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Protestar é preciso!

por João Távora, em 30.04.13


A pretensa notícia emitida hoje pela SIC Notícias às 12,00hs sobre a coroação do rei Guilherme Alexandre da Holanda é apenas uma crónica deselegante, sectária e escusadamente panfletária, para mais não assinada. Uma peça de propaganda, um arrazoado de preconceitos e um exercício recalcado de um ressabiamento político e sobretudo cultural que julgávamos extinto. É o exemplo evidente de um jornalismo pouco profissional que não dignifica aquele canal de televisão. Encolher os ombros não chega. 


Mail: atendimento@sic.pt 
Tel.: 214 179 400



Ao longo da República

por João-Afonso Machado, em 30.04.13

MURAL.JPG

Cada uma das Repúblicas que nos perspassaram os dias teve os seus tiques próprios, bem demonstrativos de que em Política o que parece é. Ou não é - senão, in casu, a mais irrefutável farsa.

Foi assim que, durante toda a I República, a gente de todos os partidos mais não fez além de enaltecer o republicanismo próprio e as fracas convicções ou qualidades republicanas dos adversários. Dos inimigos, porque disso se tratava. Foram 16 anos de fome generalizada numa imensa sala de aulas onde apenas se pretendeu defender e enaltecer as virtudes da República.

Já não assim com os próximos da "Situação" durante 48 anos de II República. Em novo capítulo do desastre nacional, interessava sobretudo dar mostras de fidelidade a Salazar e aos seus ditâmes. A ofensa estava em acusar o próximo de não - ou não totalmente - salazarista.

Finalmente a III República e as suas quase 40 velas.

O lema é a "democracia". Algo ainda não suficientemente enraizado na classe política e mesmo no eleitorado (pelos vistos), a avaliar pelo constante estribilho da Esquerda, por regra mens votada do que a Direita, mas sempre invectivando esta de tudo capaz de exemplificar a sua incompreensão do Povo. O seu desprezo pelas regras do jogo democrático.

O que, em suma, quererá significar que a República nasceu, cresceu e agora definha sempre discutindo conceitos. Muito mais do que fazendo obra. Ou uma História de que nos possamos orgulhar.

República-Salazar-Democracia, obsessões não resolvidas, a troca de argumentos a que se subsumem estas décadas de desportugalidade.

A austeridade e a malha no ferro

por João Távora, em 30.04.13

 

 

Se no auge do “Long play” já era difícil ao mais genial artista ou banda pop publicar quarenta minutos de boas canções, pretender que tal é possível nos mais de sessenta minutos de um CD é no mínimo uma atrevida presunção.
É este o caso do recém-editado álbum de David Bowie “The Next Day” que a mim, crédulo consumidor, me foi vendido pelos especialistas como o seu melhor desde o fabuloso “Low” ou o histórico “Heroes” e que eu adquiri na versão em vinil constituída por dois discos de 180 gramas primorosamente prensados e por um CD para converter para mp3 e ouvir no carro. A capa é o aproveitamento da de “Heroes”, uma inevitável referência da carreira do “camaleónico” artista, com o título rasurado e um rectângulo branco onde deveria figurar a sua angelical face - uma gracinha demasiado óbvia que pelo menos no tamanho de LP resulta graficamente pouco feliz.

O dinheiro estava gasto, e foi em desassossego que à primeira audição constatei ser esta obra absolutamente anti-social, totalmente proibitivo ouvi-la no gira-discos da sala de uma tradicional casa de família como a minha. Antes de ser deixado sozinho reparei nos intimidantes esgares acossados dos meus filhos perante a arritmia ribombante da bateria, e dos dissonantes uivos das guitarras distorcidas de Gerry Leonard e de David Torn. 

