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A Fernanda Câncio (olá Fernanda), diz que não me conhece. Eu também não a conheço. Vi-a uma vez com uma gabardina amarela (linda gabardina) num Prós e Contras em que parecia estar a contra-gosto e a perguntar a juristas se tinham lido o Código Civil (nunca se sabe). Também a vejo naquela foto do twitter, em que está muito Obama (muito bem, diga-se, Fernanda). Enquanto escrevo estas linhas, brincando um pouco com a Fernanda (ó Fernanda, não leve a mal, que eu sou só traquinas), pergunto-me se ela não me levará a mal as maiúsculas. Acho que não. A Fernanda é tolerante (não é, ó Fernanda?). Agora prosseguindo para a resposta à mais ou menos pergunta que me deixou, Fernanda, deixe-me dizer-lhe que a falha é realmente minha. Sou péssimo na expressão e não me faço entender. Já pensei em dedicar-me ao desporto, mas tenho canelas fracas e enquanto me deixarem sentar a esta mesa, cá vou ficando – se me mandarem levantar, não me aguento. O que eu digo, Fernanda, é que «algo não está bem» quando uma pessoa ou um grupo de pessoas utiliza o anonimato para defender um partido. Porquê? Bom, eu julguei em tempos que isto não necessitava de explicação. Era assim um axioma à Kolmogorov. Precipitações. Por uma questão de integridade, Fernanda. Porque as minhas defesas, quando têm como objectivo convencer ou, pior, manipular alguém, têm de estar a mim associadas, pois sou eu o responsável por todas as suas consequências. E por coragem, Fernanda, que eu gostava de ser do tempo em que os homens e as mulheres se batiam, ó utopia, pelas suas ideias de peito aberto e cara a descoberto. Porque eu, Fernanda, assino o que escrevo e sobre o que escrevo respondo, tal como a Fernanda, aliás, e não me parece nada bem que haja gente – certa gente – que não responde pelo que escreve, achando-se no direito de passar entre a chuva sem que nenhuma gota lhe caia na testa. E isto que digo não é só para um dos lados, nem tampouco é apenas para os defensores de um dos lados. Há gente desta dos dois lados, de todos os lados, e eu não leio nenhum e apenas rezo ao meu altar pagão para que eles não me chateiem como tantas vezes fazem. E não, ó Fernanda, não coloco o insulto e a defesa de programas políticos no mesmo patamar. Aqui já não é problema meu, que nunca escrevi isso. Apenas disse que em ambas as situações algo estava mal.
Quanto a saber quem sou, ó Fernanda, isso é fácil. A Fernanda adiciona-me no facebook e vê logo uma foto que eu lá tenho, com um sorriso enorme. Ou então eu mando-lhe – para o e-mail, que sou tímido – os clips em que fui gravado a falar com dois digníssimos políticos da nossa praça, em conferências bem desagradáveis – ó arrependimento! –, que assim fica logo a saber da minha fisionomia. Em último recurso, sempre me pode convidar para um cafezinho (sou muito moderno, não me importo de ser convidado por uma senhora) ou «colar-se» (que horror, uma senhora não se «cola», mas não me sai palavra melhor) a um cafezinho do Corta-fitas ou do Aparelho de Estado, que são sempre muito agradáveis, como eu, aliás.
Há um dia enganei-me na aplicação de um «à». Escrevi «há». Ó sacrilégio. Então não é que um Magalhães, sim, daqueles que tinham erros ortográficos, me fez a gentileza de notar e, pelo caminho, de me ridicularizar? Acredite, preclaro leitor. Aquela malta julga-se extremamente erudita com a sua capacidade transcendente para o fellatio e para a aplicação de toda uma variedade de técnicas a nós transmitidas pelos nossos queridos asiáticos. A sua erudição é especialmente notória na hora do gemido pedinte e no gemido de agradecimento. Há que dizer que não é só ali, ó leitor, que isto acontece. Na blogosfera a malta pensa que escreve bem e quando cata um erro pula em cima dele, qual infante com carências afectivas e sem muito com que se entreter. Já está corrigido, ó bófias da língua. Vou precisar, um dia, dos vossos serviços para quando o acordo entrar em vigor à séria. Claro que o supracitado é um anónimo, como não podia deixar de ser. Infelizmente é dos anónimos asquerosos que não fazem falta nenhuma e que só vou lendo porque morreram de amores por mim e o twingly manda-me terríveis avisos de chatice costumeira. Imundos bichos de secção partidária, percebam isto de uma vez por todas: eu não estou a fim: não se cansem a chatear-me, que o efeito é contrário ao pretendido. E agora prossigam com os vossos rituais que bem que podiam ser secretos, a bem da higiene mental de um povo.
