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Coincidência é os Juízes do Tribunal Constitucional chumbarem três das quatro medidas do Orçamento de Estado (que está em vigor desde Janeiro), que tinham em análise há meses, três dias depois de António Costa ter anunciado que vai disputar a liderança do PS com António José Seguro, acabado de sair vencedor de umas eleições europeias.
Mas que coincidência. Logo agora que podem deixar o Governo de Passos encalacrado com os 750 milhões de euros em falta para compensar o chumbo das medidas, têm já ali o preferido do PS para assumir o Governo do país à porta da liderança do partido socialista. Logo agora!
«Eu tenho diferenças irredutíveis e insanáveis.»
«Eu lidero o partido que negociou e assinou o Memorando de Entendimento e chamou a troika, mas eu sou contra o Memorando de Entendimento e a troika.»
«Eu acho que o Partido Comunista tornou impossível o meu debate de hoje com o primeiro-ministro na Assembleia, mas vou à Assembleia na mesma, mas com 3 horas de atraso e quando só faltar 1 hora de debate, e falo nos corredores em vez de no plenário.»
«Eu acho que a moção de censura do PCP é um frete ao governo, mas eu voto insanavel e favoravelmente a moção e o frete.»
«Eu sou um defensor irredutível da União Europeia e do Euro, e eu assinei o Tratado Orçamental, mas eu voto insanavelmente contra a União Europeia, o Euro e o Tratado Orçamental.»
«O partido que lidero, e eu, seu líder, não nos reconhecemos nas propostas do PCP, mas eu voto favoravel e irredutivelmente as propostas do PCP de nacionalizações e democracia não-burguesa.»
E, por fim, com pedidos meus de desculpa pela rudeza do comentário, que, porém, a ópera bufa desempenhada hoje pelo PS na AR plenamente justifica: Pobre e trágico palhaço.
António Costa, primeiro-ministro, Jerónimo de Sousa, vice primeiro-ministro e José Sócrates, presidente da República. Segundo afirmações de Costa à imprensa e em programas de debate, e segundo a votação dos seus adeptos, hoje, na discussão da moção de censura do PCP, estes são os protagonistas que PS e PCP desejam para Portugal. Inspirado por Álvaro Cunhal (em toda a pureza de Estaline), do lado do PC, e por Mário Soares (na versão da última etapa de vida, retirando o socialismo da gaveta onde o meteu e advogando violência de rua e assassínios políticos), do lado do PS, o programa de governo é o que consta da moção de censura votada hoje por PS e PCP: o PREC e 1975, com nacionalizações da banca, dos seguros, dos transportes, da energia, da água, da indústria, da distribuição, da terra e dos serviços. A novidade é a saída do Euro, da União Europeia, e do mundo civilizado em geral. Para controlar os protestos da reacção contra o que será a maior crise económica e social na história do país, a pobreza, a fome e as manifestações desordeiras, o Partido Comunista assumirá a pasta da Administração Interna.
Seguro teve uma semana extraordinária. No domingo cantou desafinada e disparatadamente vitória e minutos depois os camaradas caíram sobre ele. Não tive pena porque era apenas mais uma demonstração do mundo irreal em que se fechou há três anos. Logo a seguir barricou-se nas trincheiras por si criadas para evitar assaltos ao poder, sem se ter apercebido que todos, com a comunicação social de Costa à cabeça, o iriam apelidar de cobarde por não querer discutir a liderança do partido. Agora, depois de apregoar que a apresentação de uma moção de censura ao governo era um frete do PCP à maioria, depois de posteriormente ter garantido que iria votar com o PCP, não obstante as imensas críticas que o texto da moção fazia ao próprio PS, depois ainda de ter colocado os seus deputados um dia inteiro a discutirem se votavam a favor ou contra, resolve não aparecer na Assembleia da República no dia da discussão por discordar da moção de censura. Também esta não quer discutir. São muitos tiros nos pés para uma semana só.
Adenda:
Segundo o Expresso, Seguro não foi ao debate por entender que o PCP inviabilizou o seu cara a cara com o Primeiro-Ministro. Amuou, portanto.
Isto já não são tiros nos pés, é mesmo naquela pobre cabecinha.
