Saltar para: Posts [1], Pesquisa e Arquivos [2]
Limicorum (de Ponte de Lima)
Oh Pacheco Pereira, tem que ter um pouco de humildade para falar da arrogância dos outros - António Costa, para José Pacheco Pereira agora mesmo, na Quadratura do Círculo.
À nossa frente um caminho branco mas agreste e cercado por árvores caídas. E a seu lado outro, aparentemente mais fresco, um onde as sombras se deitam e nada ofusca ou parece cansar.
Ambos se estendem enquanto ao longe escutamos a música de água que corre sem que se perceba de onde vem. Por momentos, hesitamos. Depois, esses momentos tornam-se dias e estes semanas. Meses, até.
Há então um pássaro que se levanta e voa, que escolhe um dos sentidos indiferente ao nosso espanto. Tomamo-lo por um presságio, seguimos a direcção das suas asas como um gesto inesperado provoca outro. É a escolha, finalmente leve...Ou assim pensamos... Até que o caminho se divida uma vez mais.
Mudar o quê? Mudar para quê? Barack Obama encheu a boca e o seu cardápio de promesas com a palavra “mudança”. Prometeu não só mudar os Estados Unidos, mas também o mundo. Parece-me tarefa demasiado ambiciosa para um indivíduo só. Além disso, o tempo dos homens providenciais já passou – e não deixou saudades. Em vez de prometer grandes passos e apregoar grandes metas tendencialmente utópicas, como garantir os serviços básicos de saúde gratuitos a cada cidadão norte-americano, Obama podia começar por etapas mais curtas e concretas. Fechar a prisão militar em Guantánamo, por exemplo. Nada mais simples, nada mais emblemático. John McCain, se tivesse ganho, começaria muito provavelmente por aqui. Obama ganhou. É bom que comece por aqui também.
Goldfrapp, «Happiness»
Na semana passada, em Berlim, fui a uma exposição de fotografia política chamada "Burocracia", onde ao mesmo tempo era apresentado o último número da revista Cicero - Magazin für Politische Kultur, uma excelente ideia e aposta a todos os níveis. A revista tem uma galeria de arte própria, onde são expostas obras com interesse político e artístico - desta vez eram fotografias de mesas eleitorais um pouco por todo o mundo, com um realismo impressionante - e tem um site com notícias de actualidade e opinião. A revista, em si, é fabulosa e fez-me lembrar a saudosa George, que desapareceu pouco tempo depois da morte de John F. Kennedy Jr. No número de Dezembro que trouxe na mala, a capa tem Barack Obama, a palavra "Hope" por baixo, e uma série de outras chamadas como "Sex und Geld" (sexo e dinheiro). Lá dentro, temos uma entrevista com Gordon Brown em mangas de camisa e sem gravata, um ensaio de Ralf Dahrendorf sobre o autoritarismo, um artigo de Madeleine Albright, outro de Mikhail Gorbachev, para além do especial Obama, com a família, a mulher, as comparações com figuras do passado e um texto do próprio presidente eleito.
Posto isto, dei comigo a pensar como é que um País como o nosso não tem nada do género, depois das revistas K, V, PM e Atlântico terem fechado por razões mais ou menos conhecidas. Este é um dos sintomas do nosso atraso. Se vamos a entrar para um avião e nos esquecemos de um livro para ler, olhamos para os escaparates e o que temos? Caso já tenhamos lido os jornais do dia, os semanários e as revistas de informação, resta-nos a imprensa dos mexericos, as revistas de carros, de viagens, de culinária, de economia, de moldes, de costura ou de mulheres nuas com gadgets à mistura. A política está banida. Nem sequer temos alguma coisa ao estilo de uma Esquire ou Vanity Fair para nos contentarmos. Pobre País, este.
Não percebo este recado de Pedro Lomba: "Vejam por isso se resguardam o Presidente, que do regime não sobra muito". Ao Presidente da República bastam-lhe a Constituição e a Lei. Não precisa que ninguém o resguarde. A proteger, proteja-se, defenda-se a Verdade. Mas isto é pedir muito.
Pedro Passos Coelho entende que o Governo deveria aumentar em 50% (mais 10 mil milhões) as garantias aos bancos para a concessão de créditos. «É preciso o Estado ter este activismo», afirma ele.
Entretanto, Manuela Ferreira Leite chama a atenção para o peso excessivo do mesmo Estado na economia e para os encargos assumidos pelo Governo com consequência no inevitável peso da carga fiscal «até 2040 e tal».
Duas abordagens discursivas opostas; uma conjuntural e a outra estrutural. Passos Coelho centra-se no agora (lembram-se do slogan das directas?). Manuela Ferreira Leite tem em conta as gerações futuras. Politicamente falando e para citar Highlander, esse grande filme, «there can be only one».
Sinusite é uma inflamação dos seios nasais, normalmente associada a um processo infeccioso. Quando é crónica, a drenagem do muco nasal fica mais difícil e a mucosa torna-se mais espessa e fibrosa. É isto mais ou menos que diz o saber enciclopédico. Então e sobre o Sinusite Crónica? Eu diria que é um excelente blogue, que voltou em grande ao nosso convívio blogosférico. Com uma série de nomes fortes, o SC é um blogue que se recomenda por várias razões, logo à cabeça os excelentes textos que alguns dos autores escrevem num registo mais intimista do que fazem noutras moradas colectivas, como é aqui o caso do meu amigo Pedro Marques Lopes: "Quer dizer, anda um indivíduo a ler Platão, a ver Visconti, a ouvir o Toy para depois um qualquer pâncreas, que salvo melhor informação tem a alma de um gambuzino, me dizer que o body-pump é melhor que um branco seco?"
