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Carlos Costa deu uma rara entrevista no fim de semana ao Expresso. Nela procura a redenção de todos os pecados que lhe apontam, e não são poucos. Eu confesso que acho que, apesar de todos os percalços nos últimos anos no sector bancário, Carlos Costa foi um homem de coragem, que fez muito mais do que qualquer Governador. Mas fazer ou não fazer, nesta sociedade dos nossos dias, não cria heróis. O que Carlos Costa possa ter feito de bom acabou ofuscado por eventuais erros e omissões e por conta dos inimigos poderosos que arranjou e que não desarmam na luta contra o Governador do Banco de Portugal. Esses inimigos têm a seu favor a falta de popularidade de um Governador que fez coisas pouco ortodoxas. Nem todas ao longo da entrevista ficaram bem explicadas.

Mas analisemos. Sobre o mais difícil da sua carreira, a Resolução do BES e as suas vítimas: os lesados do BES.  Diz sobre isso, Carlos Costa, que aproveita para mostrar simpatia pela causa dos lesados, o seguinte: 

"Os lesados tem razão para se queixar dos emitentes, a ESI e a Rioforte, que não cumpriram com aquilo a que estavam obrigados. Os lesados têm todo o direito de ser ressarcidos pela massa falida. Não são credores do BES porque o BES não lhes deu uma garantia formal. Se tivesse dado uma garantia formal nos termos da decisão de resolução teriam passado para o Novo Banco. Logo não podem ser credores do Novo Banco. Para isso acontecer é preciso haver um acto jurídico ou uma base jurídica para converter a situação em que eles se encontram em credores do BES. A única lei de que dispomos para este feito é o Código de Valores Mobiliário, que diz que em casos de venda abusiva a autoridade de mercado pode reverter a operação. Não pode ser o Banco de Portugal".

 

Reparem, Carlos Costa diz: tenho simpatia pela vossa causa. Mas o BES não deu uma garantia formal, por isso não é um tema do meu departamento. Têm de ir ali ao lado à CMVM que essa sim pode reverter a operação e dessa maneira reverter a venda de títulos e dessa forma os que os compraram é como se não o tivessem feito e ficam desta forma credores do BES. A esta hora a CMVM já lá deve ter uns quantos a bater-lhes à porta. Mas atenção, a reversão da venda é só em caso de se provar que houve venda abusiva. Pode ser difícil provar tal. Sobretudo passado tanto tempo. 

Explica ainda o Governador, a propósito deste tema que:

Claro, claro. E a CMVM pode reverter a operação baseando-se em critérios genéricos se não quiser ir caso a caso, ou, no limite, se os lesados apelarem para os tribunais.

(...)

Nós temos de ter uma base legal e há duas que são importantes. Uma é o Código de Valores Mobiliários e a outra é a base legal da resolução. E as duas têm de ser respeitadas porque se eventualmente aceitássemos reembolsar alguém que não é credor do BES não teríamos nenhuma razão para aplicar a hierarquia de credores. Abríamos uma caixa de Pandora.

(...) 

Têm acesso à massa falida e no caso em que haja razões para invocar o artigo do Código de Valores Mobiliários que os protege têm razoes para recorrer para a CMVM ou para os tribunais.

Com documentos escritos? [pergunta o Expresso]

Ou evidências que o permitam. Tem é de haver uma base legal. E uma base legal não é uma base moral.

Esta é a frase chave de todo o discurso de Carlos Costa e que rege toda a sua política à frente do Banco de Portugal.

Continua Carlos Costa (e esta é uma revelação importante):

Estou é a dizer que no dia 21 de Maio fiz uma proposta que tinha a concordância da ministra das Finanças no sentido de fazermos uma aplicação indiciária de critérios de venda abusiva para depois reverter as operações que tinham de ser revertidas. Nós queremos uma solução, mas essa tem de se enquadrar em dois princípios, o da legalidade e o da segurança do processo de resolução.

(...)

Quem decide nessa matéria é a CMVM. Se por acaso a CMVM não decidir, há lugar a recursos para os tribunais.

 

A este propósito é preciso dizer que os advogados são caros e que depois de se perder muito dinheiro das poupanças num banco que era referência no mercado, a última coisa que apetece é pagar milhares a advogados. 

 

Vamos agora passar ao tema ESI e falsificação de contas, e mais ainda a proibição de venda de dívida dessa empresa do Grupo Espírito Santo aos balcões do banco.

Diz Carlos Costa:

Qual a autoridade moral do Banco de Portugal quando essas unidades eram vendidas ao balcão do BES e já tinham a noção de que o BES tinha falsificado contas.

"Estamos a falar de uma instituição que estava sediada no Luxemburgo que não era supervisionada por nós. A ESI só entrou no radar do Banco de Portugal porque no quadro do Etric decidiu ir controlar os grandes clientes dos bancos. A 26 de Novembro de 2013 identificamos um acréscimo do passivo financeiro da ESI. Três dias depois, requeremos explicação detalhada do porquê das coisas. A 3 de Dezembro, a ESFG informou o BdP que, por problemas de natureza contabilística, havia passivos e activos que não estavam registados no valor de 1,3 mil milhões de euros. Nessa altura não se falava que a situação líquida era negativa, nem de qualquer falseamento das contas. E em Dezembro o BES deixou de vender papel comercial dessa entidade por nossa imposição. Depois pedimos que fosse feita uma auditoria pelo auditor do BES. A 31 de Janeiro, a KPMG comunica que a ESI tinha uma situação líquida negativa de 2,4 mil milhões de euros, mas não identifica caso de falseamento de contas. A 7 de Fevereiro a KPMG, em conversa connosco, impõe a constituição de uma provisão de 700 milhões de euros na ESFG. A 14 de Fevereiro, o Banco de Portugal proibiu a comercialização directa ou indirecta de qualquer tipo de papel de entidades do grupo. A 28 de Maio, é a primeira vez que temos a indicação de que há falseamento de contas. Que não vem sequer através da KPMG, mas através de uma sociedade de advogados luxemburguesa".

