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Recortes

por João Távora, em 31.08.13

(…) Despedimentos, cortes de salários, de regalias. As empresas fazem-no para não falirem. Mas o Estado nunca encerra – cobra mais! Não há deste modo, lei igual para todos, não existe a tal ‘equidade’. Há um Estado que resiste, que se defende a si mesmo de uma reforma. E que para tal nos confisca e suga os rendimentos – em impostos, em taxas, em certificações, em regulações. Pagamos o monstro (e os próprios funcionários públicos o pagam) e sentimos desmoronar as nossas vidas, os nossos lares, as nossas empresas. Não será isto inconstitucional?

 

Henrique Monteiro, hoje no Expresso

Já passou

por João-Afonso Machado, em 31.08.13

Era um olhar maternal, as mãos postas em desvelo, todo o carinho do mundo debruçado sobre a região. As preocupações de Agosto justificavam-no: o insucesso das Universidades de Verão (este povo seu filho dilecto, que não estuda nem quer saber...), a traquinice dos rolos de fumo trepando para o céu, do cimo de qualquer monte... E a muita gente sucumbida aos fogos, as chamas lavrando os campos da destruição, por todo o lado gritos de aflição (e aqui e ali de júbilo: foi detido o incendiário do Caramulo...). Enfim, razões sobravam para multiplicados cuidados.

Mas tudo lá vai. Portugal volta agora ao trabalho. O Tribunal Constitucional preencheu já a folha de serviços que remeteu ao Governo. Os comunistas estão quase a acabar de carpinteirar a Atalaia e - contra todos os receios - o contentor das t-shirts do Che chegará a tempo. António José Seguro afinal não morreu, sequer emudeceu. E (muito na sua terminologia) a agenda política apresenta-se recheada: parece que se vai legislar sobre os piropos às mulheres, o BE não brinca em serviço quando se trata de direitos fundamentais!

(Ana Drago, a menina é um borracho! - remato eu, antes que me incriminem).

Music Hall

por João Távora, em 30.08.13

 

 

Edison Gold Moulded Record - 9000

Patent 1902

 

THE PREACHER AND THE BEAR

 

The preacher went out a huntin', it was on one Sunday morn'

It was against his religion, but he took a shotgun along

He got himself a mess o' mighty fine quail and one old scraggly hare

And on the way home he crossed the path of a great big grizzly bear

Well the bear got down lookin' ready to charge

The preacher never seen nothin' quite that large

They looked each other right smack in the eye

Didn't take that preacher long to say bye

 

The preacher, he run till he spotted a tree

He said, "Up in that tree's where I oughta be"

By the time that bear made a grab for him

The preacher was a sittin' on top a that limb

Scared to death, he turned about

He looked to the sky and began to shout

 

"Hey lord, you delivered Daniel from the bottom of the lion's den

You delivered Jonah from the belly of the whale and then

The Hebrew children from the fiery furnace

So the good books do declare

Hey lord, if you can't help me,

For goodness sake don't help that bear"

 

Yea, look out preacher!

 

Well, about that time the limb broke off

And the preacher came tumblin' down

Had a straight razor out of his pocket

By the time he lit on the ground

He landed on his feet right in front a that bear

And Lord, what an awful fight

The preacher and the bear and the razor and the hair

Flyin' from left to right

 

Well first they was up and then they was down

The preacher and the bear runnin' round an' round

The bear he roared, and the the preacher he groaned

He was havin' a tough time holdin' his own!

He said, "Lord if I get out a here alive

To the good book I'll abide

No more huntin' on the Sabbath day

Come Sunday I'm headin' to the church to pray"

 

Up to the heavens the preacher glanced

He said, "Lord won't you give me just one more chance"

So the preacher got away, he looked around

Seen a tree where he'd be safe and sound

Jumped on a limb, turned about

Looked to the sky and began to shout

 

"Hey lord, you delivered Daniel from the bottom of the lion's den

You delivered Jonah from the belly of the whale and then

The Hebrew children from the fiery furnace

So the good books do declare

Hey lord, if you can't help me,

For goodness sake don't help that bear"

 

(Popular/Joe Arzonia)

Colégio Militar — e não só!

por Vasco M. Rosa, em 30.08.13
Sou absolutamente antimilitarista mas gosto da campanha de televisão em que antigos e notórios alunos do Colégio Militar, que tem 200 anos, defendem a sua não extinção. É bom que as pessoas saiam a defender as instituições que lhes deram uma parte daquilo que elas são. Antes que seja tarde!


