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«Gostaríamos muito que essa não fosse a realidade e tudo faremos nesse sentido. Mas deixe-me dizer-lhe que muitos países da União Europeia - cito a Holanda, a Noruega, a Inglaterra - vários países da União Europeia só têm 12 vencimentos. Essa tem sido uma tradição mais dos países do Sul da Europa, Portugal, Espanha, Itália. Aqueles que até se encontram em piores circunstâncias», disse Miguel Relvas na entrevista à TVI.
É verdade, mas vamos ver agora o poder de compra das pessoas nestes países.
Para que se tenha uma ideia mais clara, o salário mínimo holandês (para maiores de 23 anos), em vigor desde Janeiro de 2011, é de 1.424,40 euros, em Portugal é 485 euros. Na Noruega não há salário mínimo, mas a média ganha 3.300 euros por mês e no Reino Unido o salário mínimo é de 1010€.
Eu estou convencida que num rácio, preços dos bens e serviços versus salários, nós devemos ser dos países mais pobres da Europa. Com menos poder de compra, isso também explica o elevado endividamento das famílias.
Mendonça e Campos tinham explicado a sua extraordinária descoberta de que o governo Sócrates atenuara (e não agravara) os custos das SCUTs recorrendo ao que apresentaram como um relatório de uma consultora independente, a KPMG, para a Estradas de Portugal.
Mas era mentira.
Não foram, é claro, os presumidos jornalistas que foram verificar junto da KPMG, nem foram os presumidos jornalistas que foram investigar a verdade dos números e gráficos apresentados pela lamentável dupla. Nada disso. Foi apenas a KPMG que, ferida pelo abuso, veio explicar que os números, os gráficos e as conclusões de Campos e Mendonça não são dela, KPMG, não podem ser inferidos do seu relatório, nem, aliás o traduzem.
Sem notarem exactamente que tinham acabado de ser humilhados, os presumidos jornalistas foram então ouvir o PS, que, nestas andanças desclassificadas, ficou muito bem representado por Basílio Horta. Basílio disse que pois e talvez.
Depois, os presumidos jornalistas regressaram a casa, esperançosos de que a coisa ficasse por ali.
Mas não ficou. Outra vez por méritos e trabalho a que os presumidos jornalistas são inteiramente estranhos, o enredo ia adensar-se. Foi preciso um comentarista político dar-se ao trabalho de investigar.
Há entre aquilo que se julgaria serem orgãos de informação uma nova prática que é a própria negação do mais elementar jornalismo, da profissão de informar. Essa prática consiste em os presumidos jornalistas se colocarem na posição de puros espectadores. O político A faz uma revelação gravíssima sobre a acção do político B? O presumido jornalista ouve o político A, ouve o político B, e apresenta o resultado como «informação», sem curar de investigar se a acusação é verdadeira, se é falsa, e quais as consequências de uma coisa ou outra.
Este tipo de jornalismo apático (por intencional enviesamento ou por estupidez, pouco interessa) teve ontem nova e clamorosa edição à uma na RTP, na Sic e na TVi.
Confirmando a sua inteira falta de qualidade, António Mendonça, o lamentável antigo ministro das Obras Públicas, e Paulo Campos, seu igualmente lamentável secretário de Estado, foram à Assembleia da República apresentar uma manipulação despudorada sobre os custos das SCUTs, da qual resultava, segundo eles, que o seu governo e de Sócrates tinham melhorado a situação. Um deputado da oposição indignou-se e explicou que os números resultavam de uma falsificação com base nas projecções das portagens a cobrar.
Visto isto, terão RTP, Sic ou TVi investigado o assunto? Nem pensar. Fizeram-se pé de microfone, emitiram uma opinião e outra, e acharam que era bastante. A TVi vislumbraria mesmo que Paulo Campos revelara «uma bomba atómica», que foi como a TVi classificou a sua própria perplexidade perante uma falsificação grosseira.
Desta vez, porém, e felizmente para nós e para a informação, o caso não ficou por aqui. E não ficou por aqui por méritos a que são inteiramente estranhos os presumidos jornalistas.
Foram séculos assim. A fatia maior da nossa gente arava a terra, semeava o milho, mondava-o, festejava a sua colheita e rejubilava na malha. Um bocado de eira e moinho e o pão nosso de cada dia assegurado. Mais um pedaço de sardinha, a lareira acesa e… saudinha. Era-se feliz. Analfabetamente feliz, saciados os instintos mais básicos. Na exacta medida em que o espaço para a esperança era irremediavelmente curto.
