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A Polónia foi sem dúvida o país mais martirizado pela Guerra de 1939-45, entalada entre a barbárie das tropas nazis e soviéticas, superfície à mercê do expansionismo de ambas. Perante o desespero e incapacidade de Churchill e a ingenuidade ou, talvez, a doença de Roosevelt. Por isso o expressivo sentido da formidável anotação de Zbigniev Brjezinsky - «Hoje em dia, a guerra é um luxo a que só os fracos e os pobres podem dar-se».
Simplesmente porque os opostos - os fortes e os ricos - permanecem por demais ocupados em construir e sustentar a sua força e a sua riqueza. Esses ingridientes da continuidade nacional depois objecto da inveja e da cobiça dos que se guerreiam - entre si ou com os seus congéneres; com armas ou com a vacuidade do discurso político; e sempre à sombra da corrupção, da demagogia, da improdutividade.
Tenha-se por exemplo o nosso Continente. Agora mesmo, quando as televisões usam a significativa menção da «invasão do Tunel da Mancha» no tema candente do conflito de interesses - de parte a parte atendíveis - a decorrer entre Calais e Dover.
Afora alguns estragos materiais causados pelo clima tempestuoso da I República - coisa muito pouca, comparativamente - podemos dizer com segurança somos dos raros países europeus que, no século XX, não conheceram os horrores da guerra dentro de casa.
É certo, perdemos gente válida e perdemos imenso tempo, quer no primeiro conflito mundial, quer no anacronismo ultramarino.
E suportámos (já só os mais velhos se lembram disso) fome e privações e as senhas de racionamento nesses remotos idos em que a Europa endoideceu completamente.
A autocracia que vivemos - uma prolongada II República inteira - não foi mais feroz do que tantas e tão mortíferas que determinaram o arrasamento do Velho Continente.
Depois a Europa levantou-se, sacudiu o pó do seu esburacado fato e arregaçou as mangas. Mas a gente foi-se deixando estar na esplanada.
A adesão à CEE era importante, valiosa, e recebemo-la com entusiasmo. Até porque vinha aí dinheiro barato ou mesmo à borla. Analise cada um o destino dessas benesses supostamente para investir e criar riqueza.
A inclusão no Eurogrupo passou-nos - a todos menos à classe política - relativamente ao lado. Do muito que se pudesse dizer, fica apenas isto: ponto final nas políticas cambiais tão uteis às anteriores situações de aperto financeiro.
E agora o presente. A crise!
Deviamos, realmente, pensar o que somos e onde chegámos. Olhar à nossa volta e perguntar: porquê?, o que nos falta, o que tivemos a mais ou a menos.
Em minha modesta opinião, o regresso à moeda antiga seria uma solução - só não de ponderar porque as senhas de racionamento, a reconstrução de algo por fora de aparência incólume, mas pulverizada interiormente - nós mesmos - são impossiveis. Não estamos para isso.
Assim sendo...
Espantoso como Sic e Tvi abandonam a transmissão do discurso de Passos Coelho de anúncio do programa da coligação. Os mesmos que babam perante o menor alvitre vindo do largo do Rato e basicamente vivem de cara metida entre as nádegas do secretário-geral em serviço no PS, não acham notícia ouvir do actual PM as linhas do seu programa de governo. Preferem dar notícias requentadas.
Se há uma coisa que sai das duas conferências de imprensa de apresentação dos resultados dos bancos é que quer o BCP, quer o BPI já sabem que o impacto que os bancos terão de assumir pela diferença entre o valor da venda do Novo Banco e o valor que o Fundo de Resolução deve ao Estado, vai ser pago através do imposto extraordinário que a banca paga e que já tem como destino o Fundo de Resolução. Será uma extensão dessa contribuição extraordinária que servirá para pagar esse GAP.
Mais, lê-se nas entrelinhas que o comprador pagará um valor nominal alto e que os ajustamentos a serem feitos ao preço serão à posteriori, depois das vicissitudes se confirmarem, e não à partida quando essas circunstâncias surgem apenas enquanto cenário.
Tudo ficará decidido a meio de Agosto. Os bancos, donos do Fundo de Resolução, sabem disso.
