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A manhã acorda sempre quieta e nebulosa depois da excitação nocturna das velocidades. Os circuitos urbanos, posta momentaneamente de lado a questão ambiental, parecem ser salutares para a economia da cidade. E são espectáculo, circo. "Adrenalina" - a palavra soa em todo o lado, a propósito e a despropósito, no irreflectido vozear da multidão. Essa mesma que nos tolhe a vista e os movimentos com os seus instáveis equilibrios no gradeamento das barreiras, onde braços em manivela imprimem mais aceleração às máquinas. São os sonhos acordados de motores nos limites e o estrelato na competição. Uma opaca maçada!
No silêncio das mais saborosas observações, reconheçamo-lo: é a heterodoxia das imagens que buscamos. Um pouco mais de "adrenalina" e assobiavamos, como a multidão, na passagem dos prudentes... E os cheiros e ruídos próprios apenas constituem um indício do descambar da trajectória. De que a presa está próxima... Do ansiado momento da fotografia, em suma. Uma vez mais, a oportunidade, a pontaria e o tiro.
Ontem publiquei no «Observador» um comentário sobre a venda de um quadro de Júlio Pomar. Por razões de espaço, ficou por fazer o elogio daqueles coleccionadores privados que cedem obras a museus, temporária ou definitivamente. Essa nobre atitude não é comum no nosso país, o que muito nos penaliza. Já houve um pouco disso, mas está a acabar, porque o império do dinheiro vence a filantropia.
Todavia, a extensão do problema ainda está por avaliar, no que diz respeito a obras de arte em depósito em museus, que em breve, por quaisquer razões, podem deixar de estar... Nalguns casos, o Estado deveria salvaguardá-las, mas isso não pode basear-se numa política de última hora e recurso, que alguns nos média e nas redes sociais pretendem forçar, por conveniência política.
Tem de haver um pacto nacional sobre protecção do património, público e privado, com benefícios fiscais para este último. E um enorme elogio do coleccionismo filantrópico, que é grande amor pela Arte para todos. Sem esse elogio dos privados generosos, um país habituado a depender do Estado para tudo e mais alguma coisa não irá além da cepa torta...
É fácil resumir a Quadratura do Círculo: António Lobo Xavier tem sempre razão. Pacheco Pereira nunca tem. Jorge Coelho é socialista.
P.S.: Pacheco Pereira é mais à esquerda do que a esquerda socialista, porque é um sofrido e magoado defensor dos fracos e oprimidos e vê-os em todo lado, é o socialismo no estado puro, é o socialismo da revolução industrial, o socialismo de Marx.
A propósito da recondução do Governador do Banco de Portugal (a propósito, notíciada em primeira mão pelo Diário Económico), mais uma vez concordo a 100% com António Lobo Xavier.
Estava a ver a Quadratura do Círculo e José Pacheco de Pereira oferece aos convivas o livro, na qual participa, dos 90 anos da Sociedade Portuguesa de Autores.
Venho aproveitar a data comemorativa, para lembrar que não há nenhuma legislação que protega verdadeiramente os autores.
Os autores só serão defendidos a sério quando houver uma entidade, um regulador, ou o que lhe quiserem chamar, que registe, de forma independente as verdadeiras vendas que dão origem aos pagamentos dos Royalties. É uma vergonha que não haja, para um escritor um sítio onde fique registado as tiragens dos livros e as vendas. Os autores estão sempre à mercê da palavra das editoras que evitam ao máximo dar informações sobre as vendas dos livros. Um autor neste país ou tem cinco mil euros para pedir uma auditoria ou está tramado, porque depois, nas livrarias e nas GfK da vida, recusam dar informação oficial aos autores dos livros. É um escandalo, e de certa forma obedece a uma lógica meio maçónica onde todos parecem cúmplices do roubos aos autores, A Sociedade Portuguesa de Autores devia tomar iniciativas de modo a criar uma entidade onde as vendas e as impressões de livros sejam obrigatoriamente registadas. Quem diz livros, diz outas criações, mas dessas não falo porque não conheço o mercado.
«Meu prezado Amigo e correlegionário:
Fi-la bonita esta última estadia na Capital! Imagine o Amigo, dei de caras, ao passar a S. Bento, com um colega de estudos, um rapaz vivaço, de verbo fácil e olhar ladino, sempre posto nas provas escritas dos ursos. Há quantos anos isso não vai! Pois qual não é o meu espanto, quase me esbarro no ratão, trinta quilos mais feliz, a toda a largura do passeio. Um grande abraço, então por aqui?, há que tempos!, etc e tal, não é que eu goste de mãos sapudas e suadas no linho dos meus casacos estivais, enfim, o costume, como V. calculará...
E, em suma, o moço ascendeu a deputado. E assim eu, provincianíssimo, não tive como não me visse, tanta a insistência, à mesa do almoço da casa do pecado. Da Assembleia da República, pois claro!