Tempos há muito fora do Tempo. A fasquia, entretanto, subiu em flecha. Sobrevieram os Toyotas e os electrodomésticos. Conhecemos, enfim, o bem-estar. Acomodados, continuámos arredados da esperança. Somente o dia-a-dia era mais confortável.
Lá fora, o mundo conhecia novas perspectivas. A produção dividiu-se em sectores primário, secundário e terciário, sendo o catálogo pouco abonatório para com quem agricultava com vista ao auto-sustento. Com a industrialização da lavoura – algo que nos passou ao lado – fomos vivamente incentivados a abandonar o campo. E a Estatística registou, muito ufana: já só 3% dos portugueses vivem do que a terra dá.
Por isso comemos hoje o que nos vendem os outros, membros ou não da UE. Num contínuo encolher de ombros ante a fatalidade.
É onde retomo o tema da esperança. Que é feito de nós? Do que somos nós capazes?
Aparentemente, de protestar apenas contra o aumento do custo de vida.
a parolice é efémera e atinge com facilidade os tops de vendas, tanto na música como nos livros ou revistas. Não percamos tempo.
José Rodrigues dos Santos tem toda a liberdade de escrever o que quiser e de tentar ser uma versão provinciana dum escriba tornado milionário por sensacionalismo policial. Pode tentar a sua sorte mas não lhe chamem literária nem a ele escritor, porque não é disso que se trata obviamente. Seria o mesmo que dizer que basta rabiscar umas cruzes num papel pequeno para se tornar rico. Por outro lado, um jogador de roleta no casino pode apostar todas as suas fichas investindo toda a sua sorte ou azar numa casa apenas e aproveitar para fazer alarde da sua novidade delirante, da qual dependerá em absoluto. Também se aceita, como hoje se aceita muita coisa. O que eu pessoalmente acho menos aceitável é que seja um editor culto, atento, que publicou Daniel J. Boorstin em Portugal (e muito mais), com ideias sobre educação e ensino (entre outras), a curvar-se diante dum negócio do mais básico marketing: o que rende fortunasa partir da ignorância e na credulidade das massas. Que pena, caro Guilherme Valente, eu tenho em vê-lo nisso!
Vê, Ulisses, de regresso a Ítaca, o que fizeram da tua pátria os teus ardilosos conterrâneos. Vê como se comprazem, ou se contentam, que vem a dar no mesmo, em que lhes perdoem metade da dívida. Não vão perder o sono, honra é coisa de avós. Se alguma coisa lhes remorde a consciência, é não se lhes perdoar a totalidade, para começarem de novo. Não com a folha limpa, mas suja como antes, sem aprender nada. E por toda a bela Europa, muitos Gregos como os teus. Enquanto lutavas lá longe e
subjugavas Troia por se atrever a roubar a mulher do teu rei, o teu povo, e os povos de todo o continente, degeneraram. Escolheram o caminho mais fácil, que é sempre o mais difícil. E agora, Ulisses? Quanto tempo até ser preciso perdoar-lhes o resto da dívida? Não se lhes inflamará uma fagulha que lhes reste num fogo que devore a erva daninha? De que vão viver? De que forma vão cuidar da memória? Perdoa-lhes, Ulisses, porque não sabem o que fazem. E olha, experimenta inserir o teu nome no Google Imagens. Olha aí abaixo o que aparece. Não chores. Pode ser que o tempo volte atrás e desta vez o Mayflower vá ao fundo.
Latest News:
Banca portuguesa à beira da nacionalização (parcial)
Em resultado das medidas acordadas para a banca europeia na cimeira europeia eis que só os bancos portugueses, com a desvalorização da divida soberana portuguesa (fora as outras), precisam de 4,4 mil milhões de euros no capital. A isto acresce o hair-cut de 50% da dívida grega.
Sem saber como os bancos portugueses chegaram a um beco sem saída!
Ontem estive na Biblioteca Nacional a ver o jornal O Imparcial, dirigido em 1910 por Raul Brandão. Não me surpreendeu que ele, a 28 de Setembro, dedicasse o editorial à Rainha Dona Amélia, abrindo-o com uma evidência absoluta: «Passa hoje o aniversário de Sua Majestade a Sra. D. Amélia, e se outros títulos não houvesse para que esta data não corresse despercebida para este jornal, bastaria o dever em que nos achamos constituídos de prestar homenagem rendida do nosso respeito pela senhora a quem um irreparável desastre arrebatou com o trono, a doce alegria de viver, que nem é compatível com a saudade de um bem que não volta mais, nem com as torturas de um terror que nada extingue.»
