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Parabéns à Comissão Nacional de Eleições: conseguiu pela sua acção contrariar o processo democrático das eleições autárquicas e foi superiormente bem sucedida pela sua inacção em garantir o pior funcionamento possível do processo. A CNE triunfou absolutamente ao proibir e invabilizar todo o debate político útil sobre as candidaturas realmente relevantes. Triunfou ainda em incompetência no terreno: com um site que não suporta tráfego e um «portal do eleitor» sem informação útil alguma, somados à total incúria na sinalização dos locais de voto (em constante mudança e, muitos deles, praticamente clandestinos), a CNE pode vangloriar-se da sua contribuição decisiva para um recorde abstencionista.
Parabéns também aos cultores da contradição extrema, que continuarão a criticar a CNE por se pear com legislação perniciosa e arcaica, mas são incapazes de vislumbrar as semelhanças com um Tribunal Constitucional que faz o mesmo.
A Sic descobriu às 20 horas que «PS esmaga PSD» nas eleições autárquicas de ontem. Depois, num acesso de excitação onanista, o autor do texto descobriu ainda que a derrota do PSD é«muito pantanosa», numa muito pessoal e esperançosa referência do tipo «topas?» ao pântano que nos livrou de Guterres.
É uma informação enviesada, inexacta, e caracteristicamente ridícula. Mas esta é a informação com que o Dr. Balsemão se satisfaz hoje em dia nos orgãos de informação que tutela (sobretudo desde os meticulosos saneamentos de não-socialistas dos tempos de Guterres e Jorge Coelho, que Balsemão tão bem conhece, mas prefere dar a entender que não regista).
Entendamo-nos: o PS ganhou em termos de número de votos e de câmaras. E, de resto, teve dissabores.
Depois de 2 anos de dificuldades económicas e austeridade, o PS não consegue mais que 3% de diferença em relação à coligação governamental - e apenas na circunstância dificilmente nacionalizável de umas eleições autárquicas. Mais, o PS perde para a coligação governamental em capitais de distrito. Para os comentadores que (em caso de vitórias do PSD) se centram muito na importância do eleitorado urbano, com desvalorização da massa rural e ignota, eis matéria para meditações novas.
Há, porém dois casos que para mim são fonte de grande esperança no futuro: Porto e Oeiras.O Porto significa, para mim, que para as elites trabalhadoras de Portugal (a expressão é intencional e verdadeira) o PS deixou de ter importância, e deixaram de ter importância com ele o mundo de interesses e demagogia que abarca mais que um único partido do centro. Oeiras significa para mim que a população jovem activa (Oeiras é o concelho mais jovem do país) está para além das vãs promessas socialistas de políticas «para as pessoas» e escapou ao redil partidário em benefício do mérito e da obra.
E Lisboa? Lisboa tem o mero relevo de contribuir para a continuação do desassossego intestino socialista, e, de resto, não tem importância nenhuma. Lisboa é hoje, durante o dia, o dinamismo de quem dali saiu e ali arriba, vindo de fora. E é, de noite e aos fins de semana, maioritariamente uma colecção incaracterística de despaisados, gente impressionável cultural e politicamente, restaurantes e serviços de bom nível, e uns quantos progressistas da moda -- gente que ouve sem um estremecimento o seu (adequadamente seu, deles) presidente da Câmara gabar-se de ter feito obra a contra corrente do governo com os mais de 300 milhões que obteve por via de uma manobra administrativo-contabilística sobre os terrenos do aeroporto.
De resto, cá continuaremos a interrogar-nos sobre que motivos inconfessáveis e que critério desproporcionado levarão a que um partidozeco inexistente -- cheio de presunção e farronca, mas nulo em soluções políticas, culturais ou económicas -- continua a merecer tantas horas de atenção, antena e reverência por parte dos que suporíamos jornalistas.
Curiosa coisa: AVS, o editor de Valter Hugo Mãe de há poucos anos (que por causa dum comentário meu a um embuste patético do divo em Paraty, pretendeu insultar-me), lançou há dias um «romance» duma actriz pornô (com o qual espera enriquecer). É esclarecedor ver até que extremo certas figuras levam o seu «critério» editorial, mas mais interessante ainda seria confrontar os seus dois autores de eleição depois da frase estapafúrdia e «atacada» de VHM. A sala de estar dessa pseudo Divina Comédia serviria às mil maravilhas a esse edificante propósito!!
Na sequência dos resultados eleitorais de ontem da lista independente para a Câmara Municipal do Porto, é com gosto que recordamos a entrevista a Rui Moreira feita pelo Duarte Calvão e por mim há pouco mais de um ano para o Correio Real nº 8, aqui.