 

Primeira grande pergunta: Porque é que o Banco de Portugal não tornou pública a proibição de vender papel comercial do Grupo a 14 de Fevereiro? Se o tivesse feito, não teria havido clientes do BES que tinham o dinheiro noutras subsidiárias fora de Portugal, a comprar papel comercial de empresas que não podiam vender papel comercial em Portugal por imposição do regulador. A transparência tinha sido essencial. Se alguma coisa se pode apontar ao Governador é o excesso de discrição. Muito discreto, muito discreto, e as consequências estão à vista. Muitos lesados dos bancos. Não foi só no BES, no Banif e no Novo Banco também já há lesados. Todos apanhados de surpresa. 

 

Esta conversa entre o Expresso e Carlos Costa é digna de registo. Reparem:

Mas se em Janeiro há um relatório em que a KPMG diz que a ESI tem uma situação líquida negativa quando as fichas técnicas do papel comercial apresentavam uma situação líquida positiva.

Mas nessa altura o Banco de Portugal autorizava a venda do papel comercial da ESI? Não, já a tinha proibido.

Mas eles passaram para a Rioforte e para as pessoas era na prática o mesmo.

Mas a Rioforte é outro problema. O papel comercial não era supervisionado pelo Banco de Portugal. E nós impedimos a comercialização através dos balcões. Ao primeiro sinal de que havia um problema com este papel não era o Banco de Portugal que tinha de interditar a comercialização do papel.

Era a CMVM?

Nós só podemos impedir uma instituição de vender.

(...)

É muito fácil atirar a pedra ao Banco de Portugal.

 

Parece mais um jogo de culpas entre ex-amantes. Do género:- Tu traíste. -Eu nunca te prometi nada. -Mas destes sinais. - Não fui que te pedi para teres esperanças. Enfim.  

O Banco de Portugal proibiu, e o que não proibiu não lhe cabia proibir. Não podemos impedir uma instituição de vender. Ora bolas!

Remata com esta: 

"Vou ser muito claro neste ponto: a CMVM tem a supervisão dos produtos, nós temos a supervisão das instituições"

 

Agora o tema Vítor Bento (o presidente do BES que substituiu Ricardo Salgado). Sobre a venda do Novo Banco:

"Uma coisa é o que gostaríamos, outra é o enquadramento europeu.

Primeiro, tínhamos de trabalhar com os dados fornecidos pela Direcção-Geral da Concorrência, que diziam ser precisos dois anos para proceder à venda do banco e tínhamos que mostrar que éramos diligentes para justificar qualquer alargamento do prazo, o que foi feito, porque nos deram um ano adicional. Um ano que tem custos, porque implica medidas e remédios adicionais. Se não tivéssemos sido diligentes teríamos entrado na fase em que temos uma autoridade europeia de resolução, que seria um período de maior incerteza do ponto de vista da condução do processo. Segundo, estou muito agradecido a Vítor Bento pelo facto de naquele dia ter aceitado continuar à frente do banco de transição. Terceiro, as relações entre mim e Vítor Bento sempre foram de uma grande cordialidade. Ele teve o apoio de que necessitava, sempre que o pediu, e houve momentos em que achou que o projecto não o entusiasmava e pediu para ser substituído.

Os cinco anos que ele defendia não eram, e ainda hoje não são, compatíveis com as regras da DG Concorrência.

Esta semana, Vítor Bento abriu uma discussão sobre se o Novo Banco não deve ficar no sector público. O que diz o Governador sobre isso:

O Banco de Portugal, como autoridade de resolução, executa um mandato. Esse mandato resulta da carta de compromissos que o Governo subscreve junto da Comissão Europeia e da DG Concorrência. Neste momento, temos uma carta de compromissos que nos obriga a ser diligentes no processo de venda. Se a carta de compromissos for alterada num outro sentido, o Banco de Portugal agirá da forma mais diligente possível para a implementar.

Portanto, se o Governo quiser que o Novo Banco fique na esfera do Estado, deve falar com Bruxelas.

 O impacto da venda do Novo Banco pode implicar aumentos de capital nos outros bancos? [Pergunta o Expresso]

Não. O princípio é de que o Fundo de Resolução fique com um crédito sobre os bancos que vai sendo amortizado ao longo do tempo, à medida que for sendo paga a taxa sobre os bancos.

Quanto é que o Novo Banco vai custar aos contribuintes?  [Pergunta o Expresso]

Não vai custar aos contribuintes, vai custar aos bancos.


Quanto é que se vai perder no Novo Banco?

Não podemos saber. Se aplicarmos as taxas de desconto que estão em vigor no mercado, como o capital do banco anda pelos €6 mil milhões, o valor pode andar na ordem dos €3 mil milhões. O que compara com os €4,9 mil milhões.

Ou seja, uma perda de dois mil milhões de euros. Continua convencido que a resolução foi a melhor solução?  [Pergunta o Expresso]

Eu tinha de assegurar que, no dia seguinte, segunda-feira, 4 de Agosto [de 2014], o financiamento à economia continuava, que a confiança dos depositantes continuava intacta, que os depósitos se encontravam protegidos e que não havia nenhum cataclismo na sociedade e na economia portuguesa. A verdade é que as pessoas continuaram na praia. A verdade é que não houve nenhuma corrida. A verdade é que o banco recuperou a sua credibilidade. Posso dizer-lhe mais, uma das constatações que resulta dos processos de venda anterior e do processo que está em curso é que a franchise do banco, na sua actividade nuclear, é forte e muito apreciada por eventuais adquirentes. É um activo muito apetecível.

Eu sei que a entrevista continua na próxima semana. Mas para já faltou a explicação sobre a intervenção ao Banif, contra a vontade de Bruxelas. A sua resolução no fim do ano passado e a venda ao Santander. 
Faltou ainda a explicação sobre o bail-in no Novo Banco (obrigações que passaram para o BES).
 
Também não disse quem vai ser o sucessor de Eduardo Stock da Cunha se o Novo Banco não se vender em Junho. Falta perguntar que convites foram feitos a candidatos a estudar a compra do banco de transição do BES.
 

