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Evangelho segundo São Mateus
Quando Jesus ouviu dizer que João Baptista fora preso, retirou-Se para a Galileia. Deixou Nazaré e foi habitar em Cafarnaum, terra à beira-mar, no território de Zabulão e Neftali. Assim se cumpria o que o profeta Isaías anunciara, ao dizer: «Terra de Zabulão e terra de Neftali, estrada do mar, além do Jordão, Galileia dos gentios: o povo que vivia nas trevas viu uma grande luz; para aqueles que habitavam na sombria região da morte, uma luz se levantou». Desde então, Jesus começou a pregar: «Arrependei-vos, porque está próximo o reino dos Céus». Caminhando ao longo do mar da Galileia, viu dois irmãos: Simão, chamado Pedro, e seu irmão André, que lançavam as redes ao mar, pois eram pescadores. Disse-lhes Jesus: «Vinde e segui-Me e farei de vós pescadores de homens». Eles deixaram logo as redes e seguiram-n’O. Um pouco mais adiante, viu outros dois irmãos: Tiago, filho de Zebedeu, e seu irmão João, que estavam no barco, na companhia de seu pai Zebedeu, a consertar as redes. Jesus chamou-os e eles, deixando o barco e o pai, seguiram-n’O. Depois começou a percorrer toda a Galileia, ensinando nas sinagogas, proclamando o Evangelho do reino e curando todas as doenças e enfermidades entre o povo.
Da Bíblia Sagrada
Diz o ESP e o Público concede: a presidente do Brasil passa o fim de semana no Ritz de Lisboa, entre a cimeira de Davos e outra em Cuba. Portugal tem dezenas de milhares de brasileiros, que como nós vivem as dificuldades conhecidas, mas que esta senhora despreza soberbamente, virando-lhes a costa. Não me surpreende. Mas deixa a clara ideia de um poder político indiferente ao povo, onde quer que ele se encontre. Um SPA é muito mais agradável...
A exploração mediática da macabra tragédia do Meco ocorrida em Dezembro que ceifou a vida a seis jovens da universidade Lusófona trouxe para a ordem do dia a velha bandeira anti praxes, tradição das esquerdas academistas, que afinal não é mais que uma sua caprichosa exibição de moralismo serôdio. Se é verdade que tudo o que é tradição não é automaticamente bom, também não vislumbro uma perversão intrínseca no costume das praxes, ritual de integração grupal de comprovada eficiência com raízes profundas na Universidade de Coimbra, que como em qualquer prática humana pode degenerar em excessos – nenhum indivíduo poderá ser sujeito a tais jogos contra sua vontade. Até prova em contrário nada indica que algo parecido tenha sido a causa do fatídico evento. Finalmente, admitindo que a adolescência é um estágio algo imbecil da existência, posso-vos assegurar que de nada nos serve proibi-la.
Este unânime coro persecutório a que hoje assistimos pretendendo atribuir a responsabilidade da desgraça à malvadez das praxes (ou à falta de vigilância das praias o ano inteiro como a certa altura apareceu sugerido num jornal diário), incorre num erro de viciosa ingenuidade, como se o destino humano pudesse ser preventivamente manobrado por legislação. Tal como querer discutir tão lúgubre tragédia à luz da decadência do ensino universitário ou duma pretensa degenerescência das novas gerações académicas, procede dum profundo equívoco que desrespeita acima de tudo a memória das vítimas. Pretender aliviar a indignação e fugir à dor alimentando um qualquer bode expiatório é como ceder a uma superstição na linha da ancestral caça às bruxas.
A recente concessão do socialista François Hollande ao capitalismo tem um curioso paralelo no “brutal aumento de impostos“ que marcará de forma indelével a legislatura do liberal Passos Coelho: em ambos os casos a ideologia foi trucidada pela fatal realidade, a que se usa chamar "o centro”.
