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Julgo que 2011 trará um saudável paradigma à democracia portuguesa: num ano que provavelmente acarretará além de austeridade, eleições e muita luta política, pela primeira vez em muito tempo as lideranças partidárias não poderão prometer abastança e mordomias, cimento e alcatrão aos eleitores: acabou-se o dinheiro fácil. Terão que se inspirar no fundo do baú das suas utopias, boas razões, uma bandeira, à qual os portugueses adiram e adoptem mais estoicismo e determinação. Para 2011 a política herdou um pouco mais de verdade, ou não será possível?
Para todos os leitores do Corta-fitas um ano novo cheio de inspiração e garra, são os meus votos – vão fazer muita falta.
Alicia Witt
No derradeiro dia do ano, como não sentirmos o poder do tempo, esse - invocando Ary - cavalo à solta pelas margens do nosso corpo?. Como não nos intimidarmos com a extraordinária velocidade de ponta do terceiro milénio, percorrendo em dez segundos a sua primeira década?
O tempo voa, sempre ouvi dizer aos mais velhos. Não exageremos. O tempo, simplesmente, há muito deixou de velejar ou mesmo de maquinetar no rio com um motor fora de borda. Hoje o tempo transborda de potência, consome-a em permanente aceleração, enebria-se em frente ao espelho. E não pára, já sem tempo senão para navegar na costa, em breves minutos de recreio.
Causa-me mal-estar o discurso apocalíptico. Resignadamente, admito o fim da epopeia e somente aspiro ao meu mundo, ao recanto do meu sangue, onde gostaria que a familia ainda seja - seja sempre - calor.
Porque, sou ciente, o tempo esqueceu a gesta... Todos nós também, possivelmente. Valerá a pena redescobri-la, além da sofisticação, um pouco à direita depois da modernidade?
Magnífico jantar o de ontem, entre Amigos que do mesmo modo se interrogam, no términus desta estonteante década de dez segundos. Em Lisboa, na capital do Reino.
Enfim, não entrarei em 2011 sem experimentar o cabrito para que convidou um Amigo e Colega de Faculdade. Há 30 anos que não nos encontramos. Perdão: há meio minuto, mais coisa, menos coisa.
Um bom Ano Novo para todos! Para Portugal também.
Chafariz da Rua Ferreira Borges em 1907
Chafariz da Rua Ferreira Borges em Campo d’Ourique junto à saída para a auto-estrada do Estoril – a primeira imagem da autoria de Joshua Benoliel integra um artigo da Ilustração Portuguesa em 1907. A segunda revela o mesmo chafariz quarenta anos mais tarde, com o enquadramento com que eu conheci, quando servia uma série de vilas operárias que subsistiram até aos anos oitenta. Um chafariz é um chafariz, e assim sendo foi demolido sem contemplações, apagado sem piedade das nossas memórias urbanas. Sinais do nosso implacável "progresso".
O facto do vencedor antecipado para um segundo mandato presidencial pela primeira vez em democracia não ser de esquerda tem gerado um fenómeno tão curioso quanto saudável: nunca tantas vozes “regimentais” como as de António Barreto, Sousa Tavares ou Ana Sá Lopes, entre muitos outros, puseram tão claramente em causa os poderes do Chefe de Estado ou a utilidade do regime da sua eleição directa. Discutamos então coisas sérias, mesmo que seja pelas piores razões.
Daqui a 20 e poucos dias vamos eleger um Presidente da República que, no nosso regime político, tem poderes mínimos. No entanto, alimentamos este filme das possibilidades de um Presidente, quase tão onírico como a relação das mulheres (e cada vez mais homens) com os cosméticos.
Ana Sá Lopes no jornal i na integra aqui
Acabou finalmente a triste novela dos debates entre os candidatos a presidente da república. Os dois protagonistas do dia, Cavaco e Alegre, terminaram o frente-a-frente reafirmando que após a eleição não interfeririam com os órgãos legitimamente eleitos, entenda-se, o parlamento e o governo Sócrates. De facto, ao contrário do que eles nos querem fazer crer com as crenças e convicções reiteradas, pouco protagonismo lhes sobeja no naufrágio continuado a que estamos condenados. Aos portugueses compete-lhes pagar toda esta farsa.