O caminho do bem e da felicidade seguem, poucas vezes, na mesma direção... Um dos sofrimentos de quem persegue o bem é o de constatar, tantas vezes, a alegria triunfante de quem procede mal.
A felicidade não é um sonho nem uma tentação. Não é impossível, mas imprescindível. Não é um prémio de produtividade nem uma recompensa por obediência... Não se trata de um prazer ou de uma alegria comum, mas de algo bem mais fundo, não passageiro. Será um dom que aumenta com cada gesto bom.
Esta bem-aventurança não é um estado em que se esquece tudo o resto... revela-se, sim, em cada vida plena, na qual cada pedaço tem rumo, significado e valor. Não é uma existência extraordinária, mas aquela onde o sujeito vive, vivida de forma humilde, grata e concentrada no essencial: o amor. Abraçando da mesma forma as alegrias e os sofrimentos, como pilares fundamentais da vida neste tempo... que é parte de um outro tempo, maior... o Eterno.
A ideia de felicidade remete-nos para algo que extravasa um limite pré-determinado, assim, só somos felicidade quando as nossas expectativas são superadas. Mas, não se pense que a única variável a ter em conta é a da generosidade do mundo e dos outros... afinal, uma das formas que temos para ser felizes é a de reduzirmos os nossos desejos... a maldição da infelicidade, nos dias de hoje, deve-se mais à multiplicação das ganâncias do que a qualquer outra pobreza. Quantas vezes a obtenção daquilo que se desejava traz apenas uma angústia ainda mais infeliz?
A felicidade é considerada como algo excessivo... é raro aparecer numa página de jornal ou num qualquer programa de televisão... aí apenas há espaço para as tristezas e alegrias efémeras, e quando aparece alguém feliz é tomado como louco, ingénuo ou ridículo... alguém que se rendeu a um devaneio piegas e que não tem sequer noção do mundo em que vive...
Há muitos neste mundo que se resignam a ser definitivamente infelizes, mas também há quem perceba que se pode construir uma vida do outro mundo aqui, por entre frustrações e fracassos, guerras e dores.
Mais do que esperar passivamente que a felicidade nos chegue à vida, é possível que cada homem, à sua maneira, se torne protagonista e consiga ser a felicidade que abraça a própria vida.
Ninguém tem direito à felicidade, apenas o dever de ser digno dela através do amor. Por entre mil sofrimentos, amar é sentir o céu no coração. Sempre que alguém leva aos outros motivo de alegria verdadeira a sua ação é virtuosa e, portanto, feliz. Por entre mil sofrimentos...
Bem longe dos medos existe uma dimensão onde os nossos frutos podem tocar as nossas raízes. Aí há paz, e é essa paz que permite que possamos, amando, construir o nosso ser a partir do nada. Sim, sem amor, nunca seremos mais que pó.
Amar não é ser feliz – é construir um caminho daqui para o céu.
Livro Filosofias
Foi lançado na passada sexta-feira o livro Filosofias, sob a minha autoria e com as ilustrações (a cores!) do Carlos Ribeiro em todas as 79 reflexões escolhidas... esta obra é uma honra pela qual me sinto grato a cada um dos leitores das minhas crónicas. Obrigado a si.
(publicado no jornal i - 28 de setembro de 2013)
ilustração de Carlos Ribeiro
Os 120 anos foram o máximo, o Porto ganhou e Rui Moreira também. Que fim-de-semana memorável….
- Em Lisboa a abstenção rondou os 55%. Em Cascais, o meu município, a abstenção "venceu" com 62%.. Um muito lamentável sinal dos tempos do qual urge tirarem-se ilações.
- O pândego do António Costa se se abstiver de disputar as aspirações de Seguro tem o tapete vermelho para a se bambolear dez anos como presidente da república. Ai apagada e vil tristeza, Pátria minha.
- De pouco serviu um mês de holofotes e generoso patrocínio mediático sobre João Semedo e Catarina Martins em Lisboa, a reclamarem uma "leitura nacional" para os resultados autárquicos. Pois aí está a "leitura nacional": o Bloco de Esquerda desapareceu do mapa, representa pouco mais de 2,5% do eleitorado.
- Uma "leitura nacional" por certo também não interessará nada a António José Seguro. Dois anos de severa austeridade e duma tremenda inabilidade na gestão dos candidaturas autárquicas de Lisboa Porto ou Sintra por parte do PSD, o Partido Socialista não se destaca eleitoralmente como alternativa ao governo de Passos Coelho.
