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Neste dia mundial da poupança foram vários os artigos, entrevistas, alvitres e juízos sobre o modo como podemos aforrar e economizar os nossos parcos recursos financeiros. Nesse discurso reconhece-se uma pedagogia dum certo retorno ao essencial, repetida sob diversas formas e perspectivas, numa abordagem em que, face às circunstâncias depressivas da economia portuguesa, faltou ressalvar o essencial: o consumo em si não é coisa ruim, o que falta essencialmente é a promoção de racionalidade e critério. Recomendar aos portugueses comerem em casa em vez de irem ao restaurante, incentivar-se mecanismos de troca de bens reutilizáveis são boas soluções de recurso, mas a estratégia levada ao extremo significa uma fatal paralisia da economia. Se é fundamental que os portugueses sejam mais previdentes na gestão da economia doméstica ou empresarial, também é importante a procura e descoberta de novas e criteriosas soluções num mercado que irá mais cedo ou mais tarde adaptar-se à dura realidade: pressente-se já não só alguma redução de “margens”, mas tentativas criativas de marketing tendo em vista novas prioridades e perfis de consumo. O cliente já não procura apenas a relação qualidade / preço, mas vê-se obrigado a ponderar a relação necessidade/potencialidade de cada produto / serviço. No entanto persistem por aí marcas, serviços e produtos sustentando inflacionadíssimas estruturas físicas e humanas além de tão dispendiosos como descalibrados orçamentos de comunicação. 
Perante a grave crise que atravessamos, a palavra de ordem neste Dia Mundial da Poupança deveria ter sido: despenda com inteligência, consuma nacional, na qualidade adequada pelo valor que esta realmente merece. Esse sim seria um decisivo incentivo ao profissionalismo de mérito, a empresas e mercadorias com valor acrescentado produzidos com inteligência e recursos racionalizados. Gastar bem é a melhor forma de poupar, e carpir é decididamente a mais estúpida forma de desbaratar energias.

 

Publicado também aqui.

Portugueses: ide

por João-Afonso Machado, em 31.10.11

Já nada mais lhe ocorre recomendar: partam, emigrem, vão procurar que fazer em outra banda… E não, não se trata de uma conversa de café entre dois ou três incautos e um angariador de trabalho escravo. Antes do discurso do Governo desta República ante todos nós portugueses. Ide: arranjai emprego lá fora. Na Europa? Provavelmente mais longe ainda, do lado de lá do Oceano, no hemisfério sul. Na implícita visão de um duvidoso retorno a casa…

Porque a nossa economia são cardos. Porque não há dinheiro. Porque a produção é safara e os portugueses só vêem privações pela frente. O País vive acabrunhado, sem esperança.

Culpar o Governo nesta hora? Não valerá a pena. A ciganada instalou-se na feira há muito. A aldrabice campeia de longa data. Uma confissão traduz sempre um acto de sinceridade. A realidade é triste mas é o que é. Reconheçamo-la, ao menos.

Ou então reocupemos o Interior. Talvez sem outras regalias além de um prato de sopa e a esperança de um mundo novo cá dentro. Já agora, servido de auto-estradas, para um dia que os meios de transporte voltem a ser acessíveis…

 

Construir uma identidade

por José Luís Nunes Martins, em 31.10.11
No século XIX, pôs-se em marcha um movimento que levaria a uma das maiores revoluções da história da Filosofia: o existencialismo. Afirmou-se a essência individual de todo o ser. No caso do humano, declarou-se que a existência antecede a essência. Que nada somos à partida, e aquilo que vamos sendo depende das nossas decisões livres. Devo realizar-me, fazer-me real. Sou simpático ou pessimista, não porque nasci assim, mas porque fui tomando decisões que me fizeram sê-lo. Tudo quanto sou dependeu unicamente de mim, numa liberdade e responsabilidade absolutas.

 

A vertigem desta tamanha incerteza em relação a um futuro assustadoramente em aberto aflige muitos. Mas há quem, apesar de tudo, assuma a missão de ser ele próprio a definir a sua vida e assim cumprir voluntariamente a mais bela das tarefas, traçar e cumprir um destino rumo à felicidade. Nem sempre com sucesso, mas fracassar nas primeiras batalhas resulta muitas das vezes em sábias lições de humildade, que potenciam uma vitória final na guerra entre o que somos e o que devemos ser.