Pior do que a situação difícil em que ainda nos encontramos é ter uma oposição política que não existe ou que faz projeções falhadas quanto ao desempenho orçamental . Para que a memória nos recorde o que, a seu tempo, foi anunciado aqui vão as declarações, em Novembro passado, de um brilhante dirigente do PS: Portugal "terminará 2013 com um défice orçamental, sem medidas extraordinárias, muito próximo dos 6% do PIB”. Vale bem a pena ler as restantes declarações do mesmo dirigente do PS pois permite perceber a sustentabilidade política e económica da alternativa socialista.
Terminou em princípio de Janeiro uma das estações gastronomicamente mais interessantes na secção das frutas: a das laranjas novas. As laranjas novas são aquelas primeiras laranjas do ano, casca ainda com matizes esverdeados, polpa sumarenta e com poucas películas, sumarentas e de sabor forte e azedo, ao ponto de enviar alarmes pelos nervos gustativos e deixarem os dentes a ranger. Uma laranja nova às fatias, aspergida com um módico de açúcar, é uma experiência.
No entanto, a cada vez que, a partir de Novembro, pergunto por elas em lugares, supermercados, mini-mercados, lojinhas, a resposta gira, normalmente, em torno de alguma coisa como: «Ah, já ninguém quer isso! Ah, laranjas azedas para quê, maduras é que são boas!»
As laranjas azedas são como o porco alentejano. Pequeno, de carne com sabor levemente adstringente (da bolota), pouco gordo, o porco alentejano foi, durante anos, irradiado dos hábitos agrícolas e de consumo. Os produtores adoptaram aqueles hipopótamos cor-de-rosa que em Inglaterra passam por carne comestível, os comerciantes aplaudiram as toneladas de carne barata e insípida que passaram a facultar aos fregueses, e os fregueses pouco exigentes embarcaram por mau gosto ou poupança.
Foi preciso os espanhóis manterem-se fiéis ao porco alentejano e promoverem-no como produto de qualidade para que produtores, comerciantes e fregueses de Portugal voltassem às boas origens que nunca deviam ter abandonado. O porco alentejano chama-se agora «porco ibérico». Espero ver, com alguma tristeza, um regresso entusiástico às laranjas novas. Essas laranjas chamar-se-ão «naranjas tempranas» ou «primeras» e serão celebradas pela crítica como feliz novidade.
E espero (sem esperar muito) que como o porco, como a laranja, e como a moeda, também o tomate bom expulse o mau das prateleiras portuguesas. Bem sei que esta modernice de ter tomates todo o ano há-de ter os seus custos. O que já não compreendo é o desaparecimento, mesmo durante a época, dos tomates genuínos, aqueles que com uma pitada de sal fazem uma refeição fresca e memorável, e que são inteiramente estranhos aos objectos redondos e plastificados que os supermercados exibem e até bons restaurantes servem. Certo dia, em certo Agosto, em certa praça do Centro, perguntei a uma vendedora se por acaso tinha tomates coração-de-boi («daqueles malfeitões», disse eu, temendo não ser compreendido). «Ah, tenho uma caixa», respondeu. «Está aqui atrás escondida porque ninguém quer disso.» Tive sorte, dessa vez, mas poucas vezes depois disso.
Porco alentejano, laranjas novas, tomates com sabor, e recuperação de gosto antigos. Não é por isso mesmo que tantos livros de receitas chamam a atenção intitulando-se «da avó»? A recuperação dos sabores antigos (aquela sopa tremendista com pão e feijão-frade e enchidos, aquele bacalhau no forno, aquele lombo «ibérico» marinado em pimentão, aquelas perdizes a saber a caça enroladas em toucinho e apuradas com cebolinhas, aquele consomé trabalhosíssimo - e que tem que se fazer outra vez depois de prová-lo -, aquela canja com ovinhos mal formados, etc., etc.) é uma das grandes alegrias da cozinha e da vida. Pena que por vezes os géneros - lindos, inodoros e absolutamente insípidos - contrariem a tentativa.