 

Domingo (3º da Quaresma)

por João Távora, em 28.02.16

Evangelho de Nosso Senhor Jesus Cristo segundo São Lucas


Naquele tempo, vieram contar a Jesus que Pilatos mandara derramar o sangue de certos galileus, juntamente com o das vítimas que imolavam. Jesus respondeu-lhes: «Julgais que, por terem sofrido tal castigo, esses galileus eram mais pecadores do que todos os outros galileus? Eu digo-vos que não. E se não vos arrependerdes, morrereis todos do mesmo modo. E aqueles dezoito homens, que a torre de Siloé, ao cair, atingiu e matou? Julgais que eram mais culpados do que todos os outros habitantes de Jerusalém? Eu digo-vos que não. E se não vos arrependerdes, morrereis todos de modo semelhante. Jesus disse então a seguinte parábola: «Certo homem tinha uma figueira plantada na sua vinha. Foi procurar os frutos que nela houvesse, mas não os encontrou. Disse então ao vinhateiro: ‘Há três anos que venho procurar frutos nesta figueira e não os encontro. Deves cortá-la. Porque há-de estar ela a ocupar inutilmente a terra?’. Mas o vinhateiro respondeu-lhe: ‘Senhor, deixa-a ficar ainda este ano, que eu, entretanto, vou cavar-lhe em volta e deitar-lhe adubo. Talvez venha a dar frutos. Se não der, mandá-la-ás cortar no próximo ano».

Da Bíblia Sagrada

 

Pelo caminho

por Vasco M. Rosa, em 28.02.16

images.jpegO Bloco de Esquerda já veio tentar emendar a mão, depois da borrada do cartaz demagógico e insultuoso. Louçã & Matias mostraram discordância e preocupação, e isso decidiu tudo; mas a retirada ainda demorou dois dias — durante os quais, creio, António Guterres, um católico, recebeu «sensibilizado e muito reconhecido» (sic) o apoio esquerdista à sua candidatura à presidência das Nações Unidas. 

Pergunte-se então ao candidato se subscreve essa campanha publicitária do BE, ou se no seu projecto de ambição pessoal semelhantes apertos de garganta são de somenos  — pois o apoio do BE lhe há de valer muitíssimo em contexto internacional...

Caladinho ficou; e a nossa competente classe jornalística, uma vez mais deixou pelo caminho perguntas  por fazer.

Uma viagem ao purgatório

por João Távora, em 26.02.16

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"Alentejo Prometido” de Henrique Raposo, autor conhecido pelas suas crónicas do Expresso, é o mais recente livro da colecção “Retratos” da Fundação Francisco Manuel dos Santos, que adquiri há dias junto à caixa dum supermercado Pingo Doce. Vender livros no supermercado é como levar o conhecimento para o átrio dos gentios da ilustração. Pela minha parte, creio que haverá mais alegria no Céu com uma criatura convertida à leitura, do que com noventa e nove intelectuais que leiam mais um livro. E a propósito, há um forte traço de estilo pop na escrita séria deste escritor.

"Os alentejanos não escolhiam a vida: sofriam-na", refere a determinada altura Henrique Raposo, a meio da “viagem” que neste livro empreende pela sua genealogia geográfica, social e pessoal, num relato impiedoso e às vezes brutal, mas sem a mácula do ressentimento (que é sentimento repisado e acicatado) como é seu timbre. A narrativa começa num buliçoso casamento católico na igreja de S. Domingos, um reencontro com os seus parentes e família alargada, e no festim que se segue no concelho de Santiago do Cacém, precisamente em Foros de Pouca Sorte, a aldeia da família. O nome do lugar é em si uma metáfora cruelmente óbvia, sobre um Alentejo inóspito, sem lei, que um dia foi abandonado pelo Criador a uns quantos desvalidos pioneiros, salteadores, bastardos e libertinos, que em desespero o “colonizaram” ainda durante o século XX. Trata-se de uma realidade sociológica pouco visitada, para lá da costumeira narrativa panfletária da luta de classes, narrada tantas vezes à imagem do cliché da própria paisagem alentejana; bárbara e inquietante, psicótica - como naquele ponto em que Henrique Raposo relembra a estrada que separa a também familiar aldeia de Bicos de Alvalade, uma gigantesca recta de 18 km, que em criança o autor empreendeu atravessar por várias vezes de bicicleta e da qual sempre desistiu ao chegar ao cruzamento para a povoação de Fornalhas acometido pelo pavor: “Pedalava, pedalava, a paisagem não mudava, sentia-me como um ratinho dentro de uma roda, era sempre o mesmo fio de alcatrão rodeado do mesmo conjunto uniforme de sobreiros sem um único rasto humano”.

Um Alentejo de cujo legado Henrique Raposo se demarca, afirmando-se “rafeiro, mestiço, bastardo de solo. (…) Não tenho nem terei terra. Não pertenço.” Mas há algo de paradoxal nessa rejeição, e o impulso que leva o autor a empreender este “confronto com as suas raízes”, fazer-se literalmente à estrada na companhia do Pai e com a Mãe, ao encontro da sua genealogia que não renega - antes abraça - como que numa atitude de libertação. Talvez reflexo da procura dum certo sentido “religioso” – no sentido de ligação - que possuem algumas almas aristocráticas, ligação que Henrique tanto se esforça por rejeitar, como que revoltado, em vários pontos da narrativa.
E depois há o suicídio do “tio Jacintinho, o grande detonador deste livro”; e o aterrador fenómeno do suicídio alentejano, (de 45 a 50 por 100 mil habitantes), que ultrapassa a marca da Lituânia, líder mundial na modalidade, com 42 por 100 mil habitantes. Esta é uma terra estranha que foi-se humanizando, cedendo à civilização; e uma imagem disso é, uma vez mais, o casamento do seu primo que, caótico ou não, reúne dentro de uma igreja várias gerações de primos e tios, que se perfilam diante duma máquina fotográfica para perpetuar o encontro (um ritual que simboliza o cuidado de uns pelos outros). Parafraseando o autor, "Isto significa que os alentejanos só podem ter esperança no futuro".
E não, Henrique; nem sempre os palavrões são sinal de cumplicidade. A partilha de silêncios, essa sim, é a última fronteira da amizade – silêncios que, como bem dizes, os alentejanos praticam como poucos, nos alpendres dos cafés. Um desprendimento monástico diverso da desconfiança. E depois, bem-feitas as contas, se não assentirmos a transcendência, não estaremos todos; alentejanos, minhotos ou lisboetas, tragicamente sós neste estranho e equívoco fenómeno que é existir?