Conversa de chacha

por João Távora, em 30.08.13

 

Segundo o DN de hoje (infografia na versão em papel), nos últimos dez anos segundo as minhas contas morreram no mês de Agosto sob a governação socialista dez bombeiros e sob governação PSD/CDS nove. Mas se contarmos os óbitos nos doze meses de cada ano, a contagem fica-se pelos 15 para a coligação CDS PSD e 44 para os executivos socialistas. Isto anda tudo ligado, não é Luís?

 

Rapzes:

por João Távora, em 30.08.13

...antes que um dia se lembrem de lançar um piropo às meninas Elsa Almeida e Adriana Lopera do Bloco de Esquerda, lembrem-se que o "respeitinho é muito bonito". Na boa tradição portuguesa, como é bom de ver.


 

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Inconstitucionalidades

por João Távora, em 30.08.13

Eu sempre suspeitei disso, mas o imperturbável e leonino treinador Leonardo Jardim vem agora denunciar as estratégias de jogo ilegais praticadas pela equipa do Benfica, principalmente os bloqueios "ofensivos". A mim sempre me "ofenderam" estas e outras práticas, aliás desconfio que o clube de Carnide é em si mesmo "inconstitucional". Fica à atenção dos senhores juízes (quando voltarem de férias, deixem-se estar se fazem favor, não se incomodem agora).

"O Velho Minho"

por João-Afonso Machado, em 30.08.13

O derradeiro jantar, antes do regresso à base. A Póvoa de Lanhoso é outro lugar obrigatório de visita. E o calor cansa, mesmo suavizado pela transparência das águas em praia fluvial do Cávado.

"O Velho Minho" é isso. Simples, de muito bom gosto e melhor paladar. Anfitreão excelente. Convidando ao retorno. Experimentem.

(Majestosa, a escarpa e o que resta do castelo de Lanhoso, em seu alto. Belas vistas! Ali, acolá, mais além, quantas espirais de fumo assinalando os incêndios, os nossos mais recentes estivais amigos. Passou muito perto o helicóptero, pendulando a sua bolsa de água. Nada a assinalar: faz parte do quotidiano...).

 

Mulheres portuguesas despertai!

por João Távora, em 30.08.13

Diz que o BE amanhã vai discutir o fim do piropo nas ruas do país... 



Cujus Animam - by Mr. E. Keneke

por João Távora, em 29.08.13

 

Como prometi há dias, aqui reproduzo um disco de 1888/89 com 7 polegadas (exactamente o tamanho de um single de 45 rpm) da marca Zon-O-Phone. O tema é “Cujus Animam” de Rossini num solo de corneta pelo Senhor E. Keneke (informação “cinzelada” ao centro) de quando a indústria fonográfica vivia uma fase experimental, assim como o disco de baquelite, ainda sem “rótulo” e sem um tamanho padrão, que se veio a fixar nas 10 polegadas a partir de 1907.

Vai tudo pró TC

por Vasco Mina, em 29.08.13

Depois de ler esta notícia e ficando sem saber qual a argumentação jurídica do PS em enviar, para o Tribunal Constitucional, a Lei do alargamento do horário de trabalho na função pública, pergunto se agora vão enviar tudo para o TC?

Contagem decrescente

por João-Afonso Machado, em 28.08.13

O fim de Agosto em contagem decrescente e os convites a surgirem para esta caminhada e aquele jantar, País adentro. Treze quilómetros sob um sol genuinamente estival entre os altos de Paredes de Coura e uma feijoada já em terras dos Arcos de Valdevez. Foi ontem.

Com os caprichos dos imensos monolitos graníticos a deixarem esquecer as formas do mau gosto que por aí campeia. Os suados estradões onde melhor acelera a oxigenação das condutas respiratórias. E um enigma, os negros mantos de carvão e cinza aqui e ali: tão longe de tudo, seria a própria Natureza em auto-mutilação? Seria a incúria ou a maldade humana? Moisés, tornado à vida, lidando mal com a sarça ardente?

Fora incêndio. Mais um, igual aos quatro ou cinco que ainda fumegavam no horizonte. Portugal é assim, nós somos assim...

