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E assim terminou o pontificado de Bento XVI: na forma inesperada, rara e quase inédita, misteriosa como tanto do que compõe a vida na Igreja Católica. Mas, decerto, não obra do acaso ou de um capricho. E muito à margem das habituais especulações de quem lê os designios de Deus pela cartilha das manobras dos políticos. Ou seja: sempre farejando o escândalo.
Assim mesmo, Fátima Campos Ferreira entrevistava um sacerdote português no Vaticano. No tom mais ansioso a atreito ao sensacionalismo. Interrompendo - Fátima Campos Ferreira não consegue aprender - palavras serenas, invocativas do Espírito Santo, sorridentes de confiança no Futuro, com perguntas menores sobre "casos", mormente o mais "saboroso", o da pedofilia.
Riem-se os crentes: como se um sucessor de Pedro recuasse perante essas lamentáveis ocorrências, fugisse delas, evitasse combatê-las...
O tempo passa, o Santo Padre despede-se, a mensagem parece cada vez mais clara: a resignação, com raizes históricas antigas, hoje quase uma "lança em África", não custa acreditar seja um exemplo que fique. Por isso, propositadamente praticado. Pela energia que carecerá aos mais velhos para enfrentar os grandes problemas globais. Em África, justamente, - e por exemplo.
Aqui, "La BD avant la BD" (ou "Comics before Comics"), uma exposição virtual giríssima sobre os antecedentes históricos da banda desenhada.
Ajustes directos nas PPP, batota de milhões. É que nem todas as PPP que são iguais, há umas mais iguais que outras.
Verdadeiramente notícia é os estudantes de Direito não saberem a diferença entre imigrar e emigrar.
Os cartazes dos alunos de Direito no protesto a Pedro Passos Coelho diziam "NÃO QUEREMOS IMIGRAR".
É importante que se saiba que na Faculdade de Direito de Lisboa, dito isto por quem lá esteve, não houve só manifestações de protesto a Pedro Passos Coelho. Houve também aplausos e gritos de apoio a Pedro Passos Coelho (gritavam viva Portugal) . Houve por isso diversidade de opiniões. E parece que uma das contestatárias tentou cantar o Grândola Vila Morena, mas não foi seguida por ninguém. Para não ficarem só com aquilo que as televisões passaram.
No dobrar dos 70's era assim. Com a Lewis muito coçada, a bota militar comprada na Feira da Ladra e os santuários da música ali para os lados da Avenida de Roma, em Lisboa. Onde conseguem chegar os minhotos!!! Não eramos de cabeleira comprida, escorrida, somente despenteada. Mas os blues significavam uma devoção - e, em vão, tentávamos divulgá-la. Contra o império da «música comercial». Peter Allen e quejandos ganharam sempre.
Ficou o amor às causa perdidas. Quando Alvin Lee veio tocar a Portugal foi a desforra. Inesquecivel espectáculo!!! Ten Years After!
A praia que o Verão repele, o nosso Verão, claro, porque, justamente, a praia regorgita de gente, de barracas, e uiva o vento e uivam milhares e milhares de criancinhas, urram os adultos, uma multidão inteira. É a Póvoa de Varzim, os seus famigerados farneis, a coxa de frango mais vulgar ainda que a concha do mexilhão.
Mas agora é Fevereiro. Como se vê e se goza. Fossemos nós gaivotas, em férias o ano todo e sempre sem frio...
“Os italianos votaram em massa contra a austeridade”, referia-se assim hoje em título o jornal i à vitória da esquerda em Itália na capa.
Tendo em conta a cultura dominante nos meios de comunicação social e nas oligarquias do regime; quando ser de esquerda é considerado uma virtude em contraponto ao adjectivo pejorativo que constitui a posição contrária; jamais se poderia esperar um mandato menos que conturbado a um governo de direita em Portugal. A tarefa revela-se então ciclópica na actual situação de resgate financeiro e emergência nacional, para mais coincidente com um processo de ligeiro reequilíbrio das economias mundiais e o correspondente empobrecimento do ocidente a que se assiste. É por isso que receio que nos defrontemos de novo com o facto de um governo não socialista não vir a completar o legítimo mandato por razões exógenas à democracia e seus preceitos regulamentares. Por mais justificações que se atribuam a estes golpes de Estado o assunto inquieta-me profundamente.
Assim como me inquieta que o partido que arruinou as finanças do país e que negociou e assinou o respectivo acordo de resgate financeiro com o FMI e os parceiros Europeus, tenha conseguido fazer vingar a ilusão colectiva de que a austeridade é um mero capricho, uma opção ideológica, e não a consequência de uma economia moribunda e da impossibilidade de financiamento do Estado nos mercados financeiros. Um embuste que incendeia as ruas e põe em causa a salutar alternância dos partidos no poder. E que mais tarde em confronto com a realidade resultará em mais um profundo golpe no crédito da democracia.
Do alto da sua enorme inteligência e do fundo do seu largo profissionalismo, os jornalistas das Sics e das TSFs retrataram assim a campanha eleitoral italiana: havia Mario Monti, um homem sério, mas um tecnocrata; havia a esquerda, que era muito melhor e venceria; também havia um cómico e um tonto. O tonto era Berlusconi, valdevinos, malandro, rico, devasso, burro.
Nada surpreendentemente, os eleitores italianos apanharam essa visão básica de surpresa - como hão-de ter surpreendido quem toma por boa a informação dos jornalistas das TSFs e Sics.