Não sei se é o melhor álbum dos últimos trinta anos, mas após (des)educado o ouvido para a tarefa, reconheço que há em “The Next Day” muito bom material escondido na violência quase mórbida da maioria dos temas que emergem à volta de “Where Are We Now?”, um oásis melódico no meio duma desarmónica tempestade electrónica. Assim, “Dirty Boys”, “The Stars (Are Out Tonight)”, “I'd Rather Be High”, “Boss Of Me”, “Dancing Out In Space” e “So She” são os meus temas favoritos onde se escondem subtis harmonias bem escavadas numa sonoridade teutónica e austera aparentemente inaudível mas que ao final de algumas audições nos conseguem seduzir profundamente. Com alguma insistência e a atenção devida, a intempestiva densidade sonora presente em todo o álbum revela-nos cuidadosos arranjos de uma rica paleta de timbres e texturas, num ambiente sonoro de desespero gritado pelas palavras e evidenciado na música. Depois fica-nos a pairar a interrogação se afinal a genialidade de David Bowie aos sessenta e seis anos não poderia oferecer-nos também alguma serenidade. E a certeza de que ouvir este disco é um inestimável prazer solitário e fadiga digna dum  servente de obras ao final da empreitada. 

 

Arqueologia sonora

por João Távora, em 30.04.13

Eis a voz de Graham Bell, o inventor do telefone, numa gravação em disco de cera com 128 anos recentemente restaurada digitalmente.

No Tejo...

por Luísa Correia, em 30.04.13
"Nunca me cansam as demoras junto do Tejo, quando deambulo por aqui, um tanto ao sabor do improviso dos olhos e do coração, como quem pisa coisa sua, quase feita por si, talvez porque neste rio de maravilhas e desgraças me embalei em menino e nele vivi os sonhos mais belos e também as realidades mais cruas da minha vida tão contrastada". (Alves Redol, Alfacinhas)

Isto é honra, senhores!

por Luísa Correia, em 29.04.13
Faz mais de três séculos que Vatel, o afamadíssimo cozinheiro do Príncipe de Condé, cometeu hara-kiri no decurso de um banquete oferecido pelo patrão a Luís XIV e aos seus três mil acompanhantes, pondo termo a uma vida de promessas.
A especulação sobre os motivos do seu acto ainda hoje se não satisfaz com a verdade. Diz-se que terá sido a indiferença ou a troça de uma senhora da corte, por quem se teria apaixonado. Fala-se também em dificuldades de gestão de um romance clandestino com Monsieur, o irmão do rei.
Mas não. A verdade é prosaica, embora não menos nobre. Vatel não conseguiu, simplesmente, lidar com o atraso na entrega do peixe que tinha encomendado para o almoço real, nem com ver assim comprometida a sua imagem e reputação. Vatel tinha aquilo a que os dicionários ainda chamam de brio profissional. E por ele morreu.
Consta que, por estes dias, já se come cavalo por vaca nalguns restaurantes de referência. E sempre se deve ter comido gato por lebre... Mas quantos chefes haverá dispostos a seguir aquele "histórico" exemplo?
Ó tempos, ó costumes...

Certezas momentâneas

por José Luís Nunes Martins, em 29.04.13

Há cada vez mais gente cheia de certezas. Têm teorias para tudo... sem se darem conta, erguem assim as próprias desgraças, porque assim criam as suas sempre grandes ilusões a que se seguem, invariavelmente, as terríveis desilusões.

 

Quase todas as ideias e teorias têm a sua validade condicionada no tempo, são aceitáveis apenas e só até que apareça outra melhor. Erramos muito. O conhecimento humano funciona por melhoramentos contínuos. Assim evoluem as ciências e assim, também, se devem melhorar as nossas crenças a respeito de tudo.

 

Este aperfeiçoamento passa pela capacidade de descobrir os erros e problemas nas soluções existentes para assim encontrar soluções diferentes, melhores, mais perto da verdade... nunca aceitando por bom ou suficiente o que se sabe.

 

Claro que há aqueles que se consideram fora do tempo, julgam-se o corolário de toda a evolução, como se o universo se tivesse alinhado para os criar e servir... o apogeu da humanidade! Têm sempre quedas tremendas... justas.

 

O nosso conhecimento evolui à medida que vamos subindo a escada da torre que andamos a construir... sem pressas nem presunções. Ninguém descobre a verdade, vamos sim construindo modelos temporários que nos aproximam dela.