A Esquerda e a Direita. Ou o PS vs. PSD? Sócrates não sabe ou não quer saber. E entrou a matar no comentário onde, malfadadamente, continua na RTP1. Nem os esforços de Morais Sarmento, para que siga uma linha coerente de discurso, surtem qualquer efeito. O alvo a abater é o PSD e os cidadãos, por este andar, vêem entrar em sua casa um enorme nariz, oriundo do lado de lá do ecrã televisivo.
Sócrates não gosta do PSD? Porreiro, pá. Mas daí a ocultar a verdade... A verdade é que o PS (ou melhor: a Esquerda, mesmo a basiliana) perdeu no mais populoso concelho do País - Sintra. E perdeu na segunda cidade nossa - no Porto. E talvez perca na terceira - Braga.
E perdeu em V. N. de Famalicão, onde a coligação de Direita alcançou a maioria absoluta.
E em Ponte de Lima, para o CDS.
E...
Sócrates: estamos todos fartos da crise. Estamos, também, fartos do PS, o importador da crise. E, sobretudo, estamos todos fartos de tanta mentira socratina.
Quem não gosta de eleições e enquanto não chega o Messias, pode sempre ir viver para a Coreia do Norte para o Zimbábue ou para Cuba.
Para dormir descansado, só me falta a confirmação que Basílio Horta não ganha Sintra. Tudo resto era expectável, o poder por estes dias de chumbo queima, é de corrosão rápida, e o PS não consegue tirar dividendos disso.
Vão lá muitos anos, era ainda o tempo dos estudos universitários. Num qualquer aperto para chegar a Santa Apolónia e apanhar o célebre "correio", em que se dormia a noite toda de pé, encostado aos varões das janelas, chamei um taxi e pedi velocidade. Já não sei em que ponto, o condutor, irritado com a lesma que seguia à frente, vociferou contra os seus prováveis 60 anos, de «pés para a cova» e ainda naquelas andanças...
Lembrei-lhe apenas que haviamos de lá chegar - aos 60 - e o que sentiriamos então. O homem constatou a realidade mais certa que temos pela frente - a inexorabilidade do tempo - e resignou-se, como também eu admitia o risco de um comboio perdido.
Volvidas três décadas e meia, que será feito dele? Os 60, alcançou-os há muito; e a fumar daquela maneira... algo me diz jaz algures na eternidade das suas convicções, para mim desconhecidas, e do anonimato próprio de qualquer mundo de milhões.
Essa a maior diferença, entre uma Lisboa repleta como um formigueiro e a provincia a que pertenço, onde todos vão sabendo das desventuras de todos, e a vida se encarregaria de me cruzar com o dito taxista outra e outra vez. Esse o fascínio das grandes metrópoles, de que Lisboa será caso ímpar entre nós: a imensidão, os caprichos do acaso, um perpétuo Passado que acaba ali mesmo, naquele instante de que somente restou a memória.
Depois da Faculdade sucederam-se anos de ausência; outros de pândega; uns tantos de deslocações de trabalho; e uma passagem para esquecer, mescla de pretensões literárias e burguesas preocupações financeiras. Com alguns bons momentos turisticos de permeio.
Assim seja Lisboa: a imensidão das mil e uma fotografias, os amigos e amigas adaptadas ao seu infernal trânsito. Uma visita, quantos percursos de exploração. A renovada sensação do desconhecido, sucedâneo de outras descolagens, para remotos destinos, do avião.
Parto amanhã já com programa para uns dias...
Evangelho segundo São Lucas
Naquele tempo, disse Jesus aos fariseus: «Havia um homem rico, que se vestia de púrpura e linho fino e se banqueteava esplendidamente todos os dias. Um pobre, chamado Lázaro, jazia junto do seu portão, coberto de chagas. Bem desejava saciar-se do que caía da mesa do rico, mas até os cães vinham lamber-lhe as chagas. Ora sucedeu que o pobre morreu e foi colocado pelos Anjos ao lado de Abraão. Morreu também o rico e foi sepultado. Na mansão dos mortos, estando em tormentos, levantou os olhos e viu Abraão com Lázaro a seu lado. Então ergueu a voz e disse: ‘Pai Abraão, tem compaixão de mim. Envia Lázaro, para que molhe em água a ponta do dedo e me refresque a língua, porque estou atormentado nestas chamas’. Abraão respondeu-lhe: ‘Filho, lembra-te que recebeste os teus bens em vida e Lázaro apenas os males. Por isso, agora ele encontra-se aqui consolado, enquanto tu és atormentado. Além disso, há entre nós e vós um grande abismo, de modo que se alguém quisesse passar daqui para junto de vós, ou daí para junto de nós, não poderia fazê-lo’. O rico insistiu: ‘Então peço-te, ó pai, que mandes Lázaro à minha casa paterna – pois tenho cinco irmãos – para que os previna, a fim de que não venham também para este lugar de tormento’. Disse-lhe Abraão: ‘Eles têm Moisés e os Profetas: que os oiçam’. Mas ele insistiu: ‘Não, pai Abraão. Se algum dos mortos for ter com eles, arrepender-se-ão’. Abraão respondeu-lhe: ‘Se não dão ouvidos a Moisés nem aos Profetas, também não se deixarão convencer, se alguém ressuscitar dos mortos’».
