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Estes tempos de férias serviram também para conhecermos “Vera”, uma série policial britânica da ITV estreada em 2011 agora em transmissão na Fox Crime, que para quem procura descansar dos cânones estéticos da TV norte-americana constitui uma lufada de ar fresco. A boa qualidade da fotografia é pedra angular nesta série que nos surpreende e desvenda a paisagem rude e enregelada de casario cinzento, de terras áridas e o mar bravio de Northumberland, condado que faz fronteira com a Escócia no nordeste de Inglaterra. Como o nome indica, a série composta por longos episódios de cerca de 90 minutos, é protagonizada pela dedicada inspectora Vera Stanhope (Brenda Blethyn), uma solitária cinquentona de mau feitio e com uma singular aversão por crianças. Apesar disso a personalidade severa e inquieta de Vera consegue (às vezes) cativar-nos com seu olhar generoso, e tem como contraponto, o assistente Joe Ashworth (David Leon) o seu braço direito que vive dividido entre a absorvente profissão e o apelo da sua jovem família que já conta com três rebentos.
Se ao princípio estranha-se, “Vera” lentamente entranha-se-nos: trata-se de uma complexa e enigmática narrativa que decorre em ambientes tensos, plenos de humanidade e desassossego; histórias que percorrem sem pudor as margens mais sombrias do caracter humano. A cerrada pronúncia das gentes quase torna imperceptível o inglês que nos habituamos a ouvir tão elegante nas produções britânicas. Ela condiz com a paisagem agreste do norte bravio e encadeia-se bem com uma banda sonora criteriosa que acentua os inquietantes silêncios. E depois, há aquela avara beleza que se vislumbra na paisagem e nas personalidades complexas, que adquirem a espaços uma luminosidade tensa e apaixonante. Como a vida real.
Esta entrevista de Maria Filomena Mónica (que só consegui ler até meio) surpreende pela vulgaridade do discurso, desbocado, pretensioso e duma soberba extraordinária, a que só com muita benevolência chamaríamos “snobeira” (Note-se que a "snobeira" que assume com orgulho para todos os efeitos é sempre uma fraqueza de carácter.)
Maria Filomena Mónica distingue-se no meio intelectual português pela qualidade dos seus trabalhos académicos e científicos (gostei particularmente das biografias de D. Pedro V e de Eça de Queiroz), mas em matéria de “achar”, definitivamente é bastante vulgar, condicionada por um ressabiamento e complexos sociais do tamanho do seu imenso ego que tarda “resolver”. Tenho pena.
Resettlement places offered by Saudi Arabia, Bahrain, UAE, Qatar, Kuwait to refugees: zero
Autor da ironia: Ian Bremmer
Nao tenho televisão e em geral não vejo. É uma opção pessoal. Mas reconheço que a série nórdica «Borgen» me parece estimulante e muito acima da média do que podemos ver, que é a vulgaridade ou a barbaridade (fora o Poirot e pouco mais). Dá um retrato duma sociedade que mal conhecemos mas insiste em se questionar a si mesma, para melhorar.
Parabéns à RTP 2.
"Se for governo, o PS vai só criar postos de trabalho efectivos."
Neste país é tudo feito em cima do joelho. Assisti às declarações de três críticos (Francisco Assis, Marques Mendes e Marques Lopes) de Paulo Rangel e nenhum pareceu ter ouvido (ou lido) exactamente o que Paulo Rangel disse. Ou ficaram pela rama, o que é grave no caso de comentadores pagos para isso e muito grave no caso de um político em campanha, pois evidencia tentativa de enganar os ouvintes.
Paulo Rangel disse: “Foi durante este Governo, não é obra do Governo, não é mérito deste Governo, mas foi durante este Governo que pela primeira vez em Portugal houve um ataque sério, profundo e consistente à corrupção e à promiscuidade.” (sublinhados meus, evidentemente)
Ora isto é inequívoco, é um facto, é indiscutível, o próprio Marques Mendes o assumiu (o que é hilariante, face às críticas que proferiu).
E o cuidado de Paulo Rangel em evidenciar que isso “não é obra do Governo, não é mérito deste Governo” impede qualquer comentador sério (e político sério) que tenha ouvido a totalidade das declarações de dizer que as afirmações de Paulo Rangel indiciariam alguma intervenção do poder político no poder judicial. Se perceberam assim, perceberam mal, e, se não ouviram a totalidade das declarações, deveriam abster-se de comentar ou de fazer ataques políticos.
O planeta acordou com um artigo de opinião de António Costa no Observador. Espantosa cedência daquele valhacouto de «direitolas», como tanto se asneira por aí!...
