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Já é natural, nestes maravilhosos tempos modernos os pequenitos comerem à mesa da sala de jantar, com a complacência dos pais, caridade dos irmãos e algum consentido chavascal à volta do seu lugar. São os danos colaterais da gestão da “aprendizagem” e da “socialização”. Em minha casa há alguns anos que uma conversa séria à mesa não dura mais do que o tempo duma música pop.
Isto tudo a propósito do meu filhote pequeno, que tem pelo na venta, mas não tem a lateralidade definida, e que só recentemente começou a fazer correspondência entre número e quantidade e vem demostrando progressos na estruturação temporal (vem tudo no relatório do colégio – um mimo). Para já sabe que está de férias, e que isso quer dizer que não vai à escola.
Por tudo isto o meu espanto foi enorme um dia destes quando o seu ego colossal interrompeu a conversa ao jantar para me declarar literal e peremptoriamente que “precisava de dinheiro”. Ficámos todos atónitos e eu estive quase para lhe responder à séria que “eu também”; mas o miúdo não me deu tempo com uma pronta justificação: “É para pagar aulas de Inglês”.
Ainda hoje não sei onde ele foi buscar tão assisada ideia, mas desconfio que foi a uma série de desenhos animados.
Custa-me colaborar neste peditório, mas não resisto. Refiro-me ao chinfrim causado pela manifestação de cerca de duas dezenas militantes Comunistas e da CGTP por ocasião da visita de Álvaro Santos Pereira sua visita ao Parque da Ciência e Tecnologia da Covilhã, acto que roçou a mera criminalidade. Mas aquilo que me parece preocupantemente revelante é o furor com que este tipo de acontecimento é mencionado na comunicação social. Por exemplo, ontem no notíciario da SIC chamava-se aos manifestantes “o povo da Covilhã”, assim como acontece no título da notícia na página 5 do jormal i “Na Covilhã, o povo não foi sereno com o ministro da Economia”.
Mas foi. Entende-se a fome de sangue dos media na expectativa de incendiar as emoções e as vendas dos jornais e da publicidade, mas a verdade dos factos é que o desacato protagonizado por dúzia e meia de energúmenos passou completamente ao lado do “povo da Covilhã”.
Mas a experiência do transcendente contido na realidade não brota só da percepção de momentos solares que para nós se tornam epifanias. O tecido grosseiro dos dias não é feito só do trabalho de recuperação e de reconstituição da ordem, como o do sapateiro que substitui as solas gastas por novas meias solas, e cujo oficio consiste em voltar a substituir a que depois delas voltarão as gastar-se. Esta face penosa da existência humana convida-nos a incluir também no horizonte da sabedoria a percepção da capacidade do homem para inventar e aplicar técnicas, para se reproduzir, alimentar e viver em sociedade. Neste caso a percepção epifânica não brota directamente do contacto sensorial do Universo cósmico, mas da visão simultânea de movimentos de massa da Humanidade inteira, de guerras e da paz, de lutas e migrações, de cerimónias e acordos, de realizações técnicas e artísticas, da capacidade de análise e síntese com que nasceu e com que observa o mundo. A capacidade humana para abarcar com um olhar só, numa desproporção total entre o que vê e o que é visto, torna-se também revelação divina. Através desse panorama sem limites de espaço ou de tempo, percebemos que o nosso olhar se assemelha ao olhar de Deus sobre toda a criação e sobre toda a Humanidade e do Universo.
José Mattoso - "A sabedoria, saber e viver" In Levantar o céu, – Temas e debates, Circulo de Leitores
(…) O meu problema não são os Catrogas e os Catroguinhas, as Cardonas e as Cardoninhas,, os Mexias e os Mexiazinhos, os Zorros e os Zorrinhos desta cidade do almocinho promíscuo entre políticos, gestores de empresas protegidos, banqueiros e advogados. Este quadro lisboeta é o meu problema. E o pior é que o governo revela, cada vez mais, uma impotência juvenil perante o pântano. Se o leviatã socialista não tinha vergonha na cara, o leviatã da AD não tem coragem. O estado da AD é assim um pouco amaricado, porque as gentes do PSD e do CDS também são oriundas daquele quadrado alfacinha. Boa parte dos laranjinhas e azulinhos tem a marca dos escritórios de advogados que inventaram as PPP e afins. E, na volta, ainda vamos descobrir que o Dr. Gaspar é ex-aluno, ex-professor, amigo, primo, cunhado, quiçá, irmão do Dr. Mexia. Não, não é Portugal que cansa. O que cansa é esta endogamia almoçarista de Lisboa. (...)
Henrique Raposo hoje no jornal Expresso
Não custa avaliar o susto vivido ontem pelo nosso Ministro Álvaro Pereira, o infeliz detentor da pasta de uma Economia já quase só imaginária. É o episódio covilhanense da turbamulta a lançar-se sobre o seu carro, inédito, creio, pelo menos desde a oportuna agressão a Mário Soares nas Presidênciais de 1985.
A dúvida principal estará, porém, em saber o que se seguirá: o Governo ver-se-à impossibilitado de sair à rua? Vão prosseguir as injúrias, as bandeiras negras e vermelhas, os dísticos ofensivos, enfim, toda essa criativa e espontânea panóplia de artefactos sindicais? E a autovitimização, os gastos brados contra o «fascismo» sempre sequentes à necessária intervenção policial em tais circunstâncias?
Uma coisa é certa: vinte ou trinta pessoas não constituem uma multidão mas são as bastantes para o charivari. Os profissionais da agitação sabem disso e a CGTP-Intersindical está no terreno. Arriscaria dizer, com o maior entusiasmo: recordando, empolgadamente, os "bons velhos tempos".
