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Fiquem com uma das mais comoventes canções de Natal que eu conheço aqui interpretada pela banda Pentatonix. Trata-se de uma criação da americana Katherine Kennicott em 1941 e gravada pela primeira vez em 1955 pela Trapp Family Singers (!). Boas Festas a todos, hoje nasceu o Salvador!
Little Drummer Boy
Come they told me, pa rum pum pum pum
A new born King to see, pa rum pum pum pum
Our finest gifts we bring, pa rum pum pum pum
To lay before the King, pa rum pum pum pum,
rum pum pum pum, rum pum pum pum,
So to honor Him, pa rum pum pum pum,
When we come.
Little Baby, pa rum pum pum pum
I am a poor boy too, pa rum pum pum pum
I have no gift to bring, pa rum pum pum pum
That's fit to give the King, pa rum pum pum pum,
rum pum pum pum, rum pum pum pum,
Shall I play for you, pa rum pum pum pum,
On my drum?
Mary nodded, pa rum pum pum pum
The ox and lamb kept time, pa rum pum pum pum
I played my drum for Him, pa rum pum pum pum
I played my best for Him, pa rum pum pum pum,
rum pum pum pum, rum pum pum pum,
Then He smiled at me, pa rum pum pum pum
Me and my drum.
Se considerarmos a racionalidade a prática da boa interpretação da realidade, podemos atribuir ao século xx, o do advento das repúblicas, das independências e das “igualdades”, o cognome de “O irracional”. O conhecimento e a aptidão tecnológica definitivamente não conferiram racionalidade ao ser humano: para não nos determos em demasia nos três maiores monstros do século passado, Mao Tsé-tung, José Estaline e Adolf Hitler, aos quais, por junto, se pode atribuir a responsabilidade de quase 200 milhões de vítimas, observe-se o caso do jovem norueguês Anders Breivik, que dominava técnica suficiente para fabricar as bombas que fez explodir em Oslo.
Neste início de milénio no Ocidente suportamos ainda o legado desse trágico século da irracionalidade, da massificação ideológica e do desconstrutivismo laicista, tornado vitorioso por conta dos sofisticados mecanismos de controlo social entretanto desenvolvidos: nunca foi tão simples a gestão de um moralismo de massas, o incremento da religião do Estado, atiçar ressentimentos selectivos, a popularização do consumo de narcóticos, a democratização da alarvidade, sem esquecer a promoção de tremendismos de conveniência, complexos de culpa e puritanismos de substituição. Decididamente, não são só os corpos policiais bem equipados e os ministérios da propaganda sofisticados que mantêm os rebanhos a balir unissonamente, é o caldo vigente que, num panorama de ilusória liberdade individual, impele as pessoas a agirem por imitação, seguindo os cânones eficazmente publicitados pela maioria, à revelia das elites descomprometidas e da estética erudita, relegados à irrelevância pelo índex da adolescentocracia.
De resto, bem sabemos como a utopia da “igualdade” se tornou um bezerro de ouro, e como a liberdade, o valor mais caro à humanidade, será sempre um bem precário, quando não uma vã miragem. Os filósofos, os escritores e os cientistas há muito sentenciaram um prognóstico: a contingência humana é uma incontornável limitação aos seus profundos ensejos de realização, que só o espírito pode alcançar.
Se o Natal de Cristo se desse hoje (e certamente ele se dará amanhã no coração de muitos cristãos, cada vez mais excluídos), de onde viriam os despojados pastores e vigilantes de coração puro? Quantos reis magos dos nossos dias se desprenderiam da sua zona de conforto, do seu conhecimento “científico”, deixando-se guiar pela estrela do Oriente para adorar o Menino Redentor, tão insistentemente profetizado na história pelos profetas? Onde se encontrariam, entre as hordas de “cidadãos” modernos, consumidores criteriosos, público exigente, exemplos da mais simbólica figura do presépio, os pastores, gente desperta e disponível (porque despojada), para o grande Advento da humanidade? Como escutar o silêncio da noite estrelada, essencial para atender à voz do coração, de onde brota o apelo decisivo e o cerne da salvação? Se o nascimento de Cristo acontecesse hoje, para lá dos compenetrados cientistas na NASA ou na AEE, que se limitariam a tirar as medidas ao cometa, quantos de nós atentariam à estrela luminosa apontando o caminho do Natal de Jesus, Deus redentor nascido criança numa manjedoura, que nos é permitido tratar por tu numa relação íntima de afecto profundo?
