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Nada de equívocos

por João-Afonso Machado, em 28.02.14

Emergiu muito depressa e as luzes da ribalta foram-lhe inesperadas. De resto, a toda a gente também. Tratou-se de uma aposta forte, arriscada, mas com a chancela de velhos experimentados. Deixara-no a bem dizer a sós, frente ao toiro. Mas quem iria opor-se?

Ainda jovem, dono de um curriculo curto mas promissor, agarrou com ambas as mãos a oportunidade assim oferecida de rompante. Gozou deslumbrado o seu sonho.

E, é claro, iniciou a nova carreira muito às apalpadelas, rodeado de escuridão. Parte substancial dos melhores havia debandado e, com manifesta ingenuidade, abalançou-se a escolher supostas "promessas" entre rapazes novos e desconhecidos. Ou seja, somou à convicção na sua capacidade em agregar uma equipa o convencimento dos seus dotes em descobrir e promover celebridades ignotas.

O desastre não tardou a manifestar-se. Esta ânsia de originalidade nunca deixa de ser fatal. Népias de resultados, enquanto extra-muros o sucesso dos vizinhos marcava a diferença e o afastamento. E assim deixado para trás, logo sobrevieram os apupos, uma imensa contestação. Seguravam-no no cargo arames apenas - institucionalmente o Presidente, aliás não imune aos protestos e à temida fúria das gentes. E, provavelmente, alguma noção de que em marés de contenção o melhor é aguentar, não abrir os cordões à bolsa.

Enfim, tão à portuguesa, quando tudo parecia derrapar no bordo do abismo e da vergonha, um golpe de sorte, o desenrascanço e o tangencial ir para a frente: até ver - ufa!!!

(Nota: se alguém pensou, lendo estas palavras, em Passos Coelho, enganou-se redondamente. É ao treinador do FCP, Paulo Fonseca, que elas se referem. Aqui só se abordam assuntos sérios).

 

Sair do euro ou ser caloteiro - quem foi, quem foi?

por José Mendonça da Cruz, em 28.02.14

A Casa das Letras, do grupo Leya, acaba de publicar o livro de Jens Nordvig A Queda do Euro, um estudo cristalino e profundamente educativo sobre o nascimento, as promessas e a crise do Euro, e sobre os problemas graves que a Europa e a moeda única ainda têm que resolver, sob pena de morte.

É leitura obrigatória, um pouco assustadora, por vezes, mas (et pour cause) obrigatória.

Eis, entretanto, a curiosíssima história que Nordvig conta na página 222, datada de «uma das piores vagas da crise» inicial na Europa:

«Estava eu no meu escritório, quando me caíu do céu um email do gabinete do primeiro-ministro de um país da Eurozona (não seria correcto revelar qual) perguntando-me se eu "poderia facultar uma discriminação da nossa dívida segundo o direito estrangeiro e o direito nacional". Era uma situação bizarra. Era um pouco como receber um telefonema de Tiger Woods a perguntar quantos tacos de golfe tinha no seu saco.»

E, visto que «não seria correcto revelar qual», são as seguintes, portanto, as interessantes adivinhas:

- que gabinete de primeiro-ministro de que país quis analisar, como resulta da pergunta feita, a hipótese de saída do Euro ou de «reestruturação» da dívida, ou seja, optar pelo mesmo calote que enterrará por muitas décadas a Grécia?

- que gabinete de primeiro-ministro de que país era tão perigosamente irresponsável e, em última análise, tão risível, que contactava um perito internacional para lhe perguntar o que tinha lá no gabinete do lá primeiro-ministro, no seu saco de trapalhadas?

Guerra à vista na Ucrânia pode tornar-se conflito mundial?

por Maria Teixeira Alves, em 27.02.14

 

"A Crimeia é da Rússia", gritam os militantes pró-russos que invadiram os edifícios do Parlamento e do governo regional da Crimeia, ambos na capital da península Simferopol. Cerca de 60 homens armados, segundo a agência russa Interfax, içaram a bandeira russa na Crimeia.

Crimeia, que nome lindo, transporta-nos logo para um qualquer romance de Dostoiévski. Mas tem uma carga trágica. Foi palco de uma guerra no século XIX e de uma batalha na Segunda Guerra Mundial.

