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Para além de curioso, gosto de distribuir o mal pelas aldeias, por isso, não me fico pelo líder blogosférico dos socialistas, 'atiro-me' também ao líder blogosférico dos social-democratas: José Pacheco Pereira (sem link, para lhe dar um bocadinho do seu veneno).
JPP tem andado numa roda viva a fazer recortes de jornais, tendo uma especial obsessão com o Jornal de Notícias. Pelos vistos, o paladino de Manuela Ferreira Leite que se indignava com o facto de os jornais não mostrarem o melhor lado da sua 'Dama', indigna-se agora por os jornais não falarem mal que chegue de José Sócrates.
Tal como fiz com Vital Moreira, fui aos arquivos de JPP e eis o que encontrei:
Tudo o que apareça nos jornais sobre Dias Loureiro e os seus negócios cai em cima do Presidente Cavaco Silva, do PSD e só em último lugar de Dias Loureiro. Por esta ordem. Ninguém sabe isso melhor do que o PS e o governo.
Pelos vistos, no caso de Dias Loureiro, havia uma cabala para enfraquecer o PSD e o Presidente. No caso de José Sócrates a cabala é amadora e o JN devia de se aplicar mais. Orwell, orwell... o que eu não dava para voltares e veres o que por aqui se passa.
Adenda: tal como o Voador disse na caixa de comentários, JPP defendeu a demissão de Dias Loureiro na altura do 'caso BPN' (que ainda não acabou, diga-se). No entanto, e apesar de isto ser verdade, o que eu quis mostrar foi a dualidade de critérios na análise do senhor. Ele que sustenta que a comunicação social faz uma "campanha negra" contra o seu partido, queixa-se agora que a "campanha negra" contra o PS não é suficiente. É a incoerência no seu estado puro. Para além disso, gostaria de deixar aqui escrito que não me posicionei, tal como qualquer leitor atento poderá constatar, em relação a esta questão. Não digo se há ou não campanha negra, simplesmente porque não sei. Não digo se há servilismo ou o que quer que seja por parte de qualquer jornal porque não me interessa. Os jornais ainda são empresas privadas e se o Sol tem o direito de investigar os podres do primeiro-ministro por conta própria, o JN tem o direito de os "esquecer". É para isso que temos diversidade na oferta e é por isso que cada um lê o que quer. Espero que agora não façam as acusações da praxe da "falta de seriedade".
George Orwell adivinhou, como já li em algum sítio que não me lembro, quase tudo. E no seu 1984 trouxe uma expressão nova, mas plena de significado, ao meu vocabulário: duplo-pensar. O termo significa, em novilíngua, basicamente que as mesmas acções devem ter avaliações diferentes consoante a nossa relação com o agente. É a dualidade de critérios levada ao extremo. Com toda esta história do caso Freeport, algumas individualidades têm-se mostrado belos exemplos do duplo-pensar. Já falei aqui de alguns, mas agora vou falar do chefe supremo dos socialistas na blogosfera: Vital Moreira.
Vital Moreira escreve, e bem, no seu blogue que não cabe aos órgãos de comunicação social investigar e que «quanto aos "factos", a generalidade dos média tem-se limitado a servir de "barriga de aluguer" de alegadas informações selectivamente filtradas por alguém de dentro do processo». Como sou um tipo curioso, fui à pesquisa do Causa Nossa ver se esta postura tão correcta de Vital Moreira tinha sido a mesma há dois meses na altura em que se dizia que Dias Loureiro deveria demitir-se de Conselheiro de Estado. Não me admirei com o resultado da pesquisa.
Sábado, 6 de Dezembro de 2008
Confiança
Face às últimas notícias (e o mais que está para vir...) sobre os esconsos negócios e as equívocas ligações financeiras de Dias Loureiro, o Presidente da República mantém a confiança pessoal e política no seu conselheiro institucional (que tão precipitadamente avalizou em público)?
Para além das amizades e das fidelidades pessoais, há a dignidade das instituições...