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Garotada ignorante:

por Vasco Lobo Xavier, em 26.02.16

Vai um sururu com o cartaz idiota do Bloco de Esquerda mas o dito não me surpreende. Parece-me que o cartaz apenas evidencia que o Bloco continua a ser orientado por um bando de garotos, uns garotos que pretendem ostensiva e deliberadamente atacar a Igreja Católica sem se aperceberem que estão a incomodar e a insultar um número muito maior de portugueses do que aqueles que eles supostamente representam.

Não é a Igreja, como instituição, nem só o cristianismo, como religião: essa garotada insulta deliberadamente e sem razão todos e cada um dos católicos.

Mas eles são tão garotos que não percebem sequer que, para qualquer cristão, uma criança ter dois pais é a coisa mais normal do mundo: Deus Pai e o Pai terreno, sempre assim considerámos que era. O que não é natural, na sequência do raciocínio deles, é uma criança ter três Pais.

Narrativas e agendas, alavancas e sustentos

por João-Afonso Machado, em 26.02.16

Depois de toda a excitação em volta da discussão e votação (e aprovação na generalidade) do OE e depois do agora conhecido sobre as manobras de António Costa já antes das eleições, na certeza de uma derrota socialista, a Direita podia parar um pouco para pensar e organizar algumas conclusões Com vantagem para si e para os portugueses.

Por exemplo: é manifesto que Costa, o já famoso Poucochinho Vermelho, desavergonhadamente deu de barato o seu fracasso pessoal nas eleições e arrancou logo para a alternativa que hoje vivemos. O Poder é o seu único objectivo, a imunidade a quaisquer argumentos de razão e coerência o seu escudo.

Por exemplo também: quanto mais se denunciar a inconsistência da aliança do PS com os leninistas e os trotskistas, mais estes reagem reforçando os seus precários laços. Deixá-los. Não há de ser a Direita a desmoronar a Esquerda, há de ser esta a autodestruir-se.

Ainda exemplificando: vem aí a discussão do OE na especialidade. Já cá fora constam as multiplas "sugestões" comunistas e bloquistas a que Centeno terá de dizer nim. É deixá-los, é deixá-los. Sem interferir. A "geringonça" necessita ser encarada divertidamente, com ironia q.b., senão ainda funciona e acaba deixando-nos de tanga.

Uma palavra, a propósito, sobre o excelente desempenho da deputada Cecília Meireles confrontando João Galamba com a papagaiada das "narrativas". Assim se "desalavancam" as "agendas" socráticas e costistas. "Sustentadamente".

Decadência

por João Távora, em 26.02.16

Para lá do blasfemo mau gosto, nesta questão do cartaz do Bloco de Esquerda sobre a "conquista enorme da adopção crianças por casais gay", o mais grave é que aquela linguagem tem adesão no público alvo que eles querem atingir, o jovem urbano pós-adolescente (que não sabe que é) profundamente ignorante. Não seI se têm expressão elitoral. .

O Socialismo Provoca Disfunção Eréctil

por José Mendonça da Cruz, em 25.02.16

       

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Dos jornais de referência:

Psicólogos comportamentais da universidade de St. Gallen, na Suíça, realizaram um estudo em que determinaram que os indivíduos que perfilham a ideologia e a prática socialista tendem a desenvolver problemas de disfunção eréctil após um período mínimo de 1 ano e máximo de 5 anos após adesão à causa, ou em cerca de 3 meses nos casos de militância activa. Colocados em circunstâncias propícias ao acto sexual, 87,3 % dos 752 participantes, previamente seleccionados mediante testes de fidelidade intelectual e política, não conseguiram uma erecção nos 45 minutos da experiência. Os psicólogos atribuem o comportamento aos hábitos assimilados de passividade individual e actuação colectiva, e à adopção de estruturas hierárquicas paralisantes e rígidas (curiosamente), explicação que creem confirmada pelo facto de os 12,7% que conseguiram uma erecção, ainda que média, serem todos eles dirigentes ou altos quadros de algum partido ou agremiação subscritora da fé de dividir o dinheiro dos outros. Segundo os cientistas, o módico de iniciativa e inovação a que os líderes estão obrigados resulta organicamente menos pernicioso. Em experiência subsequente visando confirmar ou infirmar esta ideia, os cientistas constataram que em sessões de sexo colectivo os subalternos registavam melhores resultados, com uma diminuição de 7% nos 87,3% disfuncionais, após observarem uma erecção no chefe ou superior hierárquico, ou alguma actividade destes.

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Em investigação conexa, mas realizada separadamente, académicos da universidade da Carolina do Norte concluíram que as mulheres socialistas registam, em média, menores índices de apetite sexual. Os dois psiquiatras responsáveis pelo estudo atribuem a tendência à repetida assimilação da ideia de que o corpo é só delas, o que desenvolve nas mulheres estudadas um paradoxal sentido de propriedade exclusiva, tornando-as avessas ao tacto e às carícias.

Isto está tudo ligado.