Esta invasão às sedes oficiais do Governo Regional da Crimeia ameaça tornar-se o príncipio de uma guerra separatista que poderá acabar com o envolvimento dos Estados Unidos, senão mesmo, mundial. Putin não vai deixar a Ucrânia cair nas mãos comerciais do Ocidente (a Ucrânia quer por tudo ser da União Europeia e divorciar-se da Rússia para sempre). A Ucrânia, com a sua indústria siderúrgica, minas de carvão e grande produção de trigo, além da sua posição entre a Rússia e a Europa Oriental, é peça-chave na estratégia geopolítica de Moscovo. Putin não vai de mão beijada abrir mão da influência da Russia na Ucrânia.

Assim, o presidente Vladimir Putin já colocou, na quarta-feira, dia 26, em estado de alerta, as suas Forças Armadas no oeste da Rússia e ordenou manobras militares de grande escala na região que faz fronteira com a Ucrânia. Foi a primeira reacção da Rússia à queda, no sábado, do presidente ucraniano, Viktor Yanukovich, devido a violentos protestos contra a interferência russa no processo de associação de Kiev à União Europeia. E no mesmo dia, e isto pode ser mera coincidência, um navio de guerra russo ancorou em Havana (quarta-feira) sem qualquer explicação dada pelo Governo comunista de Cuba ou sem qualquer anúncio desta paragem nos meios de comunicação estatais.

O secretário de Estado dos EUA, John Kerry, alertou entretanto que a Rússia incorrerá  "num grave e imenso erro" se intervier na Ucrânia. Ao mesmo tempo que anunciou a concessão de um empréstimo de 2 biliões de dólares ao novo governo de Kiev - enquanto os dois maiores bancos russos congelaram as suas linhas de crédito à Ucrânia. As condições económicas de Kiev são muito frágeis neste momento.

A Ucrânia também já pediu ajuda ao FMI.

Em Sevastopol, na Crimeia, a Rússia tem uma grande base naval e a frota do Mar Negro com cerca de 25 mil militares. O presidente interino ucraniano, Alexander Turchínov, avisou que qualquer movimento na base "será considerado uma agressão". Também no quartel-general da NATO, em Bruxelas, o secretário-geral Anders Rasmussen apelou à Rússia para "não tomar nenhuma acção que aumente mais a tensão".

A crise está a subir de tom. Crescem os receios de separatismo na península esmagadoramente pró-Rússia no Mar Negro. A isto não é alheio a destituição do Presidente pró-Moscovo Viktor Yanukovich, procurado pelas autoridades com um mandado internacional de prisão, mas que deverá estar escondido pelos russos na Crimeia, onde detém grande apoio da massa popular que se opõe ao que classificam de "golpe militar armado".

A Crimeia, era considerada pela União Soviética como parte da Rússia, mas foi oferecida à Ucrânia em 1954 por Khrushchov como presente de comemoração do 300° aniversário da unificação da Rússia e da Ucrânia. Mas continuou a albergar a frota naval russa do Mar Negro na cidade portuária de Sebastopol.
É uma região maioritariamente de descendentes russos e Moscovo não parece querer deixar este território, onde detém a principal base naval/militar do Mar Negro, ao livre arbítrio do novo poder de Kiev, que surge orientado para uma progressiva aproximação às instituições europeias, em paralelo com o afastamento do poder da influência exercida pelo Kremlin, influência que se acentuou durante a vigência do pró-russos Yanukovitch.

Como uma pseudo-fidalguia

por João Távora, em 27.02.14

(...) E, de facto, o lero-lero socialista e sindical criou uma "aristocracia" de privilegiados que têm objectivamente mais direitos do que os outros. Não, não é apenas funcionalismo público. Os "direitos adquiridos" não protegem os mais fracos no mundo das empresas, porque estão centrados na protecção dos trabalhadores mais velhos do quadro. Ao sacralizar o posto de trabalho do trabalhador antigo, a lógica sindical está a proteger quem está dentro do sistema, os insiders, e não os mais fracos, os outsiders (desempregos e jovens à procura do primeiro emprego). O mesmo se passa com a segurança social. Tal como existe, o sistema só beneficia quem já tem reforma, descurando em absoluto as reformas dos mais novos. Moral da história de Alesina e Giavazzi? Se está mesmo interessada nos mais desfavorecidos, a esquerda devia abraçar as reformas liberais. (...) Ler mais, aqui»»»

 

 

Outro Fernando

por João Távora, em 26.02.14

(...) Arte é independência! Não nos queixamos, trabalhamos.Não fazemos birras, agimos. Nunca contámos com qualquer tipo de benesse ou ajuste directo, nem com homenagens ou facilitismo dos poderosos. Nunca tocámos para partidos e sempre nos mantivemos longe da politica. Este país é o que queremos? Não. O que merecemos? Não. Mas, é o que amamos? Sim. (...)