O império da racionalidade em que urge converter este novo século deverá começar a ser edificado por uma drástica concessão de espaço ao livre arbítrio do homem, único e irrepetível, como chave de um percurso de libertação e felicidade, que estará sempre a montante de quaisquer modas ou agendas ideológicas. O império da racionalidade em que urge tornar o nosso século só poderá emanar do coração dos indivíduos de razão e coração livres, através da prática de uma ecologia do homem que o liberte da poluição que tolda o seu espírito e os seus sentidos. Porque a felicidade só é concebível com pessoas inteiras e mais realizadas: um desafio a que nenhum Estado ou legislação está apto a responder.
Um Santo Natal a todos.
* Originalmente publicado a 24 Dez 2011 no Jornali i
Enganam-se os que pensam que só nascemos uma vez.
Para quem quiser ver a vida está cheia de nascimentos.
Nascemos muitas vezes ao longo da infância
quando os olhos se abrem em espanto e alegria.
Nascemos nas viagens sem mapa que a juventude arrisca.
Nascemos na sementeira da vida adulta,
entre invernos e primaveras maturando
a misteriosa transformação que coloca na haste a flor
e dentro da flor o perfume do fruto.
Nascemos muitas vezes naquela idade
onde os trabalhos não cessam, mas reconciliam-se
com laços interiores e caminhos adiados.
Enganam-se os que pensam que só nascemos uma vez.
Nascemos quando nos descobrimos amados e capazes de amar.
Nascemos no entusiasmo do riso e na noite de algumas lágrimas.
Nascemos na prece e no dom.
Nascemos no perdão e no confronto.
Nascemos em silêncio ou iluminados por uma palavra.
Nascemos na tarefa e na partilha.
Nascemos nos gestos ou para lá dos gestos.
Nascemos dentro de nós e no coração de Deus.
O que Jesus nos diz é: "Também tu podes nascer",
pois nós nascemos, nascemos, nascemos.
José Tolentino Mendonça
Dê o Mundo tréguas a si mesmo. Que todos olhemos em volta sobretudo para quem, por esta ou aquela razão, não vai passar os próximos dias como é legítimo gostar: em paz consigo e com o próximo.
Porque o Natal é sobretudo isso: um tempo de Paz. O maior bem a que podemos aspirar. O oposto das doenças espirituais que o Papa Francisco agora mesmo enunciou. De algum modo, todas elas relacionadas com a ganância do poder e da riqueza.
Sejamos, pois, apenas nós e a nossa visão da vida - honrada e proba.
Um Santo Natal para todos, meus caríssimos amigos.
Referi, no post anterior, que Jesus nasceu numa gruta perto de Belém pois Maria e José não tiveram lugar na hospedaria. Dois milénios após e segundo esta notícia, as hospedarias continuam cheias. É uma boa notícia no que isso significa de indicador de recuperação da crise e, mais ainda, contributo para a atividade hoteleira que sempre emprega muitos trabalhadores. Não comento a opção de cada um e de cada família sobre o local onde se reúne e passa a consoada pois Cristo nascerá sempre, tenha ou não lugar na hospedaria. Relevante mesmo é a atitude de cada um perante Alguém que nos bate à porta e que quer entrar dentro de nós. Sim, não somos apenas nós quem espera pelo Encontro. É Jesus que se quer encontrar connosco! É Ele quem verdadeiramente Espera! Mas onde, se hoje não existem grutas? Abrindo a porta da “nossa hospedaria” Ele estará com todos aqueles que precisam de nós e aguardam a nossa presença. Sejamos, neste tempo, verdadeiros hóspedes!