O ministro da Agricultura tem sido, já há imenso tempo, acusado de ter desperdiçado fundos comunitários. Muitas candidaturas não foram a tempo e muito dinheiro ficou por atribui, mesmo dentro do Ministério. Como os problemas que têm surgido têm eclipsado esta questão, Jaime Silva mexeu-se como bem entendeu. Tal como era de esperar, aliás qual é o propósito sempre?, o ministro veio 'anunciar' que a agricultura vai receber a maior quantidade de dinheiro de sempre. Sou só eu que já estou farto desta politiquice barata de quem se ofereceu para fazer política?
Antes Zézito que Zézinho
Que se me perdoe a interrupção na emissão FreeportGate, mas aconteceu hoje algo de grande importância que foi "esquecido". Toda a oposição votou contra o "Orçamento Suplementar" e contra as medidas nele previstas, proposto pelo governo. Desde o Paulo Portas ao Jerónimo de Sousa, todos consideram as medidas más ou insuficientes. Isto mostra, de forma evidente, o clima que se vive no Parlamento: o de uma ditadura da maioria. O PS vota favoravelmente qualquer proposta do governo e a discussão séria e aberta sobre as questões fica para os cafés. Não há a percepção que aquilo não é um jogo, mas sim a construção de um país. A teimosia suplanta a busca da verdade e é preferível avançar com algo mau a discutir para chegar a uma coisa melhor. As maiorias absolutas apodrecem o sistema.
Na sua crónica da Visão desta semana, Ricardo Araújo Pereira deixa-nos três pontos menosprezados em todo o caso Freeport.
1. "Analistas atrás de analistas têm vindo a ignorar o facto central de todo este processo: Sócrates diz Freepor. Este é o primeiro ponto essencial que ninguém referiu. Toda a gente diz Freeport, menos José Sócrates, que diz Freepor."
2. "A quem interessa um outlet com lojas de roupa de marca mais barata perto de Lisboa? Ao sexto homem mais elegante do mundo, certamente. O Freeport permite-lhe manter a mesma elegância, mas a preços mais baixos."
3. "Ao que parece, o juiz desconfiou do modo como o projecto foi licenciado. De acordo com a descrição do magistrado, tudo se passou de forma impecável, célere e competente. Estava à vista de todos que alguma coisa estava mal."
Não sei se por culpa do distanciamento criado pelo Salazarismo ou por simples burrice, mas o Português tem alguma dificuldade em perceber que o Estado é uma empresa em que os accionistas somos todos nós.
No pós 25 de Abril acrescem ainda mais dois péssimos hábitos, o de achar que o Estado tem dinheiro para pagar tudo e o de se impacientar com a burocracia, fazendo de tudo para arrepiar caminho em qualquer coisa que envolvesse decisões públicas.
Começa assim a terrível mania das cunhas. Quem tenha um tio, primo, amigo ou conhecido que por sua vez é primo não sei de quem é favorecido em concursos, nomeações, adjudicações e demais despachos. Durante anos, a maioria dos empregos no estado eram decididos consoante o grau de parentesco entre o candidato e o decisor. Um tio bem colocado valia entrada directa para a tap, cp, rtp ou qualquer outra grande empresa Estatal. Uma boa cunha safava mancebos da tropa, da mesma forma que o número certo de notas permitia (o tempo verbal não invalida que não permita nos dias de hoje), qualquer construção mesmo que em cima da praia e a destruir a orla marítima. E vamos parar de falar do Algarve.
Que atire a primeira pedra quem não conhece alguém que foi nomeado através de uma cunha ou quem nunca pensou “arranjo mas é um tacho no Estado e não tenho de me chatear mais”.
O lado perverso disto é que se instaurou na sociedade a ideia de que é uma coisa boa ter um emprego no Estado. Acto contínuo baixa-se o grau de exigência, perde-se a iniciativa privada e abre-se caminho aos patos bravos sedentos de tirar proveito da situação.
Se alguém pode ser gnr com a quarta classe por que razão irá estudar ou abrir uma empresa? A corrupção começa quando esse mesmo gnr (é apenas um exemplo, serve qualquer outra profissão onde se ganhe uns míseros 500€), começa a fazer contas e a ver que somente com o ordenado jamais conseguirá comprar uma jante do Ferrari que o seu jogador da bola preferido estampou numa manhã de nevoeiro.