Safa!, pensei não acabassem... Mas foi agora o derradeiro suspiro da palhaçada. Protagonistas - os putativos pesos pesados nestas Presidenciais. Comecemos, então, pelo fim.
Tudo não andou além da paisagem. Ou de um jogo de xadrês, tosco e mal jogado. Em que Cavaco Silva cilindrou Manuel Alegre. Principiando logo - reconheça-se - num elegante ataque, friamente vingando todas as diatribes que o opositor lhe lançou durante os antecedentes debates com... os restantes candidatos.
Por três ou quatro vezes a pivot corrigiu os lapsu linguae de Alegre! Que colhia, atarantado, os frutos do seu veneno - porque acusou Cavaco de enganar os portugueses, a sua falta de sentido de Estado (figurou-se-me que o vate é ledor dos nossos Amigos do ES...), porque determinou Cavaco fosse a favor dos despedimentos sem justa causa, omitindo a pronúncia sobre medidas tomadas pelo Governo... do Partido apoiante dele mesmo Alegre, seu filiado!!! Porque, enfim, não se privou de lançar insinuações sobre a promiscuidade entre a política e os negocios, imiscuindo o rival nesse embróglio, esquecendo foram os socialistas a aprovar a nacionalização do BPN!
É gente assim que se candidata à mais alta magistratura nacional! Aliás, e por isso, há cem anos in sede vacante.
Cavaco foi mais elegante e não se revelou gágá. Conseguiu manter a boa-educação e a coerência. Ainda teve tempo para umas breves lições de constitucionalismo a Alegre. Sobre este, acrescentar-se-á somente, até no minuto final foi feio e demagógico - um auto-proclamado presidente de todos os portugueses apelando ao voto do povo de esquerda!
Vale o exposto como uma adesão a Cavaco? Mil vezes - não! O recandidato tem defeitos, medos, prudências, habilidades graves, vindas de trás, nada indicando as modifique. Fez o mais fácil - bateu num ceguinho. O seu segundo mandato é certo, como certo é o seu confronto, pós eleição, com o Governo que tentará derrubar.
Por tudo, e sem diplomacias - Viva a Monarquia!, Viva Portugal!
(Aí vai mais um voto em branco).
Manuel Alegre no frente-a-frente com Cavaco apelou ao voto dos católicos.
Maria João Avillez escreve hoje na Sábado que metade dos eleitores de Cavaco vão votar nele achando que como presidente reeleito vai “actuar” e a outra metade (na qual ela se inclui) achando que não. Eu, que me vou abster, não sei. A julgar pelo lado “institucional” em que Cavaco tem refugiado a sua falta de capacidade para ser chefe de Estado (não seria óptimo que ele tivesse tomado conta do PSD em 2005 e tornasse a ser primeiro-ministro? O País hoje seria outro), é verdade que só perante uma moção de censura vitoriosa, que o PSD provavelmente apresentará, ele dissolverá o Parlamento e convocará novas eleições. No entanto, se quiser remediar o terrível estado em que Portugal está e estará, muito também por culpa da sua “cooperação estratégica”, das suas “reuniões de trabalho” com Sócrates na mesa com pé de galo às quintas-feiras e dos seus “recados” em discursos solenes a que ninguém no Governo ligava, motivos não lhe faltam para convocar novas eleições. A começar pelo facto do Governo não estar a cumprir o programa com que se apresentou às eleições de 2009, sabendo, aliás, já que Sócrates sucedeu a Sócrates, que não tinha condições para tal.
Perante as eleições quase certas em Abril ou Maio, tudo indica que o PSD ganhará e formará governo com o CDS. Não deixa de ser extraordinário que face a esta fortíssima possibilidade a elite laranja esteja tão calada e não promova discussões e debates sobre o que é preciso fazer para tirar Portugal desta crise. Fora a direcção do partido e de meia-dúzia que têm lugar cativo na Comunicação Social (Pacheco Pereira, Morais Sarmento, Marcelo, Marques Mendes) ninguém diz nada. Será por “adesismo”, essa segunda natureza dos portugueses, por medo de desagradar ao chefe e virem a ser afastados dos lugares de poder que se avizinham? O PSD não costumava ser assim, mas hoje já não digo nada. Entretanto, Passos Coelho tem-se reunido discretamente com figuras interessantes da sociedade portuguesa, na sua maioria sem militância partidária, que poderão dar bons ministros e secretários de Estado. Vamos ver é se na altura de formar Governo ele vai conseguir resistir aos apetites do aparelho que, mesmo que não consiga os principais cargos, vai querer invadir tudo quanto é assessoria e gabinete (e será que essas figuras que vêm de fora da política conseguem aguentar o convívio com estes ávidos laranjnhas?)