 

Não há conclusões senão no fim, quando, depois da morte, já sob outras regras, pudermos ver a obra de que fomos autores: um eu, completo.

 

Acredito que a vida faz sentido, numa verdade tão subjectiva quanto profunda. Acredito que não venho do nada, nem vou para o nada. Acredito que Alguém me concedeu pessoalmente o mais valioso dos dons, a vida livre. Acredito que, de forma simples, decisão a decisão, sou eu que vou fazendo o meu caminho, a minha verdade e a minha vida.

 

 

(publicado no jornal i - 29 de outubro de 2011)

 

ilustração do meu amigo Carlos Ribeiro

Aqui e ali

por Vasco M. Rosa, em 31.10.11

Verdadeiramente surpreendente para mim, a reacção tempestuosa com que duas dúzias ou mais de professores comentaram em rajada um post meu que reclamava por a uma sexta-feira dois professores univesitários faltarem às suas aulas em vésperas de um fim de semana prolongado.

Dei-me conta de duas coisas: a primeira que se trata de uma classe profissional ainda à beira dum ataque de nervos, a precisar de um reconhecimento social que no entanto não lhe pode advir sem provas dadas numa actividade certamente muito exigente mas também especialmente nobre, a que todos eles aderiram conscientes certamente do que teriam pela frente, mas parece que não...; alguns comentadores chegaram ao extremo de dispararem contra quem não conhecem insultos covardes, numa exacerbação que cria perplexidade; a segunda é que em nenhum dos comentários recebidos encontrei uma vontade de servir a Escola e a sociedade, seguindo ao invés aquela lógica insana de que se tem um emprego e não um trabalho a cumprir, o que significa esforço, até muito esforço.

Não houve um único que além das aulas e dos testes a corrigir, que lhes ocupam os fins de semana, falasse do tempo indispensável à leitura e actualização bibliográfica das matérias que administram, o que faz todo o sentido, obviamente. Nada como aquelas universidades em que o padrão de exigência para todos não deixam a mínima dúvida a ninguém!

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A fama que vem de longe...

por Rui Crull Tabosa, em 30.10.11

Bem pode José Sócrates tentar fazer crer que não telefonou a alguns dos seus ainda apaniguados, tentando pressionar o voto contra do PS ao próximo Orçamento do Estado, o que a ocorrer, diga-se, equivaleria ao suicídio político de António José Seguro (como a actual direcção do GP/PS já percebeu), posto que este romperia com o consenso maioritário em torno da necessidade de ajuda externa - solicitada, aliás, por um Governo do PS -, anatemizava-o na União Europeia e, last but not least, colava-o à esquerda radical do PC e do Bloco.

Bem pode Sócrates fingir que não telefonou, porque da fama não se livra, como bem o atesta o seu longomesmo muito longo, para não dizer longuíssimo cadastro em telepressão...

 

 

A tirania do jornalismo amestrado

por João Távora, em 30.10.11

 

Entre referências ao dúbio comunicado do Secretariado Nacional do PS sobre as declarações de Passos Coelho em Assunção na Cimeira Ibero-Americana  nos noticiários radiofónicos das 17 e das 18,00s fui esta tarde mimoseado por duas vezes com uma palavrosa incitação ao ressentimento e insurreição popular pelo reverendo Louçã, a estrela da tarde na TSF e Antena 1 em disputa ombro a ombro com os relatos da bola.

O desproporcional protagonismo dado pelas rádios e televisões ao Bloco de Esquerda, um partido marginal representante de pouco mais de 5% dos eleitores constitui uma aviltante e gratuita agressão aos restantes portugueses. Jerónimo de Sousa que se cuide, e o novo presidente da ERC Carlos Magno a quem já por algumas vezes ouvi reclamar sobre o assunto que passe das palavras aos actos.

Domingo de manhã nos museus portugueses

por Duarte Calvão, em 30.10.11

Os tempos são propícios aos profissionais da indignação e nada melhor para mostrar virtude do que o campo da cultura, com a pretensa "indiferença" da Direita perante os "valores culturais". Hoje, num entrevista ao "Público", Francisco José Viegas cita um estudo do Igespar de 2009 que refere que das 400 mil pessoas que nesse ano aproveitaram as entradas gratuitas em museus e palácios portugueses aos domingos de manhã, 377 mil eram estrangeiros. E que se essa receita fosse cativada representaria um milhão de euros. E que vai manter entradas gratuitas uma ou duas vezes por mês aos domingos à tarde. Seria bom que perante esses dados, a berraria e a energia dos nossos "cultos" indignados se voltasse para assuntos verdadeiramente importantes em vez de repetirem estúpidos e ultrapassados clichés materialistas, que relacionam tudo com ter muito ou pouco dinheiro.