A conferência da despedida do presidente do Novo Banco

por Maria Teixeira Alves, em 25.02.16

Mais de metade do prejuízo de 2015 é "herdado" do antigo BES -- presidente

A conferência de imprensa do Novo Banco para apresentação dos resultados anuais de 2015 teve um sabor a fim de ciclo. Eduardo Stock de Cunha vai sair do Novo Banco. A decisão não é de agora. Desde que o ano de 2015 fechou que o banqueiro, que tentou recuperar o Novo Banco o máximo que pode, decidiu sair e voltar para Londres para a sua família. "Sou o porta-voz do Novo Banco, mas não sou o Novo Banco. Sempre o disse que estou aqui transitoriamente. Sou um empregado do Lloyds Bank. Estou aqui em comissão de serviço, em leave of absence. A minha comissão de serviço acabará dentro de algumas semanas. Tive o cuidado de perguntar no Lloyds, ao seu CEO, António Horta Osório, caso haja interesse das autoridades portuguesas, se o Lloyds me permitia ficar aqui até ao Verão, e tentar conciliar alguma novidade no Novo Banco que possa existir para os próximos meses (apesar de o banco poder sobreviver assim até 2017), e a resposta que obtive é que poderia ficar aqui mais alguns meses, e falámos no Verão. Mas para eu aqui estar é preciso ainda que o accionista queira. O Banco de Portugal tem total autoridade para decidir". Disse o banqueiro.

Nesta resposta intui-se também que a venda, que deverá ser acompanhada pelo ainda presidente em leave of absence, poderá ter o Santander como protagonista. Eduardo Stock da Cunha é um ex-Santander, como sabem. Penso que nalgum momento desta história se pôs a hipótese de o comprador potencial poder ficar com  Eduardo Stock da Cunha como presidente para o futuro do banco. Essa hipótese hoje é uma miragem. Os tempos mudam hoje rápido demais e se em 2015 havia a possibilidade de, por exemplo, o Novo Banco ser integrado no BPI, o que poderia levar Eduardo Stock da Cunha a deixar de estar cá em leave of absence e passar a ser um presidente definitivo, hoje já não há essa possibilidade. O mundo da alta finança mudou muito desde então. É o próprio Eduardo Stock da Cunha quem diz "não deve haver nenhum banco europeu que valha hoje o que valia em 2014". Por outro lado, Portugal é um país onde a banca promete ter alguns problemas nos próximos tempos. As fusões são inevitáveis.

Mas haverá outro facto a pesar na decisão de levar Eduardo Stock da Cunha a cumprir o prazo do seu leave of absence, ainda que com algum adiamento relativo: As surpresas que encontrou nos créditos do Novo Banco e que levaram o banco aos seus prejuízos de quase mil milhões de euros. Caramba! Imaginar que este banco era o Banco Bom do BES. O que seria se fosse Banco Mau?

Eduardo Stock da Cunha levou com o peso de créditos tão maus que pesaram, só por si, 764 milhões de euros nos resultados do Novo Banco. Ou seja, o mau crédito representou 78% dos prejuízos de 980 milhões registados em 2015. E esta carteira de crédito, ainda vai pesar nas contas deste ano. Ao certo só lá para 2018, estima o board, é que o banco bom do BES voltará a ter lucros.

 O elevado valor das provisões que atingiu 1057,9 milhões de euro, e foi influenciado por perdas em activos transferidos do BES. O reforço de provisões para imóveis e para as 50 maiores exposições ao risco, que já existiam à data da resolução do BES, totalizou 592,3 milhões, explicou o banco.

O prejuízo foi de 980,6 milhões depois da anulação da totalidade dos prejuízos fiscais reportáveis relativos ao ano de 2013 no valor de 160 M€.

Não fossem os créditos herdados do antigo BES, o banco teria tido um lucro de 125 milhões de euros. O banco liderado pela equipe de Eduardo Stock da Cunha tem para se gabar o facto de o produto bancário de 879,6 M€, ter o maior peso (51%) do resultado financeiro (margem). 

 

Disse então Eduardo Stock da Cunha: "Relativamente às imparidades dos trimestres e às 50 maiores exposições de risco [créditos], isto são situações que vêm do passado, a maior parte são créditos que não estão de acordo com o business modeldo Novo Banco. Relembro que o primeiro critério do BCE para avaliação de bancos para este ano é o business models. São situações que à data de 3 de Agosto de 2014 já existiam, mas não se conheciam em toda a sua extensão, porque se tivessem sido conhecidas em toda a sua extensão teriam sido relevados naquela data".

De facto, o crédito em risco representava 22,8% do total da carteira de crédito e a cobertura era de 68,2% e a carteira de activos não correntes detidos para venda tem provisões afectas correspondentes a 27,3% do seu valor bruto.

A maior parte dos custos relacionados com a herança do BES resultou da necessidade de registar crédito em incumprimento e a desvalorização de imóveis. No total as provisões para as 50 maiores exposições de risco e para a carteira de activos imobiliários ascenderam aos tais 592 milhões.

O mau legado do BES gerou 78% dos prejuízos do Novo Banco.E para além das imparidades, a anulação de juros contabilizados indevidamente retirou mais 172 milhões. Ao todo foi esse crédito (imobiliário, a accionistas entre outros)  que gerou os 764 milhões de euros de perdas para o Novo Banco no ano passado. Era uma coisa espantosa a carteira de crédito do BES!

Se a esta realidade somarmos a recente benesse (no capital) da retirada de quase 2.000 milhões de euros de dívida sénior enviada para o chamado BES "mau", podemos ver em que estado ficou o banco bom aquando da Resolução de Agosto de 2014. 

Uma opção de retirar obrigações séniores do BES para capitalizar o Novo Banco que foi muito criticada pelos instituionais internacionais, e que esteve a ponto de ser considerada um evento de crédito que poderia ter feito accionar os Crédit Default Swaps que cobrem o risco dessas obrigações. 

Eduardo Stock da Cunha diz que acharia simpático que os credores tivessem antes recebido ações do Novo Banco. Esta sentença é importante e revela o desprendimento do banqueiro em relação a essa decisão dos reguladores bancários.

Uma despedida com chave de ouro. 

A conferência de imprensa serviu também para esclarecer outra das manchas do mandato: a venda do Novo Banco Cabo Verde a José Veiga (que era dono da maior parte do dinheiro lá depositado). "Não me compete a mim avaliar a idoneidade de um comprador de um banco que não [está] em Portugal". Foi assim que Eduardo Stock da Cunha justificou o acordo de venda do Banco Internacional do Cabo Verde, através de concurso, a uma sociedade liderada por José Veiga, agora em investigação pela justiça portuguesa. 