 

Quando, numa atitude humilde, navegamos nos mares das nossas incertezas, dúvidas e fracassos, há momentos em que uma simples palavra, um olhar ou um pequeno nada, nos permitem pressentir a verdade absoluta da existência, a eternidade toda num só segundo: a absoluta certeza de um amanhã que nos espera.

 

Esses momentos valem mais que uma vida inteira, porque são instantes da vida eterna.

 

 

 

 

(publicado no jornal i - 27 de abril de 2013)

 

ilustração de Carlos Ribeiro

 

A casta

por Luísa Correia, em 29.04.13
Magnífico, este artigo no insuspeito "Le nouvel Observateur". É lá como cá:

"Si le scandale choque tellement, c'est qu'il révèle une nouvelle réalité : celle d'une couche sociale qui s'estime déliée de toute obligation envers la société.

C'est avec une « intense jubilation intellectuelle » que Monique et Michel Pinçon-Charlot ont vu apparaître l'affaire Cahuzac. « Elle validait nos thèses sur cette caste qui domine la France, cette microsociété composée de gens de droite comme de gauche qui fonctionnent de la même manière, avec leurs richesses, leurs réseaux, leurs conflits d'intérêts et leurs renvois d'ascenseur, expliquent les deux sociologues qui, depuis trois décennies, dissèquent les moeurs de la grande bourgeoisie française. C'était un nouvel exemple du pouvoir de l'oligarchie, après les scandales Bettencourt ou DSK... » Comme son ami Strauss-Kahn, Cahuzac a plongé la France dans un état de sidération.

Ces temps-ci, les parias voguent dans la même galère. L'ex-ministre du Budget avait soutenu DSK pendant sa descente aux enfers; touché à son tour, il s'appuie sur lui. Les deux hommes s'appellent, se comprennent, cherchent ensemble les issues de secours. Ils ont le même avocat, Jean Veil, après avoir eu les mêmes conseillers en communication d'Euro-RSCG, Stéphane Fouks et Anne Hommel. Adulés des patrons du CAC 40, ils dictaient au peuple les vertus de la rigueur sans les respecter eux-mêmes. « C'est une nouvelle élite sociale qui se comporte comme si elle était au-dessus des lois », souligne Marcel Gauchet.

Philosophe, animateur de la revue « le Débat », Marcel Gauchet fut le premier à forger au début des années 1990 l'expression de « fracture sociale ». « On est en train de passer à un phénomène encore plus grave: une fracture morale. » Depuis la Révolution, explique-t-il, les démocraties ont tendu à l'égalisation du rapport à la loi. Même si les hiérarchies continuaient d'exister, on pouvait raisonnablement supposer qu'à terme chacun aurait les mêmes comptes à rendre à la puissance publique. « Cela était perçu comme un progrès. Or le mouvement s'est inversé. Un groupe d'acteurs s'est détaché et opère dans une dimension nouvelle, inaccessible aux gens normaux et où les règles communes ne s'appliquent plus. Voilà ce qui suscite chez les Français une énorme inquiétude. »

Il y a dix ans, dans la collection dirigée par Marcel Gauchet, Lionel Jospin publiait un essai où il décrivait une « nouvelle aristocratie » issue de « l'alliance implicite entre les grands dirigeants d'entreprises, des financiers, des cadres élevés de l'industrie et des services, certains hauts fonctionnaires de l'Etat et des privilégiés des media ». A l'encontre de la noblesse d'hier, cette caste-là n'est pas réservée aux héritiers. La pénétrer exige surtout de l'ambition, du culot. Quelques réseaux chez les francs-maçons, à l'UMP ou au PS. Le parcours de Cahuzac est exemplaire, et la recette est simple : user de sa qualité de médecin pour conseiller le ministre de la Santé puis les laboratoires pharmaceutiques, fréquenter les puissants, leur faire des implants capillaires tout en prônant la justice sociale à la tête de la commission des Finances. Bref, ne pas avoir peur de mélanger les genres.