 

A ler na integra Fernando Ribeiro dos Moonspell aqui

Um ex-libris

por João-Afonso Machado, em 26.02.14

Não me ocorre haja outra cidade portuguesa assim facilmente identificável pelo simples recorte de um monumento. Qual Paris com a sua torre Eiffel. Olha-se e aponta-se o dedo - é o Porto, lá estão os Clérigos.

A Cidade Invicta, tão perto e tão distante do Minho. Um "microclima" histórico, político e social. O tripeiro de gema não tem par. Como se ainda agora passeasse camilianamente nos jardins de S. Lázaro, aos domingos depois da missa das onze. O pai, a mãe atenta e submissa e as filhas, raparigas casadoiras. Já não é assim, bem entendido. Mas o Porto continua liberal no seu discurso e severo na observância dos bons costumes. Um paradoxo de sempre, uma imagem de marca. Não julgo - constato. Com toda a simpatia de trinta anos ali vividos.

Mário Soares e o preconceito da idade

por Maria Teixeira Alves, em 26.02.14

Não se pode de dizer de mim que seja uma grande fã de Mário Soares. Mas se há coisa em que não alinho, para não dizer mesmo que não gosto, é que falem sempre da idade de Mário Soares para desvalorizar o que ele diz. Claro que há na idade aquela desenvoltura de quem já não tem medo de dizer o que pensa. Mas não há nenhuma demência nisso. Acho aliás muito preconceituoso a forma como se desvaloriza o que diz um ancião. Por um lado porque desresponsabiliza quem o diz. Por outro, porque é de uma soberba achar que só porque uma pessoa entrou na terceira idade já não deve ser levada a sério no que pensa e diz. As pessoas têm de ser levadas a sério em todas as idades. É um preconceito desvalorizar os velhos. Na China a idade é sinal de sabedoria. Aqui, nesta pobre mentalidade ocidental, a idade é vista como um ponto fraco. Irónico é pensar que apesar de na cultura ocidental se valorizar a idade da vida, é na China que a natalidade aumenta. 

O bloco presta contas

por João Távora, em 26.02.14

 

Ana Drago apagada.

Será que o PS percebeu?

por Vasco Mina, em 26.02.14

 

Ontem o economista José Silva Lopes esteve nas jornadas parlamentares do PS. Deixou vários recados e entre eles o seguinte:

"O PS tem de explicar que um milhão de euros tirado em impostos é um milhão de euros que se tira em despesa”. Será que o PS percebeu?

Uma rede de afectos (2)

por João Távora, em 25.02.14

Aqui está a minha curta intervenção ontem no Prós e Contras (logo ao início da 2ª parte) a propósito das redes sociais e o Facebook em particular. Admito que assim isolada pareça leviana - não pude desenvolver algumas das ideias lançadas. Talvez problema do formato do programa, pareceu-me que o debate acabou sendo monopolizado por quem pouco percebe do assunto e talvez pudesse ter sido bem mais esclarecedor. Muitos terríveis fantasmas foram acenados e ficaram a pairar. 

 

São 5 da tarde e está tudo em ordem...

por João-Afonso Machado, em 24.02.14

Previsivelmente o sossego era total. Um amador de fotografia presta-se à hospitalidade; um político ao burburinho. É uma questão de escolha, apenas, - entre o horizonte e a miragem, há quem diga.

É sabido, o Bolhão já conheceu melhores dias. Faltam lá as várias lojas de passarada, aquelas onde, à margem da lei, não raro as gaiolas continham pintassilgos, toutinegras... Mas talvez os tenha conhecido piores, também. Está em obras ou, conforme os mais pessimistas, para obras. Vive o seu quotidiano. E convida os visitantes ao regresso. Salvo, naturalmente, naqueles momentos de calafrio e excitação das campanhas eleitorais.