Apetecia-me era lagosta! O Estado devia dar mais apoios.

por José Mendonça da Cruz, em 24.02.16

Ountro dia o meu gestor de contas disse-me que eu devia era aplicar as minhas poupanças em acções do BCP, que estavam tão baratas, era coisa de cêntimos, dizia ele, que de certeza eu ia dobrar ou dobrar dez vezes o que investisse. Eu sempre gostei mais dos investimentos no Estado, que é mais seguro, mas, a bem dizer, estava um bocado farto de eles reduzirem o combinado sem dizer água vai e afinal pagarem menos sempre que achavam que a gente aguentava se recebesse menos. Eu investi nas tais coisas do tal banco que o gestor dizia que eu ganhava muito, mas depois elas desceram. Ora, isto não pode ser, eu agora fiquei lesado. O Estado tem que me compensar, quem me compensar eu voto nele, que isto dos mercados é um casino, eu bem dizia. Além de que, se eu ganhasse, o Estado vinha sacar, assim, em eu perdendo, deve o Estado compensar-me. Felizmente os socialistas comprendem bem isto. Não hão-de deixar-me assim lesado.

Lesado, coitado, ficou o pai das miúdas que aquela gaja afogou para as poupar a tormentos. Gaja horrorosa, mas a culpa disto tudo é da falta de apoios do Estado. Li ountro dia que já havia para cima de oito alertas que as coisas iam mal naquela casa, e o Estado não fez nada. É no que dá a falta de pessoal e meios. O Estado devia era criar uma comissão para articular os alertas todos, e contratar mais pessoal, e pagar-lhes melhor, já não aconteciam estas coisas, que as pessoas precisam é de políticas para elas. Senão, é cada um por si, sem nenhuma solidariedade.

 Eu, que vivo numa courela um bocado sem nada ali prós lados da Cruz de Pau bem sinto essa falta. Estou para ali, ninguém me apoia. Nem pavilhão desportivo, nem assistência, nem uma escola para a filha da Manela das galinhas, nada, lá porque é só uma há-de ficar sem escola? Ah, e um hospital para nós 7 que vivemos nestas bandas, que não presta concentrar tudo na cidade, depois as urgências não funcionam. Ou no mínimo um centro de saúde, com dois médicos, pelo menos, se for só um e tem folga como é que a gente se arranja? Ainda ountro dia aqui a outra vizinha, que estava com uma dor no dedo grande do pé, nem foi atendida nas urgências de Almada, falta de pessoal e de meios, é o que eu digo, tudo neoliberais, uma canalha. 

E os transportes?! Quando quero sair daqui tenho que ir de automóvel. Não há uma carreira que sirva. O Estado devia era fazer uma carreira da minha courela até ó centro de Almada. Pois, os privados não faziam, que esses só querem dinheiro, mas o Estado tinha que fazer, para me transportar a mim e mais os da aldeia vizinha, que somos sete ao todo, como disse, e se não me engano. Isso é que era uma política pró povo. 

O Estado devia apoiar mais os transportes, a mobilidade, como eles dizem, eu cá queria era ser móbil. Mas é uma falta de meios e apoios por todo o lado. Olha os gajos do Porto, por exemplo, agora ficam sem aviões para onde querem, a TAP não os leva se não encherem os aviões e pagarem a gasolina. Neoliberais, éque eles são. O Estado é que devia voar para o Porto e para a minha courela. Essas coisas de os estrangeiros apanharem os aviões que querem para os sítios que entendem, e as companhias de aviões andarem todas à porrada a ver quem cobra menos e mostra mais serviço, não me parece coisa boa, é tudo modernices. Eu quero voar é no Estado. Pois, até por causa daquilo da bandeira e da estratégia.

Estava ountro dia a ler o que o tal senhor Vasconcelos dizia sobre os aviões, ele é que percebe daquilo, e a sonhar que qualquer dia acordava e tinha um voo aqui ao pé para ir até ao meu Alentejo, e, pumba, avariou-se-me o gerador. É o que é: o Estado devia era dar um gerador a toda a gente como eu, que precisa. Ou, então, fazer uma estação eléctrica para fornecer electricidade cá para cima, que aqui sempre somos sete, não me canso de dizer, e havíamos de ter electricidade. O Estado devia era dar um subsídio à companhia para montar a torre e a linha que nos dessem luz todó dia.

A bem dizer, eu até agradeço andar a deitar-me com as galinhas, sem televisão nem telenovela, que o Estado não me apoia. É que se eu ficara acordado, maçava-me, só com os quatro canais que tenho. O Estado devia era subsidiar a TVcabo, para todos terem canais e termos um povo educado. E eu via o futebol, está claro, que sem apoios do Estado o futebol é só para neoliberais e fascistas.

E eu preciso de mais televisão, agora que mandei a Alzira às urtigas. A  Alzira é uma fascista, até tinha um canudo e tudo, mas estava sempre a dizer que eu era burro, que nunca percebia que os apoios que eu peço sou eu que pago. Ela punha-me fora de mim era quando dizia que eu era um dos maiores iletrados financeiros da Europa, que não percebia nada, mas iletrada era ela. Então podia lá ser verdade o que ela dizia, que 40 % do preço do meu carrito eram impostos que eu paguei ao Estado, e que do que eu pago prá gasolina vai 60% para o governo, e que a minha casa e a minha courela sem apoios pagam 237 euros por ano ao fisco, e que por cada garfada do cozido na tasca do Manel da Moura vai 23% prós gajos, e que de cada euro que eu faço com as hortaliças e os biscates vai 30% para as Finanças, e que cada aumento do meu pé de meia paga 28.5% a Lisboa. E dizia ainda por cima, a burra, que o Estado não tem dinheiro, o dinheiro do Estado é o que ele me tira, que o pilim é meu e eu vivia melhor sem isso, pagava eu os apoios todos, dizia ela, não percebe nada, a burra! Grande estúpida, a Alzira, é tão maldita como os mercados. O Estado é que devia dar-lhe uma ensinadela, esclarecê-la, neoliberal da merda. Mas não há apoios, não contratam pessoal que chegue... Olha!, para isso é que valia a pena mais subsídios.    