Mas sabe o que lhe digo? Come-se nada mal. E com serviço a cargo de empregados fardados. A República continua a cuidar de si e foi então, falando dessas décadas tão remotas dos estudos, calhou de mencionar o Vasco Pulido Valente, professor de ambos na Faculdade. Comentário para cá, comentário para lá, e na minha proverbial desilegância deu-me para falar no seu O Poder e o Povo, essa nossa biblia dos serões das sextas. Que quer o Amigo? Saiu-me, terá sido, como dizem, um acto falhado. Ainda por cima citei-lhe aquela parte final sobre o que foi o PRP e a República, o bastante para o meu anfitreão embatucar, empalidecer, o olhar impondo-me contenção, e uma expressão grave - o Pulido Valente escreveu isso? Mas onde está isso? E se o Dr. Mário Soares sabe disso?
Confesso, fiquei incomodado. Se o Soares, ou o Alegre, ou um desses, informado pelo meu antigo colega (só depois percebi, ele deputava pelo PS), resolvem chatear o Pulido Valente? Já pensou? É que ainda por cima fiz a cadeira com dez valores e detesto ele venha a pensar agi por vingança...
Enfim, logo se verá. Apresso-me a regressar ao nosso recanto e recato, ao fresquinho da minha varanda... Até então se despede com um abraço amigo e limpo o
JAM
P.S. A coisa começou a correr mal, ainda eu só citava de cor aquela parte - «na luta pelo poder, o PRP destruíra o inegável liberalismo da Monarquia. A República, longe de ser "democrática" sobrevivera sobretudo graças ao terror popular»... Veja lá se eu prosseguia com a outra, a da perseguição aos opositores e da sobranceria dos dirigentes republicanos! No restaurante deles!...»
Se outro motivo não houvesse para eu ser de Direita a privatização dos Estaleiros Navais de Viana do Castelo servia perfeitamente. Um ano depois da subconcessão dos ENVC a privados, os estaleiros são de uma eficiência há muito não vista. De máquinas quase paradas passaram à reparação de 37 navios; e passaram a recuperar antigos e a angariar novos clientes. Ao fim de 390 dias nas mãos da West Sea os Estaleiros Navais tornaram-se absolutamente eficientes. No tempo da tutela do ministério da Defesa não havia encomendas e os trabalhos estavam quase parados.
Vivam as privatizações!
P.S. A excepção é a Cimpor, coitada da empresa nas mãos da brasileira Camargo. É preciso cuidado com a soberba dos brasileiros.
Assunção Cristas, com um discurso indómito e desempoeirado, brilhou pública e decisivamente numa noite de Janeiro de 2007.
Aconteceu na campanha do referendo ao aborto numa conferência no Hotel Tivoli organizada pelo “Blog do Não”, em que participei. O resto da história já sabemos: adoptada por Paulo Portas que não é parvo nenhum, a ministra da agricultura hoje aproxima-se incólume do fim duma dificílima legislatura, tendo pelo meio sido mãe pela quarta vez – como uma parábola sobre uma pessoa inteira. Inoportuno nesta fase, o tema da sucessão no CDS também não pode ser tabu.
Porque o desafio na recuperação do seu espaço, que se esconde nos seus princípios fundadores, conservadores e democratas cristãos, revelar-se-á hercúleo.
Se Assunção perceber que o espaço do CDS se espelha nas suas próprias convicções humanistas e católicas, se a Assunção tiver a coragem de abrir mais o partido aos militantes, tenho esperança que conseguirá resgatar um eleitorado desapontado, após Paulo Portas.
Uma dúzia de directores de informação de televisões rádios e jornais concordou com a proposta de regulação da cobertura da campanha eleitoral feita pelo seu partido, e não com a do governo. É uma notícia?
Eh pá, que coisa vergonhosa, então os suíços prendem sete dirigentes da FIFA para só depois investigarem, e ainda por cima a mando do Departamento de justiça americano?! Eh, pá, que prisões difamatórias e injustas, quem é que garante que eles são corruptos e roubaram 137 milhões de euros?! Caramba, já não já justiça, a democracia está em perigo, são os mercados, é o neoliberalismo!
... afinal, em vez da ruína e a dívida assistida por socialistas os Estaleiros de Viana do Castelo começam uma vida saudável, construindo dois navios de vigilância costeira.
... afinal os cortes na saúde não foram «cortes cegos», e afinal o SNS não foi «destruído». Afinal, diz a OCDE, fez-se melhor com menos dinheiro.
Notícia do Expresso:
O cardeal Pietro Parolin, secretário de Estado do Vaticano, diz que não é a Igreja que precisa de rever a sua posição, pois a “derrota dos princípios cristãos” representa “uma derrota para a humanidade”.
