mais baixas e por isso não entendo as razões pelas quais, no Orçamento de Estado do ano passado, deu o aval à opção de devolver rendimentos aos que mais recebem em vez de procurar algum equilíbrio na melhoria das condições de vida dos mais pobres.
Mas deixemos esse ponto e concentremo-nos nas propostas de orçamento deste ano.
Vi o seu esforçado exercício para tentar demonstrar que os 8 mil, ou os 44 mil contribuintes com património imobiliário acima de, respectivamente, um milhão e 500 mil euros, pagarão o suficiente para fazer uma grande diferença nas pensões de 2 milhões de pensionistas que recebem abaixo de 600 euros.
Percebo a sua dificuldade em demonstrar que sem taxas verdadeiramente confiscatórias sobre poucos, a contribuição da proposta de que agora se fala acrescentará pouco às pensões de muitos.
Venho por isso propor-lhe uma medida alternativa para atingir os mesmo objectivos: privatize a Caixa Geral de Depósitos, em vez de pôr os tais dois milhões de pensionistas, e os outros, a financiar bancos.
Repare:
1) do ponto de vista dos serviços prestados pelo banco, é irrelevante quem é o dono, continuam a ser prestados sem qualquer problema;
2) do ponto de vista dos pensionistas, os 2,7 mil milhões de euros de investimento no banco dariam para pagar os tais 200 milhões de aumento durante mais de dez anos, sem tanta ginástica e sem necessidade de ir ao OE buscar outras fontes de financiamento;
3) do ponto de vista dos contribuintes, era menos um imposto a pagar, o que até lhe dava margem para, se quisesse, aumentar na mesma o dito imposto associado a uma redução de outros impostos, da forma que achasse mais justa e mais eficiente do ponto de vista da economia;
4) do ponto de vista da economia, o aumento de rendimento dos pensionistas traria aumento de consumo, alargamento de mercados, aumento de investimento para lhe dar resposta, aumento do crescimento económico e maior colecta fiscal para acudir melhor à pobreza.
Pense nisso.
Não tenho a menor dúvida de que concordará comigo que retirar uma parte do rendimento de alguém que descontou 21 anos e recebe 300 euros por mês para o forçar ser accionista de um banco deficitário é uma enorme crueldade social, só possível em pessoas que não têm a menor sensibilidade social, o que não é seguramente o seu caso.
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