Passaram já uns dias depois da notícia e nada! Nada que se leia nos jornais ou se veja na atitude das pessoas. Afinal, trata-se apenas de uma longínqua sudanesa, quase não gente, mãe de 27 anos, cujo enforcamento as autoridades da sua terra magnanimamente adiaram para poder aleitar a filhita. Dois anos, ainda assim, é muito tempo! A infeliz vai poder assistir ao crescimento da pequenina, vai poder criá-la, vê-la dar os primeiros passos, aprender as primeiras palavras... Vai poder afeiçoar-se por inteiro à filha, sofrer com as incógnitas do futuro, e depois aprontar-se ordeiramente ante os carrascos, ajeitar-se para a corda no pescoço e dizer finalmente adeus - à família e à vida.
Entretanto, não fosse ela esquecer o seu grave delito, marcou-se-lhe o corpo com 100 chicotadas, humanitariamente aplicadas após o parto...
E tudo porque desrespeitou a lei muçulmana ao casar com um não fiel desta santa religião à qual - ainda por cima! - renunciou, a atrevida. E recalcitrante - avisada da sua criminalidade, notificada com prazo para se abster de tão grave desobediência, manteve-a. Persistiu o erro, reafirmou a sua adesão ao cristianismo. Mereceu a morte e vive com os dias contados pelo tempo julgado necessário para cumprir as suas obrigações maternais. Há em tudo isto progresso, ninguém diga o contrário.
Se o caso é escandaloso? Não deve ser, a avaliar pelas reacções do mundo inteiro. Mesmo porque com o islamismo, o mais prudente é fazer vista grossa. Na esfera do Vaticano ou da ortodoxia israelita é que reside o sumo das situações indignantes.
Mas a verdade é tão-só esta: em pleno século XXI ainda há mártires à boa maneira da Roma dos Imperadores: gente que morre pela sua Fé. Apenas por isso. E a Fé - sobretudo a cristã - ainda e sempre incomoda imenso o longo rol de crenças, mormente as políticas.
Há por aí tantos estudos, tantos debates, tantas acusações e tantas incompreensões.
Mas se se fizesse um verdadeiro estudo sobre qual seria o nível de impostos necessário, de todos os impostos, para assegurar a execução orçamental de Sócrates 2009 sem défice, os portugueses compreenderiam melhor o que lhes está a acontecer e como chegámos aqui.
Com esse estudo acabavam as incompreensões, mudavam as acusações e os debates poderiam ser outros e mais produtivos. Até no Tribunal Constitucional.
Ontem, os Sindicatos do Municípios de Lisboa decidiram convocar uma greve para o dia 12 e Junho devido à "situação insustentável das condições de trabalho" com que actualmente se deparam os funcionários do município e o "definhamento dos serviços públicos municipais, resultante das políticas seguidas pelos sucessivos executivos da autarquia. O objectivo destas paralisações é "levar o executivo [de maioria PS] a assumir compromissos", já que os trabalhadores estão "fartos de promessas".
Curiosa a situação dos socialistas quando são executivo (neste caso camarário) e quando estão na oposição. Agora ainda mais quando António Costa, presidente da CML, é oposição à oposição de Seguro. Os próximos tempos vão ser animados e até já se pede a antecipação de eleições não para a AR mas sim para a CML. De facto, em tempos de crise é muito difícil estimar o que acontece no dia seguinte!
A nossa comunicação social distraiu-se do país e do governo para centrar-se numa espuma mais próxima dos seus «afectos»: a celebração e condução ao trono do novo herdeiro, o salvador das suas preferências e deleite. Quando, por momentos, a nossa comunicação social olha a Europa, entoa em coro as mesmas banalidades politicamente correctas que a impedem de identificar acontecimentos e tendências. Diz que a Europa está em risco, vê eurocépticos e neonazis em todo o lado.
O que a nossa comunicação social não vê, é o mais importante: o consistente declínio dos socialistas. O Partido Popular Europeu perdeu deputados, tal como os perdeu o grupo socialista S&D (curiosa sigla), mas no Parlamento Europeu saído das eleições de 25 de Maio o centro-direita e a direita (conservadores, democratas-cristãos, liberais) têm a maioria absoluta.