O fim de Agosto em contagem decrescente tal como as eleições autárquicas. Ao ritmo do matraquear das armas no Médio Oriente e da palração Governo v. sindicatos dos funcionários públicos cá para as bandas nacionais. (Tristes, desconchavados pensamentos assolam as gentes, indiferentes à distância criada das coisas feias). Em Setembro, que é como se já houvesse principiado.

O braço de Deus

por Maria Teixeira Alves, em 27.08.13

Os bombeiros são grandes heróis neste mundo. São eles que voluntariamente arriscam a vida para combater os fogos que muitos, por descuido ou não, provocam. 

Talvez a limpeza das matas e o reforço de meios e de formação seja uma solução para evitar mortes com a do Bernardo Figueiredo e da Rita Pereira, com pouco mais 20 anos (dos Bombeiros do Estoril e de Alcabideche, respectivamente). Não sei. 

Não sei se é possível fazer mais qualquer coisa para impedir estas tragédias.

É fantástico que miúdos que estudam, se ofereçam para este tipo de voluntariado, que muitas vezes lhes pode custar a vida. Qualquer voluntariado é um acto de generosidade, mas este de ser Bombeiro Voluntário é especialmente admirável. A última vez que tinha acontecido, nos Bombeiros do Estoril, uma morte em combate a incêndio foi em 1975. Fatalmente aconteceu agora ao Bernardo.

Mais uma guerra pela democracia?

por Maria Teixeira Alves, em 27.08.13

Sem Título

Eu defendo que os Estados Unidos e o mundo não podem deixar que a Síria seja dizimada com armas químicas por Bashar al-Assad. Defendo que todos os líderes que fazem isso aos seus povos não podem ser defendidos publicamente ou os seus crimes 'branqueados ' em nome de um ódio a uma suposta superioridade americana, como cheguei a assistir com Saddam Hussein, e foi isso que escrevi no Corta-Fitas.

Mas também defendo que nenhum ataque pode ser feito sem ser calculado e todas as consequências admitidas. Isto porque os Estados Unidos preparam-se para uma ofensiva contra a Síria. 

Vi hoje um comentário de Luís Goldshmidt que me parece pertinente e que vou reproduzir aqui:

"Confesso que ao fim de anos a ver atentamente e a participar no que se passa no mundo, tenho dificuldade de compreender o mérito dos Estados Unidos (sozinhos?) lançarem do mar dez mísseis cruzeiro contra a Síria no próximo domingo à noite por causa do uso de químicos na quarta feira contra a população civil. Esta acção, feita assim, não tem densidade moral nem mérito militar. Tem todos os ingredientes de dar errado. Se for de menos, os árabes e os persas ficam a rir dos Estado Unidos. Se for demais, abre uma guerra em larga escala no Médio Oriente. 
Só se compreende caso seja o início de um plano para envolver o Irão para, enfim, levar a cabo o ataque às suas capacidades nucleares".

28 – Cinema Paris

por Vasco Mina, em 27.08.13

 

O Eléctrico 28 segue o seu percurso e desce a Rua Domingos Sequeira. Pintor notável que nasceu em Lisboa em 1768 e faleceu em Roma em 1837; destacou-se como retratista (entre outros, os retratos de D. João VI e do Conde de Farrobo) e em cenas da vida religiosa; as suas obras encontram-se espalhadas entre Portugal (Palácios da Ajuda e Mafra), Roma e Brasil.

Nesta rua o edifício que se destaca é o Cinema Paris que se encontra em ruínas e há vários anos no lamentável estado que a fotografia mostra. Hoje é um exemplo perfeito da incapacidade autárquica em resolver este tipo de situações. Promessas de resolução há muito que alimentam programas eleitorais deste e dos anteriores executivos camarários. Bem se pode dizer que os políticos passam mas a vergonha fica!