Disse Rui Silveira, ex-administrador do BES com o pelouro jurídico e de auditoria:
Quanto ao papel comercial colocado na rede de retalhos, o risco era do emitente. E desata a ler o prospecto que foi entregue a quem comprou os títulos de papel comercial da ES International, falando dos seus riscos: “Não envolve qualquer compromisso ou garantia pelo BES, quanto à veracidade ou qualquer juízo de valor quanto à situação da entidade emitente.”
Não há argumento mais desonesto do que este dos avisos em nota de rodapé em que se desresponsabilizam perante os clientes
Evangelho segundo São Lucas
Naquele tempo, o Anjo Gabriel foi enviado por Deus a uma cidade da Galileia chamada Nazaré, a uma Virgem desposada com um homem chamado José, que era descendente de David. O nome da Virgem era Maria. Tendo entrado onde ela estava, disse o Anjo: «Ave, cheia de graça, o Senhor está contigo». Ela ficou perturbada com estas palavras e pensava que saudação seria aquela. Disse-lhe o Anjo: «Não temas, Maria, porque encontraste graça diante de Deus. Conceberás e darás à luz um Filho, a quem porás o nome de Jesus. Ele será grande e chamar-Se-á Filho do Altíssimo. O Senhor Deus Lhe dará o trono de seu pai David; reinará eternamente sobre a casa de Jacob e o seu reinado não terá fim». Maria disse ao Anjo: «Como será isto, se eu não conheço homem?». O Anjo respondeu-lhe: «O Espírito Santo virá sobre ti e a força do Altíssimo te cobrirá com a sua sombra. Por isso o Santo que vai nascer será chamado Filho de Deus. E a tua parenta Isabel concebeu também um filho na sua velhice e este é o sexto mês daquela a quem chamavam estéril; porque a Deus nada é impossível». Maria disse então: «Eis a escrava do Senhor; faça-se em mim segundo a tua palavra».
Da Bíblia Sagrada
Da revista "O País do Vinho" de Filipe Duarte Cantada pelo Barítono Joaquim ramos e pela soprano Virgínia Aço
em Lisboa 1909.
Publicado originalmente aqui.
Foi uma surpresa a caneta nova, a lapiseira a acoolitá-la, uma vontade súbita de escrever correndo desenfreada para o papel. Há viveres insubstituíveis, palavras em azul deslizante, dedos rendidos ao encanto da caneta a estrear. Ponto final.
Parágrafo. O sonho dura a noite inteira e acorda impaciente. Restam poucas páginas do caderno mas os matinais afazeres nelas cabem decerto. Ouvem-se riscos de fúria mal contida, indignados pontos de exclamação, o campo é tema, o frio destes dias também.
Parênteses. A garça real não dorme e enche o céu com as suas asas. Foge num vagar inultrapassável para o lugar oposto da fotografia. Não há tempo para vírgulas quanto mais para esperar o seu regresso.
Já a caneta deambula, dança e palra no abraço apaixonado dos dedos, um rasto sempre azul a marcar a brancura e o palco onde soam ideias em nexo menor. Fim de citação.
Post scriptum: nem tudo a invernia mata. Sobram lirios e a fartura das águas encasacadas nos limos.
Estamos mergulhados em casos que tomam diariamente as nossas atenções e que até nos desviam das verdadeiras questões das nossas vidas. Mas há um caso que ocorreu há 2014 anos e que continua a ser um Mistério. Começa por não se saber se foi no ano que se considerou sendo o ano 0 ou se foi algum tempo antes ou depois. A data do facto relevante foi assumida como sendo 25 de Dezembro mas polémica não falta em torno deste dia. À época não existiam jornais nem televisões e a documentação disponível resume-se a uns escritos que ficaram conhecidos como Evangelhos (ainda para mais redigidos vários anos depois do acontecimento).