O declínio do socialismo começou há anos e a sua passagem ao caixote de lixo da história é uma tendência consistente. Desde 2008 que os socialistas europeus esperaram em vão amealhar à conta de uma crise do capitalismo. O que os eleitores lhes disseram, em vez disso, foi que uma crise do capitalismo, da economia de mercado - da liberdade, em suma - se cura com capitalismo melhor, mais mercado na economia e a preservação da liberdade. Espanha, Irlanda, Alemanha, e a maioria dos países de Leste (mais lembrados dessa face totalitária do socialismo que ainda encanta 10% de portugueses) fortaleceram a vitória conservadora na Europa. Na França que tanto alimentou as bibliotecas e as pulsões jacobinas da nossa esquerda, o PC desapareceu há muito e os socialistas foram reduzidos a uns piedosos 14%. Bem pregou Manuel Valls, o socialista-não-socialista convocado por Hollande em desespero, que o PSF devia retirar «socialiste» do nome, porque o conceito é «arcaico», que o PSF devia deixar de ser de esquerda, que é «utópica» e «pomposa», que a economia de mercado e a globalização são um «adquirido civilizacional». Nem assim. E, no entanto, o programa de governo de Valls (os cortes de despesa e de IRC, a revisão das leis laborais, a aposta no investimento privado) faria vomitar o PS português. Como o faria vomitar o programa do Partito Democratico italiano de modernização da economia e as propostas de Matteo Renzi, outro socialista-não-socialista, líder do único partido europeu de centro-esquerda que pode gabar-se de uma vitória de 40%.
... e em Portugal, com o devido atraso
Em Portugal, os eleitores hesitam: ao fim de 3 anos de cortes e austeridade resultantes da má gestão socialista, 31% de 35% de eleitores deram ao PS uma «vitória de Pirro» (para quê contradizer Soares sobre o tema?) que o PS comemorou com uma guerra intestina. O PS analisou os resultados e, embora proclame para consumo externo que a direita teve uma «derrota estrondosa», que sofreu uma «hecatombe», para dentro tem a alarmada consciência de que é a aliança PSD/CDS que governa, e que a governação dá muitas oportunidades (a quem tenha a vontade e a competência para as aproveitar) de captivar muito da indiferença e do protesto da abstenção, e muito da irritação virtuosa do voto Marinho Pinto. É certo que há muito por fazer na reforma da administração pública, no emagrecimento do Estado, na desarticulação dos interesses instalados, no saneamento da burocracia, na reformulação de um fisco voraz e abusivo, na reforma da nossa caricatura de justiça. Mas os indicadores económicos começam a indiciar sucessos na política económica e financeira, e um rigor na gestão de dinheiros públicos que andava esquecido há muito. Acresce que muitas das medidas do executivo (o Banco de Fomento, a maior responsabilização no recurso a fundos comunitários, a prioridade ao investimento em portos e ferrovia, a promessa do licenciamento zero, a promessa de um Simplex a sério) são coerentes e apontam para as empresas, as exportações e a iniciativa privada. Apontam, em suma, para um país moderno, que não pode ser socialista.
O PS finge que não sabe -mas sente - que o seu ideário do séc. XX é estranho e choca de frente com o mundo do séc. XXI. Os socialistas portugueses iludem a questão falando de «políticas de crescimento» e «políticas para as pessoas», chavões sem sentido porque não há dinheiro para pagá-los. Pior, essas políticas foram tentadas por Sócrates, com o investimento público irresponsável que levou o país ao resgate de emergência e à austeridade. Ou seja, verificámos dolorosamente que essas políticas não conseguiram crescimento e prejudicaram gravemente os portugueses.
Margaret Thatcher foi cruel ao dizer que o socialismo acaba quando acaba o dinheiro dos outros. A «solidariedade», outro chavão socialista para referir o dinheiro dos outros, também não virá da Europa. Não virá da Europa, sobretudo, nessa acepção de dinheiro a fundo perdido para ser gasto por quem não produz. Na Europa saída das eleições de 25 de Maio as políticas perdulárias não têm hipótese nenhuma. Não têm hipótese os sonhos excêntricos de reestruturação da dívida, e não teriam hipótese se alguém as levasse a sério as 80 irresponsáveis propostas de cortar receita e aumentar despesa.
