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A ouvir o Pedro Silva Pereira a ser entrevistado pela Ana Lourenço na SIC Notícias. Zzzzzz... Socorro! Chamem urgentemente o José Rodrigues dos Santos.
Como todos sabem, é um problema gravíssimo. Durante anos socorri-me dos do meu irmão mas ele, coitado, também tem as suas necessidades e precisa dos dele. O Zé do talho tem-me ajudado quando pode, o que é raríssimo, pois ele também tem imensas dificuldades em resolver a falta dos ditos. Não percebo como em Portugal se despreza algo tão importante com os rins, coisa que espanhóis, franceses e ingleses tratam com enorme devoção beata, como a minha. Cá não: deita-se tudo fora. Há uns anos logrei solução em Darque, Viana do Castelo, mas sai-me caríssimo em gasolina, portagens das SCUT (delícia de designação socretina, esta…), e na meia vaca que trago sempre para compensar a generosa oferta dos rins.
Depois ainda tem as lavagens. Novo problema, água atrás de água, algum vinagre (das poucas vezes em que não uso Moura Alves), volta a lavar e lava outra vez. Uma tarde nisto até chegar a altura da faca: ‘retirar o branco com uma faca’ parece uma máxima do auge da luta contra o apartheid mas é apenas o que se deve fazer com afinco a uma boa colecção de rins. Faca pequena e afiada, de preferência de cerâmica, e paciência aguçada. Extermine-se então todo o branco dos rins e temos novamente pela frente lavagem atrás de lavagem.
E depois da lavagem, a laminagem. Convém não tremer a mão pelo que se deve esperar mais um pouco para tirar uma qualquer rolha a uma companhia gelada e gratificante. Os rins devem ser laminados direitinho, para mais bonitos ficarem no prato. Finda esta tarefa delicada, saque-se a rolha e recompense-se o artesão uma ou duas vezes. Talvez três. Uma última lavagem enquanto se agradece à mão amiga que picou finamente uma montanha de cebolas. Bom tacho, bom azeite, boa camada de cebola picada, boa camada de rim, nova de cebola, sal e pimenta e cobre-se tudo com largos raminhos de salsa. Uns goles de branco não estragam nada. Fogo à peça e tapa-se.
Cebola e azeite farão o refogado do arroz. Não muito forte, para o sabor não se sobrepor ao do rim. Vão se roubando umas colheres de calda ao rim, que podem trazer lâminas se já cozinhadas. Aliás, a calda do arroz deve ter aí pelo menos uns 2/3 da calda do rim e só o resto de água pura. Se o dia estiver bom, talvez sacar outra rolha, mal não fará seguramente. Conclui-se, temperos a gosto, uma travessa bonita e bem arranjada, uma salsinha picada e ainda uns raminhos completos, e upa para a mesa que se faz tarde.
Uma delícia, mas os rins são sempre um problema para encontrar, são um problema para tratar, são um problema para tudo.
O fígado vai indo melhorzinho, obrigado, mas também dá os seus problemas…
(também em A Batalha)
E eis que a mais bela bandeira do mundo volta ao Brasil
Vejo o BES a ser posto perante as consequências das suas manobras financeiras, e vou-me perguntando: se tivéssemos tido a sorte de ter este senhor como governador do Banco de Portugal, em vez do outro senhor que o BCE tem o azar de ter como vice-presidente, o caso BPN teria tomado as proporções que tomou?
Asseguraram-me no quiosque - como gosto dos quiosques de Lisboa! - que o café que aí tomei era o melhor café da cidade. Não posso confirmá-lo, porque percebo pouco de cafés e tendo a açucará-los excessivamente, o que, presumo, adulterará os sabores. Mas posso confirmar, sim, que um café tomado naquele lugar, à beira-Tejo, é, no mínimo, um café muitíssimo agradável e estimulante.
O Banco de Portugal corrige em alta as previsões de crescimento e considera esse crescimento sustentável, por causa das mudanças na economia portuguesa, caracterizadas «pela transferência de recursos produtivos dos sectores não transaccionáveis para os sectores transaccionáveis». É o mesmo que escrevia, ontem, Helena Garrido no Jornal de Negócios, numa edição recheada de notáveis casos de Start`ups: sair do «Portugal povoado por empresas de construção e de sectores regulados, onde o lucro é aquele que o Estado quiser», para «outro Portugal (das) pequenas e médias empresas e uma nova geração de jovens que entram em negócios que nunca imaginámos a falar português». É um Portugal baseado (deliciosa ironia) nas pessoas, e não no Estado; na iniciativa privada, e não nos elefantes brancos pagos com dívida; nas exportações e não nas rendas garantidas. Entretanto, o défice baixa, como baixam os juros do crédito público (3% a 5 anos, um novo recorde virtuoso).