Quanto ao PS, duvido que Sócrates se reapresente a eleições se as sondagens continuarem como até aqui. Fica melhor no papel de vítima, que fez tudo o que pôde pelo País, mas não o deixaram continuar a sua obra. Também é verdade que ninguém está a ver no PS quem terá vontade de concorrer a umas eleições praticamente perdidas. No entanto, era bom que surgissem socialistas novos, com outra atitude, que soubessem governar, porque o País é de esquerda e será durante mais uma ou duas gerações, pelo menos. Portanto, o PS acabará por voltar ao poder mais cedo ou mais tarde e só tínhamos a ganhar se viesse mais bem preparado do que Guterres e Sócrates.
São estas as minhas previsões políticas para 2011 (ou, pelo menos, para o primeiro semestre) que não deixariam envergonhada a astróloga Maya. E nem sequer precisei de falar do FMI.
Em 1970, muitos partiram, passando fronteiras no breu da noite e no aperto de um coração que não ignorava a fria eficiência das carabinas dos guardas. Iam assim, a monte (como então se dizia), rapazes novos ainda, em busca de um longínquo 2011 da sua velhice, calma, desafogada, aquecida à lareira de qualquer comérciozinho na terra que lhes foi berço e os viu dizer adeus - até ao meu regresso...
Em 1970, muitos partiram para uma vida de cão, em casotas chamadas bidonvilles, na inabalável convicção de que regressariam para um 2011 de bem-aventurança, entre filhos, netos, familia e amigos.
Em 1970, os que partiram, não sendo mal-sucedidos, sempre arranjavam posses e vagar para uma breve escapadela, uns dias com os seus, talvez não mais do que os da viagem, num comboio ronceiro, a chocalhar o seu equilíbrio em cima de tanta tralha (mas como não trazer uma lembrança para a mulher e o miúdo?, como não regressar com uma desproporcionada provisão de presunto e o garrafão, desde a infância os seus camaradas?).
Em 1970 era assim, porque 2011 chegaria um dia. Se não já na sua existência, pelo menos na maturidade dos filhos. A poupá-los a tanta carestia de tantas décadas.
Mas em 1970, se fosse possivel visionar o 2011 que está aí à porta, decerto o emigrante teria emigrado. Só que - definitivamente. Com direito a nova nacionalidade e tudo. Chamando de lá a família inteira. Para França, para a Alemanha, para o Luxemburgo, para a Bélgica, para a Grã-Bretanha. Para o fim do mundo. Nunca concebendo, nos seus planos, o regresso a uma pátria que o maltratou, lhe cobiçou as divisas - as célebres divisas! - remetidas, e agora nos oferece desemprego e privações em troca de ... confiança.
O fotógrafo no Jardim das Rãs como lhe chamávamos lá em casa, Jardim da Parada para os amigos, Jardim Maria da Fonte por causa da estátua, mas que se chama Teófilo Braga porque sim. Campo D’ Ourique em 1948, ao fundo na Rua 4 de Infantaria vislumbra-se uma loja que julgo veio a ser uma farmácia.
In Lisboa de José Rodrigues Miguéis, retirada daqui.
Quando pensou que tinha descoberto o tecto do mundo e o centro da terra, aquele povo zangou-se com o seu Deus. De repente estranhou-O, pois no seu sábio parecer Ele deixara de lhe dar espectáculo: nem aparecia nas revistas nem tinha perfil no Facebook. Tornara-se desinteressante, discreto, passivo... um Deus pouco interventivo; sem resposta aos seus interesses imediatos e sem os critérios da pequena verdade instituída. Um Deus que não punha ordem no desacerto e na perversão (por sinal, cunhos sempre alheios) tornara-se numa grande desilusão, enfim, uma inutilidade. Insurgiram-se contra Ele, porque afinal desejavam-nO à sua imagem e semelhança. E que fazer com um Deus que não obedece aos homens “evoluídos”, que não corresponde às suas expectativas?