American Hustle (Golpada Americana) é acima de tudo sobre o Amor como tábua de salvação num mundo louco, onde tudo é mais ou menos corrupto, desde as relações humanas (sentimentos) até às relações de poder (quer oficial, quer oficioso). O amor como força transcendente que ultrapassa a soma das partes. O filme é sobre o amor, em muitos sentidos. O realizador David Russell diz: “É sobre o romance entre Irving e Sydney, o breve romance que transcorre entre Richie e Sydney e o romance vacilante do casamento em declínio de Irving e Rosalyn". Em grande parte, o filme é também sobre as muitas maneiras através das quais nós enganamos o outro ou a nós mesmos. Quando se está preso a um emprego que odiamos ou a uma relação disfuncional, convencemos-nos que está tudo bem, de que vai ficar tudo bem. Todos nós temos que encontrar maneiras de sobreviver, porque é só o que podemos fazer. E é isso que os personagens fazem no filme. Depois é uma comédia brilhante porque todo aquele élan das personagens ao mesmo tempo seguras, auto-confiantes e complexas, nos puxa pelo riso. A acrescentar a isto tudo, a estética anos 70 e a música. A música é óptima. Para mim já ganhou.
Para cúmulo da infâmia e do descalabro —quem sabe, até do desespero — em que se meteram, Inês e Gilson desdobram-se em declarações falaciosas que bradam aos céus (mas parece não chegarem ao largo do Município e ao Intendente...).
Ela disse ao CM de ontem que tudo não passa de uma perseguição a «quem mais trabalha na Casa Fernando Pessoa» (não podendo ser ela, como é público e notório), supõe-se que seja Gilson, o que ofende a equipa da CFP e desde logo torna impraticável no futuro qualquer ambiente de trabalho digno desse nome!
Ele diz hoje ao DN que não houve ilicitude e que «foi convidado» a trabalhar na Casa pela directora executiva. A sra. Carmo Mota deve ter lido isto com uma incredulidade ofendida... Vai dizendo que a empresa é do Estoril mas ele, por «conveniência logística» — esse eufemismo numa época de transferências bancárias e recibos electrónicos — pediu a Inês, com quem há dias disse que «nada tinha a ver», que usasse a morada dela.
É absolutamente fundamental que diligências imediatas salvaguardem provas e que a imprensa não negligencie os trabalhos de GL a coberto de terceiros, como a WOP citada por Cerejo (e outras?).
A suspensão de funções de Inês Pedrosa deveria ser uma precaução imediata da CML, até que se apurem a sua gestão 2008-14.
Como esforço didáctico, vale a pena dar os 1,60 euros da edição de hoje do Público. A edição de hoje do Público é um caso exemplar do que um jornal sério não é.
Começa na manchete ressabiada, a rosnar que «sim, sim, o défice que dizíamos impossível afinal foi possível, mas isso é só porque...»
Penso, agoniado, o que seria hoje a manchete do Público no caso fatal de termos um governo mais da sua afeição: «Política de crescimento consegue pôr défice abaixo de 10%».
Depois, nas páginas 41 e 48-49 o Público entrega-se à campanha pró-despesa que presentemente entusiasma a esquerda: a Ciência e as bolsas. Com uma pequena chamada tipo RGA na 1.ª página (»Crato forçado ... a explicar») o Público publica na pág. 41 uma pecinha panfletária sobre a «chuva de críticas» ao governo de PCP, Bloco, PS e qualquer um que se proclame de esquerda.
Nas páginas 48 e 49, e sobre o mesmo tema, o Público publica um depoimento de Carlos Zorrinho, deputado do PS; um depoimento de Paulo Pisco, deputado do PS; um depoimento de João Caraça, identificado como Físico; e um ataque de capelinha a Rui Ramos por parte de Diogo Ramada Curto e rasteiras miudezas lá dele.