Mas vamos à história: O Cinema Paris foi inaugurado em 1931 e sucedeu ao Cine Paris que se encontrava instalado na Rua Ferreira Borges. Foi investimento do empresário Vítor da Cunha Rosa e traço do Arqº Vitor Carvalho Pinto; O projeto arquitetónico é um exemplo do que se pretendia de um cinema moderno. Surge numa época em que se construíram vários cinemas de bairro : Europa (1930), o Lys (1930), o Royal-Cine (1929), o Jardim Cinema (1932). Serviram bairros povoados e em crescimento e, por outro, acompanhavam o desenvolvimento da indústria cinematográfica. Na inauguração, em Abril de 1931, a publicidade rezava assim: «A empresa do Paris Cinema, no ardente desejo de conquistar a simpatia do público, estudou com o máximo escrúpulo todas as condições de conforto e visibilidade, que a todos os títulos reputa magníficos, não esquecendo também as de temperatura, como poderá ser verificado pela existência de termómetro no balcão. Os camarotes estão providos de pequenas mesas para serviços de chá ou refrescos.» Refira-se ainda a sala de fumo onde foram colocados painéis decorativos da autoria de Paulo Guilherme. Para quem, como eu, nasceu e viveu em Campo de Ourique, os Cinemas Europa e Paris foram referências incontornáveis da infância e juventude. Recordo-me de ter visto no Paris a “Branca de Neve e os Sete Anões” pois alguns saíram a meio com medo da bruxa. Mas a oferta e também a procura de cinema sofreu mudanças significativas especialmente a partir do início doas anos 80. Primeiro porque surgiram outras ofertas mais modernas e com novos conceitos associados e, depois, porque a frequência das salas de cinema sofreu uma brutal redução. O Paris não foi excepção passando a exibir, primeiro, reposições, depois filmes de fraca qualidade e acabando na pornografia. Foi abandonado no início dos anos 90 e ainda serviu de cenário, em 1994, para o filme “Lisbon Story” realizado por Wim Wenders. Depois acabou na triste imagem que hoje conhecemos quando por lá passamos.

O império do fonógrafo

por João Távora, em 26.08.13

 

Os fonógrafos popularizaram-se muito no final do Século XIX: eram bastante funcionais e, além de muito competentes na reprodução, eram vendidos com um kit para gravação coisa que tornava o objecto muito mais completo e interessante do que os gramofones, ainda algo toscos. Concebidos numa cera castanha bastante frágil em que o registo se degradava em pouco mais de dez audições, originalmente os cilindros tinham de ser gravados, cada um deles, ao vivo. Posteriormente desenvolveu-se uma solução interligando os fonógrafos com tubos de borracha, um sistema não satisfatório mas suficientemente eficaz para a comercialização e venda de cilindros gravados em série. Tal obrigava os artistas, músicos e cantores a desgastantes sessões em que repetiam incessantemente o tema até produzirem um lote suficiente para satisfazer a procura. Dava-se o caso curioso de uma mesma edição inevitavelmente exibir ligeiras diferenças nas interpretações.

Ao longo dos anos, o tipo de cera utilizada nos cilindros foi melhorado e endurecido de modo que pudessem ser tocados mais vezes sem se degradarem tanto. Em 1902, a Edison Records lançou uma nova gama de cilindros de cera prensada, os Edison Gold Moulded. Muito aperfeiçoado, o progresso consistia na criação de um cilindro principal revestido com ouro que permitia a reprodução de várias centenas de cópias. O Disco da empresa Gramphone de Emile Berliner então emergente ainda teria uns anos para se impor definitivamente.

Aqui partilhamos uma cançoneta de 1907 de Ada Jones, uma actriz e cantora britânica emigrada para os Estados Unidos, que muito se popularizou - a solo e em duetos com Billy Murray e Len Spencer - através dos cilindros e discos gravados no início do século XX.

Morreu um sábio

por Maria Teixeira Alves, em 26.08.13

António Borges era um sábio, mas para que o seu brilhantismo fosse reconhecido teve de ter uma carreira internacional:o Insead - Institut Européen de l"Administration des Affaires escolhe-o para se sentar na cadeira de dean (reitor), o posto mais alto que um português desempenhou numa academia de gestão mundial. Cinco anos antes, já na qualidade de responsável pelos MBA da instituição de Fontainebleau, a revista Fortune elege-o para capa. Ao economista atribui-se o mérito de ter colocado a pequena escola de negócios francesa ao lado de Harvard e de Columbia. No FMI foi braço-direito de Dominique Strauss-Kahn e saiu do Fundo Monetário Internacional por discordar de Christine Lagarde. Antes disso António Borges esteve na Goldman Sachs (essa instituição que hoje a esquerda vê como uma emanação directa do inferno), onde durante anos foi um dos vice-presidentes. Lembro-me que nessa altura em Portugal se desvalorizava este cargo de António Borges, com o argumento de que seria apenas mais um entre mil com a mesma função no banco norte-americano. Assim como me lembro de em Portugal não se gostar de António Borges. Um país pouco dado à meritocracia sempre desvalorizou António Borges, sobretudo por causa de um traço da sua personalidade (com que, confesso, me identifico, será que é um traço comum a quem nasce em Novembro?): a frontalidade contra o politicamente correcto sem medo de retaliações. "É muito difícil ganhar uma discussão com Borges, mesmo quando temos razão. É inteligentíssimo, inteiramente seguro de si" (Diogo Lucena).