A coerência é uma maçada
Esse caminho está a ser feito. E o pior para a oposição e para o jornalismo cor-de-rosa é que as principais medidas do Governo são coerentes, fazem sentido como causas desse efeito. A simplificação das regras burocráticas para as empresas, anunciadas há dias pelo ministério da economia, é coerente com esse caminho. O objectivo do licenciamento zero faz sentido. A liberdade de horários e promoções que hoje foi outorgada ao comércio é coerente com esse caminho. As prioridades para a aplicação das verbas do QREN e a responsabilização dos beneficiários faz sentido nessa via. No âmbito do investimento público, o destaque dado a portos e ferrovia faz sentido. A descida do IRC faz sentido. Os esforços para baixar a despesa fazem sentido. O combate ao défice e à dívida faz sentido.
É evidente que esta transição de um Estado socialista condenado à bancarrota para uma economia sustentável é dolorosa. Ela é feita, inevitavelmente, à custa de desemprego: em muitos casos, de desemprego perpétuo para os que foram apanhados sem armas curriculares na transição; noutros casos, de dificílimas fases de readaptação para os que voltarão a ser absorvidos pelo mercado de trabalho. Ela é feita, inevitavelmente, da redução de actividade e dimensão de sectores obsoletos ou mal dimensionados (construção, funcionalismo público). E ela é feita da redução de benefícios e direitos «adquiridos» que eram insustentáveis e foram erradamente «concedidos». Mas essa transição tanto mais dolorosa quanto mais velha a geração a que se pertença, tem o lado virtuoso de abrir horizontes de melhor vida aos novos.
O «homem novo» no mundo velho
Aquilo que tanto irrita Sócrates (e aliás, todo o PS, e, aliás, a imprensa cor-de-rosa) não é tanto ver-se confrontado com contradições por um jornalista sério, mas sentir o seu velho mundo fugir-lhe debaixo dos pés. Sócrates (e aliás, todo o PS, e, aliás, a imprensa cor-de-rosa) ainda defende a ilusão em que acredita. Não o ouviram louvar os níveis de crescimento de 2010? Claro que sim, porque ele (e o PS, e a imprensa cor-de-rosa) continuam mergulhados nesse mundo dos investimentos em tgvs, aeroportos e estradas que criam emprego transitório, e cujo único defeito é produzirem desgraças quando é preciso reembolsá-los. Não o ouviram protestar, há dias, as vantagens das energias alternativas? Claro que sim, porque ele continua a acreditar (e o PS, e a imprensa cor-de-rosa) numa modernidade feita à força - sempre a mania do «homem novo», cujas únicas consequências tristes são a outorga de domínios económicos inteiros a restritos grupos económicos, e a morte da concorrência, e a subida artificial das tarifas, e a asfixia da indústria. Não o ouviram vituperar a queda do investimento público, na sua versão tão lacunar-keynesiana? Claro que sim, porque para ele (e aliás para todo o PS, e, aliás, para a imprensa cor-de-rosa) é o Estado que faz crescer, não «as pessoas». «As pessoas», para os socialistas, não estão primeiro, estão depois - é a elas que o Estado «dá», depois de provocar «crescimento». Não o ouviram (e ao PS e à imprensa cor-de-rosa) proclamar que éramos ricos no seu tempo, e o país «empobreceu» agora? Ele tinha que dizer isso, porque ele acredita no mesmo que acredita todo o PS e a imprensa cor-de-rosa: que se uma pessoa auferir 2000 euros mensais e, todos os meses, gastar 1500 euros em viagens, 600 em renda e alimentação, e 1000 em entretenimento e compras, essa pessoa vive bem; mas, se o banco exigir o reembolso do crédito, essa pessoa empobrece. E não ouviram Sócrates proclamar (e aliás, todo o PS, e, aliás, a imprensa cor-de-rosa) que estava tudo a correr tão bem? Claro que ouviram. Para eles (e o PS e os cor-de-rosa) estava tudo a correr fagueiro, e o défice, e a dívida conhecida e escondida, e o baixo crescimento, e a pobreza (que foi em 2010 que ultrapassou os 17%) tudo isso caíu do céu, obra «dos mercados», e da crise e da troika e deste governo horrível.