Valeria a pena transcrever o texto na íntegra, mas este não é o lugar para isso. A razão deste comentário é sobretudo a de constatar (e de protestar contra) o facto de que, afinal, as comemorações do centenário republicano gastaram rios de dinheiro em propaganda e doutrinação, mas não fizeram o essencial: preservar e salvaguardar a memória exacta sob a forma dos jornais do tempo. Haveria que tê-los microfilmado e expurgado, pois estão uma lástima! Esses e muitos outros, certamente. Mas o sentido da coisa não era esse...
E a propósito de buracos e de inquéritos, para quando uma vistoria rigorosa às contas desse desperdício? Não foram alguns milhões? Ou é assunto tabu?...
Isto (a nacionalização) afinal serviu para quê? Para salvar quantos depósitos?
Vejam as notícias nos jornais sobre o dinheiro que parece entrar e desaparecer no BPN:
1- Estado vai pagar à CGD: "Estarão em causa empréstimos na ordem dos 3000 milhões de euros concedidos pela CGD aos veículos constituídos para receber os activos tóxicos do BPN"
2- "Mais 350 milhões de euros descobertos nas contas do BPN elevam para 2,75 mil milhões de euros o buraco orçamental daquela instituição". Pois antes os custos estimados eram de 2,4 mil milhões de euros: "A recapitalização do BPN, prévia à transmissão das acções, ascenderá a cerca de 550 milhões de euros. Considerando também o esforço já realizado pelo Estado com a criação e a transferência de activos para as sociedades Parvalorem, S.A., Parups, S.A. e Parparticipadas, S.A., o total do custo do Estado com o BPN, descontado do preço de venda, ascende nesta data a cerca de 2,4 mil milhões de euros"
3-"Numa análise à proposta de Orçamento do Estado para 2012, os técnicos independentes que dão apoio aos deputados calculam em 1,3% do Produto Interno Bruto (PIB) o impacto no défice do custo directo da nacionalização do BPN em 2010 e 2011, um valor que supera os 1,2% do PIB de impacto dos cortes nos subsídios de férias e Natal.
"Para além do impacto no défice em 2010 e 2011, a UTAO calcula ainda que os encargos com juros que terão de ser suportados com as sociedades veículo do BPN vão originar custos na ordem dos 323 milhões de euros por ano, o equivalente a 0,2% do PIB de 2012".
Por mim nada tenho contra os funcionários públicos, alguns dos quais estimo francamente porque um dia me foram genuinamente úteis ou porque são meus amigos pessoais. As únicas coisas que me preocupam na “classe”, são: 1) a excessiva protecção no emprego que adultera as regras dum salutar mercado de trabalho, 2) de onde vem o dinheiro para pagar tamanha corte, 3) a sua tremenda influência politica, (jamais deixam a eleição do seu patrão em mãos alheias). Coisa pouca para quem tem uma casa e quatro filhos para criar numa economia em implosão.
A mais de resto até se percebe porquê o Cavaco, o professor Marcelo e outros diligentes políticos da nossa praça serem tão extremosamente críticos quando se fala de despedimentos, cortes nas regalias da função pública e das empresas estatais. Temem ter de tomar posição numa “guerra civil”: um verdadeiro regalo que levavam por tabela e lá se iam as aspirações políticas para as calendas. Um ajustamento definitivo.
Eu por mim volto ao início da conversa: o meu pai foi um digno empregado da biblioteca da Assembleia da República (imagine-se!), não há Estado sem funcionários públicos, e eu como não sou anarquista, tenho-lhes muito respeito, admiro e gosto de alguns, principalmente dos meus amigos.
Mas nós lá em casa Graças a Deus nunca usufruímos do subsídio de morte, há muito que não temos horários, não recebemos nem pagamos subsídios de Natal ou de Férias. Fuçamos cada mês para ter vencimento, viver com dignidade e pagar as contas todos os meses. O trabalho não cai do céu, conquista-se com ciência, muita garra e sem indignação, que afinal faz tão mal ao fígado.
O vento e a chuva hoje assanharam-se, o mar braveja, as barras encontram-se todas, ou quase todas, fechadas. Oxalá não sobrevenham calamidades, mais do que as que o País já sofre, à míngua de sustento e de um amanhã de contornos bem claros.
Ainda assim, nestes solavancos da Natureza, nada que se compare aos desígnios da nossa, da humana natura. Dir-se-ia, absolutamente indiferente ao furacão ameaçando, dia após dia, levar-nos ao fundo a pique.
De hoje, também, é o proclamado propósito dos médicos portugueses abandonarem em massa o SNS. Afinal, terá já naufragado o Estado Social? Onde pára ele, se fugindo vai da consciência cívica nacional?