Distraidamente meti-o na frigideira com o tempero habitual. Vi-o encolher enquanto pensava nos mexericos do dia. Passou de rosa a castanho e à medida que desaparecia e desaparecia e se esvaía não em sangue, mas numa aguadilha suspeita (soro? antibióticos?), deixei os mexericos e a crise financeira e a Manuela Ferreira Leite e o Sócrates e o novo governo do Obama a marinar e, pela primeira vez em muito tempo, pensei seriamente em... bifes.
Sabemos - porque continuamos a vê-los reduzir para metade e a espumar líquidos suspeitos na frigideira - que a carne que comemos nos faz mal, que os produtores continuam a adulterar as rações e a injectar os bichos com medicamentos. Mas depois da crise das vacas loucas passámos a assimilar tudo isto com uma tranquilidade bovina. E no entanto onde é que estes hábitos alimentares nos podem levar? Que relação existe, por exemplo, entre a nossa alimentação e os elevados índices de cancro do cólon que temos em Portugal? Será que alguém já se deu ao trabalho de averiguar? - perguntei-me enquanto mastigava o último pedaço de alcatra.
O molho, apesar do soro e do antibiótico ou lá o que era, estava bom.
Assim está Cuba sob a dinastia Castro, que o PCP aponta como farol da humanidade. Pior só mesmo a Coreia sob a dinastia Kim.
O fundamentalismo islâmico, que quer riscar todas as culturas diferentes do mapa, ataca a qualquer hora e em qualquer lugar, como hoje se viu em Bombaim. Ninguém tenha dúvidas: este é o maior problema do nosso tempo. O primeiro dos problemas que Barack Obama terá de enfrentar já a partir de 20 de Janeiro. O resto é lirismo para conforto das boas consciências europeias que ainda não perceberam que tudo mudou. Este início do século XXI decorre sob o signo da morte arbitrária, que irrompe às cegas quando menos se espera e de onde menos se espera. Haverá outros nomes para isto - inclusive alguns com denominações a la carte, com o embrulho eufemístico da correcção política. Prefiro chamar-lhe da forma mais crua e ajustada possível - parafraseando o que Conrad escreveu na sua novela O Coração das Trevas. O terror, o terror.
Ler também:
- A Besta voltou a atacar. De Sérgio de Almeida Correia, n' O Bacteriófago
- Bomba(im). De Nuno Mota Pinto, no Mar Salgado.
- Mumbai. De Ana Gomes, na Causa Nossa
- Christiane Amanpour comenta o atentado em Mumbai. De Luís M. Jorge, na Vida Breve
- A guerra do terror. De Luís Rainha, no Cinco Dias
- Caridade. De Paulo Tunhas, na Atlântico
- Em guerra, De Jorge Assunção, no Despertar da Mente.
- Coisas dramáticas. De Jorge Ferreira, no Tomar Partido
O mito Ségolène Royal esfumou-se. A antiga candidata presidencial contra Nicolas Sarkozy foi derrotada pela ex-ministra Martine Aubry. Uma derrota por meia dúzia de votos que deixa a belle toujours da esquerda europeia (e de alguns media) fora da liderança do PSF por uns tempos e, quem sabe, fora da luta pelas próximas presidenciais. Na recta fical, Aubry defendeu uma aproximação aos sindicatos e aos movimentos da extrema-esquerda, Ségolène queria aliar-se aos centristas numa espécie de bloco central à grande e à francesa que pudesse fazer tremer a UMP que apoia Sarko. Deu-se mal. Veremos agora como se irá comportar a filha de Jacques Delors. Quem sai aos seus...
"Aos poucos, como aconteceu com outro PR por causa de Macau, vai-se montando um cerco a Cavaco. (...) Basta, no entanto, olhar à nossa volta - Parlamento, governo, gabinetes, partidos, elites da administração pública, banca - para ver como Macau acabou em bem. Em certo sentido, Cavaco é um 'corpo estranho' a este regime". João Gonçalves, no Portugal dos Pequeninos
SETE NOIVAS PARA SETE IRMÃOS
(Seven Brides for Seven Brothers, 1954)
Realizador: Stanley Donen
Principais intérpretes: Howard Keel, Jane Powell, Jeff Richards, Russ Tamblyn, Tony Rall, Virginia Gibson
"As danças coreografadas por Michael Kidd são o melhor ingrediente deste deslumbrante musical." (Susan e Daniel Cohen)
Da vida partidária portuguesa não tenho saudades - Durão Barroso, agora mesmo, na SIC Notícias.
A subscrição é anónima e gera, no máximo, um e-mail por dia.
(continuação)prntscr.com/12dlhbr – anomalia de tem...
(continuação)Se depois do referido ainda há quem p...
"Nos últimos anos foi crescendo a percepção da nec...
Os EUA, China, Índia, Rússia, e os outros grandes ...
Puro masoquismo prestar atenção ao esgoto televisi...