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O 19º Presidente da República (alguém explique assim à miopia do inenarrável Sérgio Sousa Pinto, elas, Repúblicas, são três e não duas) foi seguramente o mais conseguido no desempenho do cargo - foi o não presidente de quase todos os portugueses. Sem distinções ou favores! Credor, por isso, de homenagem nacional na hora da despedida.
Confesso, no entanto, alguma simpatia por Sua Excelência: o ano passado içou a bandeira de pernas para o ar; esta ano nem tenciona lá pôr os pés, nessa tristeza hoje comemorada. É de homem!
E, realmente, para quê? Com este frio, numa varanda descoberta, dita histórica, e uma delegação maçónica tomada de algum histerismo, a fanfarra dos bombeiros...
Memórias da sua passagem pela Universidade de York, onde aprendeu como funcionam as coisas. Aliás, Prof. Cavaco Silva, não se canse muito em reflexões sobre os resultados eleitorais. O novo Governo não será decidido em Belém. Nem mesmo em S. Bento, enquanto não se realizarem os indispensáveis ajustes no Largo do Rato.
Afinal de contas foram as empresas de sondagens, tão mal tratadas na campanha, que ganharam estas eleições.
Gostava de ter aqui champanhe e caviar para beber à saúde do Rui Tavares e do .Daniel Oliveira.
A coligação Portugal à Frente ganhou as eleições legislativas, ficando com 104 deputados, à frente do PS que garantiu 85 mandatos. A coligação (incluindo PSD na Madeira) ficou com 38,34% contra 32,4% do PS, (a esquerda conta com 19 deputados do BE e 17 da CDU e há um do PAN). É uma vitória histórica, tendo em conta o contexto em que o PSD e o CDS governaram, e é preciso não esquecer que este é o Governo que foi forçado a governar sob a égide da intervenção do FMI e das outras duas instituições europeias. Isto é, o PaF é Governo depois de ter sido o autor de grandes medidas de austeridade (forçada pelas circunstâncias) e ganha com grande margem ao PS. Isso é admirável. Sobretudo depois de uma derrota nas eleições europeias (contra o PS de António José Seguro). Margem grande, mas no entanto não suficiente.
Esta vitória da coligação de direita tem um sabor amargo, é uma vitória de Pirro. Para a esquerda este é o melhor dos mundos porque governa sem governar. A oposição governa por monção de censura, por condicionantes, e nem sequer tem a desvantagem de dar a cara pelas medidas. Pois, no limite o governo de um país é sempre responsabilidade do Governo. O PS está na maior porque vai intervir na governação da Coligação sem ser o autor das medidas e como a minoria parlamentar é uma condição de fragilidade, este Governo nunca durará quatro anos e o PS tem tempo de se reconstruir para uma futura eleição daqui a um ano e meio. A estabilidade governativa, mais do que não estar garantida, está mesmo ameaçada.
Para os partidos pequenos de esquerda como o Bloco de Esquerda (este ganhou os votos ao PS, à CDU e deu uma chapada de luva branca aos Livre e Agir que não tiveram votos suficientes para eleger deputados), este resultado é uma excelente notícia. Para o Bloco o facto de o parlamento ter mais deputados de esquerda do que de direita é quanto lhes basta para o que querem. O Bloco de Esquerda não quer saber da economia para nada, nem quer saber do país, nem dos pobres, nem do Estado Social, nada disso, só quer é as questões fracturantes. Veremos se a primeira medida que vai avançar não vai ser a questão fracturante que ainda se tem conseguido evitar. Lamentavelmente.
O PS, que nunca governará com o Bloco, que admite a saída do euro, entende-se perfeitamente neste campo com estes partidos.
Espera-nos um ano parlamentar de grande conflitualidade, uma governação que ainda será austera negociada aos limites. Com o PS pressionado à esquerda e em perigo de dissolução, não acredito que este parlamento resista muito tempo. Pela minha parte mantenho que é um facto extraordinário a robusta vitória da coligação após uma conjuntura tão difícil - até há três semanas eu não acreditava. O PSD e o CDS estão de parabéns, vêm aí tempos de política a sério. A questão António Costa vai ser o primeiro capítulo.
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Costa conhece os jornalistas todos pelo nome... Aquilo deve estar um vale de lágrimas...
... o PS defende política de terra queimada e promete mais verbas para os bombeiros.
Devem ter-se esquecido de o desligar.
A questão é saber se, acaso o PS, o PCP e o Bloco se tivessem apresentado coligados para formar um governo, os portugueses teriam votado neles coligados.
Eu julgo que não, o PS deveria perceber que não, mas de suicidas não percebo nada.
A CDU também já veio dizer que pretende fazer explodir a Santa Bárbara e estoirar com o país.
Agora só falta o PS acender o rastilho e fazer Portugal implodir.
Bem..., o Bloco de Esquerda já veio dizer que arma confusão e vai fazer subir os juros para Portugal.
O PCP deve dizer o mesmo e só falta aguardar se o PS também pretende destruir Portugal outra vez.
António Costa volta a fazer campanha.
A vantagem de vivermos em democracia é percebermos que os nossos dirigentes não são ícones de pagelas ou idealizados em grandes estátuas ou murais e podermos escolhe-los ou rejeita-los como não acontece em boa parte do mundo. Desiludem-se da democracia em primeiro lugar os idólatras. O voto é por isso um privilégio do Homem livre.