Segundo aqueles textos, o caso aconteceu quando Quirino era Governador da Síria e mandou, por decreto de César Augusto, recensear a população. Naquele tempo José e Maria (que estava para ser mãe) deslocaram-se a Belém (cidade da Judeia) e não tiveram lugar na hospedaria. Assim, recolheram-se numa gruta e aí Maria deu à luz o seu Filho Jesus que envolveu em panos e deitou numa manjedoura. Os pastores que andavam nos campos foram visitados por um Anjo que lhes disse o seguinte: “Não temais, porque vos anuncio uma grande alegria para todo o povo: nasceu-vos hoje, na cidade de David, um Salvador, que é Cristo Senhor. Isto vos servirá de sinal: encontrareis um Menino recém-nascido, envolto em panos e deitado numa manjedoura”. Foram até Belém e encontraram o que o Anjo lhes tinha anunciado. Os pastores, verdadeiros marginais naquele tempo (viviam à margem da sociedade ou, como diria o Papa Francisco, nas periferias), foram assim as primeiras testemunhas oculares do nascimento de Cristo Senhor e “passaram a palavra”. Mas quem acredita nesta gente? Dias depois apareceram uns Magos (consta-se que seriam Reis) vindos do Oriente e ainda hoje não é muito claro como souberam e a informação de que teriam sido guiados por uma estrela não convence a muita gente.
Mas o que ainda mais impressiona é este Jesus ter dito que é Filho de Deus e por isso o seu Reino não ser deste Mundo. Ora um Rei não nasce numa manjedoura que é uma estrutura para alimentar gado. É verdade que Jesus também disse que era Ele o verdadeiro alimento e até nos deixou um ritual, a que hoje os cristão chamam de Sacramento da Eucaristia, para que todos recordassem o Pão da Vida. Depois foi envolto em panos como os mais pobres e não com vestes próprias e dignas de um poderoso, o que torna ainda mais misterioso tudo isto.
Ao longo da sua Vida pregou sobre o Amor e deixou-nos duas grandes recomendações a que chamou de Mandamentos: Amar ao Pai acima de todas as coisas e Amar ao próximo (seja ele quem for). Para Ele a Caridade é Amar Deus amando o seu próximo e o Amor a quem está ao nosso lado assume pleno sentido quando praticado por Amor a Deus. Foi julgado em tribunal sem que provas houvesse contra Si e foi condenado à Morte na Cruz. Nesta foi pendurado nu com uns panos à cintura. Também em panos foi envolto e colocado numa gruta. Ressuscitou ao terceiro dia e é o alimento espiritual de todos aqueles que acreditaram e acreditam na Sua Mensagem.
Um verdadeiro mistério que verdadeiramente se entende à luz da Fé, com Esperança e praticando a Caridade. São estas a “chave” para entendermos este Caso!
Santo Natal para todos!
O supremo ícone do Capitalismo (e, por acaso, a maior potência aqui do planeta) e um dos derradeiros sobreviventes do imperialismo proletário, 53 anos depois, fizeram as pazes. Houve, ou haverá, recíproca libertação de prisioneiros, o nome feio de "nação terrorista" vai ser banido e o embargo comercial dos EUA a Cuba parece ter também os dias contados.
Tudo isto após 18 meses de negociações entre Washington e Havana. Encontros secretos, decerto delicados, complexos. Mediados pelo Papa Francisco.
Um acontecimento com ressonância histórica. E uma oportunidade de reflectir sobre o papel da Igreja entre os homens. Ou sobre esta forma de oração que vai além do genuflectório e da ladaínha e nos manda sair cá para fora a fazer coisas, em vez de esperar que elas aconteçam. Sem puritanismos , sem maníqueismos...
Primeiro, vêm os demagogos, desdizendo o que disseram há uns dias, desmentindo o que defenderam há dois anos e comparando aviões a caravelas. São celebrados por uma hoste de lacaios que por eles põe o brio e a inteligência na prateleira e lhes dá eco embevecidamente.
