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Ai que dia tão bem escolhido. É sempre bom uma greve numa sexta quando na quinta-feira é feriado... sabe mesmo bem. Boas mini-férias!
A celebração do centenário da República (benza-a Deus!) não foi capaz, nem para tal foi vocacionada, de dar o outro lado das coisas, aceitando a honra e o patriotismo dos que lhe resistiram. E no entanto, esse lado existe, existiu, pelo menos até que uma qualquer Censura o amordaçou. Entretanto, não pouca propaganda houve, até por amanhãs que cantam: «para que possa sobre nós raiar | mais depressa uma aurora apetecida...» Livra!!
Afonso Costa fez tudo o que estava ao seu alcance para ser a inspiração dos génios do lápis e da tinta-da-china, e mereceria uma grande exposição desses desenhos que a maior parte das vezes o deixaram bem mal no retrato, mas alguém poderia bem dizer: — Foi merecido!
Amanhã não é dia das Bruxas, mas sim Dia de Todos os Santos, que evoca todos os heróis cristãos conhecidos ou desconhecidos que vacilando mais ou menos não desistiram do seu caminho de fidelidade a Jesus.
Será péssimo para a democracia ter na Assembleia da República um deputado como João Galamba, ou será óptimo para a democracia ter em João Galamba, na Assembleia, a lembrança do que eram Sócrates e os seus soldadinhos?
Obtuso, porém ufano, Pedro Marques Lopes saiu ontem de debaixo do Eixo do Mal para vir a um jornal da Sic fulminar os deputados todos. Escarnecia ele a Assembleia da República por ter passado o dia a discutir a Constituição e o Estado Social quando, ria ele, isso não interessa nada, o que interessa é o Orçamento. Como de costume, era exactamente o contrário.
Quando, dentro de relativamente pouco tempo, todos (todos) tiverem compreendido que o Estado Social tem que ser refundado e a Constituição é uma peça arcaica e perniciosa, então Pedro Marques Lopes será, sem dúvida, o mais categórico e agitado crítico deles.
O Partido Socialista – ninguém o esqueça – governou Portugal 13 anos nos últimos 17.
Nesse período aumentou assustadoramente a despesa do Estado, duplicando os gastos do Serviço Nacional de Saúde, criando sindicatos de voto com o Rendimento Mínimo Garantido (uma prestação não contributiva de incentivo à parasitagem social), hipotecou as gerações futuras com dezenas de parcerias público-privadas, implicando custos de dezenas de milhares de milhões de euros, mas muitas delas eufemísticamente vendidas como sem custos para os utilizadores. Só nos últimos 3 anos da famigerada governação Sócrates duplicou a dívida pública, que aumentou em mais de 80 mil milhões de euros, uma dívida astronómica superior ao próprio programa de assistência internacional que, no fim da festa, o anterior Governo teve de assinar para garantir o pagamento de salários, pensões e o próprio funcionamento da máquina do Estado.
Sei bem que antes de Guterres muitos erros foram também cometidos, não raro por quem agora cinicamente alija responsabilidades próprias chorando lágrimas de crocodilo pelo povo que antes enganou e cujo futuro também comprometeu.
Mas a responsabilidade maior, essa é de um PS desavergonhado que confia na memória bovina do vulgo para escapar ao julgamento em que a História seguramente o condenará.
Por mim não tenho ilusões: se comunistas e bloquistas se portam como autênticas hienas, salivando com as dificuldades que muitas famílias enfrentam, este PS está também claramente do lado do quanto pior melhor. O vazio de ideias de Seguro só tem paralelo com a fraqueza que o mesmo exibe perante os insuportáveis sócratinhos que se babam no plenário de S. Bento.
Contarmos com o PS é o mesmo que uma vítima pedir ajuda ao seu agressor.
Esperar do PS, do partido que arruinou Portugal e nos levou à bancarrota, qualquer contributo útil, sério ou exequível, é como a cegonha acreditar nas intenções filantrópicas da raposa.
O que hoje Fernando Ulrich disse sobre os riscos de uma séria degradação das condições sociais, económicas e financeiras do País, e que tantos imbecis se esforçam por ridicularizar ou apenas zurzir, é apenas o aviso do bom senso, do que nos pode acontecer se ouvirmos o facilitismo e ignorarmos a realidade.
E a verdade é que, por muito que custe à gerontocracia do regime e à esquerda em festa, o Mundo não nos deve a existência nem se compadecerá se nos não adaptarmos às nossas possibilidades.
Quanto mais tarde o percebermos, pior, e foi isso que disse Ulrich.
As pessoas não perceberam e mais uma vez ofuscaram-se apenas com as palavras e não com a mensagem completa. O que Fernando Ulrich quis alertar é que não vale a pena dizer que não aguentamos com mais austeridade, para travar a actuação do Governo, porque a verdade é que se houver mais austeridade, que remédio temos nós senão aguentar. A Grécia aguenta, que remédio tem ela, com montras partidas ou não. É isto que Fernando Ulrich quer dizer. É um aviso. Se isto não resultar vem mais austeridade e não há nada a fazer, não depende de políticos A ou B.