Minha Madrinha querida:
Espero que esta a vá encontrar com muita saúde e com a boa disposição que por estas bandas é às mãos cheias. Vésperas de eleições e férias de praia juntas são os foguetes das nossas romarias, mas trata-se de listas de deputados. Eu explico: de escolher entre muitíssimos os muitos de que sairão os bastantes escolhidos pelos votos do povo. E há cada uma! Por Setubal, aqui ao lado, os do Bloco de Esquerda (esse dos três votos e do tonho que chamou beata à Madrinha querida), incluiram doutores, engenheiros, professores, empregados e um transexual. E estão todos muito contentes porque se ele (agora parece que é uma ela) for eleito teremos o quarto Parlamento mundial a incluir a novidade, quer dizer, a modernidade. E com esta, decerto, mais um passo para acabar com a pobreza de Setúbal, de que já o Senhor Bispo tanto falava.
De modo que a Madrinha querida não se escandalize. E como me disse uma vez que nunca tinha visto nenhum transexual, olhe aproveite, apanhe o comboio e venha até cá: num instante estamos em Setubal, almoçamos um peixinho grelhado ali para as bandas do Sado e depois vamos ao comício. Eu ver, acho que já vi, mas nunca ouvi.
A modernidade é isto. A Madrinha querida não esqueça - direitos à diferença, originalidade, são termos que convém usar agora. Extravagância, nem tanto, levanta sempre a suspeita da condenável caridade de um espírito antigo. Eu explico: é melhor explicar depois. Só não quero é que eles ataquem a nossa Paróquia de sempre e legislem sobre a catequese da Madrinha querida.
Mas se a Madrinha querida quiser assistir ao tal circo (isto muito entre nós) informe e combina-se tudo. Até lá despede-se este afilhado muito afeiçoado e sempre grato à Madrinha querida, a quem pede a benção e se assina,
JAM
O Obama anda em visitas de Estado como se fosse o Papa, prega sempre qualquer coisa de moral (da sua) em cada país que visita.
Celorico de Basto é uma terrinha sossegada, um lugar próximo do Céu, onde por isso fazem mais ruído as pilhérias do Mafarrico. Como, por exemplo, esta última - desabou o tecto da Conservatória do Registo Civil; em cima da cabeça dos funcionários, uma das quais seguiu dali para o hospital.
Ora estes acidentes não acontecem por acaso, nem inopinadamente. As responsabilidades têm de ser encontradas no horizonte mais alargado do Regime inteiro, a largar lascas por toda a parte.
Guardadas as devidas distâncias, ocorre-me, a propósito, aquele episódio narrado por Costa Brochado (in Para a História de um Regime) sobre uma visita do Presidente da República ao Brasil, em 1921: viajou, não em um navio da Armada, mas «num paquete mercante, que parou algumas vezes no caminho por falta de carvão, rebentamento das caldeiras, etc». Isto porque, segundo o próprio Ministro da Marinha de então, não havia «um navio capaz de dar um tiro», sobrando, no entanto «vinte e três almirantes», espécie hierárquica inexistente quando a Monarquia caiu.
Além da pronta recuperação da senhora funcionária atingida por mais uns bocados da República, ficam os votos de um tanto quanto possivel tranquilo desempenho dos seus colegas. Será necessário escorar os tectos da repartição e evitar a permanência de vibrações mais maçadoras e impertinentes. E, já agora, ler (ou reler) os profetas. Um dia virá... Para já aguardemos uma provável IV República, sem «ética» mas com a justiça possivel. De que modo chegará ela? Durante o sono dos parlamentares? Pelas armas, cumprindo a tradição das antecessoras?
O Regime está cheio de traumas e traumatizados mas, com boa disposição, é sempre caricato. E imprevisivel.