Em que falhámos nós como povo para que em apenas trinta e poucos anos de democracia tenhamos conseguido fazer com que os Pais das crianças que nascem hoje já não queiram que os filhos sejam médicos ou empresários inovadores, mas jogadores da bola?
O efeito de toda a corrupção e más governações de que temos sido vítimas é ainda mais perverso. Parte-se do princípio de que se nos estão a assaltar a casa, corremos atrás dos ladrões, mas desenvolveu-se na cabeça do Português a ideia de que não liga à politica porque eles são todos iguais. Um grunho que diz isto devia ser automaticamente expulso do país, mas a verdade é que daí ao abstencionismo passa uma linha demasiado ténue.
Aproveitando este desprendimento os decisores fazem lei o facto de que se forem sacados milhões em instituições públicas não é roubo, mas sim gestão danosa. E curiosamente neste país gestão danosa não faz ninguém ir para a cadeia.
Vemo-nos assim num beco sem saída, a maioria dos políticos está no poder apenas para se servir a si ou para favorecer grandes grupos económicos que findo o mandato irão retribuir com um cargo altamente remunerado (como disse Almeida Santos “em Portugal o importante não é ser Ministro, mas ter sido”). Os outros, intercalam na dança das cadeiras entre o Governo, Parlamento Europeu e Empresas Públicas. O certo é que dá para todos, governo e oposição e raramente alguém fica de fora.
As politicas são as mesmas e os cidadãos não percebem que está nas suas mãos mudar tudo isto.
Os tios, primos e conhecidos são o cancro do burgo. Solução? Faça-se reset ao país porque nem todos temos tios.
Andar na crista da onda é um gajo demitir-se antes de ser demitido.
"O alvoroço que por aí levantou o 'caso Freeport' não é inócuo. As coisas passaram o limite do que pode ser esquecido e arrumado" - Vasco Pulido Valente, Público.
Paulo Tunhas, no Cachimbo de Magritte
«Eu sei que a frase já não causa grande efeito, mas vou tentar outra vez: o Primeiro-Ministro usou o dinheiro dos nossos impostos para nos mentir.
Sou suspeito, também sei: tenho a vaga mania de não gostar de impostos. Mas acreditem que pago os meus e, portanto, tenho igualmente o direito de não gostar que o Estado os use para me aldrabar. OK, é outra mania, esta de não gostar de ser aldrabado.»
A última vez que fiquei tt tempo a olhar pa uma porta eram 5 e meia da manhã e eu não conseguia lembrar-me do que era uma chave SergioBastos
Escreve o Rodrigo: «Ou Sócrates demite-se, e antecipa as eleições, ou Sócrates não se demite e arrisca-se a perder as eleições». Pois sim. Mas se as eleições forem antecipadas e Sócrates pedir um voto de confiança recandidatando-se, alguém lho dará? Ou perde igualmente as eleições?
Ainda vamos ter um Governo de salvação nacional, é o que vos digo. E o FMI outra vez para financiar a nacionalização da Banca. Como escreve o nosso FAL aqui em baixo, o PREC está de volta.
A ler também o João Távora, «A crise da crise da crise».
Não pude deixar de ouvir a conversa na mesa ao lado da minha no restaurante onde almocei hoje - a esplanada (coberta) do Museu da Fundação Medeiros de Almeida.
Diz um avô, senhor de oitenta e tal anos, muito bem vestido, para o neto, nos seus trintas:
- "Parece que voltámos ao PREC".
Resposta do neto:
- "O quê, avô?"
O senhor mais velho:
- "É melhor nem falarmos nisso, não quero lembrar o Vasco Gonçalves"...
A subscrição é anónima e gera, no máximo, um e-mail por dia.
"Constato por aí que há muitos cristãos que se sat...
Todas as empresas da aeronáutica mantêm área de ne...
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Deve fornecer, como apoio ao seu negócio de fabric...
Leia o pindérico relatório da IGF em vez de ler o ...