Coisas em que ninguém repara:

por Vasco Lobo Xavier, em 24.02.16

A comunicação social faz eco desta enormidade e fica-se pasmo pela falta de reacção.

 

Na véspera, no segundo dia do debate parlamentar na generalidade sobre o Orçamento do Estado para 2016, o ministro das Finanças, Mário Centeno, afirmou que, “se e quando” o debate em torno da renegociação da dívida pública se colocar em Bruxelas, Portugal estará presente na discussão, “mas não a suscitará”.

“Quanto ao debate que refere em relação às questões da dívida – que muito bem referiu que não temos uma visão necessariamente coincidente – o Governo está aberto para esse debate. Não o suscitaremos, mas estaremos lá se e quando esse debate se vier a concretizar em termos europeus”, respondeu o ministro das Finanças a uma questão colocada pelo deputado do PCP Paulo Sá.

O PS, diz Centeno aos Comunistas e Bloquistas, não suscitará a questão da reestruturação da dívida pública portuguesa mas participará na discussão se esse debate se colocar em Bruxelas. A ninguém (PCP, Bloco, PS, comunicação social...) ocorre que Bruxelas não suscitará coisa alguma e que se o vier a fazer é porque estamos de novo feitos em cacos, em mais uma falência de Portugal pelos socialistas e aliados de ocasião.  

 

Lisboa: como foi que se chegou aqui ?

por Vasco M. Rosa, em 23.02.16

Por causa dum bom livro de Margarida Acciauoli sobre a habitação em Lisboa, escrevi para o Observador um artigo que sendo uma recensão ao livro é também uma reflexão pessoal acerca da cidade onde nasci, onde quase sempre vivi, que é única e ao mesmo tempo tem mazelas que nos entristecem e indignam. Como foi que se chegou aqui, é a questão que a autora claramente esclarece e que deve ser motivo de curiosidade dos lisboetas que o querem verdadeiramente ser. O artigo pode ser lido aqui.

O livro é da Bizâncio.

Os Dalton

por João-Afonso Machado, em 22.02.16

DALTON.JPG

Fugiram outra vez!

Mas Joe e Averell sempre inconfundíveis, William parecendo agora um pide pré-reformado e Jack ainda mais fotogénico.

Onde parará Lucky Luke, poor lonesome cowboy?

"Assim se vê a força do PCP"

por João-Afonso Machado, em 22.02.16

Os comunistas sabem perfeitamente  tudo se trata de um artifício.

Sabem que o rendimento das famílias não vai aumentar, dada a subida generalizada das suas despesas de primeira necessidade ditada pelo mais elevado preço dos combustíveis. Sabem mesmo, não descendo os custos na restauração, - como os restaurantes já se apressaram a esclarecer - a procura não alargará, pelo que se manterá também a oferta de emprego.

Isto para falar de coisas simples e simplesmente ocultadas pelo PCP ao seu eleitorado, aliás em queda livre. Agora já nem sequer correspondendo ao número de deputados do seu grupo parlamentar.

Por esta necessidade de sobrevivência dão os comunistas a mão a um espertalhão como Costa. Com um pé em Lisboa e outro no Barreiro, tentando estancar a sangria dos votos que vêem fugir para o BE (este, embaladíssimo no seu projecto de médio prazo, uma coligação a sério com o PS)

A Costa bastou contraofertar-lhes a manutenção da tutela da CGTP (o "braço armado" do PCP) sobre os transportes públicos. e a sua de vez em quando necessária paralisia em nome da revolução.

Porque a revolução socialista faz-se faseadamente e o povo fez-se para servir a revolução, o bem-estar dos portugueses é apenas uma palavra de ordem, o importante é abater a Direita, e o passo do dia é votar o impossivel orçamento de Centeno. Avante camaradas!

 

20160221_233953.jpg

Li no Expresso desta semana esta notícia com o título Santander tentou devolver Banif Bahamas ao Estado, e nem queria acreditar. O título não reflecte o mais importante da notícia, pois o mais importante da notícia é (ver fotografia) que o Estado (o actual Governo de Costa/Centeno), na Resolução que aplicou ao Banif, garantiu os depósitos do Banif Bahamas porque [segundo disse na altura António Costa] "se tratam de poupanças de emigrantes". Ou seja, o Estado (que nos cobra impostos) decidiu dar uma garantia aos depósitos do Banif Bahamas, por se tratarem de depósitos de emigrantes. Mas entretanto os Estados Unidos descobriram que o Banif Bahamas servia para, alegadamente, lavar dinheiro. Era uma espécie de banco no Chipre. Os magnatas que não queriam pagar impostos depositaram as suas poupanças naquela praça offshore. O que a confirmar-se leva a que o Governo português tenha dado uma garantia estatal a esses depósitos (140 milhões) de dinheiro de branqueamento de capitais. Helás!

Questionado o Ministério das Finanças disse que, por causa disso o Santander Totta quis devolver o Banco do Banif nas Bahamas, e que a culpa de tudo é do Banco de Portugal que garantiu ao Governo que os depósitos no Banif Bahamas eram de uns lutadores emigrantes dos Estados Unidos, Venezuela e África do Sul, duns aforradores esforçados, que andaram lá fora a lutar pela vida e a amealhar uns cobres. Afinal parece que não são assim tão puros aqueles depósitos.

Mário Centeno, que tem com Carlos Costa contas a ajustar com o passado, apontou logo ao Governador.

Ainda me lembro do sururu que foi quando o BES foi dado como sólido pelo presidente da República e pelo Primeiro Ministro Passos Coelho que explicaram que essa garantia lhes tinha sido dada pelo Governador do Banco de Portugal. Na altura ninguém quis saber quem tinha garantido o quê. O que interessou foi que Cavaco Silva disse que o BES estava sólido; e que Passos Coelho disse o mesmo. Muitos concluíram: O Governo enganou os portugueses. E agora o Governo não enganou os portugueses?