C'est en juillet 2012 seulement que les Pinçon-Charlot se sont penchés sur le cas Cahuzac. « Nous avons ouvert un dossier après la publication du rapport sur la vente de l'hippodromede Compiègne par Eric Woerth, racontent les sociologues. Cahuzac l'avait commandé à un professeur de droit public ayant déjà travaillé pour sa mairie de Villeneuve-sur-Lot. On s'est dit : tiens, c'est étrange, pourquoi cet homme à peine arrivé au pouvoir demande-t-il un rapport dédouanant son prédécesseur? » Gauche-droite : une fois admis dans le monde des initiés, les barrières politiques s'abaissent. « En nous intéressant à son histoire, nous avons réalisé qu'il faisait partie de cette toile d'araignée oligarchique que nous dénonçons dans nos ouvrages. » Nouvelle aristocratie, oligarchie... Comment appeler ces nouveaux dominants? Les révoltés d'Occupy Wall Street utilisaient un chiffre : les « 1%». Dans « le Temps des riches », paru au printemps dernier au Seuil, Thierry Pech dressait un savoureux portrait-robot du millionnaire new look : « Il a franchi avec succès toutes les épreuves de la compétition et dispose de moyens matériels et intellectuels souvent considérables. L'idée même que des normes contraignantes puissent venir limiter l'exercice de sa puissance et de sa liberté lui paraît assez incongrue. (...) Et l'idée qu'il serait redevable en quoi que ce soit à la société qui l'a fait roi lui semble une contradiction dans les termes. » Des individus situés tout en haut de l'échelle, indifférents aux autres, s'estimant déliés de toute obligation sociale, n'est-ce pas la définition de la caste?

Certes, ces gens-là sont solidaires, mais entre eux. Ils s'échangent les adresses d'écoles privées et de conseillers fiscaux; envoient leurs enfants dans des MBA au bout du monde ou en stage chez les uns ou les autres; se soignent dans des cliniques huppées. Zéro carte scolaire, zéro attente à l'hôpital et, si possible, zéro impôt... Dans l'Eglise médiévale, on appelait cela des exemptions. Marcel Gauchet utilise une autre référence : «Nous assistons à la création d'un Far West planétaire où les riches et les puissants circulent sans être tenus aux contraintes habituelles. Comme on dit dans le langage ordinaire, il y a les "malins", qui jonglent avec les lois, et les "couillons", comme vous et moi, qui sont tenus de les respecter. » Là est peut-être le ressort de l'émotion qui s'est emparée des Français : en s'exonérant des lois communes, la caste signifie au peuple qu'elle se désintéresse de son sort et n'a que faire de sa considération. Dans ce monde-là, au fond, ce n'est pas si grave d'avoir un compte en Suisse. Il a fallu que s'y ajoute le mensonge pour qu'on accepte de lâcher l'un des siens. «L'affaire Cahuzac nous inflige une blessure narcissique, pense le psychanalyste Jean-Pierre Winter. Nous nous sentons trahis, pris pour des minus une fois de plus. » Quoi de plus humiliant pour le citoyen que le cynisme d'un homme qui devient ministre du Budget sans songer qu'il est tenu à une certaine éthique? « Si Cahuzac n'a pas liquidé son compte, c'est qu'en réalité il n'avait pas renoncé aux affaires. Il n'était pas prêt à tout sacrifier pour faire de la politique », analyse le philosophe Pierre Zaoui. Machiavel, rappelle-t-il, justifiait le mensonge du Prince au nom de la sécurité de la Cité. Encore fallait-il que le Prince se consacre entièrement à la Cité. Les nouveaux seigneurs, eux, poursuivent toujours deux carrières à la fois. «Ce qui est terrible, reprend Zaoui, c'est que Cahuzac ait menti non pour la raison d'Etat, mais pour un motif privé. Aujourd'hui, l'argent est devenu un bien plus désirable que le pouvoir. » Le parcours s'est inversé : on s'enrichissait pour décrocher un siège de député; désormais, l'exercice de l'Etat permet d'étoffer un carnet d'adresses que l'on ira monnayer dans le privé. Tony Blair et Gerhard Schröder l'ont fait; Nicolas Sarkozy a été pressenti pour prendre la tête d'un fond qatari.