Em todo esse espaço, o Público resmungou muito, mas não deu um retrato objectivo nem da situação da ciência, nem dos orçamentos da ciência, nem do número e situação dos bolseiros; nem um quadro geral da situação; nem uma aferição com outros países; nem um número; nem um facto. Nada. Só bilis e tiros para o ar.
Cruelmente para o Público, José Manuel Fernandes faz na página 46 da mesma edição, na sua crónica semanal, o exaustivo trabalho jornalístico que o Público deixou inteiramente por fazer, contando a evolução no domínio científico desde 2008 até hoje, e retratando a actualidade com dados e números colhidos em fontes críveis.
O Público desinforma, um colunista semanal informa. No Público há-de ser isso o «contraditório».
PS: A coluna de Vasco Pulido Valente, sobre «A tradição» de inanidade da esquerda não vem aqui a propósito. Há muito que as colunas de VPV enchem de ridículo os conteúdos enviesados do pasquim.
Acompanhar as novidades tecnológicas, modas e mentalidades, é pela vida fora, um duro desafio que os nossos filhos não nos poupam, instigando-nos, extremosos paizinhos, a nos manter atentos e desinstalados. Ora acontece que a mais recente moda que seduz a pequenada é para mim absolutamente espantosa: falo-vos dos Trash packs, uma interminável colecção de pequenos bonecos de borracha gelatinosa, representando toda a sorte de imundícies, dejectos e bichezas que vivem num caixote de lixo. Com olhos e boca, estas assombrosas figuras com cerca de dois centímetros são vendidos aos pares dentro de minúsculos caixotes de lixo de plástico “surpresa” que custam quase cinco euros cada. Ao que julgo perceber a moda pegou fanática em alguns meios e países, para tal contribuindo as centenas de variedades Trashies que se organizam em diferentes “gangs”, como o de comida podre, insectos, embalagens etc., disponibilizando o fabricante “edições limitadas” sendo a mais rara uma espécie que brilha no escuro. Numa consulta de internet, ficamos a saber que “a série” está difundida em jogos electrónicos, desenhos animados, cromos coleccionáveis e banda desenhada.
Na sequência da revolução juvenil “Sexo, Drogas e Rock n’ roll” encetada pela minha geração, já nos tínhamos apercebido que poucas barreiras estéticas seriam poupadas pela adolescentocracia instaurada. É assim que temos que aceitar com naturalidade que enquanto a generalidade desses que são hoje paizinhos se habituaram a consumir com gáudio tanto horror e vulgaridade, os seus filhos sejam atraídos pelo fascinante microcosmos que é um contendor de lixo orgânico. Porque não?
Esta oposição é uma anedota e nem se dá conta do ridículo em que cai. Sempre que este Governo tentou diminuir a despesa estrutural do Estado, a oposição insurgiu-se, criticou, foi contra, mandou para o Tribunal Constitucional e festejou efusivamente quando este proibiu o Governo de fazer esses cortes na despesa.
Este Governo conseguiu duas coisas extraordinárias. A primeira, desde logo, foi uma correcta execução orçamental. Nunca percebi a pouca ou reduzida relevância que os políticos e a comunicação social dão à execução orçamental, por oposição à exposição mediática que dão ao circo da discussão orçamental. A meu ver, a execução orçamental é muito mais importante do que a discussão do orçamento.
A segunda, que ninguém esperava, foi ter cumprido as metas negociadas do défice.
Mas a oposição, desnorteada por completo, veio agora criticar esse cumprimento por se dever essencialmente ao aumento brutal da receita pelos impostos igualmente brutais.
Concordo, mas em que ficamos?!? É que foi exactamente a oposição (e não eu) quem lutou e continua a lutar contra a diminuição da despesa do Estado! E depois ainda se queixa de os portugueses não a levarem a sério: mas como poderiam os portugueses levar a sério tão ziguezagueante e incredível oposição?