Milhares e milhares de pombos criados em Portugal e invariavelmente soltos em Espanha, entregues ao seu sentido de orientação. Parece que a esmagadora maioria consegue regressar aos respectivos pombais. Uma outra paixão, tão violenta como a dos cavalos ou galgos.
E decerto à medida dos bolsos onde as mãos não são tão largas. Mas sempre assunto para levar a sério, tecnicista, competitivo. Carregado de logistica. Os pombos vão em camiões TIR, selecções deles, convocados entre os mais promissores atletas do poleiro. E vitaminados (dopados?), em tudo controlados, até na sua vida amorosa, obrigados a dormir a noite toda. A nuvem desengaiolada é como o breu em Espanha, os telemóveis dão conta da partida e a multidão alada esvanece-se no horizonte. Debruçados nas lusas janelas, os columbófilos, de relógio em riste, castigador, sofrerão a angustia e a ansiedade das horas seguintes. Um horror!
Depois funcionarão as regras do jogo, envolvendo registos, distâncias, tempos de voo. Uma cronometragem complicadíssima. E um desporto regalado feito dessa estranha mania dos pombos voltarem a casa. Assim como quem joga xadrês.
Há troca de posturas de ovos, apuramento de raças. Apostas e taças de base negra e copo dourado ou prateado. Clubes e blasers com disticos na lapela. Placas alusivas, obra escrita, orgulho de criadores. Rivalidades e discussões de café.
(Sem dúvida, o planeta é nosso e de muito pouco se pode fazer imenso. Contando não falte o quintal, é claro).
Vi ontem o último episódio que verei da série «A Guerra dos Tronos».
Não li os livros, não sei como são, mas vi as várias séries da série e fartei-me. Esta Guerra é na verdade uma telenovela, e há muito tempo que me fartei dos cordéis à mostra das telenovelas.
A Guerra dos Tronos conta com a interacção de um número inesgotável de facções, e esgotada uma logo surgem três novas, gratuitas e aleatórias, para entreter o pagode. Isso garante que cada episódio gaste 3 ou 4 minutos em cada uma delas, o que evita que a trama avance. É como na telenovela. Há muitos eventos mas ficamos sempre na mesma.
A Guerra dos Tronos arrasta-se. Quando o tédio é evidente, a série chacina alguma população ou mata algum personagem. Nunca é um desenlace inevitável. É sempre uma solução de continuidade.
A Guerra dos Tronos não respeita os personagens. Os personagens d`A Guerra dos Tronos fazem, não o que é do seu interesse ou do seu carácter, mas o que é do interesse do golpe de teatro. É como na telenovela. Os personagens não são sólidos nem críveis, andam ali ao sabor da necessidade de assombrar o patego (e esticar o guião e o negócio).
A Guerra dos Tronos resolve as questões políticas com cúmulos de violência ilógicos e pouco críveis, e soluciona as crises bélicas com políticas de pacotilha. É como na telenovela, a vida e a coisa pública seguem raciocínios simplistas, iludidos e tontos.
A Guerra dos Tronos é um franchise que todos os anos tenta convencer-nos de que as 12 tendas que desta vez vai montar serão a maior feira de sempre. Mas afinal o produto é sempre o mesmo. E é medíocre.
A Sansa Stark que passe bem. O John Snow que vá apanhar sol. A loirinha dos dragões que dê muitas cambalhotas. E a Cersei que se lixe.
A TVi diz agora que ganharam muitos votos em Espanha os «partidos da cidadania», que os outros, o mais votado e o segundo mais votado, a TVi não sabe o que sejam.
Os tontos que escrevem estas coisas também sonham que PSOE e Podemos se aliem para que Carmela presida a Madrid. Ou seja, na sua excitação meio burra recomendam ao PSOE que se suicide.
A TVi anunciou ontem no jornal das 20 horas que o PP espanhol perdera Madrid e Barcelona. Foi a habitual informação tonta e enviesada a tomar os desejos por realidade.
Na verdade, o PP venceu em Madrid e não perdeu em Barcelona, quem perdeu em Barcelona foi a Esquerda Unida.
Outros resultados que mereceriam atenção de jornalistas sérios, em vez do tratamento por militantes socialistas tontos: o PP perdeu 2,5 milhões de votos mas continua a ser a força mais votada, maioritária em 9 das 11 regiões autónomas; o PSOE continua a ser a segunda força; a Esquerda Unida que cavalgava a questão independentista da Catalunha perdeu; de quem eram os votos que foram agora do Ciudadanos e do Podemos?; porque é que a abstenção não desce?
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Resumindo, um tipo tem uma casa no alojamento loca...
Já disse lá atrás que podem definir as condições d...
"pagar a uma IPSS que o Estado escolhe".Escolhe a ...
Sempre que recua, em vez de lhe passar uma rasteir...
Quando é que o capitalismo acabou com a pobreza?