(- Eh rapazes! E daquela vez em que sequestrámos os deputados da Constituinte?!)...
Azar nosso, a maré é realmente de crise. Senão - e com elevada participação, decerto - sempre se organizaria uma excursão a Paris. Revivalista, em preito de homenagem ao "Maio de 68"; e justicialista, em demanda de um certo estudante de Filosofia na Sorbonne, com bolsa e ajudas de custo pagas a expensas de todos nós.
Um rapaz de multiplos saberes, aliás, com obra arquitectónica de vulto precisamente na Covilhã.
O Expresso de hoje resume: Magda fez 47 queixas do ex-companheiro. O tribunal proibiu-o de se aproximar dela. Ele não acatou e continuou a afinfar-lhe. Nunca foi preso. Magda e o bebé que tinha dentro foram mortos à catanada.
Acho bem. O Estado não pode ser repressivo, como diz Marinho Pinto. A culpa é da sociedade. A culpa é do casamento gay.
Sai mais uma campanha catita para a mesa quatro.
"Vai vir gente moralmente superior".
Tem sido assim em muitos domínios: muita moral e muito superior.
Com efeito, a contemplação mostra-nos a fantástica variedade, complexidade e coerência dos fenómenos da vida, da constituição da matéria, e da prodigiosa dimensão e regularidade do mundo cósmico. A contemplação intensifica a fruição da arte na música, na pintura, na poesia, no teatro e no cinema. A contemplação torna-nos sensíveis ao riso e à frescura das crianças e de tudo o que começa de novo. A contemplação faz-nos descobrir em toda a parte homens e mulheres inesperadamente inventivos, generosos e honestos. A contemplação inspira-nos o respeito e a admiração por quem é capaz de manter a dignidade face ao sadismo dos torcionários nas prisões e campos de concentração. A contemplação abre os nossos ouvidos ao clamor dos famintos e dos oprimidos em todo o mundo e em toda a História, e faz-nos partilhar com eles a compaixão pela humanidade ferida. A contemplação introduz-nos no mistério do sofrimento que se torna passagem para a ressurreição através da morte aceite e vencida, e mostra-o em Jesus Cristo, Filho de Deus, sinal da invencibilidade da vida. A contemplação associa como num único sujeito todos os homens e mulheres que desde o princípio do mundo perscrutaram o mistério do Uno e do Todo. Assim, o homem contemplativo perde o medo do futuro. Vive no presente e descobre, a cada passo, nas coisas grandes e pequenas, nas coisas boas e más, na doença e na saúde, na prosperidade e na pobreza, na paz e na guerra, a espantosa realidade das coisas.
José Mattoso - "Contemplação e acção, ontem e hoje" In Levantar o céu, – Temas e debates, Circulo de Leitores
A propósito de "carreiras" e outros deslumbramentos, recupero esta crónica memorialista há muito publicada aqui no Corta-fitas. Amanhã é sobre o "meu" Bairro.
"Há bilhões e bilhões de dólares, e se Grã-Bretanha não os quer, há imensos sítios ótimos para os colocar", declarou Rupert Murdoch"
Um dia talvez as pessoas percebam quem são os responsáveis pela substituição do valor do Trabalho pelo poder do dinheiro.
Até lá os povos viverão cada vez mais escravos da plutocracia.
No ano passado, a final da Taça Euro foi entre duas equipas portuguesas. Este mês, Portugal quase igualou o campeão do Mundo. A final do EURO 2012 vai ser arbitrada por um português. O segundo melhor jogador do mundo é português. Digam se existem muitas áreas onde somos assim e não vale dizer que é apenas um desporto. Não é. É um negócio, um produto cultural e um espectáculo. Há razões para este sucesso.
Em primeiro lugar, o futebol não é regulado pelo Estado. Quem organiza a bola são os Fiuzas, os Pinto da Costa, os Oliveiras e mais alguns milhares de carolas espalhados pelo país. Se o futebol, como a educação e a cultura, tivesse sido regulado por um punhado de ex-MES depressivos encafuados num gabinete lisboeta, hoje estaríamos ao nível da Letónia.
Depois há um traço universal do sucesso: o gosto. A bola é gosto, prazer. No FC Alcabideche não se pretende elevar o espírito nem trabalhar o homem: organiza-se uma equipa e participa-se em camponatos. O seccionista do Arrentela ou o director do Benfica podem ser uns porcos machistas, maus pais ou saudosos da carbonária. Pouco importa. No futebol cabe tudo. Por puro prazer.
Por último, e decorrente dos outros dois factores, o estado de guerra. Se o futebol português tivessse sido o Carlos Queirós, o Rui Santos e o Francisco George, seríamos uma espécie de Alemanha mais baixinha e anémica. A competição violenta e sem tréguas encaixa na manha, no desenrascanço, na loucura. O resultado está á vista.
Na biografia de Otelo ( ver post aí em baixo) há uma parte deliciosa. O tribunal acusa-o de não respeitar a Constituição ( recurso à luta armada) e Otelo responde aos juízes que eles é que não a respeitam: "Onde está o caminho para o socialismo e para uma sociedade sem classes?".
Como a primeira alternativa de JPP não é válida, restam as outras duas. Nenhuma delas provoca estupefacção.
Muito mais Dalai no Blog do Dalai Lima
Adolfo Mesquita Nunes escrevia isto, e muito bem, em 2011. O governo mudou, mas o medo, pelos vistos, continua. Bem os assessores do governo actual iniciaram até o desporto de desqualificar quem quer que ouse criticar.Vale tudo, inclusive a divulgação ( truncada) da folha salarial ( como no caso do bispo das Forças Armadas) ou da ocupação de lençóis ( como aconteceu à jornalista do Público).
Razão tinha o Adolfo Mesquita Nunes.
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