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Era como se tivesse o céu
Beijado silenciosamente a terra
Para que ela na luz irradiante das flores
Só sonhasse com ele.
A brisa soprava através dos campos,
As espigas ondulavam suavemente,
Os bosques murmuravam docemente,
Tão clara de estrelas estava a noite.
E a minha alma estendia
Amplamente as suas asas,
Voava através da natureza silenciosa
Como se voasse para casa.
Há diferentes formas de entender o tempo enquanto realidade. Nas culturas orientais vêem-no como uma circularidade, uma ciclicidade. Por este lado do mundo pensa-se o tempo como sendo algo linear, recto.
Sabemos que o tempo nos antecede e compreendemos relativamente bem que não acaba quando nós deixarmos esta vida. Mas a morte aparece como uma certeza de grau diferente, que interpela o íntimo e obriga a viver de forma completamente distinta, como se se tratasse da regra mais importante do jogo.
Ao contrário da nossa existência antes do nascimento, que para ninguém parece ter o mínimo interesse, o que se passará connosco depois da morte já deixa quase o mundo inteiro preocupado.
Mas pode bem ser que a morte não esteja à nossa frente mas atrás de nós. Não nos alcança mas vai cristalizando de forma irreversível todos os nossos momentos – a cada momento.
O que se fez ontem está completamente vedado a alterações. Pode-se decidir muito em relação ao presente, quase tudo em relação ao futuro, nada em relação ao passado. A ninguém é dado reviver. A morte impede completamente quaisquer mudanças. O presente só é um presente enquanto por ela não for passado.
Impossibilidade absoluta de qualquer outra possibilidade, a morte aniquila por completo todo o movimento que não se dirija para diante.
A nossa vida é viver a morte de cada um dos nossos instantes... até que um dia ela se antecipa e nos leva antes de ser hoje... restar-nos-á, como sempre, dar um passo em frente, seguir adiante, para um outro hoje, talvez fora do tempo. Talvez em casa, novamente.
(publicado no jornal i - 25 de fevereiro de 2012)
Evangelho segundo São Marcos 1, 12-15
Naquele tempo, o Espírito Santo impeliu Jesus para o deserto. Jesus esteve no deserto quarenta dias e era tentado por Satanás. Vivia com os animais selvagens e os Anjos serviam-n’O. Depois de João ter sido preso, Jesus partiu para a Galileia e começou a pregar o Evangelho, dizendo: «Cumpriu-se o tempo e está próximo o reino de Deus. Arrependei-vos e acreditai no Evangelho».
Da Bíblia Sagrdada
Uma cidade de silêncios, não fora o piar da gaivota anunciando a proximidade de terra. Ou talvez as rotinas dos mais madrugadores. Há bicicletas e pedais com força para cavar o dique e suster as ondas. Outras pequenas verdades velejam nos parques. Pequenas? Antes, talvez, simples e honestas, frias como punhais. Destituidas de discursos, desurbanizadas, a mandar calar os arautos.
Ao domingo, manhãzinha cedo, já todas as máscaras cairam. Até a cidade se pentear outra vez, será o mais cru momento da novela.
A cidade eufórica, de braços abertos ante a torrente de camionetas a descarregar gente. Bandos de escuteiros, portuguesinhos da silva e dezenas e dezenas de galegos, nem tanto de castelhanos. Guimarães - Capital da Cultura. Os programas mais diversos decorrem sobretudo à noite, seja no Toural, seja nas pequenas praças do Centro Histórico. Mas as manhãs e as tardes nem por isso são menos vivas. É o tempo próprio da visita, encosta do Castelo acima, Largo do Carmo abaixo. Numa esquina, uma tuna académica entoava os seus cânticos. Os transeuntes cercavam-na gozando o espectáculo. Guimarães rejuvenesce e orgulha-se dos seus pergaminhos de "berço da Nação". Cercada de uma modernidade por vezes duvidosa, quando espreitada lá de cima, da Penha. Onde os filetes do restaurante do Hotel mantém a mesmíssima qualidade de sempre.
E onde, além do miradouro e do passeio, certamente por efeito da altitude, a vida desata a lingua e fala, fala, conta-se toda por quantas décadas de triunfos e derrotas... não própriamente guerreiras.
Encaremos os factos de frente.
A criminalidade grave, violenta e organizada está a aumentar no nosso País.
Gangs violentos, muitas vezes encapuzados, atacam pessoas inocentes, na rua, em casa ou nas suas viaturas, assaltam apartamentos, vivendas e montes isolados, roubam estabelecimentos comerciais, sejam ourivesarias, gasolineiras ou simples lojas, arrombam multibancos e desviam carrinhas de transporte de valores.
Ouço cada vez mais histórias de pacatos cidadãos, muitos deles velhos, serem amedrontados, manietados, espancados, roubados, quando não violentados e mortos.
Não me interessa se os assaltantes são indígenas, brasileiros, de países do Leste ou ainda de outras nacionalidades. Pouco me importa se são brancos, pretos ou ciganos.
Só sei que não pode a sociedade tolerar mais a ameaça que essas bestas representam para a ordem pública, a paz social e a vida de cidadãos inocentes, e sei também que o Estado tem o indeclinável dever de combater resolutamente a criminalidade violenta.