Mas isso não era grave, pois afinal, para o equilíbrio da economia, bastavam-lhes os seus modernos pequenos deuses, mais palpáveis e descartáveis, sempre sorrindo nas revistas ou novelas, coleccionáveis como cromos ao gosto de cada um. E como era importante “o gosto de cada um”!
Aquele povo sôfrego de redenção acomodou-se a um novo mundo apequenado por auto-estradas e fibra óptica, onde se vivia mais depressa, muito depressa mesmo, sem silêncios e pontos mortos. Para um ou outro mal, logo se conceberam pílulas milagrosas, que afinal a química ainda irá resolvendo. Iludindo o espaço e as sensações, criaram janelas e mais janelas, interactivas, electrónicas, portáteis. Através delas e de um teclado podiam espraiar-se por novos caminhos, brilhos e experiências. Mesmo sem espaço, sem relação, sem compromisso e sem silêncio. Fórmula infalível para que a criatura jamais sentisse a vertigem da sua imensidão interior.
De modo a nunca arriscar um estranho e diferente encontro.
Texto reeditado
Nada interessa, quando desta vida alguém parte, referir as suas opções políticas. Vale, sim, a sua conduta, as suas atitudes. Acima de tudo, a sua fidelidade e a sua coerência.
O Maestro Manuel Ivo Cruz foi ontem a sepultar, conforme a Imprensa amplamente noticiou. E na biografia, necessáriamente traçada ad hoc, deste Homem da Música e do Pensamento, vá lá saber-se porquê, escapou sempre a sua inalterável convicção monárquica, jamais escondida.
Encontrei-o a última vez em Guimarães, no passado 5 de Outubro, entre os milhares de portugueses presentes, dizendo sim a Portugal e não à República.
Facto sonegado, todos notarão...
Mas as imagens não perdoam. Quer nas cerimónias fúnebres, quer a caminho do cemitério da Lapa, onde foi dada sepultura aos seu restos mortais, a bandeira nacional acompanhou-o sempre.
Manuel Ivo Cruz partiu para a Eternidade no ano maldito do centenário, prenúncio de um Portugal - do seu Portugal - no limiar de algo que, se não for melhor, será péssimo.
A minha homenagem, Maestro! Viva Portugal!
Interessantíssimo este monólogo de Fernando Moura, Nobre Defensor (da Pátria, evidentemente). Médico de carreira, político ocasional. Sem ataques nem intrigas, lançando cortesias aos colegas de profissão, entre complexas medições de graus de cidadania e intervenção social. É candidato à Presidência da nossa estimada República.
Nessa qualidade, manifesta o seu desagrado ante a aprovação do mais polémico OE de sempre. Antevê-se disputando a 2ª volta eleitoral com o mega-favorito Cavaco Silva, uma vez cativado - como não duvida - o eleitorado do centro-esquerda. Nem o contrário poderia resultar de uma vida inteira dedicada a mitigar as dores dos pobres, dos idosos e de toda a infelicidade e pequenez que grassam pelo mundo e pela sua autarquia.
A humildade impede-o, no entanto, de se pronunciar sobre todas as obras de caridade, acerca das quais acaba de se pronunciar. Enumerando-as e identificando-as, uma a uma. A intromissão do FMI na sua República doméstica seria uma fatalidade, mas nada de imputável ao Presidente, ou seja, a si mesmo. De quem, acrescenta, só poderemos esperar uma nobre política. E um pacto contra a resignação.
É mandatária desta candidatura a famosa voz italiana Mina Mazini - parole, parole, parole.
Recordo com saudade as feiras do tempo da agricultura e das sempre bem-vindas mentiras dos vendedores da banha-da-cobra. Depois dos produtos hortícolas e gado vacum, nada como um desses oradores de outrora, roufenho e repetitivo, sempre com uma pomadinha miraculosa que a tudo acudia: às dores dos calos, à taquicardia, aos entupimentos intestinais.
A gente ria e incentivava o discurso, até porque só caía no logro quem queria. Mas a ASAE chegou às feiras, prendeu esses habilidosos e ficou-lhes com a mercadoria. Enquanto tal, ganhava alento um mercado amplíssimo, apelidado aparelho de Estado, onde a aquisição é obrigatória, e a mistela vai à força, goelas abaixo, mesmo para os mais renitentes.