É importante que se entenda que esta notícia do Financial Times, divulgando os 30 principais grupos financeiros sob especial atenção do Financial Stability Board, nada significa quanto a eventuais situações de debilidade dessas mesmas instituições. Numa altura destas, particularmente sensível, é necessário distinguir bem e com exactidão aquilo de que se fala e, neste caso, fala-se de dimensão e da necessidade de saber a que valor essa dimensão corresponde exactamente.
Um dos termos novos do jargão, mencionado neste artigo, é o de "Living Will". Ou seja e como o nome indica, um "testamento em vida" que resultará numa avaliação prudencial dos activos. Não um valor de mercado, o qual seria oscilante de acordo com o comportamento bolsista, mas outro mais conservador quanto aos diferentes assets.
Em síntese, as instituições de maior dimensão serão compelidas a dizer quanto valeriam as suas diferentes partes em caso de colapso do todo, tendo em conta um maior potencial de risco sistémico. Pela sua natureza, um Living Will regularmente actualizado facilita o trabalho da supervisão mas, igualmente, o da gestão de organizações complexas por parte das administrações, enquanto aumenta a transparência junto dos accionistas e dos stakeholders.
É pois determinante que não se olhe para o artigo do FT como algo de negativo ou assustador. Pelo contrário, é uma boa notícia que apenas revela o que se aprendeu com as circunstâncias passadas. Se virem parangonas assustadoras relacionadas com isto, não se preocupem. É só fumaça.
Hoje os suíços decidiram proibir a construção de minaretes. Não acompanhei muito a polémica, que sempre me pareceu que os suíços iam rejeitar a proposta. Parece que a partir de hoje não se podem construir mais minaretes nas mesquitas da confederação. A democracia tem destas coisas. Estas coisas tratarão de dar uma estalada à democracia mais cedo ou mais tarde, já lá dizia, por outras palavras, um jovem Tocqueville. O pior é que não serão os pulhas da direita suíça a pagar as favas. Mas, enfim, a história está cheia disto.
À conta de um anónimo genérico e de um personagem com heteronímia invertida, a blogosfera começa a odiar os anónimos. Maldade. Há anónimos muito fofinhos. Vejamos o maradona, aquele cabrão – se ele chama cabrão eu também posso. O gajo é um espectáculo. Chama tudo a toda a gente, mas todos sabemos que não tira nada daquilo, apenas o divertimento de ser lido e comparar o seu contador de visitas com o dos outros. Olhem a Ana Cássia Rebelo, que até há não muito tempo era «Ana de Amsterdam», vão dizer-me que era uma anónima rasca? Vão-se lixar. E o Rogério Casanova, esse grande senhor (ou senhora), respeitadíssimo por uma certa inteligentsia. E o Senhor Palomar? Há personagem mais simpático desde o António Sousa Homem? O Francisco José Viegas que nos diga…
O anonimato tem graça. O anonimato pode vir da timidez ou da vontade de ter graça, pode vir da vontade de dizer parvoíces inócuas ou pode vir, simplesmente, porque sim. O que não tem graça é quando o anonimato entra em esferas mais «complicadas». Quando anónimos se apresentam a defender partidos ou programas políticos, algo está errado. Quando anónimos são usados para lançar acusações que uma assinatura não permitiria, algo está errado. São esses anónimos que, mais que condenar, temos de deixar de ler. Tive tempos em que lia asnos, até, caro leitor. E nunca li malta dos aventais, que têm blogue feio. Nem sabem o bem que andam os meus pulmões desde que me privei de tais leituras.
Ontem, por ocasião duma pequena entrevista para o próximo número do Correio Real, o Boletim da Real Associação de Lisboa, fui à outra banda onde tive o privilégio de privar com uma verdadeira Princesa, tão ou mais encantada que as dos romances e do cinema: falo de D. Maria Adelaide de Bragança, infanta de Portugal, que por insólita conjugação de duas paternidades muito tardias e da sua provecta idade, é hoje uma neta viva do rei D. Miguel, esse mesmo do absolutismo e do tradicionalismo, da guerra civil de 1828 – 1834.