Maioridade

por João-Afonso Machado, em 30.10.11

Lembro os meus 18 anos. O presente da minha querida Avó foi o festejo, um jantar em que convidados eram todos os (muitos) grandes amigos. Engravatadíssimos, eles, de vestido especial, elas, porque, enfim, ser adulto também era isso: o blazer, o salto alto…

E com tantos fugitivos da idade menor vinham os pais respectivos. Porque, nesse tempo, a carta de condução e o automóvel não andavam tão depressa quanto a nossa vontade de sermos “grandes”.

Hoje é a vez do meu filho mais velho: 18 anos e eu a senti-lo ainda ao colo! Mas é o que é. E as comemorações principiaram ontem, em forrobodó pela madrugada fora com os parceiros. Com direito a um dia de aniversário a recuperar o sono. Logo mais, lancharemos. E depois…

E depois será a vida, no que ela nos consegue dar. Do jantar que a Avó me ofereceu segui direitinho para a Faculdade. Por não mais do que cinco anos, claro (está expressamente proibido de chumbar, dizia-me o Pai), e logo após para o estágio e para a profissão. Até agora.

E os filhos? E os demais, nas mesmas circunstâncias? Que Faculdade, que estágio, que profissão?

Que maioridade, que vida, afinal?

Domingo

por João Távora, em 30.10.11

Evangelho segundo S. Mateus


Naquele tempo, Jesus falou à multidão e aos discípulos, dizendo: «Na cadeira de Moisés sentaram-se os escribas e os fariseus. Fazei e observai tudo quanto vos disserem, mas não imiteis as suas obras, porque eles dizem e não fazem. Atam fardos pesados e põem-nos aos ombros dos homens, mas eles nem com o dedo os querem mover. Tudo o que fazem é para serem vistos pelos homens: alargam os filactérios e ampliam as borlas; gostam do primeiro lugar nos banquetes e dos primeiros assentos nas sinagogas, das saudações nas praças públicas e que os tratem por ‘Mestres’. Vós, porém, não vos deixeis tratar por ‘Mestres’, porque um só é o vosso Mestre e vós sois todos irmãos. Na terra não chameis a ninguém vosso ‘Pai’, porque um só é o vosso pai, o Pai celeste. Nem vos deixeis tratar por ‘Doutores’, porque um só é o vosso doutor, o Messias. Aquele que for o maior entre vós será o vosso servo. Quem se exalta será humilhado e quem se humilha será exaltado».

 

Da Bíblia Sagrada

 

Guimarães

por João-Afonso Machado, em 29.10.11

Uma tarde connosco, junto de onde também sou. Guimarães! Vista cá de cima, encosta abaixo, S. Francisco e S. Gualter, primeiro, o Paço Ducal e as torres do Castelo do lado de lá. No entretanto, o Toural adivinhado, o centro histórico, ruelas que tantos vivemos com sentimentos, não na fugaz circunstância de uma companhia qualquer. Assim como quem tem, realmente, raízes.

O Minho, outra vez e sempre. Os minhotos, esse compromisso de todos os dias. Ou um fio de honestidade, descendo a ladeira, e os sinos, sempre os sinos, soando acima do ruído urbano. Porque, em boa verdade, o essencial não muda e transmite força – o ânimo de continuar.

Guimarães falando caladamente. Longe das arengas, longe dos torneados, eternamente do granito que faz as almas merecedoras de respeito.

 

Uma monarquia "realista"

por João Távora, em 28.10.11

A partir de agora será o filho primogénito, independentemente do género, que terá prioridade de sucessão ao trono do Reino Unido e foi levantada a proibição do monarca se casar com um Católico: o sucesso da monarquia britânica tem sido a capacidade de se adaptar aos tempos.