Domingo (2º da Quaresma)

por João Távora, em 21.02.16

Evangelho de Nosso Senhor Jesus Cristo segundo São Lucas


Naquele tempo, Jesus tomou consigo Pedro, João e Tiago e subiu ao monte, para orar. Enquanto orava, alterou-se o aspecto do seu rosto e as suas vestes ficaram de uma brancura refulgente. Dois homens falavam com Ele: eram Moisés e Elias, que, tendo aparecido em glória, falavam da morte de Jesus, que ia consumar-se em Jerusalém. Pedro e os companheiros estavam a cair de sono; mas, despertando, viram a glória de Jesus e os dois homens que estavam com Ele. Quando estes se iam afastando, Pedro disse a Jesus: «Mestre, como é bom estarmos aqui! Façamos três tendas: uma para Ti, outra para Moisés e outra para Elias». Não sabia o que estava a dizer. Enquanto assim falava, veio uma nuvem que os cobriu com a sua sombra; e eles ficaram cheios de medo, ao entrarem na nuvem. Da nuvem saiu uma voz, que dizia: «Este é o meu Filho, o meu Eleito: escutai-O». Quando a voz se fez ouvir, Jesus ficou sozinho. Os discípulos guardaram silêncio e, naqueles dias, a ninguém contaram nada do que tinham visto.
Palavra da salvação.

 

Da Bíblia Sagrada

 

O ana-catarina-mendismo

por João-Afonso Machado, em 19.02.16

A Secretária-geral-adjunta (hélas!, tantos hífenes, tem de haver lugar para toda a gente!) do Partido Socialista deu hoje entrevista ao JN, sem novidade de maior, nem mesmo a que resulta deste pequeno deslize - sobre os compromissos eleitorais assumidos pela sua trupe, designadamente quanto ao capital social da TAP. Da sua composição, da presença maioritária do Estado. Então, reproduzindo:

- «Falemos com rigor da TAP. O PS disse sempre que gostaria que o Estado tivesse a maioria do capital da TAP. E isso aconteceu».

E logo de seguida:
- «O Estado tem 50% da TAP, os privados 45% e os trabalhadores 5%. Por isso, com a nova configuração, o Estado garante a visão estratégica da empresa».

As conclusões ficam com os leitores. Mas, tudo indica, a «visão estratégica da empresa» passará por um pretenso acordo parassocial de 50% mais 5% - entre o Estado e os trabalhadores. O que, na sua optica, significará ambos são sempre os bons - e aliados - e os «privados» os maus (e perdedores).

É a apologética e a assunção da luta de classes. Apenas.

A tanto obriga a manutenção dos "tachos" de Costa e dos seus próceres.

Memória futura

por Vasco M. Rosa, em 17.02.16

Centeno Arquivo.jpgA boa coisa do fotojornalismo é a possibilidade de eternizar certos momentos expressivos que dispensam as tais mil palavras e muito mais. Por isso, nós, gente de direita, toda ela ociosa e inútil, como se imagina... — pode entreter os dias e as noites frias coleccionando imagens deste tempo novo que de tão novo é quase centenário... (Sim, sem dúvida que o sr. PM vai querer festejar com pompa o centenário da revolução russa, essa beleza...)

Mas não amargemos surpresas combinadas antecipadamente: a nota do dia vai directamente para esta expressão do sr. ministro das finanças, a quem ficamos sensibilizados pela transparente sinceridade.

Parabéns ao fotógrafo, cujo nome desconheço. 

 

Tire a mãe da boca *

por João Távora, em 17.02.16

correio-da-manha-2016-02-17-6b86b2.jpg

É curioso como, a respeito do hediondo filicídio da praia de Caxias, na desesperada busca de explicações simplistas e bodes expiatórios que aliviem consciências, de forma acrítica o Estado surja explicita ou implicitamente, como panaceia para todos males deste mundo e do outro. Ora acontece que Estado assim idealizado está condenado a um rotundo fracasso porque falhará sempre nas desmedidas obrigações e expectativas nele depositadas, por mais recursos legislativos, humanos e materiais que lhe sejam concedidos. Além das mais obscuras perversões humanas serem muitas vezes insondáveis, apenas uma rede social muito fina pode valer na prevenção destes fenómenos. Ou seja, só com a estreita sobreposição dos vários mosaicos de comunidades bem coesas, começando pela família natural e passando pelas empresas, associações, clubes e paróquias, é possível uma rede de afectos em relação para uma profilaxia mais eficaz e responsabilizadora. Toda uma diversidade de organismos cuja devastação o Estado vem promovendo metodicamente ao longo das últimas décadas. Um Estado que se quis no lugar da religião e no lugar das pessoas que infantiliza, para delas se alimentar e auto-justificar.

 

* "Tire a Mãe da Boca” é o título de um ensaio e de um antigo programa radiofónico da autoria de João de Sousa Monteiro.

a36518717c8d6d52d80a3e666be2d6ec.jpgAustin, grande e progressiva cidade do Texas com 885 mil habitantes, está em luta contra a American Airlines, que acusa de centrar as suas actividades em Dallas, local onde a empresa tem a sede e o seu principal hub. Rick Oak Moresby, mayor de Austin, acusa a AA de abusar da posição de maior companhia aérea americana para ignorar o aeroporto internacional Austin-Bergstrom, privando-o de voos directos para a Cidade do México, Bogotá, Buenos Aires, Rio de Janeiro, Pequim, Xangai e Tóquio, voos esses que são uma aspiração de longa data da população laboriosa e dos estudantes universitários de Austin. «Se a AA insistir em invocar os 312 km que separam as duas cidades para manter o seu hub em Dallas e ignorar a nossa cidade», declarou Rik Moresby, «retaliaremos». «Austin tem ligações aos 8 principais hubs do país e uma ponte aérea para Dallas», esclareceu o mayor, «mas a reivindicação de sermos também centro de operações traduz uma necessidade urgente e uma ambição irreprimível. Caso a AA as renegue, renegaremos a AA. Ameaçamos desde já privilegiar os voos da Allegiant, ou da Condor, ou da Southwest, ou da Frontier, sei lá, ou da Alska, ou da Texas Sky, por exemplo, ou da Delta, ou da United, ouviram?, ou de qualquer outra companhia aérea que nos leve para longe depressa.»

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