Venham soluções europeias, uma mutualização de parte de todas as dívidas dos países, uma inflação do euro, o que for preciso. Não vai ser possível manter o euro com assimetrias tão grandes nas contas públicas de cada país. A economia não é uma disciplina da filosofia moral, não obstante ter nascido daí com Adam Smith.
Assim falou em entrevista à Lusa: aconselhando o seu «primo direito» Victor Gaspar a não aceitar o convite para Ministro das Finanças, «porque o esperava uma "alhada monumental"». Quem? - nem mais do que Francisco Louçã.
A pertinente pergunta é - porquê tão paternalista recomendação? Conheceria Louçã, de antemão, as opções estratégicas a tomar pelo seu parente? Ou - hipótese mais provável - pretenderia avisá-lo da cruz onde a Esquerda, os sindicatos e uma opinião facilmente promovida a "pública" o crucificariam?
Contas finais: tão eivado de patriotismo e espírito cívico, estaria Louçã - caso lhe consentissem tal - disposto à «alhada monumental» de assumir a Pasta das Finanças deste Portugalito?
A passagem do tempo sobre a memória das pessoas que passaram na nossa vida lava-nos o olhar: realça os traços principais, ofusca as mesquinhices.
"Vale de muito pouco a Constituição proteger direitos sociais se o Estado não tem dinheiro para os pagar"
Queremos dinamismo na economia, empreendedorismo, estímulos à concorrência? A resposta também passa por olhar a sério para os pesadíssimos custos de contexto que impomos aos agentes económicos em Portugal através de uma legislação e regulamentação que crescem a um ritmo desmesurado, muitas vezes apenas para alimentar e justificar uma máquina burocrática. Para quem não soubesse, a demonstração é feita no estudo "Justiça Económica" da Fundação Francisco Manuel dos Santos, com base em inquéritos do INE, que "aponta a dificuldade de algumas empresas em interpretar ou descodificar as normas e disposições legais que as afectam. Dos resultados apurados refere-se que quanto menor é a dimensão da empresa maior é a dificuldade em obter e saber interpretar a legislação".
Estou profundamente convencido de que todo o sistema administrativo regular e permanente que tenha por fim aliviar as necessidades dos mais pobres criará mais misérias do que as que curará, depravará a população que pretende ajudar e confortar, reduzirá progressivamente os ricos a simples fornecedores dos pobres, secará as fontes de poupança, cessará a acumulação de capital, retardará o desenvolvimento do comércio, entorpecerá a actividade e a industria humanas e, quando o número de beneficiários exceder o dos contribuintes, culminará na realização de uma violenta revolução do Estado.
Mémoire sur le Paupérisme, Alexis Tocqueville - 1837
in Pensar a Democracia com Tocqueville, Lívia Franco – Principia 2012
Quanto mais os jornalistas insistirem em desempenhar o seu papel como o estão a desempenhar, mais redundante será o seu papel e menos necessidade teremos deles. E, do mesmo passo, mais ilustrarão e tornarão indispensáveis comentadores e colunas de opinião.
Veja-se o que se passou com a expressão «refundação do acordo de entendimento». A ela, os jornalistas não dedicaram um neurónio, sobre ela não tentaram uma interpretação, não tentaram investigar nela um significado. Em vez disso, mal o primeiro-ministro a pronunciou, pegaram apenas na forma e correram numa agitação frenética (que imita o movimento mas retrata a medular apatia), a colocá-la perante outros protagonistas da vida política para dispararem coisas sobre ela. É isto ser pé de microfone: suscitar uns dichotes, umas opiniões pitorescas, em geral coladas com cuspo e apressadas. Dar-se por muito contente. E, de informação, nada.
Chegam, então, pela própria mão dos jornalistas, os comentadores. E, com natural facilidade, visto que ainda por cima lho pedem, envergonham os jornalistas: uns, mais atentos ao tacticismo da política, explicam: deitar fora o acordo de entendimento e dispor-se a negociar outro é dar um brinde ao PS, é suicídio político; outros, olhando mais o fundo e menos a circunstância, informam com mais brutalidade: o Estado social está falido, o que há tem que deixar de haver, foi isso que ele disse.
Os jornalistas cultivam a perplexidade e vestem a pele de estafetas de sound-bytes. Os comentadores informam e explicam. A este ponto se deixaram chegar os orgãos de informação. Depois, como se fossem estranhos ao processo, clamam que estão em risco de vida e que a sua morte seria um atentado à democracia. Sugerem o quê como remédio? Assumirem um papel mais útil ou transformarem-se em mais uma rubrica na despesa do Estado?