Silêncio

por José Luís Nunes Martins, em 28.10.11

 

O habitual barulho do mundo faz-nos pensar que o silêncio é um abismo escuro e disforme. Um nada que é preciso preencher. Na nossa sociedade, as palavras chovem... já muito pouco se consegue conter. Parece não haver valor algum no segredo, no pudor, na paciência... numa lógica consumista, parece que algo só tem valor se e quando é dito. Guardá-lo para mais tarde, para melhor ocasião ou para outra pessoa é visto como... um disparate de atrasado.

 

Mas será que há algo que merece realmente ser expresso? Afinal, o sofrimento e o contentamento preferem o puro silêncio da interioridade... onde pacientemente se desenvolvem sem qualquer ruído ou melodia. A dor de uma ausência rivaliza em intensidade com a alegria do amor, mas uma e outra nunca se deixam verdadeiramente dizer nem por palavras, nem por coisa nenhuma. É preciso ser muito forte para viver em silêncio, numa coragem sublime da esperança... porque se a palavra pronunciada vale menos do que a que se conseguiu segurar, ainda mais valor se acha na que a confiança não deixou sequer brotar no interior...

 

O silêncio é o contraveneno de todos os egoísmos...

 

Haverá, no entanto, uma medida justa entre a palavra e o silêncio. Pois se há quem se mostre habitualmente calado e passe a vida a condenar, ruidosamente no seu íntimo, os outros; há também quem fale... mas respeitando o silêncio – porque não diz coisas inúteis. Num caso e noutro, é sempre o silêncio que tem a última palavra.

 

(publicado no jornal i - 27 de maio de 2011)

 

foto daqui

Top of the pops

por João Távora, em 28.10.11

 

Assumidos influenciadores de bandas como como Blur e Oasis, a banda rock Kinks fundada em 1964 pelos irmãos Ray e Dave Davies, constitui hoje para mim um insjusto fenómeno de ostracismo. As suas composições, de letras inteligentes e melodias de rasgo, na minha opinião ombreavam sem exagero com algumas das melhores dos Beatles ou Rolling Stones. Álbuns como Face to FaceSomething Else by The KinksThe Kinks Are the Village Green Preservation Society, Sleepwalker ou Misfits, estes dois últimos mais “do meu tempo”, fizeram história e marcaram indelevelmente ume geração. Num tempo em que se recupera e reedita toda a sorte de música pop dos últimos quarenta anos, remasterizada, em edições comemorativas ou de tributo, este fenómeno de amnésia custa-me muito a entender… como se duma absurda conspiração se tratasse. O problema deve ser meu e dos afectos que me ligam às canções.

 

Sentido de Estado

por José Mendonça da Cruz, em 28.10.11

 

 

Toda a gente concorda que o Conselho de Estado é um pouco mais que uma tertúlia, e que as reuniões do Conselho de Estado - nomeadamente a mais recente, sobre a situação política e o orçamento - têm um pouco mais de gravidade do que o piquenique de uma alegre confraria. Toda a gente ... menos Mário Soares.

 

Mário Soares abandonou a meio a última reunião do Conselho de Estado devido «a outro compromisso».

O «outro compromisso» era uma festa e jantar do escritório de advogados Uria y Menendez. Soares leu 3 folhas de papel A4 e aproveitou para desculpar a anfitriã, Leonor Beleza (o jantar decorria em instalações da Fundação Champallimaud) que não poude estar presente. É que Leonor Beleza também é conselheira de Estado e decidiu não sobrepor a essa função qualquer «outro compromisso». Outros critérios.

Ironia do destino

por João Távora, em 28.10.11

 

Não há muitos anos noticiava-se e discutia-se nos fóruns nacionais, europeus e mundiais o perdão da dívida de… Moçambique, Guiné, Etiópia, Gana, Guiana, Honduras, Madagascar, Mali, Mauritânia etc. … por razões humanitárias.

Tintin e os grecotugas

por João-Afonso Machado, em 28.10.11

Nem de propósito, Spielberg trouxe Tintin à ribalta nos cinemas. Será a melhor oportunidade para revisitar a obra genial de Hergé, começando por um dos seus álbuns primordiais.

Concretamente de “Tintin no Congo”, lançado em 1931. Está-se a ver… O herói-repórter desbravando a África mais africana, ao ritmo das concepções da época, branco é branco, negro é negro…

Sobrevieram guerras múltiplas, a mundial, e as mais, civis e coloniais. Ficou a obra e a contestação puritana de uns tantos – o texto era xenófobo, urgia remodelá-lo. Assim se procedeu.