Espantosamente também, Costa não aproveitou a oportunidade e por isso nada pôs no papel. Deixou-o vazio de ideias úteis e marcado apenas por algumas banalidades auto-incriminatórias e a crença pagã num documento (mais um), fruto da reflexão da «família socialista europeia» - Novo Impulso à Convergência de Portugal e Espanha, assim se denomina o fabuloso postulado.
Tudo porque, só agora descobriu Costa, - «europeísta convicto» - «as uniões monetárias não aceleram a convergência, antes acentuam as assimetrias entre as diversas economias».
Demorou a perceber, sem dúvida. E pasma-se quando Costa, num assomo patriótico, invoca «Portugal ganhou sempre que soube ser proativo e estar no centro do aprofundamento do projecto europeu. Claro que isso exige um esforço acrescido relativamente aos "grandes", aos "não periféricos", aos "ricos"»!
Mas Portugal ganhou o quê? E quando? Graças a que «esforço acrescido»? De quem? É de dinheiros comunitários que Costa fala?
Ou dos governos de Guterres e de Sócrates? Ou do fujão Barroso?
Em definitivo António Costa tem de seu apenas a vontade do Poder. Acontece, aos que se viciam na Política. Veremos como manobrará os seus trinta e pouco por cento de votos em Outubro.
Evangelho segundo S. Marcos
Naquele tempo, reuniu-se à volta de Jesus um grupo de fariseus e alguns escribas que tinham vindo de Jerusalém. Viram que alguns dos discípulos de Jesus comiam com as mãos impuras, isto é, sem as lavar. – Na verdade, os fariseus e os judeus em geral não comem sem ter lavado cuidadosamente as mãos, conforme a tradição dos antigos. Ao voltarem da praça pública, não comem sem antes se terem lavado. E seguem muitos outros costumes a que se prenderam por tradição, como lavar os copos, os jarros e as vasilhas de cobre –. Os fariseus e os escribas perguntaram a Jesus: «Porque não seguem os teus discípulos a tradição dos antigos, e comem sem lavar as mãos?». Jesus respondeu-lhes: «Bem profetizou Isaías a respeito de vós, hipócritas, como está escrito: ‘Este povo honra-Me com os lábios, mas o seu coração está longe de Mim. É vão o culto que Me prestam, e as doutrinas que ensinam não passam de preceitos humanos’. Vós deixais de lado o mandamento de Deus, para vos prenderdes à tradição dos homens». Depois, Jesus chamou de novo a Si a multidão e começou a dizer-lhe: «Escutai-Me e procurai compreender. Não há nada fora do homem que ao entrar nele o possa tornar impuro. O que sai do homem é que o torna impuro; porque do interior do homem é que saem as más intenções: imoralidades, roubos, assassínios, adultérios, cobiças, injustiças, fraudes, devassidão, inveja, difamação, orgulho, insensatez. Todos estes vícios saem do interior do homem e são eles que o tornam impuro».
Da Bíblia Sagrada
O publicitário Edson Athayde, que faz a campanha do PS, deve recear que em Portugal se conheça esse boneco insuflável que pede a prisão de Lula da Silva por corrupção.
Imaginem o que seria um, na actual campanha eleitoral, em que o número na camisa fosse 44 para sempre...
Que agradeça aos nossos brandos costumes — pode citar o tio Olavo ou quem quiser!
Não percebo a razão pela qual o PS, via Francisco Assis, se encanita contra Paulo Rangel por ele considerar que, acaso os socialistas estivessem no poder, talvez as investigações criminais não fossem tão longe como agora acontece.
Devem estar esquecidos do corrupio de telefonemas que ocorreu aquando da detenção de um deputado do PS, aqui há uns anos, tentando resolver fora das quatro linhas o assunto, telefonemas esses que envolveram inclusivamente António Costa (então Ministro) e Ferro Rodrigues (então líder do PS). Um dos telefonemas, recorde-se, visava pressionar (ou pelo menos obter o seu auxílio) o então Procurador-Geral da República, que educadamente os mandou passear.
Este vídeo captado na fronteira da Macedónia e publicado no Youtube a 22 de Agosto passado com centenas de imigrantes vaiarem os soldados e recusarem as caixas de viveres da Cruz Vermelha (alegadamente por causa do seu símbolo remeter para o cristianismo) que eles pretendiam distribuir, mesmo descontando a falta de enquadramento informativo sobre o incidente, não deixa de ser motivo de grande apreensão. Se estou convicto que ao longo da história a civilização ocidental saiu sempre a ganhar quando teve capacidade de acolher e integrar diferentes culturas, também estou certo de que é necessário defender a natureza cultural e religiosa que definiram a marca liberal e democrática da Europa. Como bem refere o Miguel Castelo Branco o Velho Continente não é um hotel ou uma terra de ninguém, e aqueles que de nós esperam solidariedade e tolerância terão que saber retribuir com a mesma moeda respeitando os nossos cânones e os nossos símbolos.