Evangelho segundo São João
Naquele tempo, Jesus partiu para o outro lado do mar da Galileia, ou de Tiberíades. Seguia-O numerosa multidão, por ver os milagres que Ele realizava nos doentes. Jesus subiu a um monte e sentou-Se aí com os seus discípulos. Estava próxima a Páscoa, a festa dos judeus. Erguendo os olhos e vendo que uma grande multidão vinha ao seu encontro, Jesus disse a Filipe: «Onde havemos de comprar pão para lhes dar de comer?». Dizia isto para o experimentar, pois Ele bem sabia o que ia fazer. Respondeu-Lhe Filipe: «Duzentos denários de pão não chegam para dar um bocadinho a cada um». Disse-Lhe um dos discípulos, André, irmão de Simão Pedro: «Está aqui um rapazito que tem cinco pães de cevada e dois peixes. Mas que é isso para tanta gente?». Jesus respondeu: «Mandai-os sentar». Havia muita erva naquele lugar e os homens sentaram-se em número de uns cinco mil. Então, Jesus tomou os pães, deu graças e distribuiu-os aos que estavam sentados, fazendo o mesmo com os peixes; e comeram quanto quiseram. Quando ficaram saciados, Jesus disse aos discípulos: «Recolhei os bocados que sobraram, para que nada se perca». Recolheram-nos e encheram doze cestos com os bocados dos cinco pães de cevada que sobraram aos que tinham comido. Quando viram o milagre que Jesus fizera, aqueles homens começaram a dizer: «Este é, na verdade, o Profeta que estava para vir ao mundo». Mas Jesus, sabendo que viriam buscá-l’O para O fazerem rei, retirou-Se novamente, sozinho, para o monte.
Da Bíblia Sagrada
Entre o rio e o ribeiro as margens são os nossos olhos ou os dos outros. A terra - ou o rigor da indiferença pelas águas resgatadas à podridão e pelo parque emergindo do emaranhado das silvas. Com tal convicção que, sendo obra nova, já ninguém recorda como era antes. Assim decorre o Verão no Interior.
Repleto de pontes e açudes e mesmo ilhas, mera fraqueza de caudal para os tais outros. Há ainda o lago e as aves aquáticas. Às vezes gaivotas e corvos-marinhos.
E inevitavelmente os patos. Já nascidos no parque, a cidade lembra-os ainda bicando a casca do ovo, uns meses atrás. Permanecendo irmãos, ainda sem as cores da maturidade, no gozo diário da sua vilegiatura. Enquanto não engrossam o bando dos fins de tarde em voo circundante do lago, grasnado e muito chapinhado nas águas.
À espera do tempo de viagens maiores, outras fotografias, são ainda assim importantes estas facetas do quotidiano. Os patos do parque e a súbita percepção da sua imunidade ao impulso do tiro. Mas a ninhada era de seis, onde parará o sexto? Em cada dia que passa, vagueia-se entre a preocupação e a satisfação.
Há coisas extraordinárias! Mesmo no nosso pequeno mundo, o mundo de cada um, o impossivel nunca deixa de acontecer!
Declaração de interesses: eu considero que os poucos portugueses que pagam impostos pagam actualmente uma brutalidade em impostos. E a sobretaxa é exactamente o que o nome diz. Brutalidade sobre brutalidade. Por outro lado, a sobretaxa deve-se, como todos sabemos, à impossibilidade do Estado reduzir despesa, isso com o apoio entusiástico do BE, da CDU e do PS. Reserve.
O Governo da coligação considerou que nem em ano eleitoral poderia baixar a sobretaxa (convém recordar o que seria se estivesse o PS no Governo, um regabofe como em 2009 e depois logo se veria com prejuízo para todos os portugueses). Das negociações entre os partidos da coligação, o CDS conseguiu que, verificando-se determinadas condições, por uma vez na vida os impostos arrecadados a mais fossem devolvidos aos contribuintes no ano seguinte. Ninguém gosta de pagar por conta mas isto é das melhores conquistas que os contribuintes algum dia conseguiram. O Estado comprometer-se a devolver o que confiscou a mais aos contribuintes face ao orçamentado é algo que deveria ter o apoio unânime, não se compreende como é que o PS pode ser contra isto. Não há justificação. E não se percebe que o PS não admita que venha a devolver esse acréscimo, se vier a ser Governo.
Outra coisa é a divulgação dos dados semestrais e a crítica que a oposição tem feito. A oposição está desnorteada, isso é evidente. E não consegue explicar a crítica que faz. A crítica que eu faço é porque, digo-o de memória e portanto falível, julgo que o Governo prometeu dados trimestrais e só os ofereceu ao fim do semestre. Já não aceito a crítica da oposição, a de que seja um anúncio eleitoralista, pois é exactamente fazer aquilo que o Governo tinha prometido fazer (embora o faça com três meses de atraso): anunciar aos contribuintes o que, em princípio, lhes poderá ser devolvido no ano seguinte. É clareza e transparência. Seria bom que se tornasse um hábito. Como a atenção da comunicação social ao debate da execução orçamental. Estou farto de escrever que nunca percebi tamanha atenção ao debate orçamental (meras previsões) e nenhuma ao debate da execução orçamental (que só mereceu holofotes aquando da permanência da troika), que é bem mais importante e tanto mais se nos recordarmos do desnorte dos Governos Socialistas e do défice que causaram.