Somos o que formos capazes de fazer de nós. Há sonhos e tempos para os fazer reais, sofrimentos a passar em função das metas que se querem alcançar. Uma constante luta entre o que somos e o que podemos ser. Mas há, em toda esta dinâmica um erro que é importante erradicar, sob pena de se desperdiçar tempo e esforço no sentido oposto ao que se devia: a teimosia.
Muitas pessoas se afirmam teimosas, como se a teimosia fosse um defeito que se pode e deve assumir, como se se tratasse apenas de uma forma de perseverança que se professa com modéstia... Não. Ser teimoso é perseverar no sentido errado. É saber-se errando e continuar a seguir pelo mesmo caminho. Outras vezes, o teimoso é o que se recusa simplesmente a analisar e avaliar o que anda a fazer, como se isso fosse uma mera perda de tempo.
O compromisso é determinante na plena realização do ser humano enquanto tal. As crenças e convicções devem fazer-se concretas na vida de cada um de nós. A fidelidade à palavra dada é um valor transcultural. Sermos fiéis aos nossos compromissos honra-nos e dignifica-nos. A nossa palavra é um momento que atesta a nossa identidade, ou, pelo menos, que permitirá avaliar depois de forma muito concreta quem afinal somos.
Os atos são mais importantes do que as palavras. Mas serão mais coerentes e belos se estiverem inscritos num programa sonhado, pensado e desejado.
Desistir de um projeto só é errado se se tratar de um plano bom, que vise o bem; caso contrário, é a opção correta. Não se percebe como há gente que afere o carácter de outrem através da forma como se mantem fiel a uma linha de rumo, independentemente de onde ela o leve...
Teimosia é esperar junto a uma parede, para que ali haja uma porta. É estar convencido que todas as evidências são aparências enganosas, e que mesmo que tudo aponte num determinado sentido, desistir da ideia inicial corresponde a uma falta de integridade.
O compromisso será a forma mais elevada que qualquer homem tem de assumir o que é e o que quer ser. Não se desobrigando nunca de, corajosamente, repensar tudo a cada momento. Mantendo o rumo se esse for o caminho certo para o bem; alterando-o, na medida do necessário, se com isso o bem se atingir com mais eficácia; desistindo, se cada passo ou minuto projetados nos afastassem do que é o maior bem: a felicidade.
Ser feliz passa por um compromisso pessoal, uma vontade férrea de não se deter em dificuldades, por maiores que sejam. Mas sempre, sem teimosias, porque isso é insistir no mal, é não perceber que muito pior que estar errado é querer continuar assim.
Ser teimoso é um compromisso sério, muito sério, com a estupidez. Perseverar no mal, sem disso desistir, não é sequer conduta digna da inteligência mais rudimentar.
A fidelidade faz com que o Homem seja maior. A obediência é uma das formas mais belas de ser livre, porque um homem pode escolher ser feliz servindo um projeto que não tem sequer de ser seu... infelizes serão todos quantos julgam que a liberdade é fazer o que apetece, como se fossem escravos dos seus apetites.
Quem luta pelos seus sonhos, sem teimosias, determina-se a ser maior, melhor. E engrandece-se imediatamente, com o primeiro gesto, o momento em que a realidade se lhe submete à vontade. O momento em que os olhos se abrem e os sonhos devem começar a cumprir-se.
Há compromissos, sem nada de teimosia, que envolvem mais do que uma pessoa, importa nesses casos pensar na obediência como uma concessão bela e inteligente, a capacidade que dispomos de trocar a nossa felicidade individual por um sonho sonhado por mais do que uma pessoa, cuja concretização envolve a multiplicação generosa das possibilidades de cada um dos envolvidos ser feliz... Mas isto será algo absolutamente impossível de compreender por qualquer egoísta... como o são sempre os teimosos!
(publicado no jornal i - 27 de outubro de 2012)
ilustração de Carlos Ribeiro
«O futebol não tem interesse só pelo jogo. Quando o Sporting perde não tem interesse nenhum»
Manuel António Pina (1943-2012).
Acontece com os indivíduos e com as nações: o processo de crescimento tem a ver com a adequação do desejo e vontade às contingências da realidade. Uma tão gratificante quanto dolorosa aprendizagem de convivência com o sucesso e frustração. Sob reservas mentais e ilusões de conveniência, sem concessões aos factos, por mais duros que sejam, o risco é de perpetuar um estágio de ambiguidade adolescente, um equilíbrio precário, uma morte lenta. Evitada a realidade, sem tocar o chão com medo do desespero, a bolha não rebenta comprometendo a maturidade e a autonomia. Em troca fica uma existência alienada e estéril.
Texto reeditado
Inglaterra de 1900 de Eduardo VII, num delicioso "postal" animado, sem actores ou adereços impecavelmente restaurado.
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Acho que não percebeu a substancia do texto...