Se andássemos hoje pelos mistérios e profecias de Fernando Pessoa ficar-nos-iamos obrigatoriamente na (aparente) tristeza de «A Europa jaz, posta nos cotovelos:/De Oriente a Ocidente jaz, fitando,/E toldam-lhe românticos cabelos/Olhos gregos, lembrando». O "politicamente correcto" não nos deixaria ir mais longe do que os dramas verídicos por ele mesmo criados. Isso tudo: sempre numa actualidade filha sua de que, ontem, hoje e amanhã, pretende desenvencilhar-se. E, tal o eco das suas culpas, onde escrever sem opóbrio ou leituras abusivas «O Ocidente, futuro do passado»?
Muito menos - sejamos práticos... - «O rosto com que fita é Portugal». Quem? A Europa? Se por aqui o absoluto reclama apenas dados estatísticos... E o conforto imediato, uma divindade política chamada Estado. Já nunca mais «Ter é tardar».
Perdeu-se «O mito é o nada que é tudo». Sempre coisas palpáveis para a mesa, por favor! E sempre um destino: o das próximas férias ou o desejado carro novo.
António Costa, depois de votar, falou com os jornalistas, fez campanha, disse mal dos últimos anos de governo, apelou ao voto na mudança, enfim...: tudo o que é proibido a todos os que não são do PS.
(ver RTP i, por volta das 11h06)
Deparei-me com uma entrevista do Observador a Ricardo Araújo Pereira, em que este diz, para explicar às filhas a diferença entre esquerda e direita, o seguinte: dei-lhes a definição do politólogo italiano Norberto Bobbio: quem é de esquerda acha que as pessoas são mais iguais do que desiguais, e por isso a sociedade deve tender para reproduzir essa igualdade; quem é de direita acha que são mais desiguais do que iguais, e por isso acha normal, e até justo, que na sociedade se verifique essa desigualdade.
Esta perspectiva é no entanto a visão de uma pessoa de esquerda. A direita sabe que a igualdade como mandamento é em si mesma uma tirania. A esquerda tem na igualdade um mandamento, mas a verdade é que a igualdade como mandamento retira lugar ao mérito, porque o mérito implica alguém que se superiorizou. Ora a direita defende a igualdade só no ponto de partida, mas não no ponto de chegada. E isso faz toda a diferença. O mérito (a muitos níveis, até no gosto e na estética) é soberano na direita pois a igualdade encerra em si uma hipocrisia. A esquerda defende "a igualdade" social mas, no fim do dia, não gosta de "Belmiros de Azevedo" porque não gostam ainda mais de quem deixou de ser desfavorecido e entrou na alta roda, ignorando mesmo o valor do mérito. Estou tentada a dizer que ainda gostam menos desses porque os vêem como alguém que está indevidamente no topo e ali não devia estar.
Ao contrário, a direita gosta de sociedades que premeiam o mérito e por isso acham bem os privilégios e não subscrevem igualdades, que de tão teóricas, aniquilam os bons.
Claro que há também aquela direita, que apesar de saber que o bem é olhar para os outros como iguais, até porque têm o exemplo de Cristo, consideram que no fundo o ser humano tem de ser perdoado por ter algumas vaidades e no fundo acreditam que a hierarquia social é exclusivamente determinada pelo nascimento (embora nalgum ponto lá atrás o mérito tenha sido o detonador de tudo). Mas dessa não falo, porque mais do que direita é uma certa forma monárquica (no sentido da fé na hereditariedade) de ver as sociedades e que procura perpetuar uma estrutura que lhes é favorável, e na verdade é uma coisa enraizada tanto na direita como na esquerda. Na verdade nas sociedades humanas, temos de admitir, e isso não é uma questão de esquerda ou direita, heredity rules. Pode talvez dizer-se, sem que haja um estudo sociológico empírico que sustente esta minha ideia, que as sociedades mais auto-suficientes economicamente (mais desenvolvidas) tendem a ser menos influenciadas por esta visão do determinismo da hereditariedade subjacente a essa visão da organização e hierarquia social.
Mas é preciso rebater a ideia que a esquerda é mais "boazinha" porque defende os fracos e oprimidos e que todos "somos iguais". Até porque como a igualdade é uma teoria, a imposição de uma coisa anti-natura torna-se tirana.
A defesa do mérito é uma forma mais justa de se ser "bonzinho", e essa é a base da direita. Premiar os bons é a antítese da igualdade e a direita defende uma sociedade que premeie a excelência. Deixando para o Estado essa função social, a famosa sentença de "o Estado para os pobrezinhos", por oposição à esquerda que defende o Estado para todos, porque somos todos iguais e todos temos os mesmos direitos.
O Estado como entidade abstracta que tem a mão invisível sobre tudo, como entidade que está acima para que as sociedades humanas funcionem "em igualdade", é isto a esquerda.
A UTAO, depois de analisar as contas até Agosto, veio revelar que é perfeitamente possível Portugal cumprir os objectivos do défice e assim sairmos do défice excessivo (ver aqui no Observador), tal como o Governo previa.
É uma excelente notícia! Esta é a notícia, a notícia que releva e nos devia satisfazer a todos.
O exercício que proponho aos leitores (admito que difícil e moroso mas há que ocupar o tempo livre no dia de reflexão) é encontrar essa notícia no texto redondo e ziguezagueante do jornal Público de hoje, que supostamente deveria noticiar o facto.
O jornal não me deixa aceder via net a essa “notícia”, vá-se lá saber porquê (diz sempre que esgotei o tempo, mesmo quando vou lá directo), mas vem na página 15 da versão impressa. Um doce para quem encontrar a notícia que importa no conjunto do texto.
Ou como se perdem umas eleições. Com tanta aselhice parte do ex. 1º ministro preso até deixa de ser importante.
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