António Borges era um defensor da meritocracia: «A ideia central do capitalismo é a ideia do mérito, quem tem mais qualidade é quem deve singrar», disse numa entrevista ao Negócios.


Os nossos comentadores não gostavam de António Borges, e isso é visível nos vários editoriais sobre a morte do economista. Atravessa em quase todos eles uma necessidade de justificar e expurgar a culpa das violentas críticas, as crónicas de escárnio e maldizer, com que presentearam em vida António Borges. Como diria Agustina, essa omnisciente escritora, "o Homem precisa da culpa para criar". 

 

A única crónica sobre António Borges que não procura redenção é talvez a de Nicolau Santos, a mais limpa de sentimentos de culpa. (No entanto há um erro na referência ao voo que o economista perdeu, num avião que acabou por cair. Isso aconteceu em 1996 e não em 2009, foi no voo da TWA de NY para Paris e António Borges não perdeu o avião, a secretária desmarcou/adiou o voo à última da hora). Refira-se que Nicolau Santos (com quem eu não concordo nada) está nos antípodas de António Borges, mas isso não transformou a sua crónica sobre a morte do economista numa lápide.

 

Voltemos ao que importa, António Borges era um economista liberal (portanto de Direita o que não ajuda ao reconhecimento público em Portugal) que ajudou o nosso país a entrar no euro e que defendia a necessidade de uma reforma do Estado para diminuir o peso deste na economia. As declarações abertas sobre temas fracturantes, taxa social única (TSU), RTP, descida dos salários para combater o desemprego, mercados, desencadearam reacções epidérmicas nas redes sociais.

 

Mas enquanto em Portugal, onde reina o síndrome da hostilidade contra os outros, António Borges era demonizado, lá fora era reconhecido. O ex-primeiro-ministro italiano Mario Monti entregou-lhe, há quatro anos, a liderança do conselho consultivo da Universidade Bocconi de Milão, onde foi reitor.

"No nosso País, estamos muitíssimo abaixo daquilo que é o nosso potencial", queixava-se António Borges. Era, apesar dos entraves que encontrou em Portugal, um optimista em relação ao povo português. Eu acho que esta sua ideia não passava de optimismo porque a primeira grande fatalidade de se ser inteligente é ter nascido em Portugal, o túmulo em vida de todas as ideias. Os portugueses são, na maioria, os 'malvados invejosos' (pouco pensantes) que não toleram o sucesso, sobretudo o financeiro, dos outros. Os portugueses são experts em terrorismo através da palavra e a chegada das redes sociais tornou-se o paraíso desse terrorismo.

Por via disso os portugueses (de todos os meios, classes e ideologias) também não toleram o mérito, porque os obriga a reconhecer o valor dos outros, o que é uma facada no orgulho; os obriga a perder direitos para outros que os merecem, o que é inaceitável; os obriga a aceitar que estão errados, o que é fatal; e acima de tudo os obriga a assistir ao enriquecimento do vizinho com prémios e ordenados que ofende quem não os pode auferir. Por isso as ideias de Borges foram ofuscadas pelas notícias do seu ordenado.

 

António Borges não pactuava com o que não concordava, como compete aos sábios. A frontalidade não era a sua característica mais marcante como toda a gente diz por aí, essa era apenas uma vicissitude de ser inteligentíssimo.


Morreu um sábio, incendiou-se uma biblioteca.

 

P.S. É irónico que António Borges tenha escapado por milagre a uma queda de um avião em 1996, três anos depois de ter assumido a liderança do Insead (que acabou por revelar-se a sua função mais importante - uma vez que transformou o Insead num viveiro de gestores de topo mundial e pôs a universidade francesa ao nível das grandes universidades de prestigio internacional -) mas tenha acabado por ser vencido pela doença aos 63 anos. Estaria predestinado para aquela função? Ou terá sido a luta inglória que travou na vida pública pelas suas ideias que o tornou biologicamente vulnerável?