Imperdível

por João Távora, em 24.02.14

Filipe Nunes Vicente agora auto-degredado neste bolg de nome impronunciável prossegue os seus irresistíveis comentários, como é exemplo este curto diagnóstico ao estado da Nação social democrata, a propósito do congresso do passado fim-de-semana.

 

Inveja

por José Mendonça da Cruz, em 24.02.14

 

Ontem, ao ver a cerimónia dos Jogos Olímpicos, senti uma enorme inveja da Rússia, por ter tido a modernidade de voltar a reconhecer-se numa bandeira magnífica, em vez de num símbolo de mau gosto berrante de alguma associação sanguinária.

Um lider, dois sistemas

por Vasco Mina, em 23.02.14

 

O Congresso do PSD deste fim de semana revela, ou melhor, torna evidente as grandes de linhas de atuação política do líder do PSD. Manifestamente somos confrontados com Passos Coelho Primeiro Ministro que se tem revelado como governante com objetivos claros quanto ao caminho a seguir, com determinação e persistência naquilo que considera prioritário e indispensável e ainda com notável sentido de Estado (que ficou bem patente na crise política de Julho do ano passado). Conseguiu remar contra a maré e contra todos os críticos (da oposição ou do próprio PSD) defendendo e implementado um conjunto de medidas em que, a certa altura da caminhada, parecia que só ele e Vítor Gaspar acreditavam. Teve “nervos de aço” para aguentar todo um turbilhão de críticas, protestos, manifestações de rua, sessões na Sala Magna da Reitoria da Universidade de Lisboa, movimentos contra a troika e, apesar de tudo isto, permanecer fiel a um PAEF que recebeu no dia em que tomou posse. Soube ainda resistir ao golpe de Paulo Portas com o seu pedido irrevogável de demissão e ao permanecer firme na condução do Governo (“não desisto do meu País”) conseguiu evitar uma nefasta crise política para o país. Os principais indicadores económicos começaram a evidenciar, especialmente a partir de Setembro, de que a recuperação da economia era uma evidência só negada pelos os cegos que se recusavam a ver e aquilo que era a quase inevitabilidade de um segundo resgate tornou-se, em pouco tempo, numa saída que até pode ser “limpa”. Até o parceiro de coligação se rendeu às evidências com o Ministro da Economia a lembrar o velho provérbio “entrada de leão e saída de sendeiro”. Temos um PM que tem apelado, desde há uns meses e especialmente  nos últimos dias, a um acordo interpartidário quanto aos principais objetivos da politica financeira, orçamental e económica do País que não é acompanhado pelo líder da oposição que teima em permanecer num registo socrático do qual ele próprio foi opositor; ou seja, temos o líder do Governo com uma postura de homem de Estado que se confronta com o secretário geral do PS sem propostas e sem alternativas que não sejam a marcação de eleições legislativas. Até deste ponto de vista eleitoral temos uma coligação que se apresenta às europeias com uma perspectiva de conseguir não um desaire eleitoral (como era previsível até há bem pouco tempo) mas apenas uma ligeira derrota ou, até mesmo, uma vitória. Mas também somos confrontados com Passos Coelho Presidente do PSD que tem atuado como líder de facção interna promovendo politicamente aqueles que o acompanharam no seu percurso partidário quer enquanto dirigente da JSD quer como deputado e quer, mais recentemente, no seu “regresso” à intervenção partidária. Por outras palavras temos um líder do PSD que escolhe para seus parceiros na direção do partido aqueles que sobreviveram e continuam a sobreviver à custa do controlo do aparelho partidário e que nada acrescentam (ou melhor, retiram) de valor político relevante. A composição da agora “refrescada” Comissão Política Nacional e a escolha do primeiro da lista para o Conselho Nacional são disso uma grande evidência. Vamos, por isto, continuar a assistir à intervenção do PSD em que domina o “aparelhismo”, incapaz de intervir politicamente (até em suporte da coligação governamental) e gerador de trapalhadas como agora aconteceu com a questão da co-adopção. Mais, quando se esperava um PSD com novos protagonistas para acompanhar um novo discurso governativo (bem expresso nas comunicações inicial e final de Passos Coelho no Congresso do PSD)  temos uma direção partidária que é mais do mesmo.  Temos, assim,” um líder, dois sistemas”: Passos Coelho como PM e Passos Coelho como Presidente do PSD. O Primeiro Ministro está em condições de continuar, sustentadamente, a condução do Governo até às legislativas de 2015 e, mais do que tudo, conseguir que o País saia do PAEF com credibilidade quer junto dos parceiros europeus quer junto dos credores da dívida pública. O Presidente do PSD permanecerá fiel aos compromissos do aparelho e fechado nas suas próprias lógicas internas e por isso incapaz de trazer novos contributos (ou seja, novos militantes e outras abordagens políticas). O PM está em condições de vencer as próximas eleições legislativas e o Presidente do PSD está em condições de garantir que os candidatos a deputados (nas europeias e legislativas) são fieis colaboradores dos processos partidários em curso. Passos Coelho será o futuro PM mas não conseguirá convencer, enquanto presidente do PSD, os que vivem em Oeiras, em Sintra, em Gaia e no Porto (apenas os quatro dos dez maiores concelhos do País). Num futuro a médio prazo, Passos Coelho terminará (como acontece a qualquer PM) as suas funções governativas e o mesmo acontecerá como Presidente do PSD; nessa altura será reconhecido como o governante que superou uma grande crise económica, financeira e política mas deixará o PSD vazio de militância e à mercê daqueles que “controlam” o aparelho. Ficará para a história do País como um grande PM mas corre o risco de deixar o PSD no fim da sua história.