Jean-Pierre Winter pousse plus loin l'hypothèse. Si Jérôme Cahuzac a accepté ce double jeu, c'est qu'il était habité d'un sentiment d'impunité, comme le commissaire meurtrier d'«Un citoyen au-dessus de tout soupçon », le film italien réalisé en 1970 par Elio Petri. « Il devait se dire qu'il était tellement haut placé, tellement protégé et insoupçonnable, tellement puissant par les informations fiscales qu'il détenait, que rien, absolument rien ne pourrait lui arriver. » Réussir, c'est aussi planer. L'ancien ministre du Budget est-il redescendu sur terre? Réfugié dans le Gers, il n'a pas renoncé à son siège de député. Il parle aussi de redevenir médecin, de donner de sa personne dans des dispensaires du 9-3. De l'exemption à la rédemption, en quelque sorte.

Ce qui est terrible, c'est que Cahuzac ait menti non pour la raison d'Etat, mais pour un motif privé. L'argent est devenu un bien plus désirable que le pouvoir."

Enrico Letta (foto AP)

Portugal não tem o dinheiro de Itália, não tem as poupanças dos italianos, não tem a indústria de Itália, não tem o PIB italiano, tem uma situação altamente dependente dos países ricos da União Europeia, e no entanto tem cá uma soberba. Cria conflitos, recorre à intriga, pressiona o presidente, faz o que pode para destabilizar a ajuda europeia. Critica o Governo, critica a austeridade como se fosse uma escolha. O líder do PS e o PS (sobretudo aquele Pedro Silva Pereira) combatem um Governo de maioria, querem à força correr com o Governo para irem para lá (com minoria no parlamento o que tornaria tudo mais dificil). António José Seguro não apoia nenhuma medida do Governo. O PS não quer alterar a constituição para reformular o Estado Social. O Tribunal Constitucional chumba medidas de austeridade do Orçamento de Estado. Portugal que não tem nada para dar, faz o que pode para tornar a ajuda europeia impraticável, faz o que pode para deixar sem saída os pares europeus.

No 25 de Abril o Presidente da República fez um discurso sensato, e pediu aquilo que é óbvio: consenso político e social para sair da crise. E a oposição, os jornalistas, os comentadores, etc, criticaram o Presidente, acusaram-no de estar com a Direita! For god sake!

Agora vejam Itália um país que tem uma força económica que Portugal nunca terá dentro da União Europeia, um país que NÃO ESTÁ INTERVENCIONADO PELO FMI: Acaba de formar governo de UNIÃO NACIONAL; uma coligação esquerda-direita, composta por 21 ministros da maioria dos partidos italianos.

O vice-primeiro-ministro de Letta é Angelino Alfano, um próximo de Silvio Berlusconi e actual secretário-geral do partido do Povo da Liberdade.

Para as Finanças, Enrico Letta (de esquerda) foi buscar um tecnocrata apolítico: o actual director do Banco central italiano, Fabrizio Saccomanni. Uma espécie de Vítor Gaspar, aqui está tudo doido para correr com o Vítor Gaspar, para criar a instabilidade política, para destruir o país. Porque esta miséria de país só está interessada na luta de classes. 


Simples mas com qualidade

por João-Afonso Machado, em 28.04.13

O Alto Minho montanhês sem dúvida dá que pensar. O facto de se situar a uma hora de automóvel de Braga ajudará, talvez, a explicar muito. Mas a Caniçada é apenas a bordadura sul de uma mancha considerável a estender-se pela Peneda até à extremidade de Melgaço. O conjunto envolve profundas diferenças orográficas. Desde as matas húmidas e os picos cobertos de vegetação no Gerês até à aridez dos altos que levam a Castro Laboreiro.

As albufeiras de Salamonde e da Caniçada são dois referenciais turisticos. Pela Portela do Homem e pelo Lindoso entra-se em Espanha, e sai-se, encurtando caminhos em deslocações em território nacional. Circulam por ali nortenhos, galegos e muitos outros "falares".

A vila do Gerês vive das suas termas, do comércio e dos serviços correlativos. O movimento é muito. E organizado: há as caminhadas a pé, os passeios a cavalo ou em carrinhas com os seus guias, os desportos chamados radicais. Predomina, notoriamente a gente nova, nada aparenta ter parado no tempo. Sequer os rebanhos disperos pelas encostas das serranias.