Uma política má continua a ser má - mesmo com mais aptidões de salão e (ainda) melhor imprensa
Mas se a Europa não autoriza ilusões e fantasias, se o tratado orçamental está assinado por antigos e actuais partidos de governo, não resulta bastante indiferente que em São Bento esteja este governo ou um governo socialista? Em desespero de causa, a comunicação social cor-de-rosa e alguma inteligência mais complacente tentam fazer passar esta mensagem. É uma mensagem falsa e perigosa.
Ao PS falta, primeiro, pessoal técnico de excelência. Vale a pena fulanizar um pouco e pensar o que seria preferível. Seria preferível ter ao leme das Finanças a secura de Vítor Gaspar, ou um Campos e Cunha que se retiraria ao primeiro anúncio de gastos criminosos? Seria preferível ter nas Finanças a segurança de Maria Luís Albuquerque, ou outro independente disposto a ser o pior ministro da Europa até à superveniência do 2º resgate? Seria preferível entregar a gestão do crédito público a João Moreira Rato ou a João Galamba? A Economia está bem nas mãos de Pires de Lima, ou estaria melhor nas de Eurico Brilhante Dias? A Saúde estaria melhor com Paulo Macedo ou com Carlos Zorrinho? O PS não tem bons quadros (o PS lamenta isso mesmo, internamente).
Mas não é indispensável fulanizar. É necessário, acima de tudo, constatar que os socialistas estão sem ideário crível, não têm políticas originais nem boas, só antigas e perniciosas. A direita precisa de insistir no facto de que a gestão socialista já deu provas bastantes de incompetência; que é a direita, e não a esquerda, que está aggiornata com a economia de mercado e o mundo globalizado de hoje - são o seu mundo; que é a direita, e não a esquerda, que tem as aptidões de gestão para dar sustentabilidade ao Estado Social, que, aliás, a esquerda arruinou. A comunicação social cor de rosa diz-nos que o putativo novo líder do PS, António Costa, é o messias e traria um novo mundo. Sempre nos disse, aliás, que Costa foi «o melhor ministro da Administração Interna da democracia» (e Cravinho «o campeão do combate à corrupção» - outra boa graça), embora nunca nos tenha explicado porquê. Mas Costa seria mais do mesmo. O socialismo não é solução, nem progresso. O socialismo é passado.
Há dois programas políticos bem próximos bem ilustrativos do que é uma governação socialista.
O primeiro, é de autoria de Sócrates. Com o seu enorme dinamismo, Sócrates investiu muito dinheiro dos contribuintes nas energias renováveis. A vontade de ir contra o mercado, a mania dos mundos novos, as proclamações de «modernidade», conduziram a um sistema que, por um lado, proporciona às empresas aliciadas lucros perenes e inexplicáveis, e, por outro, submete os consumidores às mais altas tarifas da Europa e a regras segundo as quais têm que pagar mais quando gastam menos.
O segundo exemplo, é o que António Costa se propõe fazer para «rentabilizar» a Carris e o Metro. Para os socialistas, não existem empresas deficitárias, existem apenas oportunidades de engenharia financeira. E, assim, Costa propõe-se entregar a Carris e Metro contribuições da Emel; mais o monopólio e as receitas dos outdoors de Lisboa, restritos a estações e material circulante; mais uma parcela do IMI dos prédios com acesso privilegiado a transportes; mais uma parcela das receitas do imposto sobre produtos petrolíferos. Este projecto de roda de dinheiros é inteiramente artificial, é estranho à economia, promete burocracia e confusão, dispensa toda a prudência na gestão dos transportes públicos e garante uma enorme opacidade no escrutínio dos gastos públicos.
A primeira política - a de Sócrates - e a outra - a de Costa - têm três coisas em comum: são medularmente socialistas, absolutamente ruinosas, e de uma irresponsabilidade ululante. É obrigatório pensar que são ululantemente irresponsáveis. Porque se, por absurdo, não fossem ululantemente irresponsáveis seriam outra coisa muito feia.