D. Maria Adelaide nasceu em 1912 no exílio, em St. Jean de Luz, cresceu e viveu na Áustria aventuras e desventuras de pasmar: habitando no olho do furacão, após a I Grande Guerra coabitou com os ocupantes comunistas da quinta em que vivia, dos quais recorda dos seus esbeltos cavalos e boinas vermelhas. Mais tarde, durante a ocupação nazi, foi presa pela Gestapo por várias semanas em Viena onde como enfermeira se juntara à resistência e acudia os feridos entre bombardeamentos. Foi nestas correrias e aflições que veio conhecer um estudante de medicina de seu nome Nicolaas van Uden com quem casou.
Regressada a Portugal em 1948 após a revogação da lei do banimento, a Infanta veio residir perto da Trafaria, onde criou a Fundação D. Nuno Álvares Pereira, instituição de apoio a mães pobres em fim de gravidez e crianças abandonadas, dedicando fervorosamente a sua vida aos mais desfavorecidos.
Longe das fugazes ribaltas e feiras de vaidades, a Senhora D. Maria Adelaide afilhada da Rainha D. Amélia e de D. Manuel II, hoje com noventa e sete anos, além de constituir um precioso testemunho vivo, directo e indirecto, da História dos últimos duzentos anos, é um verdadeiro exemplo de profunda Nobreza aliada a uma invulgar bravura e irreverência.
Evangelho segundo São Lucas 21, 25-28.34-36
Naquele tempo, disse Jesus aos seus discípulos: «Haverá sinais no sol, na lua e nas estrelas e, na terra, angústia entre as nações, aterradas com o rugido e a agitação do mar. Os homens morrerão de pavor, na expectativa do que vai suceder ao universo, pois as forças celestes serão abaladas. Então, hão-de ver o Filho do homem vir numa nuvem, com grande poder e glória. Quando estas coisas começarem a acontecer, erguei-vos e levantai a cabeça, porque a vossa libertação está próxima. Tende cuidado convosco, não suceda que os vossos corações se tornem pesados pela intemperança, a embriaguez e as preocupações da vida, e esse dia não vos surpreenda subitamente como uma armadilha, pois ele atingirá todos os que habitam a face da terra. Portanto, vigiai e orai em todo o tempo, para que possais livrar-vos de tudo o que vai acontecer e comparecer diante do Filho do homem».
Da Bíblia Sagrada
Ter o Rei de Espanha em Lisboa, como convidado, no 1º de Dezembro, é uma situação um pouco incómoda - não tanto pelo próprio Rei de Espanha (imagino que a possível resposta seja que temos com Espanha uma relação descomplexada e, afinal, o Rei é apenas mais um dos não-sei-quantos Chefes de Estado iberoamericanos que vão estar cá na mesma altura) como pela desagradável sensação de que ninguém, com responsabilidades no Estado português, pensou sequer no assunto. Espanha já não se estranha; entranhou-se - até no nosso Natal, e dos dois lados da barricada: aqueles Meninos-Jesus gordinhos, barrocos, ternurentos, que se vêm pendurados em algumas varandas e janelas (e que para mim substituem com vantagem os Pais-Natal trepadores) são importados de Espanha por um sonhador que imagina, in his wild dreams, que pela fé e a oração vai vencer o consumismo e a dura lei do capital; por outro lado, também a odiosa figura do "caganer" - o defecador que se coloca nos presépios para "dar sorte" - vem de Espanha, e disseram-me que no Corte Inglês se vende como pãezinhos quentes. O "caganer" exala um delicioso perfume a paganismo que encanta o etnógrafo amador que há em mim (eu escrevi perfume?!), mas eu, ainda assim, prefiro o "Natal dos Hospitais" - no campeonato do mau-gosto, torço sempre pela equipa da casa.
A democracia portuguesa é, por princípio, refém dos partidos que a fizeram. Se é certo que o povo português tem maiores liberdades, maior capacidade de decisão e é, em teoria, soberano, é inevitável que se esboce um sorriso cínico quando mergulhamos no estudo do regime.
Vou dar um exemplo ao interessado leitor. O financiamento dos partidos políticos é feito com o dinheiro que somos obrigados a dar ao colectivo em cada acto económico que protagonizamos – seja a trabalhar ou a comprar uma garrafa de água. No entanto, esse financiamento só pode ser definido, adivinhou, pelos próprios partidos. Se por acaso a população portuguesa achar que as dezenas de milhões de euros atribuídos anualmente aos partidos portugueses são inaceitáveis, não se pode pronunciar, pois a lei orgânica dos Referendos, que não pode ser referendada, impede qualquer pronunciamento popular sobre o que é da competência do Parlamento (significando que, na lógica do legislador, a relação hierárquica é contrária àquilo que poderíamos pensar à partida, isto é, o Parlamento tem um poder de decisão maior que o próprio povo nele representado). Como, segundo a Constituição, é da competência do Parlamento a definição de leis sobre associações e partidos, o povo tem simplesmente de baixar os bracinhos e continuar a permitir que os partidos atribuam a si próprios o dinheiro que bem entenderem, consoante as regras que bem entenderem. É como se os alunos, nas escolas, fossem quem decide os critérios de avaliação ou como se os empregados das empresas fossem quem decide os critérios de progressão na carreira. É quase absurdo. Seria absurdo, não estivesse esta praia tão apodrecida.