Não possuo meios de avaliar a justeza das reclamações da classe. Somente me convenço que os tempos não correm de feição no que tange a reivindicações. Quem assume as responsabilidades decorrentes de um País imobilizado? Totalmente descontrolado?
Não tardará, a meteorologia trará boas novas, a tempestade esvair-se-á no horizonte. E em terra? Prosseguirá a tormenta entre o Poder político e as muitas e muitíssimo queixosas classes profissionais?
António Costa resolveu, neste ano de gravíssima crise, desviar mais 64 mil euros do dinheiro dos contribuintes para a fundação do amigo Mário Soares, ao mesmo tempo que se prepara para aumentar ainda mais as taxas do imposto municipal sobre imóveis.
Não será a lei do Orçamento do Estado uma boa ocasião para acabar com este fartar vilanagem, retirando o reconhecimento ou, pelo menos, proibindo as transferências de dinheiro dos contribuintes para fundações cujos bens sejam insufientes para a prossecução dos seus fins, como é, evidentemente, o caso da do ami Mario?
Pode Passos Coelho dizer que, entrando o Estado na banca com os 12 mil milhões emprestados, será «um accionista silencioso». Mas porque haveriam os banqueiros de regozijar-se perante a ideia de deixar uma porta aberta por onde entrassem um dia, alegres e ávidos, outros Varas, outros Penedos, outros Soares de braço dado com o Berardo do momento?
Anders Borg, ministro das Finanças da Suécia, a 8 de Abril de 2011: “Devemos ser muito críticos em relação ao Governo português nesta matéria [pedido de ajuda externa], porque isto deveria ter sido feito muito mais cedo para termos tempo para uma avaliação completa”
No teatro da vida não somos outra coisa: personagens. Mais ou menos reais. Caminhando através de um percurso sinuoso, desde a tolice até à verdade. É o designio de cada um, consoante saiba ser e seja calcorreado. Desde os personagens históricos até aos caricatos. Ou do bom-nome à troça, através de uma mão-cheia de todos nós, gente banal.
Não se exigem heróis. Também se dispensam os palhaços. Dos personagens do mundo espera-se apenas cumpram a sua missão, valorizando-se a si mesmos, se calhar através de qualquer contributo com que beneficiem quem os cerca.
Esse o ponto onde surge o termo mais apropositado de personalidade… Essa a diferença, afinal…
Ao longo do trajecto, tudo é detectável. Os empreendedores, quer nas ciências, quer nas letras; e os párias, pequenos seres abaixo do vulgar, incapazes de algo mais senão de… não ser.
E de nada fazer. De quem falo? Certamente de alguém incapaz de produzir – quero dizer: de deixar obra – impenitente gastador de energias em maldicência e intriga, roendo-se da sua impotência de se constituir gente. De escrever uma frase, de assentar três tijolos.
Tamaninos, vingativos, ocultos. Mas facilmente detectáveis, totalmente expostos ao ridículo. E, sobretudo, matéria-prima para inesgotáveis paródias postas a público.
Personagens, afinal, da velha – mas sempre actual - literatura queirosiana. Condessas de Gouvarinho sempre à tona da Baía de Cascais. Ainda que travestidas em trajes regionais…
O Sporting está mesmo de volta e é um caso de sublime exultação neste país deprimido, não só por terem atendido à táctica há muito preconizada pelo nosso Duarte Calvão de transferirem o Yannick Djaló para as revistas cor-de-rosa, mas porque a direcção contratou meia dúzia de grandes talentos não se sabe bem com que dinheiro. Depois são as circunstâncias e um treinador de invulgar sensatez, Domingos, (Pinto da Costa deve estar a bater com a cabeça nas paredes) que têm distribuído “felicidade” a rodos ao plantel, unido que ficou pelo cimento daquele jogo épico contra a Lazio no mês passado. É ouro sobre azul quando cada suplente utilizado é um caso de sucesso em campo: Matias Fernandez brilhante a substituir Elias, Carriço cumpriu e marcou ontem nas vezes de Onyew, Bojinov entrado a 16 minutos do fim marca dois golos… E depois é aquele extraordinário Capel, irradiante de fulgor e invulgar velocidade e técnica. É o nosso novo “mochilas” a pôr o estádio a cantar, na velha tradição de Iordanov, Diniz e outros marrecos talentosos que conquistaram pela porta glória os corações leoninos. Assim a bola é uma coisa linda de ser ver!
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óptimo, pode alargar a área de fogo controlado par...
Maria,num terreno da minha família foi o Estado qu...
a ideia de que é impossível juntar várias parcelas...
Não sei responder
Se o pagamento é feito contra a demonstração de qu...