P.S.: Convém ressalvar que os maiores inimigos da Europa e da sua matriz cultural são os europeus laicisados, multiculturalistas e estéreis. Perante isto o “problema” dos refugiados é irrelevante.
...é o próprio PS, pela voz de Carlos César, quem traz Sócrates para o debate eleitoral.
Caro eleitor indeciso,
Hoje pretendo sensibilizá-lo para as enormes tragédias que advêm de conceder aos indivíduos e às famílias a liberdade para disporem do seu próprio destino e dinheiro ou para decidirem sobre a escola para os filhos, sobre a saúde para eles e para os próprios, sobre o futuro das suas pensões, e sobre a vida em geral. Os privados são seres terríveis, só pensam em equilíbrio, poupança, lucros e boas contas. O PS é solidário.
Temos uma política para as pessoas. Para a sua concretização faz sentido que todo o dinheiro delas seja confiado a um governo socialista, propondo-se o PS elaborar uma lista dos contribuintes/dadores mais generosos e premiar os mais solidários.
É tempo de confiança. Temos longas e reiteradas provas de gestão do vosso dinheiro, fazendo com ele o que nenhum cidadão ou privado imaginaria.
O futuro é do passado. Na escola, nos hospitais, nas telecomunicações, na banca, nos seguros, nos serviços, na indústria, na agricultura, na energia, na ciência e na arte é necessário e urgente substituir aos instintos ultraliberais dos privados a inovação e prodigalidade do que é público e socialista. Dados e indicadores manipulados parecem contrariar estas afirmações, mas o saneamento das instituições subsequente à tomada de poder pelo meu governo cedo demonstrará o profundo erro de tais indicadores e dados.
O amanhã é da cidadania. Vote no PS e em mim. Damos-lhe tudo o que você pagar em dobro.
AC, Lisboa, Agosto de 1918
Nuno Melo foi pesquisar - confesso, aguardei sossegadamente alguém o fizesse - e, em crónica ("O Canto da Sereia") de hoje no JN, transcreveu algumas excertos da boa retórica do líder da bancada socialista no Parlamento em 2002. Era ele António Costa e a visada a então ministra de Estado e das Finanças, Manuela Ferreira Leite.
Discutia-se uma alteração ao Orçamento e, conforme se verá de seguida, era (e ainda deve ser, claro) manifesta a «identidade de pontos de vista muito significativa». Assim expressa:
- «Com protestos da minha consideração pessoal, sabemos que a senhora é a legítima testamenteira da arrogância cavaquista neste Governo. A senhora não tem competência política, a senhora não tem credibilidade, a senhora não tem autoridade para dirigir-se à nossa bancada nos termos em que o fez.
A senhora não tem autoridade para falar em rigor. A senhora não tem credibilidade política depois de tudo o que disse quando estava na oposição. A senhora não tem competência política. A senhora pôs a Educação a ferro e fogo, teve de pôr a Polícia de choque nas ruas e nem à bastonada conseguiu resolver um único problema na Educação.
A Srª Ministra é o verdadeiro oposto do rei Midas: onde toca, estraga!
Com o orçamento rectificativo que nos apresenta, a senhora continua a não ter autoridade nem credibilidade».
Isto posto:
Antecipando eventuais comentários alusivos a um qualquer medo da reacção de Manuela Ferreira Leite face ao piscar de olho de António Costa - medo porquê, se o problema passa ao lado dos apartidários? - concluirei dizendo apenas que, às tantas, Costa falou verdade. Por isso mesmo se impõe a rejeição dos seus «pontos de vista» sobre os quais ele mesmo se pronunciou nestes termos.