Agora que o centro-direita e a esquerda praticamente empataram, os jornalistas das Sics e TSFs falam do «desnorte» e do «desgoverno» da Itália, porque não podem supor um país que funciona sem governo, nem um povo que não esteja pendurado no Estado, nem um eleitorado que não siga as peculiares crenças das Sics e das TSFs. Um tal eleitorado há-de ser desgovernado e sem norte.
Dá-se, ainda, o curioso caso de as críticas e as alternativas de Berlusconi ao governo e à austeridade de Monti serem exactamente as mesmas que as alternativas e as críticas de Seguro a Passos Coelho. O que significa que para os jornalistas das Sics e das TSFs os mesmos programas para os mesmos problemas não têm o mesmo valor intrínseco; dependem apenas de se ser de esquerda (bom) ou de direita (mau). O que revela larga inteligência e fundo profissionalismo.
A noite da entrega dos óscares de cinema foi uma noite estrangeira de celebração de filmes estrangeiros apreciados e galardoados segundo critérios estrangeiros.
Jean du Jardin, melhor actor em 2012, estava presente na plateia, mas, depois de ganhar o prémio e desde há um ano, desapareceu inteiramente de cena e da oferta de papéis. É a primeira peça do meu mau-estar com este lamentável fecho de Hollywood sobre si mesma.
Seth MacFarlane, o apresentador em má hora escolhido, fez-me recordar aquilo que os inimigos da América queriam dizer quando apodavam alguma coisa de «muito americana». A apresentação de MacFarlane foi «muito americana» no sentido politicamente correcto que tolheu umas piadas e impediu outras, foi superficial e complacente, foi entediantemente respeitosa (como a esquerda, Hollywood adora «desmitificar», mas suporta mal humor e crítica), foi utilitária e sem rasgo. Foi a segunda peça do meu descontentamento com os óscares.
Tendo partido do seu querido Obama a ordem para a caça final a Osama bin Laden, julgar-se-ia que um filme como O-Dark-Thirty, um belíssimo filme de acção e uma história verídica, pudesse dar-se bem nos óscares. Em vez disso, foi cuidadosamente ignorado. Hollywood não teve maneira de enfrentar as contradições: o bom trabalho dos odiados serviços secretos, agindo a mando do presidente amado, lançando uma operação pelos detestados militares, desaguando num final feliz que consiste no abate de um inimigo. A cartilha «liberal» amedrontou-se, Hollywood assobiou para o ar e olhou para outro lado - mesmo depois de a realizadora fazer um esforço para convencer-nos de que a tortura não ajudou na captura de bin Laden (o que é falso: foram as tentativas de vários torturados de iludir a importância do correio de bin Laden que levaram os interrogadores, a contrario, a centrarem-se nele). Mais: depois de ignorar este assunto desconfortável, Hollywood preferiu premiar um filme, Argo, em que o herói é o cinema (ou o fingimento de cinema) e os acontecimentos estão a confortável distância no tempo. Este comportamento fingido, incomodado e umbiguista foi a terceira peça da minha irritação com os óscares (além de achar que Ben Affleck tem a expressividade de um cepo).
Mas, não tentou Hollywood emendar a mão premiando o austríaco Cristoph Waltz? O prémio é mais de Tarantino, e Waltz não o merecia desta vez. Mereciam-no Philip Seymour Hoffman ou Joaquin Phoenix, não ele. E mais desconforto com um óscar errado.
E, por fim, a «magia do cinema»... Há anos, um autor menor escreveu um livreco que se tornaria best-seller. Era sobre um tal Jonathan Livingston Seagull, ou Fernão Capelo Gaivota, uma gaivota destemida que ambicionava voar mais alto e mais depressa. O livrinho tresandava à parafernália com que se fazem as «fábulas» e as «parábolas» de fancaria, as histórinhas presunçosas cheias de vácuo e espalhafato significando nada. Era tal e qual como A Vida de Pi, o livro. Mas A Vida de Pi, o filme, essa inanidade vistosa, é de Ang Lee, e Ang Lee, embora defunto, continua a merecer de Hollywood agradecimentos perenes por ter levado a homossexualidade aos vaqueiros. E lá foi paga mais uma prestação dessa gratidão alegre. Pareceu-me o golpe derradeiro nos óscares. Assim atordoado, já pouco me importou ouvir Barbra Streisand (cantando mal), Catherine Zeta-Jones (cantando e dançando pesada e pessimamente) Shirley Bassey (cantando curto), o elenco d`Os Miseráveis (espremendo-se afligidamente), Seth MacFarlane (cantando um primor de mau gosto intitulado «I saw your boobs»), e Michelle Obama (colando-se).
Sobrou pouco, mas sobrou qualquer coisa; sobrou que viva Jennifer Lawrence, sempre, Viva Spielberg, eternamente, viva Daniel Day-Lewis, todos os dias, e viva Adele, que usa tão bem, tão bem, tão bem a voz divina que lhe deram.
É para mim um tédio toda a histeria gerada à volta da entrega dos Óscares, um certame internacional em que a minha equipa nunca entra. Enquanto para gáudio do povo ontem a imperatriz Obama veio acenar à tribuna, eu estava a dormir profundamente. Sei que esta afirmação vinda de um não-marxista constitui um sacrilégio, mas eu assumo e estou pronto para a cobrança.
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Boa noiteA guerra começou no dia em que um homem (...
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