Contra a maré

por João-Afonso Machado, em 26.08.13

São as tais questões que não podem ser decididas em Lisboa, é lá (cá) na terra! Se Vizela conseguiu, porque não há-de as Taipas ser concelho, também? Um outro a cindir-se do de Guimarães?

As Taipas cresceram em volta de umas termas. É uma vila - está lá, na placa da estrada: Vila das Taipas - mas não é freguesia, porque essa chama-se Caldelas. Ainda assim, percorrem-na ventos independentistas. Sem dúvida, mais uma «velha aspiração».

Talvez tudo fosse conciliável. Havendo boa vontade e algumas concessões de terra por parte dos vimaranenses e dos bracarenses e famalicenses. Somente, teria de ser um concelho dos bons velhos tempos pré-partidocratas. Com capitão-mor, juiz de fora e juiz dos orfãos, uma chusma de clérigos vagueando em seus sítios, muita lavoura, albergarias bem guarnecidas. Sem desemprego.

Muita gente viria de longe assistir. Meirinhos e aguazis manteriam a ordem. Na vila das Taipas os automóveis não seriam consentidos: quando muito o trotar dos cavalos. Além das famosas mulas do almocreve, tantas vezes requisitadas para trazer do rio Ave, que atravessa a vila, uma fartura de cabazes do melhor peixe.

E, garantidamente, seria de olhos postos nas Taipas que o Governo encetaria, enfim, uma reforma administrativa condigna. Muito aconselhado, verdade se diga, pelo mestre-escola local.

Testemunho de Vida

por Vasco Mina, em 25.08.13

Sempre que alguém parte (e eu acredito que seja para o encontro com Deus) coloca-se sempre a questão do sentido da vida e hoje, em concreto, a de António Borges. Não o conheci pessoalmente e por isso escrevo com base na sua biografia que li no Público e, sobretudo,  recorrendo à minha memória sobre tudo aquilo que me marcou na sua intervenção pública. As capacidades intelectuais, académicas e profissionais de António Borges são de todos conhecidas e até mais reconhecidas fora do país. Seguramente um dos mais capazes da sua geração e por isso fazendo parte da elite portuguesa. Desta se destacou pela sua atitude de disponibilidade em servir e em intervir sempre que entendeu que tal acrescentaria valor.  Nunca se refugiou naquilo a que Rui Ramos (no seu artigo de 17 de Agosto no Expresso e aqui referido pelo João Távora)  designava  por política gate em que os “cidadãos que apenas querem tratar de si têm uma razão para, em boa consciência, declinarem cargos públicos”. Também não optou, como muitos fizeram, pela actividade de comentador político ou económico. Ou seja e ao contrário do que acontece com muitos da nossa elite política e económica, deu a cara e disse sempre o que pensava e sem “travões” pois sempre actuou com toda a liberdade. Nem sempre foi bem entendido e, por vezes, a sua frontalidade chocava com os nossos lusos costumes. Regresso ao serviço pois é a atitude mais nobre de um cristão e de um português que se orgulha de o ser.  O serviço no nosso tempo não se mede no campo de batalha contra os inimigos infiéis ou combatendo as tropas invasoras; os feitos de hoje que identificam a nobreza de uma atitude assentam na capacidade de intervir na causa pública mesmo quando (e especialmente) tal seja uma dura exposição à crítica feroz de sectores  que apenas “buscam casos”. Uma nota especial para a luta que travou com o cancro: descrição total sobre o que se passava e atitude positiva perante um combate desigual. Fez tudo o que tinha para fazer até cair no chão. Entregou-se até ao fim! Paz à sua alma!

O facto e a opinião - a outra crise

por João Távora, em 25.08.13

"Nunca foi consumida tanta informação e, paradoxalmente, nunca valeu tão pouco o jornalismo. Na Internet, onde a maioria procura informar-se, o que mais há são rumores, boatos e teorias da conspiração. Nos jornais, rádios e televisão há cada vez menos condições para investigar, analisar, produzir bons dossiers informativos. Vale a santa opinião. O estatuto de um jornalista mede-se mais hoje pela capacidade de produzir opinião do que pela qualidade das notícias que faz." 


"A Santa Opinião" - Paulo Baldaia, In Diário de Notícias de 25 Agosto

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