Lembrarei sempre essa ida ao mar deixada em terra. A promessa e o sonho. As fotografias que não tirei a bordo, a praia um formigueiro lá longe... E as redes lançadas às águas, a dureza do remar. Não havia que duvidar: o arrais garantira lugar, a tarde inteira enchia-se de azul e do sono das ondas.
Por isso a conversa prosseguiu no areal, a corvina imensa, ainda com laivos de vida... E esta minha mania de ver e explicar o que vejo... Acordou-me o brado dos homens mais a norte, o barco galgara já a rebentação!
A corvina, o meu entusiasmo, a voz de então junto de mim. E a minha distracção: longe iam os tempos dos bois e da força braçal. Tudo fazem os tractores hoje em dia. E os motores à ré. Perdi o embarque, o arrais enrubescia de pressa. Aliás, como o mundo em geral. Esvai-se no tropel o suave sabor da saudade.
E para acabar de vez com a gestão delirante (e não só, como ontem se soube melhor) de Inês Pedrosa na Casa Fernando Pessoa, atente-se devidamente no projecto de publicar uma revista pessoana impressa, cujo n.º 1 ainda não vi em nenhuma livraria.
A Fundação Saramago instituiu, e muito bem, uma revista digital cuja acessibilidade universal e imediata (além de ser gratuita!!) lhe permite alcançar a plenitude dos seus desígnios editoriais e culturais, além de manter uma periodicidade MENSAL que é uma vantagem enorme. Blimunda vai já em 20 números. É exemplar, e digo-o com a mesma franqueza com que abomino a obra e a política de JS. Certamente tem custos, mas serão poucos se comparados com o mesmo projecto em papel.
Há dois anos, os melhores pessoanos reunidos em torno de Jerónimo Pizarro criaram uma revista internacional em linha, Pessoa Plural, que sai duas vezes ao ano e é riquíssima de estudos recentes, documentos e facsímiles, etc. Há tempos, sugeri-lhe mesmo que passassem, a ter audio, divulgando leituras famosas de poemas de FP, que só se encontram em velhos discos de vinil.
São as potencialidades do online investidas num projecto editorial de acesso universal, imediato e gratuito, em prol do conhecimento da obra de Fernando Pessoa.
A internacionalização, a precaridade dos fundos em livraria, a democratização do acesso, tudo isso e mais aconselham a uma publicação online da Casa Fernando Pessoa — mas o papel, muito mais oneroso, é também mais dado ao jogo dos favorecimentos e dos proveitos ilícitos, e o facto de Gilson Lopes (que não tem obra de imprensa reconhecida que o coloque em posição especial para o fazer) aparecer como seu designer, demonstra tão-só uma vontade de criar algo que o favoreça e lhe dê maior campo de trabalho e de cobranças.
É simpático (amoroso até, vá lá...), mas não serve a gestão de uma instituição pública de cultura, nem um propósito de levar além a obra do Poeta!!!
E IP quis impor esse projecto aproveitando a ocasião do congresso internacional, onde julgava poder obter respaldo crítico para uma iniciativa errada e de fins duvidosos.
qntcqtc !
A tormenta dos bancos continua. Depois de todos os testes de stress; das análises que os reguladores fizeram no ano passado às suas carteiras de crédito e que os obrigaram a reforçar imparidades que consumiram o capital; depois das regras da EBA que os obrigou a contabilizar a carteira de dívida soberana ao valor de mercado e que forçou à presença temporária do Estado no capital; os bancos enfrentam agora mais dois monstros. Um é o Asset Quality Review que o BCE está a fazer aos seus balanços, o outro é a barreira política à conversão dos seus activos por impostos diferidos em créditos fiscais.
Vejamos: os bancos em Espanha e Itália passaram a contabilizar os activos de impostos diferidos (impostos recuperáveis no futuro porque existem diferenças entre a normas contabilísticas usadas e as regras fiscais) como créditos fiscais. Isto fez com que deixassem de pesar nos rácios de solvabilidade. Libertando os rácios, e livrando os bancos de novas necessidades de capital.