António Costa, na segunda carta aos indecisos, escreveu que “há 600 anos partimos à descoberta. É altura de descobrir e valorizar as Índias e Brasis que temos em nós.” Esta afirmação se fosse feita por alguém do Governo da Coligação ou de um dos dirigentes dos partidos que a formam, seria, pela esquerda e pelo próprio António Costa, classificada ou de neo-liberal (post-it muito útil quando se desconhece o conteúdo) ou de saudosista. Sendo feita por alguém da esquerda é o convite ao sonho. As Índias e os Brasis referidos repostam-se a um tempo em que Portugal teve de sair do seu reduzido espaço (e de uma situação financeira muito difícil, ou seja de uma crise) para procurar novos territórios e outras fontes de rendimento. Tal significou a partida (a emigração de que a esquerda hoje tanto critica e da qual se envergonha) de muitos portugueses e a construção de uma rede comercial que teve, no nosso velho território, a sua plataforma para as trocas entre o Velho e o Novo Mundo. Novas atividades surgiram, muitas oportunidades apareceram aos portugueses de então e Portugal expandiu-se pelo Mundo e enriqueceu. Hoje não existem novos territórios para descobrir mas existem, sim, mercados para onde devemos exportar o que cá sabemos produzir. Por isso as Índias e os Brasis de hoje são os países para onde deveremos enviar os nossos bens transacionáveis. Esta é a aposta do atual Governo e da coligação! A aposta de António Costa é no consumo interno! Uma vez mais está Costa equivocado!
António Costa promete mil milhões de euros para a reabilitação urbana.
A singela pergunta que lhe faço, Dr. António Costa, é a seguinte: "o dinheiro que promete é seu?"
Vão lá uns meses eram notícia de segunda monta quando naufragavam a meio da travessia do Mediterrâneo. Depois transformaram-se em pretexto no auge demagógico do Syriza. E de repente batiam, aos milhares, à porta da Grã-Bretanha.
Oriundos da Síria, do Iraque, do Afeganistão, da África islamita, fogem simplesmente à destruição sobre a qual o mundo restante mantém um silêncio prudente. Ninguém quer um atentado em casa e esta nova multidão - a que já chamam «os migrantes» - faz-se diariamente da convergência de sobreviventes.
Já cá estão e continuarão a vir mais. A Grécia (que não tem para si, quanto mais para os outros) é apenas o ponto de desembarque. A Macedónia o passo seguinte. A fronteira de ambas ficou mais calma quando se percebeu a rota da Sérvia, Bulgária e Hungria. Porque não enviesar logo para a Rússia? É muito longo o percurso até a Alemanha, o Reino Unido, a Escandinávia.
Mas vão em busca dos Estados ricos, os únicos onde poderão garantir a sua subsistência. Com ressalva do império de Putin, outro planeta, outras maneiras...
E os ditos países ricos fazem o que podem: criam hot-spots, tentam preferir os refugiados de guerra aos que apenas procuram melhores condições económicas. Poderão fazer mais? Há quem diga que podem e devem fazer tudo, mas esses são os "solidários" que costumam fazer nada.
A avalanche não há de ter fim. É o desassossego perpetuado nas fronteiras e vias de comunicação por mar e terra. O mundo está completamente desregulado, incapacitado para atender a todos os dramas pessoas, à dor de cada um. Até quando os migrantes? Onde continuar a dar-lhes acolhimento?
(Com o Governo português de malas aviadas, vergado ao peso das suas culpas neoliberais, resta a esperança na solidariedade socialista. Um lar, um emprego... Assim eles acreditem nas promessas de Costa e me desculpem parecer brincar com os seus males).
Isto de escrever num blogue já não é o que foi. Agora, mais do que antes, parece haver à esquina de cada post um tipo de alerta para discuti-lo parvamente ou alarvemente, à exaustão, de modo a sabotar outros comentários e discussões que se dirijam ao centro dos assuntos tratados, quaisquer que sejam.
Falou-se em tempos que já lá vão, ou nem tanto, ou que tentam voltar, de agências de vigilantes truculentos e agressivos, pagos pelo Chefe, sempre prontos ao comentário sectário e à aldrabice. Agora relendo o que se escreve abaixo das linhas dos meus colegas cortafiteiros e de mim próprio, reconheço que o ambiente é o mesmo, parecido ou pior. E digo pior, porque não havendo confronto político acesso, pois uma das partes não tem força nas pernas para ir a lado nenhum (apesar dos assumos de confiança, das promessas e dos cartazes!), é por aqui que eles tentam fazer estragos, debaixo de anonimato ou pseudonimato.
Vê-se mesmo que não se ocupariam tanto de nós, se não nos temessem, ou no mínimo porque preferiam ouvir-se só a eles mesmos, operáticos monocórdicos, bufos — a cantarolar no duche, num recanto esconso, numa província qualquer...
O meu artigo no Diário Económico
Foto Andre Kosters Lusa
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Eu vi a entrevista em directo e fiquei muito incom...
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Há sempre uma coisa que tenho em mente e que se co...