Bem. Para o caso. Pergunta sugerida por leigo aos Senhores Jornalistas da comunicação social, acaso vejam nela um mínimo de interesse: se vier a ser Governo, o PS vai devolver o dinheiro aos contribuintes, tal como eles esperam, ou vai lambuzar-se com ele?
Não é que me importe muito pois sou do CDS desde pequenininho mas estranho que dia sim, dia não, a comunicação social alardeie alegremente as teses da esquerda segundo as quais Passos Coelho prometeu coisas em 2011 que não se verificaram (apelidam-no de mentiroso, assim mesmo e com todas as letras) e quase ninguém no PSD se lembre de explicar o óbvio.
Ou seja, esquecendo o Bloco e o PCP (que sempre prometeram o paraíso na terra, o tal paraíso que, vemos agora, os gregos estão a viver), não há ninguém no PSD que recorde que, nessa campanha de 2011, o Partido Socialista (que agora promete também o paraíso na terra para todos, com excepção dos alemães por tremelicarem das pernas), com muito mais conhecimento de causa da situação real do país do que então o PSD, prometia coisas muito mais agradáveis? Sempre dois ou três pontos acima das promessas do PSD? Não há ninguém no PSD que vá recordar as promessas de então do PS? Que pelo menos vá recordar o discurso triunfante de Sócrates a anunciar a vinda da troika, com todas as maravilhas que tinha conseguido? Não há ninguém no PSD que sublinhe estas evidências, estará tudo a dormir?
Segundo o Governo, é uma possibilidade a devolução da sobretaxa de IRS no próximo ano. Se tudo correr bem...
Seria mais fácil a promessa fácil, eleitoralista, - e depois de 4 de Outubro se veria.
A Oposição vocifera - como vociferaria sempre: a) porque o Governo tenta aliciar os portugueses com miragens; b) porque mentiria descaradamente, se desse o facto como uma certeza; c) por inabilidade governamental, se nem sequer o admitisse.
E nós ficamos no exacto ponto em que podemos - hoje - ficar: talvez. Parece correcto.
***
Perguntado seis vezes pelo mesmo repórter sobre com reagirá o PS no caso de ganhar as eleições sem maioria absoluta, António Costa continuou a debitar um relambório qualquer, sorrindo sempre e ignorando a questão, para, a final, expressar apenas que não a contempla.
Mas ela existe e é muito provável. Não será legítimo queiramos saber como procederá o PS nesse caso? Em quem se apoiará se pretender formar Governo?
Ou é de permanecermos no escuro até à contagem dos votos e trâmites sequentes?
***
Assim calejados abstencionistas, "nulistas" ou "branquistas", gente longínqua das obediências partidárias, talvez se decida à maçada das filas para as urnas eleitorais.
Mário Soares, nos seus últimos tempos como Presidente da República, passou o tempo a organizar oposições de todo o género ao Governo de então. Até se gabou mais tarde de ter deixado em sucessão um Governo socialista (o de Guterres) e um Presidente igualmente socialista (Sampaio). Na altura ninguém se incomodava com tal coisa nem criticava a(s) atitude(s) do homem. Hoje em dia, de cada vez que um Presidente da República abre a boca para dizer coisas tão simples como que está a chover aqui ou que está a fazer sol ali, cai saraivada sobre o desgraçado. Deve ser a igualdade socialista a funcionar. Sempre com a conivência agradável da comunicação social.
Uma vantagem da box de TV por cabo é poder-se assistir mais tarde a debates entre comentadores e saltar a Constança Cunha e Sá que por razões de saúde estou proibido de ouvir.
Aquele deputado do PS (agora cabeça de lista do PS por Aveiro) que defendia o "não pagamos" para pôr as perninhas dos alemães a tremer veio à televisão dizer que Passos Coelho tem um problema de credibilidade.
Parece-me que José Alberto Carvalho está a perder o seu particular debate com Passos Coelho.
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