Depois vêm as viúvas dos fundos públicos, presunçosas, a enrouparem-se de «patriotismo» e «bom senso» e a acusar precisamente de venalidade todos os que não se contorcem como eles. Carpindo, gemendo, avisam que se vão os anéis e os dedos (a maioria teme, na verdade, que se esgotem os tachos e as prebendas).
Por fim, vêm os barões tentando ridicularizar as medidas do governo, que se «meteu numa alhada», dizem eles, a recuperar a grosseria , o raciocínio rasteiro, a linguagem alarve tão saudosa dos tempos de Sócrates.
A privatização da banca foi feita contra eles. A abertura da televisão à iniciativa privada foi feita contra eles. O saneamento das contas públicas é feito contra eles. O desmantelamento da rede de interesses público-privados é feito contra eles. A recuperação da credibilidade internacional foi feita contra eles. O regresso ao passado é certo com eles.
O Partido Socialista defendeu hoje no Parlamento, pela voz de João Galamba, escolhido por António Costa para o secretariado, que a dívida pública é um problema europeu e não «um desvio de comportamento». Classificando a bancarrota gerada pelos socialistas como uma «história de criancinhas», o deputado e dirigente do PS defendeu que o problema seja resolvido pela Europa, e insistiu em que o Estado deve voltar a endividar-se mais, naquilo a que os socialistas chamam «investimento público».
Álvaro Sobrinho contou quase tudo, e o que não contou deu pistas (sempre remetendo para o relatório da KPMG). Respondeu à questão sobre as misteriosas cinco empresas (de construção?!) que foram beneficiárias de crédito documentário (crédito por assinatura, chamado crédito por desembolso, para os quais não há contrato), diz-se de 1,6 mil milhões de euros – Socidesa, Sociedade de Desenvolvimento de Angola; Govest Empreendimentos; Saimo; Vaningo e Cross Fund remetendo sempre para o relatório da KPMG Angola e dizendo que não podia falar sobre clientes por causa do sigilo bancário. O que eram estas empresas? Álvaro Sobrinho não disse. Mas sobre a Vaningo, angolana, que comprou à ES International a Legacy Investments Asset Group por um valor simbólico de três euros, remeteu mais uma vez para o relatório da KPMG. Como que a dizer que a chave da sua propriedade se desvenda nos factos descritos no relatório da auditoria da KPMG à ESI (primeiro em Setembro e depois em Dezembro): Álvaro Sobrinho invoca sigilo para não responder à pergunta dos deputados sobre garantia concedida à empresa Legacy porque se trata de um cliente, “mas posso ajudá-lo. O relatório de auditoria da KPMG à Espírito Santo Internacional sobre os ajustamentos de Setembro de 2013 diz que o grupo vendeu a Legacy por três euros.(…) empresa que tinha uma situação financeira negativa. O documento conclui que há um financiamento contínuo do grupo (Espírito Santo) a esta empresa»
Dizem as más linguas que a Legacy era um banco mau da Escom e que a Vaningo, que a compra, tinha ligações a Ricardo Salgado. Aliás quem pediu a garantia do BESA ao BES foi a Vaningo, a empresa que teria comprado a Legacy em Dezembro de 2012 por três euros.
Álvaro Sobrinho diz que não pode ir mais longe quando questionado sobre quem pediu ao BESA essa garantia. Destaca dois pontos fundamentais no relatório da KMPG: a Eurofin e a Espírito Santo Internacional (ESI). “Angola foi sempre um bode expiatório”.