O cão e a reforma do Estado
O Dr. António José Seguro diz que tem «diferenças insanáveis» em relação ao governo. Não explica quais, nem a imprensa cor-de-rosa pergunta. Mas a verdade é que tem mesmo. O PS troçou muito do esboço de reforma do Estado feito -- para calar, admitamos -- por Paulo Portas. Mas a verdade é que, no que toca à reforma do Estado, o PS (e aliás, a imprensa cor-de-rosa) põem-se do lado da Polícia e prendem o dono do cão duas vezes. Se há uma proposta de reforma da Constituição ou de emagrecimento do monstro, cai o Carmo e a Trindade: ai que não se toca no Estado Social, ai que nem um corte nem uma poupança, ai que se é «insensível» às «pessoas». Se não há reforma do Estado, ai que o Governo não reforma.
E, a propósito, o Governo reformou o Estado? Claro que não, foi quase nada. Nem, digo eu, era possível fazê-lo no princípio do mandato, quer porque era preciso estudar o que os socialistas nunca estudaram, quer porque eram demais as terríveis urgências herdadas do desgoverno.
Um governo PSD/CDS reformará sem dúvida o Estado. Digo isto porque faz sentido com as medidas que vêm tomando.
E se o PS governar? Então estou certo que para alegria do Dr. Seguro, e de todo o PS, e da imprensa cor-de-rosa, Portugal ficará na mesma. À beira de outro desastre.
O Banco de Portugal, reviu em alta as suas previsões de crescimento para este ano e para 2015 para 1,2% e 1,4%, respectivamente. Em 2016, o crescimento económico deverá acelerar para 1,7%. As exportações continuarão a crescer a ritmos de 5% e a inflação permanecerá baixa, em redor dos 0,5%.O emprego crescerá e o desemprego diminuirá. Mais, tendo em conta as mudanças na economia - de um crescimento baseado em gastos públicos e construção, para um crescimento baseado nas empresas e nas exportações - o Banco de Portugal considera que este crescimento é sustentável. Diz o BP: «Algumas características da actual fase da economia portuguesa – capacidade líquida de financiamento externo, consolidação orçamental em curso, transferência de recursos do sector não transaccionável para o sector transaccionável – constituem elementos favoráveis a um processo de crescimento sustentável.»
A notícia do crescimento é uma boa notícia para o país. A nota sobre a sustentabilidade torna-a ainda melhor. São boas notícias. Estão acessíveis, sobretudo, onde ainda há jornalismo sério, nomeadamente na imprensa económica, que ainda sabe noticiar (ver notícias online de Jornal de Negócios e Diário Económico), em vez de obscurecer os factos com malabarismos indigentes. É que como já aprendemos, as boas notícias causam um indisfarçável incómodo nas redacções mais inclinadas para a esquerda. Sem possibilidade de colherem no Rato alguma coisinha que contrariasse ou, no mínimo, desvalorizasse o anúncio do BP, jornais e televisões foram deixados entregues aos seus parcos recursos, compensados, porém, por generosa má vontade.
Nos jornais das 13 da Sic e TVi, a notícia foi empurrada para lá de peças sobre futebol do Porto, Benfica e Rio Ave, sobre o avião malaio, sobre a Ucrânia, sobre uma audiência do caso Face Oculta, sobre um atropelamento e sobre uma outra faca e outro alguidar. Depois, lá tiveram que vir, na versão incomodada, defender que só estamos a crescer porque as pessoas gastam mais. (A RTP deu a notícia escorreitamente e sem floreados.)
O Público, em contorções dsanimadas que vale a pena desfrutar, aproveita a ideia: pois é, é só porque vamos consumir mais, e isso é «um resultado que poderá colocar dúvidas em relação à sustentabilidade da retoma». O Público estava cheio de esperanças negativas, mas, sendo elas tão claramente desmentidas pelo relatório, lá tem que admitir, «contudo» (o «contudo» é delicioso como confissão de agenda), que o Banco de Portugal previu expressamente a sustentabilidade - o contrário do que o Público diz, em resumo.
No Expresso, sempre sob inspiração do grande descobridor de talentos anti-Governo, mesmo que inventados, foram um pouco mais básicos, e trataram de desnoticiar a notícia: resolveram desvalorizar o crescimento dizendo que ele «não compensa». É esclarecedor, é claro, que o Expresso considere que não foi exactamente o para ele saudoso tipo de crescimento de 2009 o causador da recessão subsequente; mas, melhor, muito melhor que isso, é o título do artiguinho online. Quem sabe o que é jornalismo sério e limpo estranhará esta coisa: «Crescimento da economia até 2016 não vai compensar queda dos últimos três anos».