Os bancos portugueses nem queriam acreditar. Tradicionalmente curtos em capital, viram nesta autorização contabilística um porto seguro para evitar pedir mais dinheiro aos seus accionistas. Durante semanas os bancos beneficaram da expectativa de virem a transformar os activos por impostos diferidos em créditos fiscais.
Deixem-me tentar explicar:
As novas regras de contabilidade de Basileia III obrigam os bancos a deduzir aos fundos próprios os activos por impostos diferidos que foram acumulando, apenas podendo contabilizar como capital aqueles em que haja a garantia quase total da sua utilização ou que tenham um valor económico igual ao seu valor contabilístico. Isto é, os impostos recuperáveis diferidos eram inscritos no balanço como um activo e assim ajudavam a compor o rácio de capital dos bancos, mas as novas regras exigem que estes sejam deduzidos ao capital dos bancos a menos que exista uma certeza quase absoluta da sua concretização, e que estejam bem avaliados.
A conversão desses activos por impostos diferidos em crédito fiscal (uma vez que na realidade é disso que se trata, pois que os bancos passam em teoria a poder deduzir estes créditos no pagamento de IRC, o que só aconteceria quando regressassem aos lucros) contornava esta obrigação que tanto angustia os bancos portugueses.
A maioria dos bancos ainda está agora a levantar a cabeça (através de cortes fortes de custos) para reembolsar a ajuda do Estado. E o BES ainda está a inventar formas de libertar capital de maneira a manter-se à tona da água sem que o Estado, essa entidade que no passado os roubou, regresse ao capital do banco da família Espírito Santo.
Mas se Espanha e Itália não hesitaram em ajudar os seus bancos, em Portugal o Estado é pobre e as receitas mal chegam para cumprir as metas assumidas com a troika, pelo que não há margem para assumir os créditos fiscais no défice.
Já explico. Não sem antes lembrar que isso mesmo já foi dito numa reunião, em Dezembro, pela Ministra das Finanças Maria Luís de Albuquerque aos presidentes dos principais bancos portugueses. Maria Luís Albuquerque explicou que as contas públicas não suportam a solução proposta pelos bancos, de transformar os activos por impostos diferidos em créditos fiscais, à semelhança do que foi feito em Espanha, pelo que não será autorizado, a menos que entretanto o Eurostat imponha. A posição do Governo tem que ver com as novas regras de contabilidade pública, que entram em vigor a 1 de Setembro e que obrigam o Estado a registar no défice e na dívida todos os créditos fiscais.
Os banqueiros não gostaram. Sem uma solução que evite a 'quebra' dos fundos próprios, há o risco de alguns bancos terem de fazer novos aumentos de capital e poderão mesmo ter de pedir mais dinheiro ao Estado.
Para o BES poderá mesmo ser a pedra de toque que o empurrará para os braços do Estado, que é tudo o que a família Espírito Santo não quer. Ricardo Salgado tudo fará para que o seu último mandato à frente do banco que reconstruiu dos escombros da nacionalização, não fique marcado pelo regresso do BES às mãos do Estado, ainda que com as actuais nuances de ser uma "nacionalização meramente temporária". Seria sem dúvida irónico que assim fosse.
Tendo em conta os dados do final de Junho, os cinco maiores bancos nacionais tinham registados 4.921 milhões em activos por impostos diferidos, dos quais mais de metade resultaram da constituição de provisões e imparidades para crédito. Ou seja, só os maiores bancos poderão ter de abater aos fundos próprios mais de 2.500 milhões.
O BCP tinha 1.854 milhões em activos por impostos diferidos a 30 de Junho resultantes, sobretudo, do registo de imparidades e provisões, das perdas relacionadas com a transferência do fundo de pensões para o Estado e com prejuízos fiscais. Já na CGD, os créditos fiscais de 1.287 milhões resultam, sobretudo, de provisões e imparidades.