Ainda há pouco, em um qualquer estudo sobre a região, lia-se - não sendo esta rica, mantém uma invejável qualidade de vida. Constata-se ser bem verdade.

Fugindo...

por Luísa Correia, em 28.04.13

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Domingo

por João Távora, em 28.04.13

Leitura dos Actos dos Apóstolos

Terminada a primeira viagem missionária, através do sudoeste da Ásia menor, Paulo regressa a Antioquia, visitando, pelo caminho, as comunidades nascidas do seu trabalho, sob a acção do Espírito Santo. Como o anúncio da salvação lhes havia sido já dirigido, o Apóstolo, sem deixar de pregar a palavra, preocupa-se, sobretudo, em consolidar as jovens comunidades, preparando-as para suportarem as tribulações.
Ao mesmo tempo, S. Paulo organiza hierarquicamente a Igreja, pondo à sua frente os anciãos (presbíteros) escolhidos, não pela comunidade, como se fazia entre os judeus dispersos no mundo pagão, mas directamente por ele. Assim se manifestava a colegialidade. Assim se asseguravam as relações entre a Igreja local e a universal.


 Da Bíblia Sagrada

Picolinette

por João Távora, em 27.04.13

Às voltas com as minhas velharias sonoras. Oiçam este disco muito antigo, no máximo dos anos 1910 com um animado dueto de clarinetes de Jules Pillevestre, do qual ainda não descobri referências.


----//----


Entretanto, a revista do Expresso traz esta semana um pequeno artigo sobre os 125 anos da invenção por Emil Berliner do disco como suporte de gravação (16 de Maio 1888), cheio de disparates e equívocos, nomeadamente que os cilindros de Edison tinham que ser gravados um a um, e que o material utilizado para os discos começou por ser vidro (?) e depois passaram a ser feitos de plástico, quando na verdade foram experimentados em zinco, ebonite  e o seu fabrico estabilizado numa liga que se designou goma-laca. Como em tempos referi nesta crónica, a utilização do plástico para o fabrico dos discos (muito mais resistente e maior capacidade) só surge nos anos 195O num composto que chamamos usualmente vinil. De resto num paragrafo dedicado à pintura que celebrizou "A Voz do Dono" de Francis Barraud pouco nos conta sobre a comovente história do cão Nipper.

Depois do Parque Nacional

por João-Afonso Machado, em 27.04.13

A notícia não foi conhecida - muito menos comentada - na Peneda-Gerês. Só cá em baixo, dois dias depois, se soube que Cavaco emitira finalmente uma opinião firme. E, por sinal, parece que não tola. Aproveitou, para o efeito o gajo (assim se lhe referia, em outras eras, o senador Mário rodeado dos seus Cipiões) as solenidades do 25 de Abril.

O repúdio à esquerda foi total. A Esquerda não gostou que lhe lembrassem os inconvenientes de uma crise política, porque embora não pretenda uma crise política, a Esquerda deseja uma crise política. Ou vice-versa, não se sabe bem.

É o que faz a gente ausentar-se uns tempitos. Apanha o gosto pela beleza da paisagem, enche os pulmões de ar puro e chega mesmo à tangente para fechar a RTP1 de amanhã. Sócrates vai falar e o ambiente já se apresenta fétido.

"Um pesadelo cansado"

por João Távora, em 27.04.13

 

A ler Miguel Castelo Branco: 

 

Um dia disse-me um amigo alemão, hoje com quase oitenta anos, que com o nazismo foi assim. Tudo começou com um sonho e acabou em pesadelo. Os alemães acordaram, refizeram-se do pó da derrota. Nós, ainda estamos a dormir. E a coisa continua. Eles, por lá, cantavam o Horst Wessel. Por cá, continuamos com a Grândola.