Talvez nos noticiários das 20 e nas notícias de amanhã, Sic, TVi, Público e Expresso sejam negativos um pouco mais elaboradamente. Por essa altura já terão tido oportunidade de telefonar a alguém do Rato.
Ontem ao final da missa de Acção de Graças pelos seus 18 anos, o nosso Príncipe subiu ao púlpito onde rezou esta belíssima oração:
Senhor Deus do Universo
ao celebrar 18 anos da minha vida,
nesta terra que é a minha Pátria;
agradeço-Vos pelo Povo a que pertenço por inteiro
e por toda a minha Família.
No meu sangue transporto a Missão de servir o bem comum.
Diante de Vós venho pedir o dom de, com a Vossa Graça,
Corresponder ao que se espera de mim.
Dai-me, Pai de Misericórdia,
Sabedoria para intervir a favor dos mais fracos.
Iluminai os meus passos,
na fragilidade insegura dos tempos.
Fortalecei o meu ânimo,
na fidelidade criativa a que me inspirais.
Nesta Terra de Santa Maria, Ó Deus de Bondade,
eu Vos confio a minha vida.
Amen
Dom Afonso de Bragança*
Segundo a Sic, os carros que o fisco vai sortear são «carros de topo de gama». Um Audi A4 de 39000 euros (modelo abaixo do A6 e do A8 da mesma Audi, e equivalente ao Mercedes C e ao BMW série 3, modelos abaixo, nas respectivas gamas, do E e do S, e das séries 5, 6 e 7) é um carro «de topo de gama». Por oposição, é claro, à trotineta em que certamente se desloca o autor da notícia.
Ironia do BES: A holding do Grupo Espírito Santo (ESFG), que teve de registar provisões de 700 milhões de euros, escolheu a data 25 de Abril para realizar a AG. Será que equiparam esta auditoria do Banco de Portugal a uma Revolução?
O Bastonário dos Técnicos Oficiais de Contas acha que os prémios deviam ser outros e a comunicação social dá à sua opinião pessoal o estatuto de parecer científico.
As televisões em particular desdobram-se desesperadamente à procura de pessoas vulgares que sejam também contra os prémios.
As pessoas que dão a cara queixam-se pelo facto de os carros serem topo de gama. Outras por considerarem que vai ser caro mantê-los. Outras ainda porque não os querem e vão ter a maçada de os vender.
Eu, que a um carro dado não me importaria nada de o trocar por dois de baixa gama se considerasse não querer um de topo, ou de o vender acaso considerasse ser cara a sua manutenção, gastando o pilim noutra coisa qualquer, ou não me importaria ainda de o dar a alguém se fosse tão preguiçoso que não quisesse ter o trabalho de o vender, julgo que, neste país, ou está tudo doido ou ninguém se satisfaz com nada.
A propósito das eleições autárquicas francesas, a rapaziada dos jornais criou um novo gráfico político sem eixo determinado, isto é, concebe um "centro-direita" e um "centro-esquerda", esquecendo definir o que seja o "centro".
A circunstância talvez seja, porém, explicável sem denegrir Maurice Duverger. Assim: o que sucedeu nesta primeira volta foi uma significativa vitória da Direita sobre a Esquerda. Somente após dois anos a eleição do socialista Hollande e traduzindo um inocultável sinal de protesto contra a sua política.
É isso mesmo que custa admitir à circum-navegação da Imprensa: o insucesso da tropa PS, sobretudo em França, acima de tudo num país supostamente muito ao largo das atribulações das nacionalidades sem-abrigo como a nossa. Esbater os males da Esquerda num "Centrão" inconceptualizado será, assim, o objectivo desse velejar sinuoso que urge não deixar inconsequente.
Em suma, o "Centro" não existe. Há a Direita e há a Esquerda. Esta que se defina (mais reformista, menos revolucionária...) se não quiser ser apenas o trauma intriguista das punhaladas políticas (ou da guilhotina...) do Terror lançado pela Liberdade-Igualdade-Fraternidade.
Quanto à Direita, o rumo é certo: o da histórica actualidade e modernidade da Nação (como realidade poítica e cultural), em que envergonha sempre o odiento e extremista discurso dito nacionalista. Algo mais necessário acrescentar?
(E a propósito: parece que Sócrates não gostou de ser encostado à parede quando sentado à mesa do diálogo com Rodrigues dos Santos. Tal o levará a descambar do centro-esquerda para a extrema-esquerda do espectro partidário?).
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