Da Bíblia Sagrada
“Muitos estão prontos a ‘rasgarem as vestes’, diante de escândalos e injustiças – naturalmente cometidos por outros -, mas poucos parecem dispostos a actuar sobre o seu coração, a sua consciência e as próprias intenções (…)”
Bento XVI
Talvez inspirado pelo instinto de sobrevivência, admito que sou um cândido optimista, mas o facto é que me perturbou a notícia de que Lisboa ganhou recentemente o título de cidade menos honesta: tal foi o resultado do teste feito pela Reader’s Digest em 16 cidades onde os seus repórteres andaram a “perder” carteiras em "parques, centros comerciais e passeios” recheadas com dinheiro e documentação suficiente para poderem ser devolvidas. Pois então, se em Helsínquia onze das doze carteiras foram devolvidas, em Lisboa apenas uma logrou tal destino! E não me venham cá com argumentos economicistas, justificando a desonestidade com a diferença do PIB entre as cidades, porque em Bombaim, na Índia, foram devolvidas 9 em 12.
Enfim, quem ouve nos cafés ou redes sociais os protestos contra a desonestidade dos governantes e corrupção dos políticos, quase chega a acreditar num país dividido entre uma virtuosa sociedade civil e uns quantos criminosos que se decidiram por uma carreira pública ou simplesmente pela militância partidária, que se concentram particularmente nos corredores dos tribunais, ministérios e no hemiciclo de S. Bento. Mas não, pela minha parte eu não necessitava duma brincadeira destas para acreditar no pior dos diagnósticos: o maior problema de Lisboa e de Portugal é colectivo, somos nós os portugueses e o nosso transversal grau de incivilidade e sentido de honra.
Vou lendo e ouvindo, com um encanto bastante entristecido, a revolta e as críticas da comunicação social contra a lei e a interpretação da lei feita pela CNE, as quais, em nome da «igualdade», impediram eficazmente um mínimo de cobertura e debate democrático na campanha eleitoral autárquica. Ricardo Costa lembra mesmo, no Expresso, que a igualdade não é um valor absoluto nem matemático, e que ela produz disparates como este que sofremos.
É verdade que a santa corporação jornalística é mais perspicaz e reage melhor quando os males lhe tocam em casa. De qualquer forma, eu, que tenho a liberdade em muito maior conta do que a igualdade que vejo incensar tantas vezes, espero agora (no entanto sem grande esperança) que estes mesmos que protestaram e se indignaram, protestem e se indignem com o mesmo conceito paralisante de «igualdade» que vai afundando o país, mas que é o da bafienta Constituição e dos perniciosos juízes do TC.
A actual maioria, quando na oposição, acolheu a enchente de aflições como um simples meio para despejar o governo anterior, e o mesmo fazem as oposições de hoje, fingindo que a crise resulta única e exclusivamente destes ministros e da sua filosofia. A partir daí as oposições estão condenadas a celebrar as más notícias. Porque cada aumento do desemprego ou cada subida dos juros da dívida é, ao mesmo tempo, prova de iniquidade governativa e prenúncio de mudança. Se tudo continuar mal, tudo acabará bem: o governo será substituído e as suas políticas também (…)
Portugal não passa por uma crise de alternância, mas por uma crise de regime. (…) Sem o ajustamento, socialismo ou liberalismo em Portugal pouco mais serão do que retóricas sem consequências, porque, sob a ditadura das circunstâncias, os socialistas hão-de privatizar o Estado e os liberais expropriar os privados.
Rui Ramos no Expresso
Ao ler no Expresso esta notícia: O FMI sugere eurobonds e seguro europeu de desemprego
Uma equipa do Fundo propõe um guia para mais integração orçamental e esquemas de partilha do risco na zona euro face ao custo enorme que as soluções avulsas e a austeridade trouxeram.