Impõe-se, pois, o reforço dos meios policiais e de investigação criminal; o aumento dos limites máximos das penas para crimes que evidenciem a inintegrabilidade dos criminosos; um claro agravamento das molduras penais aplicáveis aos crimes violentos, eliminando em relação a estes a possibilidade de suspensão do cumprimento das penas de prisão; uma simplificação do processo penal, procurando garantir julgamentos sumários e céleres; a imposição da pena acessória de expulsão como regra sem excepção nem perdão, quando se trate de estrangeiros; um forte endurecimento das condições de cumprimento das penas, acabando com televisões e quaisquer outros confortos pessoais nos estabelecimentos prisionais; ainda o estabelecimento do princípio de que os presos não têm o direito de não trabalhar nas prisões, já que quem não quer trabalhar seguramente também não se pretende (re)integrar na sociedade.
Se não tivermos a coragem e a lucidez de declarar guerra à criminalidade violenta continuaremos a assistir a um agravamento da insegurança pública, seremos cúmplices desses celerados bandidos e pagaremos no fim uma pesada factura social. Pior que tudo, mostraremos cada vez mais a nossa decadência como Nação.
Há uma imensidade de séculos que os homens julgam ter atingido os píncaros do progresso e da modernidade. A verdade é que ontem e hoje, como daqui a quinhentos anos, será um risco colocar um engenho nuclear nas mãos de um indivíduo, se ele não for razoável.
”A morte é uma transição, é como se fosse ao Brasil ou à Indonésia, se eu fosse à Austrália durante 5 anos era muito mais longe.
A Minha fé facilita muito o fim da vida, porque o caminho é claro.
Se morrer hoje eu sei concretamente qual é o meu futuro.
A questão de se ter duvidas é a dificuldade de não se saber bem o que é que vai acontecer.
Ter fé facilita muito o fim da vida”
A morte é uma transição, é como se fosse ao Brasil ou à Indonésia, se eu fosse à Austrália durante 5 anos era muito mais longe.
A Minha fé facilita muito o fim da vida, porque o caminho é claro.
Se morrer hoje eu sei concretamente qual é o meu futuro.
A questão de se ter duvidas é a dificuldade de não se saber bem o que é que vai acontecer.
Ter fé facilita muito o fim da vida”
Infanta D. Maria Adelaide de Bragança,
Que Deus a tenha na sua infinita Graça.
João Amorim sobre a tenacidade generosa daqueles que não desistem de edificar à sua volta uma diferente Cidade.
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Alessandra Ambrósio
José Afonso era um defensor da revolução armada, da ditadura do proletariado e dos princípios perigosamente lunáticos da esquerda mais radical, glorificando a acção política violenta em várias das suas canções, nas quais propunha, por exemplo, "atirar aos fascistas de rajada". Empenhou-se no PREC ao ponto de se afastar da vida musical e andou envolvido nas demenciais campanhas de "dinamização cultural" do MFA. Cantou no RALIS na noite do 11 de Março, defendeu as arbitrariedades e ilegalidades da Reforma Agrária, esteve com os pára-quedistas de Tancos no 25 de Novembro, apoiou Otelo Saraiva de Carvalho e os presos terroristas do PRP. Só para recordar, agora que se assinalam os 25 da sua morte e muita gente vai associar a palavra "liberdade" ao nome de José Afonso. Um tiro certeiro de Eurico de Barros, do Forte Apache
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Não estou, de modo algum, habilitado para saber se se fez justiça; ou se, meramente, se temeu cometer uma injustiça. A população de Lousada e arredores, muito mais convicta, quis aplicar cá fora a pena que lá dentro seria sempre inviável - o linchamento do arguido. Valeu-lhe a Guarda. Certo é, também, a sua vida nunca mais será a mesma. Uma outra forma de castigo, afinal.
Obviamente, venho referindo o célebre caso do desaparecimento do miúdo Rui Pedro, hoje (se vivo for) um homem... - Que homem, meu Deus! - perguntar-se-ão minuto a minuto, segundo a segundo, a sua Mãe, os seus familiares.
Esse o inocultável lado do drama. Porque o jovem pode mesmo já ter morrido - pode mesmo, por isso, já não sofrer. Mas a Mãe está cá (hora a hora, minuto a minuto, segundo a segundo...) suportando a angustia com que acorda de amanhã e adormece à noite.
Os entendidos em Psiquiatria são unânimes em relevar a importância do aparecimento: vivo, ou mesmo morto. É que a dúvida desgasta. Mata. E a certeza pode doer - e muito - mas tem pela frente um luto que se inicia e, ora mais cedo, ora mais tarde, cessa. Deixando a vida prosseguir.
De algum modo, esse um ponto em jogo ainda. A condenação do arguido não restituiria o filho aos seus progenitores. Mas teria, decerto, uma influência benigna, imprescindível, no seu estado de espírito. Muita fé foi depositada nesse passo que não chegou a ser dado.
A Imprensa retrata a Mãe do Rui Jorge, desde o seu desaparecimento até ao presente. É impressionante medir nas rugas e naquela expressão desamparada o que terão sido, para a senhora, estes anos em que nunca desistiu de rever o filho.
Termino como principiei: não disponho de meios que me permitam sequer emitir um comentário critico sobre o acordão lido ontem. Mas compreendo a revolta das gentes. Aliás, uma revolta irmã gémea da insegurança geral em que o desfecho do processo se traduz.
Uma vez mais - fundadamente ou não - as instituições judiciais deram passos atrás relativamente à confiança que deviam merecer dos cidadãos. Em capítulos em que todos são especialmente sensíveis - esses que versam os nossos filhos.
Começo a ver poucas diferenças entre o que diz a Constança Cunha e Sá e o Arménio Carlos.
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