O relatório da KPMG descreve ajustamentos feitos pela auditora às contas da ESI, e cita a página 6. Houve ajustamentos ao passivo, mas também ao activo. Aqui, no activo, citou os ajustamentos Eurofin e sublinhou os ajustamentos a activos imobiliários angolanos, "os hipotéticos investimentos em Angola". Propostas de investimentos de 692 milhões de dólares e projectos de investimento de 1.136 milhões de dólares e ainda a Legacy, que foi vendida em 2012 à Vaningo. Estes ajustamentos feitos numa primeira fase (redução do activo), segundo Álvaro Sobrinho é que deitam abaixo a ESI. Só dos projectos imobiliários de Angola os ajustamentos eram de 1.800 milhões de euros, num total de 2.300 milhões. Numa segunda fase passa para 4 mil milhões porque há reavalização (ajustamento em baixa) ao valor das Rioforte, ESFG e Opway).
Em Setembro de 2011 o BESA prestou uma garantia de 253 milhões de dólares ao BES, para que o BES concedesse um financiamento à Legacy Investments Asset Group (os juros foram pagos pelo GES). A correspondência trocada na altura entre o Banco de Portugal e a administração do BES, numa carta datada de 12 de Fevereiro, do BES ao regulador, Ricardo Salgado explicava que a situação da Legacy não era preocupante para o BES (banco correspondente), já que o financiamento de 253 milhões de dólares estava coberto pela garantia prestada pelo BESA.
Álvaro Sobrinho parecia querer dizer que essa compra foi financiada, com garantia do BESA. Houve um financiamento à Vaningo quem pediu a garantia ao BESA foi a Vaningo. Se a Legacy era da ESI e a Vaningo de Ricardo Salgado isso significaria que a venda era intra-grupo, financiada pelo BES e garantida pelo BESA. Será?
Álvaro Sobrinho disse que o dinheiro que o BES emprestou ao BESA ficou em Portugal? Em parte eram cartas de garantia de crédito que eram dadas a empresas de direito angolano que exportavam. O BES era o banco correspondente do BESA. Logo as sociedades (a que acresce a Escom e outras sociedades de construção) recebiam o produto e o exportador para garantir que recebia do importador abria uma carta de crédito em Angola no BESA, mas essa carta-garantia tinha de ser confirmada por um banco de primeira linha que era o BES, logo se o importador não pagasse ao exportador era o BES que pagava, mas o crédito ficava registado no BESA
O crédito ficava no BESA, mas o BES é que emprestava enquanto banco correspondente. Mesmo a operação das obrigações, o dinheiro não saiu do BES para o BESA” e foi directamente para o Banco Nacional de Angola (BNA), “foi meramente contabilística”. Deste investimento de 1.500 milhões de euros, o BES recebeu 700 milhões de euros de juros, sugerindo Sobrinho que esta operação serviu para aumentar as receitas do BES.
As operações com cartas de crédito também foi feita com a PDVSA (Petróleos da Venezuela) numa operação que em breve descreverei. Trata-se de um circuito ainda desconhecido. Finalidade? A mesma de sempre: financiar empresas da família.
Notava-se muito a preocupação do angolano em proteger os nomes dos generais Kopelipa e Leopoldino. Notou-se também uma reserva em relação a criticar Ricardo Salgado, até parecia que tinha sido recomendado pelos angolanos a não criticar o ex-banqueiro português.
“Sabe se algum dos créditos ao BESA se destinavam a financiar o GES?” – Se forem entidades angolanas, reservo-me o direito do sigilo bancário (angolano), não-angolanas não”, garante Álvaro Sobrinho. Ora o GES estava cheio de accionistas e investidores angolanos (É o próprio Álvaro Sobrinho que o confirma quando lhe perguntam se é um dos accionistas).
Há um outro assunto enigmático. O BESActif e (gestora de fundos de investimento e José Guilherme). O deputado do PSD, Carlos Abreu Amorim (o ilustre jurista, como lhe chamou Ricardo Salgado) pergunta e diz: «O construtor José Guilherme tem alguma relação com a BesaActif (uma empresa que era liderada por Álvaro Sobrinho)? O deputado diz que foram transferidos quase mil milhões de dólares sem qualquer garantia real.