E não vale a pena pintar de papão a Europa
A esquerda imaginou-se num pedestal de virtudes políticas, sociais e culturais, e essa ilusão mantem-na. Sendo assim, a perda de terreno na Europa atribui-a a forças obscuras de neonazis, xenófobos, racistas, inimigos da Europa e da democracia, e extremistas (só os de direita, claro), sustentadas pela ignorância dos povos que o socialismo já não ilumina. Mas não é nada disso. São apenas terrores exagerados, sustos que têm sempre boa imprensa. O que entrou no Parlamento Europeu, sob forma de novos membros excêntricos ou desalinhados, foi uma série de avisos por parte dos eleitores da Europa: o aviso de que há muita gente farta dos passos dados em frente sem audição dos eleitorados nacionais; o aviso de que há muita gente farta do relativismo cultural que põe os valores europeus a par com práticas da barbárie; o aviso de que há muita gente farta da imigração que não só recusa a integração como pratica a hostilidade; o aviso de que há muita gente farta de políticas fracturantes que desarticulam as famílias, envelhecem as sociedades e empobrecem os países; o aviso de que há muita gente farta das estranhas disposições impostas por burocratas longínquos; o aviso de que há muitos que se sentem nacionais primeiro, e europeus só depois. Pode haver, de facto, gente retrógrada, xenófobos, proteccionistas. Mas não são monstros, nem fantasmas. São só vontades expressas democraticamente e que exigem respostas políticas. Nenhuma delas é de esquerda.
É natural de Penamacor, cinquentão. Licenciou-se em Relações Internacionais (fatalmente...) e tomou o gosto à política muito novo. Viciou-se. Talvez tenha sabido o que é trabalhar - quer dizer: produzir, sofrer percalços empresariais, ganhar... ou perder - mas nada disso consta do seu curriculo. Descriminemo-lo, o dito curriculo - secretário-geral da Juventude Socialista; e, seguida e obviamente, deputado, líder parlamentar, euro-deputado, ministro-adjunto no Governo de Guterres; e, por fim, já em 2011, quando Sócrates tombou, secretário-geral do PS.
Das berças à ribalta, o costumeiro percurso de um Jota. In casu, António José Seguro.
A coisa não correu bem. Seguro nunca soube distinguir o discurso em mesa-redonda televisiva do apropriado ao embravecer da multidão. Quando tudo lhe seria fácil, demasiadamente facilitado até, pela adversidade com que os seus opositores no Poder se depararam - Seguro enrolou, enrolou, e nada disse que a memória do eleitorado fixasse. Os resultados são os que todos conhecem.
A súcia (ainda ele proclamava a sua "estrondosa" vitória eleitoral) caiu-lhe em cima. Quenquer de bom senso mandava passear os camaradas. Mas Seguro, o nosso Tozé..., que há-de fazer, além daquilo que sabe - política?
Abreviando. António Costa está na calha. E basta ler-lhe os olhos, a expressão, o sorriso matreiro. E conhecer algo do seu percurso profissional, sempre na órbita de substanciais sociedades de advogados da Capital.
O camudongo nada pode ante o perscrustar do milhafre. Tozé (coitado, nem era mau rapaz) foi já devorado. Chegou a vez do Tony (assim mesmo - pronunciado à inglesa).
Quando o PS chegar ao poder, já não há nem EDP, nem PT, nem BCP, nem sequer BES para o apoiarem. O braço armado económico praticamente desapareceu. Resta-lhes a Caixa Geral de Depósitos e a Águas de Portugal (sem a EGF).
Com sorte as restantes empresas de transporte (faltam a TAP, as CP e as Metros) mudam de mãos e os sindicatos (grande braço armado da esquerda) perdem a força.
Só lhe vai restar os lobbys fracturantes como apoio...
A zaragata socialista é das mais divertidas desde o triste fim de Tulius Detritus, que ficou apenas com a taça. Uma das coisas mais surpreendentes a que tenho assistido é o respeito socialista pelas regras (provavelmente uma consequência da sua superioridade moral). Eles votam e aprovam animadamente uns estatutos blindados, cujo objectivo evidente era a perpetuação no poder. E, na primeira esquina, pretendem mandar às malvas o que eles próprios aprovaram. Como é que se consegue compreender uma coisa destas sem ser no gozo?!?
António Costa a líder do PS, vai dar um novo alento aos juízes do Tribunal Constitucional para chumbarem as medidas que estão no Orçamento, e que em parte tocam nos bolsos dos Senhores Juízes. Se assim for talvez não cheguemos a 2015, sem eleições.
Mas depois vou gostar de ver as medidas de António Costa para manter a disciplina orçamental.