A derradeira demonstração ocorreu anteontem - ainda por cima no dia de Natal! - e versando umas drageias cor-de-rosa chamadas "confiança". Aliás, já no ano transacto, por esta maré, o povo tinha ensurdecido com o berreiro de mais do mesmo - confiança, marca registada.
E a confiança servia para tudo: garantia os empregos, sustinha o custo de vida, travava os impostos, criava postos de trabalho... Enfim, ingeríssemos confiança e a economia nacional funcionaria como um realejo. Sem ameaça de qualquer colapso.
Não falemos de coisas tristes, como as que se perspectivam para 2011. Acreditemos. Sempre com o frasquinho de confiança no bolso. A qualquer altura do dia, à mais ligeira indisposição... uma confiança e dois goles de água.
Ninguém mais do que o próprio vendedor (quem não o conhece?, sempre de fatinho azul e camisa branca, narigudo, agrisalhando a cada nova intrujice...) acredita na confiança para fazer crescer as exportações ou para financiar a nossa economia e credibilizar o Estado português.
Provávelmente já experimentou a confiança. E confiou - num mandato governamental renovado. Isto é: a confiança tem efeitos colaterais - provoca alucinações.
É suposto que a política ajude a sociedade a desenvolver-se e melhorar. Ou, pelo menos, que não atrapalhe. Pois em Portugal não só temos uma classe política que é muito pior do que a sociedade que deveria representar, como há um sistema que impede a resolução dos seus problemas, e até os agrava, como está à vista com estas eleições presidenciais e o estúpido prazo de seis meses sem possibilidade de dissolução do Parlamento que elas impõem, num momento em que precisávamos de clarificação política como de pão para a boca.
Mesmo quem não é monárquico como eu, como, por exemplo, António Barreto ou Pedro Lomba, já aventaram a possibilidade de termos eleições indirectas para a presidência, tal como acontece em repúblicas europeias como a Alemanha ou Itália. Creio que nunca houve tanto descrédito neste regime republicano de chefia de Estado como agora, como o demonstram os debates. Uns dizem que vão fazer, mesmo sabendo que os seus poderes não dão para isso, outros, como Cavaco, dizem que não têm poderes, mas que mesmo assim devemos tornar a votar nele em nome da melhoria do País, quando ele não soube ou não pôde evitar o descalabro em que nos encontramos. Nenhum deles tem, como é evidente, capacidade de assumir a representação de “todos os portugueses” e tudo o que fazem (mesmo o “independente” Fernando Nobre, suspeito de “soarismo”) é analisado do ponto de vista da sua origem partidária. E, o que é mais espantoso, a maioria dos eleitores irá votar sem saber bem para quê, porque no fundo percebe que nenhum dos candidatos com hipóteses de ganhar vai resolver coisa nenhuma.
Quer isto dizer que algo vai mudar em Portugal? Claro que não, Cavaco vai ser reeleito, fará o mínimo do que se espera dele, nós continuaremos a considerar que este sistema de dupla legitimidade eleitoral (a do presidente e a do Parlamento), uma originalidade que quase mais ninguém tem no mundo, “funciona” e até que não é mau, tudo ficará na mesma, com os jornais entretidos com as relações entre Belém e São Bento. Seja por falta de qualidade intelectual seja por inércia, a nossa incapacidade em modificar aquilo que comprovadamente não dá certo tem muito a ver com o tristíssimo estado da centenária república portuguesa.
Quando o rio não prenuncia desgraças, a Ribeira é irrefreável de movimento e cor. Ali encontramos a Joaquina Lopes, com o à-vontade do peixe na água e os seus cantares do dia inteiro. Mais o assador de castanhas, não chovendo. Define-se: fadista, pintora, poetisa, militante do voluntariado social e... castanheira! Nas horas vagas da meteorologia favorável, decerto...
Nada e criada na Ribeira, daqui não arreda pé. Faz parte da alegria local e das fotos dos turistas. Também se passeia pela Net - tem um blogue dela! - e insistentemente me perguntou quando apareceria no Corta Fitas. Ainda hoje, prometi-lhe, logo mais à noitinha.
Sim, nunca muito cedo, que as castanhas estavam a sair bem; nem excessivamente perto do momento do fado e da poesia. E entoou umas estrofes catitas, a modos de quem não esqueceu a proximidade das janeiras.
Oxalá, por isso, estas palavras surjam no tempo apropriado. Um feliz 2011 para si, Joaquina!
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