“O dr. Ricardo Salgado sabia da existência do BesaActif?” – “Sabia, sem dúvida, e conhecia quem eram os clientes, garante Sobrinho. “É óbvio que sim”, que este era um dos muitos fundos imobiliários sobre os quais Sobrinho e Salgado falavam nas suas reuniões mensais.
Sobre a idoneidade de Álvaro Sobrinho, perguntaram-lhe. Disse que não perdeu a idoneidade. Ora a idoneidade só se avalia em funções de gestor bancário. Álvaro Sobrinho saiu da gestão do Banco Valor, por isso a idoneidade deixou de ser avaliada.
Manuela Ferreira Leite diz na TVI 24 que a descida do preço do petróleo pode não ser uma coisa boa para Portugal e para os Portugueses, uma vez que outros países (os produtores) ficam mal e isso pode vir a ser prejudicial para Portugal no futuro. Compreendi-te. Estilo aquele tipo que não quer ganhar o euromilhões com medo do que isso possa fazer de mal à família. Pouco depois oiço-a a dizer que a troika acabou, é uma mera referência histórica, não tem de ser seguido o memorando, a austeridade é uma opção do governo, a TAP não tem de ser privatizada. Para Manuela Ferreira Leite, que se lixem os tratados europeus e os acordos firmados. OK, tudo bem, o PCP e o Bloco e até o PS estarão de acordo. Mas Manuela Ferreira Leite, Economista, Comentadora, desconhecerá que os mercados estão atentos aos desvarios e disparates dos portugueses? E os problemas que daí adviriam? Eu percebo que MFL odeie Passos Coelho, já não percebo que utilize esse ódio para se desvalorizar como comentadora ao nível do fundo do mar. Mas é com ela. E com o Paulo Magalhães.
Mudo de canal e deparo-me com José Pacheco Pereira, num programa que sigo habitualmente por gostar muito de ouvir o Carlos Andrade a interromper as pessoas com quem não concorda. Dizia JPP, com o mesmo espírito de MFL, que para este Governo só se podiam fazer greves simbólicas, nunca as que afectavam verdadeiramente as pessoas. E que a atitude do Governo, ao decidir a requisição, tornava as greves inúteis. De JPP gosto mais do que de MFL, pelo que vê-lo também a comentar toldado pelo ódio me custa imenso, e tira-lhe a racionalidade e credibilidade.
Não me recordo de nenhum Governo que tenha sofrido e aceitado tantas greves como este, que só está a tentar resolver os problemas criados pela cegueira e despesismo dos anteriores Governos socialistas. Todos os meses, as mais diversas empresas públicas dos mais diversos serviços públicos têm entrado em greve estragando a vida à maioria das pessoas e à economia do país, sendo que são sempre as pessoas mais desfavorecidas que sofrem com essas greves. Sempre com o apoio do PCP, do Bloco, da UGT, da CGTP, do Partido Socialista e de António Costa. A greve é um direito tutelado pela lei. A requisição civil também, pelo que a atitude do Governo é perfeitamente legal, ao contrário do que defende JPP.
E legítima. Nenhum Governo de nenhum país democrático se pode deixar chantagear e manipular desta maneira. Quando os sindicatos exigem que a TAP não seja privatizada e fazem greve para que não o seja, em plena época do Natal, de turismo, de importância capital para as famílias e para o país, que estão todos nas lonas e a lutar para se manterem à tona, a requisição não só se justifica como se exige. Menos para aqueles que preferem a política da terra queimada. Bloco, PCP, Sindicatos, Soares e seus acompanhantes, JPP e MFL estão-se nas tintas para as famílias portuguesas, para aqueles que precisam da TAP para fazerem as suas viagens, para a economia, para as Ilhas, para tudo, desde que isso afecte negativamente o Governo. Goza-se o PM por ter dito uma vez “que se lixem as eleições” e ninguém de indigna com os que repetem à exaustão “que se lixe o país e os portugueses!”