Para que o leitor tenha alguma noção do que se está a falar, em 2009, a juntar-se aos cerca de 20 milhões de euros de subvenção anual base, os partidos ainda receberam mais 8.5 milhões para a campanha das eleições legislativas, 4.25 milhões de euros para a campanha das eleições europeias e mais uns vastos milhões para as eleições autárquicas (não fui capaz de calcular o valor, mas o leitor fica a saber que só as campanhas de Lisboa e Porto implicam uma subvenção de 1.7 milhões de euros – são 308 os municípios portugueses). Isto significa muito dinheiro. Muito dinheiro que não melhora a qualidade da democracia nem tampouco do debate político, como tem sido visível ao longo dos últimos anos.
E tudo isto se passa debaixo dos nossos narizes sem que nos possamos pronunciar de modo algum, pois ninguém que não seja ligado a um partido pode ir para o Parlamento. Quando quiserem referendar à força a IV República, façam o favor de me chamar.
The Daily Show With Jon Stewart | Mon - Thurs 11p / 10c | |||
Mass. Hysteria | ||||
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Via Palmira Silva
Um grupo de quatro lindas mulheres reuniu-se para recriar Ary dos Santos. A ideia é muito feliz e, por isso, Mafalda Arnauth, Susana Felix, Viviane e Luana Cozetti estão de parabéns. Ary dos Santos foi o responsável por algumas das mais belas canções que a cultura portuguesa tem. Carlos do Carmo, Fernando Tordo, Simone de Oliveira, Tonicha e muitos outros devem-lhe, em parte, as carreiras. Infelizmente, como usualmente acontece, é desprezado por questões políticas e, pior, pela sua homossexualidade. Não fosse isso de ser e mostrar-se humano e seria aclamado. Assim, não.
O meu artigo no Expresso Online:
«Resguardando-se no falacioso argumento da vitória eleitoral, o Primeiro-Ministro (atropelando, uma vez mais, os deveres institucionais de respeito e lealdade para com o órgão que lhe viabiliza o Governo) e os seus acólitos irão fazer de tudo para convencer a população de que estão a ser alvo de uma absurda campanha negativa que os impede de governar com o programa sufragado.» [Continuar a ler...]
Vi hoje na Pó dos Livros uma publicação com ar de recente, editada pela Nélson de Matos e coordenada pelo João Rodrigues e Renato Miguel do Carmo. Tem textos do João Galamba, do Tiago Barbosa Ribeiro do próprio João Rodrigues, entre outros. Eu até me poderia interessar por os ler, que sou um tipo sempre aberto a ideias alternativas (estas não são bem «alternativas», mas enfim). Mas esta malta da esquerda cobra 18€ por aquilo. É preciso ter lata. São tão socialistas como o Michael Moore.
Durão Barroso apresentou hoje a composição da segunda Comissão Europeia sob a sua liderança. Em 27 comissários indigitados, 12 são da família PPE, 8 liberais, 4 da esquerda e 3 independentes.
Diga-se o que se disser, esta é uma distribuição que não espelha o resultado das eleições europeias de 7 de Junho, mas é antes o reflexo do que se passa a nível de governos na UE. De recordar que das eleições o PPE saiu como principal força política no PE, Socialistas em segundo e Liberais em terceiro.
As audições individuais de cada um dos nomeados acontecem em meados de Janeiro perante o Parlamento Europeu. Ninguém antecipa grandes problemas, especialmente agora que Barroso conseguiu 9 mulheres na lista de comissários - uma a mais do que no executivo europeu ainda em funções. Mais, a esquerda europeia já deixou passar o nome do próprio antigo primeiro-ministro português, em Setembro. Será que o facto de uma comissão predominantemente PPE/Liberal vai causar celeuma ou desconforto entre os grupos da esquerda europeia?
Está aberta, oficialmente, a época da dramatização política.
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