Nos restantes grandes bancos a dimensão dos impostos por activos diferidos é menor: o Banco Espírito Santo acumulava 763 milhões no final de Junho, o BPI 496 milhões e o Santander Totta 520 milhões.
Serão estes montantes que os bancos terão de abater aos fundos próprios a partir de Janeiro, caso o Governo não contorne a obrigação imposta pelas exigências europeias de capital.
Se a alteração defendida pelos bancos fosse aceite os quase 6,6 mil milhões de euros acumulados em impostos diferidos pelos bancos nacionais teriam de ser retirados dos rácios de capital, o que duplicaria o défice orçamental quando o Governo tem de o reduzir para a meta de 4% acordada com a “troika” este ano.
Essa medida adoptada em Espanha (ainda que aqui o Governo tenha optado por reconhecer apenas 60% dos activos por impostos diferidos no défice), em Portugal implicaria um aumento dos desequilíbrios das contas públicas numa altura já complicada, pois a mudança nas regras de contabilidade a nível europeu vão obrigar Portugal a reconhecer na sua dívida pública mais quase 10% do PIB em contas de empresas fora do perímetro das Administrações Públicas, e levar a dívida pública para cada vez mais perto do limiar dos 140% do PIB (incluindo a almofada de segurança).
Mas a banca não se rende. A Associação Portuguesa de Bancos e o Governo continuam a discutir soluções para que os bancos não sintam uma quebra na solidez dos seus rácios de capital com os novos regulamentos contabilísticos europeus.
Afirma o Público que o Plano Nacional para a Igualdade, agora publicado em Diário da República, defende uma «linguagem inclusiva» e dá exemplo de algumas expressões correctas da mesma, como «trabalhadores e trabalhadoras estrangeiras», em vez do presumivelmente marialva «trabalhadores estrangeiros», ou como «pais e mães» em vez do «pais» alegadamente machista.
Ora, isto sim é serviço Público, ou seja, um alerta a tempo para que os homossexuais potencialmente co-adoptantes protestem: o Plano para a Igualdade quer tramar-vos!
Ainda sobre a coadopção (todos sabem de quem e por quem) li de mais um intelectual de bancada, dos muitíssimos que pululam por aí, um comentário verdadeiramente extraordinário, capaz até de me tirar do silêncio que esta temática me merece.
Sustentava o aludido erudito (em resposta exaltada a alguém que se pronunciara contra), se duas mulheres partilhassem a mesma casa por meras razões de economia de vida, ninguém veria mal em terem com elas crianças; mas envolvendo a dita convivência cama (sic), já para esta trupe de fariseus - a que eu também pertenço, claro, - a maternidade pretendida se afigura escandalosa!
Evidentemente, com gente assim inteligente, a menos idiota ideia é não contrargumentar e deixar correr.
Evidentemente, também, o referendo votado pelo PSD é uma tolice. A coadopção vai conseguir a maioria e o mais é perda de tempo e dinheiro.
Evidentemente, enfim, a coadopção almeja sobretudo o degrau superior da escadaria que os "não homofóbicos"vem subindo, esse degrau onde aguardam (já não sentados...) a adopção plena por casais homossexuais.
Sendo tudo apenas possivel devido ao paupérrimo nível cultural, bem evidenciado pelo pensador acima referido, e à tosca ideia de modernidade característica da malta fixe que são a maioria dos portugueses.
Portanto o melhor é não fazer ondas. Dar a rédea toda ao legislador e à sua reverência face ao activismo do lobby gay. Deixemos a geração ora criança crescer e demonstrar os resultados dessas manigâncias.
Dirão que será uma geração sacrificada aos caprichos da cruzada gay. Pois será. Ta qual o foram outras gerações de crianças, no Vietname, em Angola, no Afeganistão, na ex-Jugoslávia, na Síria... O mundo é isso, é o que os homens fazem dele.
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