Que pena, que tristeza, quão baixo se desceu.
"No início dos anos 70 uma grande parte da direita via a ditadura como meio e a democracia como fim ao mesmo tempo que boa parte da esquerda reclamava a democracia como meio e a (sua) ditadura como fim."
A ouvir na integra Rui Ramos a desmontar clichés no passado dia 11 de Dezembro no Instituto Amaro da Costa.
É um eco olhando saudoso o mar. Um eco calado no silêncio do Tempo, a Pederneira. Na sua expressão, as águas fundas de outrora, o estaleiro, tantos mastros e velame, a faina dos carpinteiros. Partiam e chegavam, às vezes maldosas e piratas, embarcações negras, agoirentas. As águas sempre um segredo, qualquer esperada surpresa.
E o santuário, a devoção à Senhora da Nazaré, o mundo a crescer pelos cumes, arribas imensas a fugir da ameaça do areal, a realidade de hoje. A Pederneira adormeceu ao ritmo da praia em expansão. Tal qual as lides da pesca.
E o sangue gritando por ossadas antigas. O mar contado até mil vezes mil.
Assim tão longe, sobra agora o nome de uma igrejinha, a paroquial Senhora das Areias. Espreitando o Sítio, ainda no coração de muitos e de um dos quase esquecidos cinco coutos de Alcobaça.
O futebol nunca mais será a mesma coisa sem jogadores chamados Talocha, Fininho e Lamelas. Essa é que é essa.
A questão não se resume apenas à opção da privatização ou não da TAP nem a discussões sobre as letrinhas miudinhas do memorando ou interpretações que elas possibilitem. O problema é saber se se permite que sindicatos possam manietar o Estado e chantageá-lo ao ponto de se privar o sistema democrático e constitucional de tomar as suas opções. É só isto. Não interessam as opiniões de irresponsáveis como Mário Soares, Louçã, o Bloco ou os Comunistas, a quem agora se aliam pessoas como Ferreira Leite, Bagão Felix e por aí fora, para quem quanto pior melhor, e para quem a política da terra queimada e posteriormente salgada por cautela é o melhor caminho: isso é para os doidos e eu de doidos não percebo nada. Já não é que se lixem as eleições, é que se lixem as famílias portuguesas, e é isso que essa gente quer.
Também não interessa discutir essa coisa da “qualidade do serviço público”, com que os mesmos enchem a boca quando falam dos transportes públicos, da Carris, da CP, da TAP, dos mais variados serviços públicos, do ensino público e até da RTP e da PT e do diabo que os carregue e que nos sobrecarregam de impostos, qualidade de serviço esse que ninguém vê nem sente e só se ouve falar quando querem justificar as constantes greves com que estragam a vida às mais variadas pessoas que querem e precisam de trabalhar ou de ir para as escolas.
A questão é saber: podem os sindicatos da TAP chantagear-nos? Podem manietar-nos? Um país inteiro? E quanto a isto o PS e António Costa deviam ter uma posição séria e frontal, pois mais tarde ou mais cedo terão de confrontar-se com coisa semelhante. Não interessa a privatização, é a greve: estão a favor da greve contra a privatização? Sim ou não? Estão a favor de que o Estado seja manietado desta forma pelos sindicatos da TAP? Sim ou não? Acham bem que os portugueses sejam impedidos de ver os seus na época natalícia? Sim ou não? Acham bem que a economia portuguesa seja devastada desta forma? Sim ou não? E a Madeira, cuja economia depende imenso da TAP e do fim de ano? Que se lixe também? Sim ou não?
O PS e António Costa, se tiverem um mínimo de sentido de Estado, deviam ter respostas claras. Mas não têm respostas, ou não têm sentido de Estado. Temos pena.
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"A documentação analisada, relacionada com a aquis...
Não, não há questões factuais contraditórias, há f...
Agradeço o empenho em responder à questão que colo...
Página 35, parágrafo C6.
O que admira não é as barbaridades que essa senhor...