Já começou

por João Távora, em 23.02.14

Vai dar luta aqui.

 

 

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Uma rede de afectos

por João Távora, em 23.02.14

Dez anos passados sobre o surgimento do Facebook proponho uma abordagem diferente que não seja pela perspectiva dos mitos da privacidade e segurança ou dos proveitos profissionais e empresariais do âmbito das “relações públicas” que esta popular plataforma proporciona.

Não é despiciendo que a montante do fenómeno da adesão massiva a esta rede virtual se encontre a democratização da internet em banda larga, e não menos importante a sua portabilidade através dos mais variados dispositivos. Essa massificação remete-nos assim necessariamente para as zonas do planeta mais prósperas economicamente, e também não seria expectável que o Facebook não reflectisse a realidade sociocultural de que emerge, com toda a vulgaridade ou elevação que os seus indivíduos são capazes.
O facto é que as redes sociais proporcionaram o acesso simples das pessoas a diferentes círculos de pertença, que mesmo virtuais correspondem de alguma forma às suas expectativas, assim mesmo se sentindo mais interventivas em diferentes âmbitos e interesses, do familiar ao clube desportivo, até à associação política ou cultural. Se é verdade que pode ser perversa a ilusão de participação criada pela actuação virtual, não podemos ter a arrogância de pensar que as redes de "amizades" que cada utilizador recria através desta plataforma digital não proporcionem legítima e concreta realização afectiva. Por exemplo desde sempre que se partilham em diferentes círculos, profissionais e outros, fotografias das férias, dos netos ou de solenidades familiares, só que agora alargam-se os círculos e vencem-se distâncias físicas. Nesse sentido, toda esta assombrosa “revolução” muito atreita a equívocos e imprudências vem requerendo à generalidade das pessoas a aquisição de competências básicas na gestão da sua imagem pública, que não é mais do que a aplicação das mais óbvias regras do bom senso na gestão das relações interpessoais. Isso deve ser tomado como algo positivo. 
Os medos e resistências ao fenómeno das redes sociais ou de auto-edição vêm lentamente diminuindo de intensidade ao mesmo tempo que a racionalidade se impõe à mistificação. O certo é que grande discussão e polémica aconteceram no último quartel do Séc. XIX por ocasião da vulgarização da máquina fotográfica, quando as pessoas comuns tinham medo de aparecer numa fotografia. E no final do Séc. XX toda a gente encarava com naturalidade ver o seu nome e morada descaradamente publicados em letra de forma na Lista Telefónica, o livro de maior tiragem e mais popular naquela época. A rede de  Mark Zuckerberg sendo essencialmente recreativa também tem o mérito de vir distribuindo algum entretenimento e companhia de modo democrático a muita gente, mais ou menos expansiva ou solitária.