Lembrei-me que até hoje ninguém assumiu politicamente, dentro da zona euro, que cada Estado tem um risco próprio e que a moeda única é menos única do que se pretendia. Não há um risco euro, há um risco Alemanha, um risco Grécia, um risco Portugal... O tempo em que todos se financiavam com risco Alemanha acabou, por causa do default da Grécia, e da falência técnica de países como a Irlanda e Portugal. Mas politicamente ninguém assume isto. Essa diferença de risco é feita pelos mercados, através da taxa de juro das dividas soberanas, atraves das yields das OT. Por isso quando oiço falar em Eurobonds desconfio. Se Portugal emitir eurobonds, quem paga se não conseguir equilibrar as contas públicas? As eurobonds endividam quem? A Europa como um todo ou apenas um país membro que as emita?
O que acontece ao juros das Eurobonds se os gregos derraparem o déficit? Quererá a Alemanha ver os juros da sua emissão subirem só porque os gregos são preguiçosos e desregrados e os Portuguese desnorteados?
Aguentará a Europa tanta solidariedade?
Anda muita gente iluste, muitos comentadores, muitos jornalistas, muitos políticos incomodados com o facto de Pedro Passos Coelho ter falado da terrível possibilidade de um 2.º programa de resgate para Portugal. Esse incómodo, essa irritação, é um triste retrato das nossas elites, dos nossos formadores de opinião, da nossa comunicação social, da nossa vida política.
É como zangarmo-nos com alguém que nos avisa dos riscos de ficar parado no meio da rua quando o autocarro vem direito a nós (quando seria tão mais agradável falar dos direitos dos peões).
Acontece que Passos Coelho advertiu sobre um risco iminente, e pouco interessa se o apontou ao Tribunal Constitucional. Portugal está em risco - e em risco crescente - de ter que pedir um 2.º programa de resgate. E esse programa seria mais duro, mais categórico, mais concedido como imposição. A esse programa não poderia resistir esse campeão do imobilismo que é o Tribunal Constitucional, nem esse cadáver de tempos pré-ditatoriais que é a Constituição, nem essa múmia sem ideário que é hoje o Partido Socialista, o qual teria que o subscrever (e, provavelmente, aplicá-lo).
Claro que há sempre uma outra solução: sair do euro. É a solução da irresponsabilidade dos socratistas, de um ou outro socialista chique e dos Seguros quando em campanha; é a solução dos que dizem que agora é que temos um «pacto de agressão». As brutais revelações que iriam ter...
A saída do euro, dizem uns, libertar-nos-ia da austeridade e colocar-nos-ia no caminho do «crechimento». A saída do euro, dizem outros, provocaria uma desvalorização do «novo escudo» que nos reconquistaria a competitividade. Mas são mentiras ululantes. A saída do euro provocaria uma desvalorização interna que bem poderia ultrapassar os 30%, beneficiando as exportações (que aliás, é o que está a contecer agora com a tímida desvalorização interna), mas colocando as importações 30% mais caras. E a dívida externa (denominada em euros, como é a maioria da dívida portuguesa) teria também um aumento instantâneo de 30%. Os 120% do PIB haveriam de parecer uma brincadeira sustentável.
Seguir-se-iam, provavelmente, o incumprimento, a ruína do sistema bancário (dos seus depósitos e poupanças, sim),o fecho dos mercados e do crédito, a miséria, e uma austeridade que haveria de fazer a austeridade de hoje parecer uma brincadeira muito suportável. E talvez até - à moda da América do Sul de esquerda tão incensada - o confisco de contas e bens, e o arresto de algum barco num porto africano.
Nada disto é risco remoto. Tudo isto é risco iminente. Agravado pelo enviesamento da comunicação e a sua preferência pela espuma e a polémica frouxa do diz-tu-digo-eu. Agravado pelo reaccionarismo medular do TC. Agravado pelo ridículo e a demagogia da direcção do PS quando baixa (ainda mais) à rua autárquica. Agravado pela distracção de quem tem obrigação de saber melhor.
Mas Passos Coelho adverte contra um 2.º resgate e fingem que é ele o mau. Pobre elite, pobres comentadores, pobres comunicadores, pobres de nós.
A subscrição é anónima e gera, no máximo, um e-mail por dia.
Se um hectare ajudar, pronto para tal talvez. Em n...
Zonas com vegetação não significam florestação. A ...
Uma abstracção é uma abstracção. Não carece do ter...
Não. Em 1900 Portugal era uma uma imensa charneca....
Só por curiosidade há quem defenda que Lisboa devi...