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Cada um é pró que nasce

por João Távora, em 04.08.16

Santos Silva é o maior entendido nacional em "ética republicana" essa matéria enigmática que lava tantas consciências encardidas. Deve ser bom a fazer "códigos de conduta". 

Aviso

por Vasco M. Rosa, em 04.08.16

Da próxima vez que me convidarem para alguma coisa (se convidarem!), vou logo perguntar qual é o valor do reembolso.

O valor e o prazo — se houver protesto ou denúncia... 

E se alguém quiser incomodar-me depois, há de aparecer um homem com fama de inteligente que vai determinar, mui democraticamente, claro, que o caso fica encerrado. 

(À las 5 de la tarde, como nas touradas, não sei se estão bem a ver...) A inteligência é isso!

Fazer parte duma associação republicana tem dessas vantagens: aparece alguém de cima que abafa tudo — não precisamos de nos preocupar.

 

Afinal a "ética republicana" não chega?

por João Távora, em 04.08.16

Era mesmo de um "Código de Conduta" aquilo que os nossos governantes estavam a precisar. Outra coisa Dr. Santos Silva: se afinal não foi "nada de mais" a conduta dos secretários de Estado, porque devolvem o dinheiro?

Simplício Costa era, como qualquer ser minimamente civilizado sabe, a excelente personagem representada por António Silva em “O Costa do Castelo”. Um trapalhão trapaceiro e excelente guitarrista que acompanhava às cordas a fadista Rosa Maria (Hermínia Silva) e vivia numa pobre mas muito simpática e agradável pensão lá para as bandas de uma das colinas da capital. Com ele outros pensionistas honrados, humildes e amorosos, destacando-se a igualmente amorosa Luisinha, por quem André (Curado Ribeiro), pessoa rica e de condição superior, se toma de amores e por isso se torna também pensionista da casa, fingindo-se de motorista.

 

Os donos da pensão, como que pais e protectores de Luisinha, pobres, modestos e trabalhadores, aceitam na familiaridade André com quase a mesma alegria que Simplício Costa lhe aceita as suas boleias e cigarros. E, para o convencer a ficar na pensão (como se isso fosse preciso), Simplício vai-lhe falando das qualidades da mesma enquanto lhe fuma os cigarros do patrão.

 

Cena excelente é quando Simplício mostra a André a janela, a vista, a imagem magnífica que se observa da pobre casa, e conclui: “aqui é que devia ter sido feito o Estoril!...”

 

Isto passava-se com naturalidade em 1943 pois, se fosse agora, o Governo socialista de António Costa, apoiado pelo Bloco de Esquerda e pelo PCP, e ainda pela quase generalidade da comunicação social e dos comentadores, iria imediatamente taxar o IMI daquela pobre gente. Tempos…

 

Post Scriptum: eu sei que coloquei entre aspas duas frases diferentes para dizer o mesmo. Julgo tratar-se de uma técnica jornalística recente de alguns meios da comunicação social portuguesa a que me apeteceu aderir. Não que tenha querido alterar o sentido, como muitas vezes acontece na comunicação social, apenas citei de memória, de ambas as vezes, sem ter paciência de ir ver o fabuloso original.

Frut' ó chocolate

por João-Afonso Machado, em 03.08.16

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A praia nacional está de prevenção. Vem aí a Autoridade Tributária e a sua operação Pé na Areia. Façam o favor de ver hoje o telejornal. O objectivo de mais esta iniciativa é a economia paralela, o tráfico de bolas de berlim. Os impostos a que se têm conseguido esquivar os vendedores de bolas de berlim.

Provavelmente iremos pagá-las com IVA (a que taxa?), embora pareça obvio que as bolas de berlim na praia são bens de primeira necessidade. E dai a estranheza, afinal Centeno reconhece, austeritariamente, que a solução para o nosso défice estrutural reside na bola de Berlim.

Por isso a sua sanha, agora, em recuperar o tempo perdido com a malta do caviar gauche.

 

A casa ideal para quem não quer empobrecer, by PS

por Maria Teixeira Alves, em 03.08.16

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... e também Rocha relaxa

por José Mendonça da Cruz, em 02.08.16

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Ao Allgarve, pressurosa, acorreu a Sic buscando Rocha de Andrade, secretário de Estado dos tributos e confiscos, para que repusesse a verdade sobre o novo imposto sobre vistas e exposição solar. 