Foi aberta a Caixa de Pandora. Os jornais vão agora começar a apresentar António Costa como primeiro-Ministro sombra, quando em 2015 formos a eleições legislativas, já a comunicação social tratou de criar um novo primeiro-Ministro nas ideias dos portugueses.
As redacções já elegeram o António Costa até para primeiro-Ministro. Neste país a vida tem de imitar a arte, custe o que custar. A realidade é que tem de se subjugar ao wishful thinking dos opinion makers, se não se submeter, o pior é para a realidade.
O facto de o primeiro apoiante ser a pessoa que personificou em Castelo de Paiva o “não pagamos!” para com isso supostamente pôr os alemães com as perninhas a tremer e depois se justificou dizendo que não sabia que estava a ser gravado não augura nada de bom para a candidatura…
A Esquerda, como será sempre de esperar, não perdeu a oportunidade de mais um 11 de Março em directo televisivo na noite das Europeias. A Esquerda vai de Sócrates até aquele lado onde está o meu e o teu, para ela sempre nosso. E por isso nacionaliza, um modo elegante de dizer usurpa. Desta vez, a abstenção e o novo record alcançado pelos absentistas.
A Esquerda, desaforadamente (a Esquerda toda, abespinhada e histérica), abriu os braços, açambarcou dois terços do eleitorado português que, sem pejo, manifestou não querer saber nem da Esquerda nem da Direita, e proclamou: são como nós, são dos nossos, somos todos a derrotar a Direita.
E por aí fora, parecendo ignorar que a abstenção é abstenção exactamente porque não quis ser Esquerda. E, certamente, nacionalizada, tornada património socialista contra a Direita, de quem é provável nada queira também.
Ou talvez não: conheço uma certa pessoa que, sendo de Direita, se absteve. Por curtas razões, em suma: porque a UE pouco lhe diz e porque voltou as costas a uma eleição onde o sumo estava esprimido à partida e o mais foram caroços cuspidos contra e a favor do Governo. Para quê votar? - interrogava-se o personagem, o qual, reitero, conheço bem - por ser eu próprio.
Eu, JAM, independente impenitente, algo anarquico, porventura, mas claramente e sempre - de Direita. E assim clamando reprivatizem as abstenções.
Um dia Seguro iria perceber e consciencializar-se de que mais não fez do que protagonizar o papel de bonzo que lhe escolheram, o de idiota útil ou de sentinela à caserna enquanto o resto da malta afiava finamente os punhais nos seus aventais de cabedal e treinava com precisão a sua pontaria com os revólveres. Nem sei como não compreendeu antes, face aos papelões que o papel para ele escolhido obrigava a fazer, as inconsistências, os disparates atrás uns dos outros, os exemplos históricos de Constâncio, Marcelo, Marques Mendes e muitos outros antes destes que caíram em esparrela semelhante. Só um cego (e mesmo assim estará por demonstrar) não veria nas atitudes de Soares o empunhar das baionetas. Só um surdo não se assustaria com o silêncio de tantos camaradas, desde a campanha à noite eleitoral. Só alguém completamente desprovido de tacto não sentia as armadilhas que lhe foram colocando ao longo destes anos, e é preciso não ter gosto nenhum para colocar os amigos de Sócrates nos lugares europeus. Nem coluna vertebral. Só um pau mandado insensível se recusaria a penitenciar-se perante os portugueses pelo mal que o PS lhes tinha feito com a bancarrota.
Seguro foi caminhando alegre e inconscientemente no caminho que os seus camaradas lhe prepararam. Em condições normais, seria de meter dó e até teria pena do sujeito. Mas como ele criou uma realidade fantasiosa nos últimos três anos, e que sempre critiquei, agora não me incomoda nada que o país das maravilhas em que ele se deixou viver o tenha confundido até mesmo à porta de casa, ao vizinho do lado. Fez a sua caminha e meteu lá quem quis, não venha agora queixar-se de que cheira mal.