Ramalho Eanes e o consenso

por João Távora, em 26.04.13


A maior mácula de Ramalho Eanes, João foi a ingenuidade quase infantil de acreditar num extremo “centro” tangível, com que um segmento de actuação governativa, expurgada dos interesses, das tendências e das pessoas, enfim, da política ela mesma. Irónico como o seu Parido Renovador Democrático - que emergiu à conta de um resgate financeiro e respectivas políticas de austeridade impostas pelo bloco central e que vem mais tarde a apoiar Salgado Zenha à presidência contra Mário Soares - tenha sido adquirido e transformado naquele que vem a ser um partido de extrema-direita.

(...) Com um Governo PS a austeridade chama-se "rigor orçamental", os défices têm a virtude de serem "investimento", recentemente até se conseguiu que as mentiras passassem a ser designadas por inverdades. As dúvidas, mesmo as mais legítimas, sobre a honestidade dos seus dirigentes são "ataques de carácter", o jornalismo de investigação é um "jogo de lama" e os cortes no Estado social nunca passam de um esforço empenhado de "racionalização". Até o autoritarismo puro e duro passa a chamar-se "autoridade democrática". (...) 

O grande triunfo do PS - e de Seguro - é que, ao fim de dois anos, o país continua a achar que não é necessário cortar nas funções do Estado e que basta "estimular a economia" para voltar a crescer e, assim, deixarmos de falar de "cortes". Como país pobre podíamos acreditar que era necessário mais esforço e mais sacrifício para sermos um pouco mais ricos, mas não. Preferimos acreditar que se gastarmos dinheiro emprestado nos tornamos, por milagre, mais ricos. É um sinal dos tempos. O tempo áureo das ideias socialistas foi quando se defendia que indo buscar aos ricos se enriqueciam os pobres; agora, quando os nossos "ricos" mal emergem da classe média, o grande projecto socialista é contrair e manter dívidas pois, como um dia disse Mário Soares, o dinheiro "aparece sempre". Já não nos apareceu por três vezes, mas ainda não aprendemos. Há razões para festejar em Santa Maria da Feira.


José Manuel Fernandes aqui na integra no Publico



 

Sara Sampaio daqui


A III República no seu melhor

por Duarte Calvão, em 26.04.13

Mário Soares, no seu segundo mandato presidencial, fez guerra aberta ao Governo de Cavaco Silva. Hoje, é apontado como "um exemplo". Jorge Sampaio deitou abaixo um Governo com apoio da maioria parlamentar, creio que um caso único na Europa Ocidental. Hoje, é “uma referência”. O próprio Cavaco, no primeiro Governo Sócrates, quando se reunia com ele numa “mesa de trabalho” redonda e com pé-de-galo, era considerado por embevecidos politólogos de esquerda quase uma “alma gémea” do primeiro-ministro socialista. Agora, bastou um discurso que não correspondeu às expectativas delirantes da esquerda, sobretudo de eleições antecipadas que nos enterrariam de vez no buraco, para tudo cair em cima do chefe de Estado e qual “respeito institucional” qual nada.
Apesar do tom de melindre de António José Seguro ser prometedor de futuros momentos divertidos, o prémio para reacção mais engraçada vai até agora para o deputado socialista João Galamba que, segundo o “Público”, meteu no Twitter a seguinte pérola: “um discurso miserável de um miserável presidente”. Na II República e creio que na I República também (os meus amigos historiadores poderão ajudar-me), insultos como este ao chefe de Estado republicano (ao contrário do que acontecia na Monarquia com o rei) davam cadeia. Hoje, felizmente, já não dão, mas mostram bem como a arquitectura da nossa triste III República está mal desenhada e como os seus defensores mudam de opinião conforme as conveniências políticas do momento.

A nossa tragédia grega

por João Távora, em 26.04.13

 

É irónico como num momento trágico como aquele em que vivemos, um apelo ao consenso feito pelo Chefe de Estado da república redunde de forma tão radical numa insanável ruptura política. Portugal é ingovernável, não só porque o sistema político semipresidencialista é um equívoco que concorre para a conflitualidade institucional, mas porque hoje como há duzentos anos os interesses sectários e clientelares são colocados à frente dos interesses nacionais. Não há meio de aprendermos, e a experiência ensina-nos a temer seriamente o destino que nos espera. . 

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