«Que não, que injustiça, que ignorância, essa novidade destina-se», disse o secretário ao pé de microfone imperturbável, «destina-se a que as pessoas paguem menos depois de pedirem revisão do valor».

É como vos digo, crianças: «Confiança». Confiança em que os eleitores serão tão obtusos como as rochas em derrocada das falésias do Allgarve onde relaxo.

Viva  o Allgarve. Viva o fisco. Viva o relaxe. Viva a abjecta servidão da Sic.

O doutor Salazar teria inveja

por José Mendonça da Cruz, em 02.08.16

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O doutor Salazar havia de ter inveja da pobre imitação de ministro das Finanças que, segundo a imprensa cor-de-rosa, «relaxa no Algarve».

Não por causa do «calção de banho» -- isso não, que o doutor Salazar preferia atavios mais formais --, nem por causa dos banhos de mar -- que o doutor Salazar preferia só ver de longe --, nem por causa do relaxe -- que o doutor Salazar preferia não ter.

 

Não, o que o doutor Salazar havia de invejar era a possibilidade que a pobre imitação tem de tirar férias enquanto a sua tutelada AT continua a extorquir aos contribuintes IRSs por conta e IMIs, atazanando-os em férias ou impedindo-os de as gozar, do mesmo passo que nem se explica nem devolve o que extorquiu a mais. Como o doutor Salazar havia de apreciar tanta arbitrariedade, tanto come e cala, tanto poder e tanta ausência de direitos e defesas nos sujeitos desse poder.

 

O doutor Salazar bem tentou maquilhar a polícia política com nomes como Vigilância do Estado e Polícia Internacional, a fingir que a PVDE e a PIDE não eram a PIDE e a PVDE. Como ele havia de invejar esta Autoridade Tributária, empossada na omnipresença, no totalitarismo e no abuso de poder pelo tão celebrado Paulo Macedo, e agora posta à disposição de um PM malabarista e de uma pobre imitação de ministro das Finanças, para saber onde dormem, o que comem, por onde andam, onde estiveram, o que vestem, o que compram, onde trabalham, por onde passaram, quanto têm, quanto ganham, em que gastam, a que hora, a que dia, cada português e todos os portugueses. Ah, a inveja que teria o doutor Salazar!

 

O doutor Salazar tinha que destacar uma colecção de coronéis para praticar uma censura pedestre a fim de calar e omitir. Tanto trabalho para nada. Como ele invejaria a pobre imitação de ministro das Finanças e a pobre imitação de presidente do conselho de ministros que em vez de censura dispõem de lacaios prontos não apenas a calar (quando o dono manda) mas até a aplaudir (quando ao dono convém). 

 

O doutor Salazar roer-se-ia de inveja. A pobre imitação de ministro das Finanças, essa, pode «relaxar».

 

 

O (verdadeiro) segredo da felicidade

por João Távora, em 02.08.16

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O humor não salva, mas...

por Vasco M. Rosa, em 02.08.16

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Preservar a Praça do Império

por João Távora, em 01.08.16

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Àqueles que se revêem numa Lisboa que honra a sua vocação e que faz da sua História uma marca distintiva da sua afirmação, assinai esta petição.

Metafísicas

por João Távora, em 01.08.16

O velho padre da aldeia já andava intrigado com o afluxo de forasteiros que ultimamente rondavam o átrio da sua Igreja com o telemóvel em riste como se de um radar se tratasse. Já ouvira falar daquele "jogo" tão em voga, mas foi quando os irrequietos escuteiros lhe explicaram que não só o edifício estava rodeado por alguns "Pokémons raros" como na torre sineira que se erguia da residência paroquial estava localizada uma "PokéStop" que quase perdia a sua proverbial e evangélica paciência.

A comunicação social que temos:

por Vasco Lobo Xavier, em 01.08.16

De tempos a tempos aparece pelos palcos José Sócrates a dizer barbaridades que ninguém na comunicação social toma como tais. Nunca percebi porquê, tal a sua dimensão.

Diz ele que se viu obrigado agora a pedir a subvenção política vitalícia, obrigação cuja necessidade não sentiu quando perdeu as eleições em 2011, depois de levar o país à bancarrota. Não sentiu essa necessidade porquê?!? Não trabalhava, não fazia pevide, não ganhava oficialmente um cêntimo, tal como hoje em dia, que razão haveria para não sentir tal necessidade?

Não se percebe, mas a comunicação social que temos também não se incomoda com isso nem pretende investigar.

É a comunicação social que temos.

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