Os camaradas vão correr com ele, rapidamente e em força. Das trincheiras de Seguro ouvem-se ainda, aqui e ali, alguns disparos para o ar, mas sem convicção, pontaria e inúteis contra carga pesada: José Lello já fez saber que no PS andavam sedentos de mudança. Quantos? “Milhares”, responde ele do alto daquela superioridade moral socialista, tão pior quando se abate sobre os seus. Os críticos saem da toca aos magotes e armados até aos dentes. A indefesa Maria de Belém Roseira estremece na voz e diz que não fala mais. Assis anseia pelo voo para Bruxelas e Silva Pereira já deve estar a bebericar qualquer coisa no bar do aeroporto, rindo-se ao telefone com o seu mentor. A marca de Zorrinho passou a ser, estranhamente, o silêncio. E muitos indecisos em terra de ninguém perscrutam de onde virá o vento e, principalmente, para onde ele irá, enquanto se tentam abrigar dos obuses que vão caindo nesta guerra relâmpago. As empresas de telecomunicações esfregam as mãos e os telefones aquecem.
As tropas de Sócrates vêm aí, sedentas e esfomeadas. Já não conseguiam mais estar quietas. Um bando de animais ferozes, com António Costa à cabeça, Sócrates a fazer de lamparina alumiadora, farol daquela gente, e militares de carreira aventalense e castrense a ulular assustadoramente, lança-se sobre este pobre país e sobre os portugueses sem que nunca antes se tenha arrependido da bancarrota em que nos fez cair aquando da sua última gestão. E provavelmente para tentar repetir a façanha, agora que o esforço dos portugueses juntou umas parcas economias nos cofres que antes os socialistas deixaram vazios. Era fatal como o destino. Só Seguro não viu, entretido a desenhar um programa de governo perfeitamente irreal e a alinhavar o discurso da vitória que antevia. Ou anteviam por ele. Ou mandavam-no antever. Seguro, o tal que se continua a afirmar pronto para governar o país. Alguém devia dizer-lhe, coitado.
Soube-lhes a pouco e querem a cabeça dum SG que bradou como pôde e não podia (sem mentir nem falsear). Uma vez mais, o partido socialista desliga-se da responsabilidade pela hetacombe socrática para se refugiar debaixo da umbreira da porta através da qual quer chutar AJS para fora. Nesse frenético ajuste de contas interno, que os média estão a engolir como sapinhos, vão conseguir evitar a pergunta fundamental: será que os portugueses verdadeiramente nos querem de volta, será que perceberam que foi a nossa incapacidade de boa gestão dos recursos públicos que gerou esta alhada? Nesta crise, tivemos sorte: houve quem nos socorresse. Se assim não fosse, se a bancarrota tivesse cortado a eito, que votação teriam hoje os socialistas? Acredito que ninguém os quisesse ver pela frente por longo tempo. Mas como endireitar o barco foi possível, sem que o ps fosse capaz de legitimar a única solução que havia, podem vir agora prometer isto e aquilo, com um novo líder que, ele mesmo, na cidade que governa, deixa muitíssimo a desejar. Fora da realidade, fora do compromisso político, basta-lhes ânsia de poder. Depois, seja o que deus quiser!!
Na imagem: nem sequer ali tão perto... e no entanto, quer dominar os transportes públicos urbanos — cuja infra-estrutura despreza... Já experimentaram circular de Santo Amaro a Alcãntara? Parece que as rodas ficam quadradas. Passam por ali milhares de pessoas, mas isso não interessa!
António Costa "naturalmente disponível" para liderar PS
Lá vem ele... o AC, de Anti-Cristo!
Reina uma alegria nas redacções...
Compreende-se que haja muita gente no PS descontente com os resultados. Aliás, socialistas com um mínimo de clarividência sabem bem que os resultados foram um desastre, que revelaram que os portugueses não têm a mais pequena confiança em Seguro e no Partido Socialista. E, realmente, Seguro tem demonstrado bem (veja-se o programa de governo que agora levou a votos) que não está por dento da realidade do país e da europa, que vive num mundo irreal e de ficção ou fantasia. Por isso festejou como vitória o resultado das eleições, como se a realidade não existisse. Ele e os que ali estavam a fazer o frete, a contar os minutos para ir para casa enquanto aplaudiam freneticamente o líder.
Não sei o que pensam os críticos socialistas desses que estiveram a bater palmas a Seguro na noite eleitoral e a garantir aos jornalistas que era uma excelente vitória. Palhaços? Hipócritas? Idiotas úteis? E o que pensam estes últimos dos críticos? Traidores? Vira-casacas? Palhaços? Bem uns dos outros não podem pensar. A guerra entre facções socialistas promete ser um circo delicioso para os próximos tempos.
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