A imagem do preto agarrado ao transístor, circulando de bicicleta, enchapelado, ridículo ou caricato, tudo se fez para ser apagada. Nada contra.

Já, porém, mais difícil será ocultar outro cliché. O nosso. Fatalmente o da nossa gente. Onde o transístor deu lugar ao telemóvel. Télélé-télélé.

Tudo porque entre o miserabilismo que vai invadindo a Europa, há dois países que se destacam no consumo desse aparelho. O primeiro é a Grécia; o segundo é Portugal. Estatisticamente, entre nós, com 1,5 TM per capita.

As conclusões deste dado seguro ficarão a cargo de V. Ex.cias…

 

É a ponte, estúpido!!

por Vasco M. Rosa, em 28.10.11

Sim, coitados dos professores... Hoje sexta, com a ponte até terça, os dois professores do dia do meu filho simplesmente faltaram. Lição do dia: o ano mal começou mas o exemplo já está dado! Não se lhes pode exigir atestados médicos ou comprovativos de emergência familiar ou algo aceitável? (a imagem é doutra época...)

Sexta-feira com perdão de 50%

por Corta-fitas, em 28.10.11

Yasmin Brunet

Serviço lúdico

por José Mendonça da Cruz, em 28.10.11

Anteontem, para debater a crise da zona euro, o programa Negócios da Semana, da SicNotícias, convidou Luís Campos e Cunha e João Salgueiro.

Para debater o mesmo tema, o programa Mais-Valias, da RTPinformação, convidou António Mendonça (António Mendonça???!!!), Carvalho e Silva (Carvalho e Silva???!!!) e o presidente da CIP.

Adivinha: qual dos canais acima presta «serviço público»?

O jornalista demitido - «Um caso de polícia? Não me diga?!»

por José Mendonça da Cruz, em 28.10.11

Ontem, na TVi24, foi dia do habitual comentário político de Marques Mendes. E Marques Mendes trazia uma enorme notícia que investigara como os presumidos jornalistas não fazem. Era assim:

Em 2010, o governo Sócrates decidiu renegociar os contratos das SCUTs para introduzir portagens (passo agora a correr pela lembrança de que SCUT quer dizer sem custos, e que a ideia germinou no muito socialista cérebro de Cravinho que as apresentou como «benéficas para o orçamento»). O governo Sócrates falou, então, com a Mota-Engil, de Jorge Coelho, para a introdução de portagens em 3 concessões que a Mota-Engil liderava.

A Mota-Engil de Jorge Coelho exigiu que o governo Sócrates metesse no pacote duas outras concessões (que não eram SCUT, tinham portagens, e eram de inteira responsabilidade da empresa). Essas duas concessões eram a Grande Lisboa (A16, A30, A36, A37 e A40) e a Norte (A7 e A11).

Essas duas concessões, portanto, estavam a inteiro cargo da Mota-Engil, não gerando nem receitas nem custos para o Estado, que lhes era estranho.

A Mota-Engil podia até ter pedido a Lua. Pode pedir o que quiser. O caso é que o governo Sócrates aceitou a exigência da Mota-Engil, e englobou essas duas concessões na renegociação.

Resultado:

A concessão Grande Lisboa dava ao Estado, até 2010, zero de receitas e zero de custos.

Passou a dar, após a renegociação Sócrates-Mendonça-Campos/Mota-Engil-Coelho, 303 milhões de euros de receita, e 584 milhões de custos. Prejuízo: 281 milhões.

A concessão Norte dava ao Estado, até 2010, zero de receitas e zero de custos.

Passou a dar, após a renegociação, 953 milhões de euros de receitas e 2.092 milhões de custos. Prejuízo: 1.139 milhões de euros

Ou seja: Sócrates, António Mendonça e Paulo Campos conseguiram em negociação com Jorge Coelho um prejuízo para o Estado (ou seja, para nós, contribuintes) de 1.420 milhões de euros

Todos os números acima estão correctos e a fonte é a Direcção Geral do Tesouro.

(Dois apartes do presumido jornalista Paulo Magalhães, enquanto Marques Mendes reportava, explicam os abismos a que caiu o jornalismo em Portugal: «Mas não há justificação?!», supreendia-se ele às tantas. «Ficamos à espera», rematou ele no fim. «À espera», o pobre.)

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