 

Publicado originalmente aqui

 

PS.: Amanhã dia 24 às 22,30 estarei no programa Prós e Contras dedicado ao Facebook: dez anos depois o que terá mudado nas nossas vidasesta rede social?

 

Venezuela Protests

por Maria Teixeira Alves, em 23.02.14

Manifestantes queimaram destroços na rua em Caracas

Getting easier to start a revolution. Still hard to finish one. #Egypt #Ukraine

Domingo

por João Távora, em 23.02.14

Evangelho segundo São Mateus


Naquele tempo, disse Jesus aos seus discípulos: «Ouvistes que foi dito aos antigos: ‘Olho por olho e dente por dente’. Eu, porém, digo-vos: Não resistais ao homem mau. Mas se alguém te bater na face direita, oferece-lhe também a esquerda. Se alguém quiser levar-te ao tribunal, para ficar com a tua túnica, deixa-lhe também o manto. Se alguém te obrigar a acompanhá-lo durante uma milha, acompanha-o durante duas. Dá a quem te pedir e não voltes as costas a quem te pede emprestado. Ouvistes que foi dito: ‘Amarás o teu próximo e odiarás o teu inimigo’. Eu, porém, digo-vos: Amai os vossos inimigos e orai por aqueles que vos perseguem, para serdes filhos do vosso Pai que está nos Céus; pois Ele faz nascer o sol sobre bons e maus e chover sobre justos e injustos. Se amardes aqueles que vos amam, que recompensa tereis? Não fazem a mesma coisa os publicanos? E se saudardes apenas os vossos irmãos, que fazeis de extraordinário? Não o fazem também os pagãos? Portanto, sede perfeitos, como o vosso Pai celeste é perfeito».


Palavra da salvação

Congressos e convenções

por João-Afonso Machado, em 22.02.14

Foi intenso o fogo de artilharia entre o Coliseu de Lisboa e a Convenção de Gouveia. Mas muito desigual. Pela arte dos artilheiros e pelo próprio alcance das peças. Vendo bem: de um lado, um congresso unânime e a habilidade de o aproveitar para ressuscitar a apologética social-democrata contra as acusações de neo-liberalismo, tudo à mistura com a demonstração de alguns resultados que não merecem menosprezo; do outro, a clara aposta no ricochete, o inacreditável argumento de que o dito congresso era apenas um capote sob o qual o Governo fazia campanha eleitoral!

Como se sempre nunca tivesse sido assim, de todos não excluindo algum...

Dois aspectos parecem merecer destaque. O primeiro é que a navegação de Passos Coelho, muito embora tantas vezes claramente ao sabor do improviso, provavelmente é a menos má que conseguimos alcançar. O segundo suscita algum compadecimento: António José Seguro tem mesmo cara de quem melhor estaria (consigo próprio) se não fosse Oposição, antes um parceiro casualista. 

Mas de que margem poderá ele desfrutar, entalado entre a Esquerda a que insiste pertencer e o malandro António Costa que insiste, também, em não lhe dar tréguas? Só mesmo fugindo... E para onde, enquanto a política não lhe assegurar o tacho conforme a todos os desempregados políticos de emprego?

Orçamento do Cidadão

por Vasco Mina, em 22.02.14

O Governo disponibilizou, no seu site, o Orçamento do Cidadão. Trata-se de um trabalho que resulta de uma parceria entre o Governo e o Institute of Public Policy Thomas Jefferson-Correia da Serra, do Instituto Superior de Economia e Gestão (ISEG).  A responsabilidade técnica é do Governo pois os dados são os do Orçamento mas a componente pedagógica competiu ao think thank  de Paulo Trigo Pereira que é Professor de Economia no ISEG. Globalmente esta iniciativa visa tornar acessível, para a maioria dos cidadãos, a leitura das opções orçamentais do Governo que se inscrevem no OE. Apesar do atraso na publicação deste documento considero que se trata de um contributo positivo para a leitura da nossa realidade (seja do País seja da famílias) económica e financeira. Saliente-se que Paulo Trigo Pereira não é propriamente um apoiante da actual coligação governamental e ainda ontem deu uma entrevista ao Dinheiro Vivo com algumas críticas aos resultados das opções do Governo. Interessante seria também um trabalho semelhante para outras áreas como por exemplo a Dívida Pública e a Segurança Social.

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