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Skank - "Te Ver"
Ao longo dos últimos anos assisti com prazer ao fim das vitórias morais no futebol português. Por um lado, passámos a ganhar mais vezes, a jogar melhor. Por outro, o comentário desportivo também se desenvolveu. Tornou-se mais enxuto, um pouco mais independente. Ontem, porém, regredimos. Depois da vitória da Espanha sobre a Alemanha, por 1-0, com a consequente consagração dos nuestros hermanos (odeio a expressão) como campeões europeus de futebol, voltaram as explicações e as justificações para o desaire da equipa nacional, às ordens daquele selecionador que todos (menos eu e uns poucos) achavam verdadeiramente genial.
Depois da entrega da taça e dos abraços do Rei Juan Carlos a Casillas, fiz um ráido zapping para a SIC Notícias e então não é que me deparo com o comentador habitual a riscar num quadro electrónico onde constavam os nomes de vários jogadores portugueses contra a Alemanha? Pensei: estou a ver mal, não percebi o ponto. Mas era isso mesmo. Não sei quantos dias depois as televisões ainda se dão ao trabalho de analisar o que se passou num jogo que já está mais que enterrado. Isto em prime-time. Estão os jogadores mais entretidos com as namoradas espanholas (ou não) e os especialistas da matéria ainda os estão a pôr num quadrozito de um lado para o outro a tentar ver onde é que falharam!? Isto é análise? É jornalismo? O que eu ontem queria saber era o número de passes certos do Iniesta e do Xavi. Isso sim...
O mar a perder de vista: está tão perto que parece sempre ao alcance da nossa mão. Uma piscina enorme, em varanda sobre o mar. O hotel espraiando-se como um anfiteatro em redor da piscina.
O jardineiro rega os canteiros de begónias com desvelo de mãe a cuidar de um recém-nascido. Passam três gatos, hóspedes permanentes do jardim, em busca de uma sombra.
Oito espreguiçadeiras ocupadas por alemães ociosos, em ressaca futebolística. Chegam-me palavras desgarradas: essen, trinken, schlafen.
Dois quilómetros para oriente, a cidade do Funchal, irradiando o esplendor de sempre. Abro um romance de Don DeLillo, com um belíssimo título: O Homem em Queda. Excelente romance - talvez o melhor que já se escreveu sobre o 11 de Setembro. Data limite, data seminal. Que libertou demónios antigos como o mundo e pôs "o nome de Deus a um tempo nas bocas dos assassinos e das vítimas", inaugurando um cortejo de vingança e devastação.
No momento em que o segundo avião colidiu contra a torre, que parecia tão forte e era afinal tão débil, "ficámos todos um bocadinho mais velhos e mais sensatos", diz uma personagem do romance.
Pouso o livro, olho de novo o mar - este incomparável oceano da Madeira. A vida é tecida por fios muito frágeis: há que aproveitar bem cada instante. A longa piscina está agora vazia, convida-me ao mergulho. Vou ao encontro dela.
"Não é por acaso que Manuela Ferreira Leite precisou de reagir tão enfaticamente à hipótese de, após as eleições de 2009, se formar um governo de 'bloco central' entre os dois maiores partidos nacionais, o PS de José Sócrates e o seu próprio PSD. 'Alianças com o PS', perguntou ela, 'só se eu estivesse doida!'.
A resposta é enfática no estilo porque não o pode ser no conteúdo.
Em primeiro lugar, era preciso matar o assunto, por razões externas. Seria muito desagradável, a um ano das eleições, dar já como comprometido o partido que supostamente deve competir pelo governo. Ao PSD cabe desempenhar aquele papel, por pouco que acredite nele, sob pena de tornar as eleições ainda menos competitivas do que elas ameaçam ser.
E em segundo lugar, era preciso matar o assunto, por razões internas. Ninguém duvide de que, dentro do PSD, pouca gente se incomodaria com um governo de 'bloco central'. O PSD não é um partido de alternativa, é simplesmente um partido que acha que deve estar no governo. Se for sozinho, óptimo; se for acompanhado, menos mal. Se der muito trabalho, lá terá de ser; se não der trabalho nenhum, melhor ainda."
"Agora o conteúdo. Como já alguém notou, Manuela Ferreira Leite respondeu que nunca faria alianças com o PS - a não ser que estivesse louca -, mas o mais interessante é que a pergunta não era essa. 'Alianças com o PS' significa os dois partidos concorrerem juntos às eleições. Um governo de 'bloco central' significa os dois partidos governarem juntos após as eleições não tererm dado uma maioria absoluta, meia-dúzia de comentadores sisudos decretarem que esta é a coisa mais 'responsável' a fazer e o Presidente da República aparecer em público com um ar pesaroso."
Rui Tavares, no Público de hoje (última página)
Isto é, entre mim e os melhor informados eborenses: Alguém me explica porque voltou agora à baila a história do «Príncipe da Transilvânia»? É que parece muito sumarenta mas deixei o livro a meio e já não percebo ponta de um chavelho.
Andaram a "vender-nos" a Holanda, que iria arrasar tudo e todos. E a Croácia - selecção-maravilha do Europeu. De caminho, apostaram na Itália, "como sempre acontece". Resignaram-se depois a vaticinar o triunfo da "imbatível" Rússia. E, enfim, garantiram que a Taça seria dos alemães, graças ao seu "poderio atlético" e à sua "incomparável disciplina táctica". Nunca os ouvi mencionar a Espanha entre os favoritos. Nem vaticinar, como técnico vencedor, o "velho" Luis Aragonés (quase com 70 anos), casmurro e obstinado, que teimou em não seleccionar o "astro" Raúl e em manter na defesa os "inábeis" Puyol e Marchena, que "toda a gente sabia" serem jogadores cheios de insuficiências.
São os especialistas em futebol cá do burgo. Falam e falam e falam e falam. Mas nunca acertam.
Não me lembro de ter torcido pela selecção espanhola, com a qual sempre embirrei. Até ontem. Espanha apresentou, sem dúvida, o melhor futebol deste Campeonato da Europa: demonstrou talento nos relvados sem deixar de ser consistente. E foi sobretudo um exemplo de determinação, com uma equipa cheia de excelentes jogadores que jogam maioritariamente nas equipas do seu país e não pecam por vedetismo (como aquele craquezito ainda em Alvalade que já dá entrevistas a dizer que "sonha" com o Manchester).
Os espanhóis mostraram um colectivo coeso e tremendamente eficaz, como já se tinha provado nos dois jogos contra a Rússia (vitórias por 4-1 e 3-0) e ao afastarem a Itália, que mesmo quando joga mal - o que acontece com muita frequência - é sempre uma selecção temível.
O espectáculo espanhol culminou na vitória de ontem, em Viena, contra a selecção alemã, que afastou Portugal do Europeu e depois eliminou a sensacional Turquia. Afinal a gabada "máquina" alemã emperrou aos olhos de milhões de espectadores: o que dela mais sobressaiu foi o mau comportamento disciplinar de Ballack, o campeão das faltas num Europeu onde o fair play e o desportivismo foram notas dominantes, a par da grande qualidade técnica da generalidade das equipas.
Este onze-base espanhol que justamente se sagrou campeão é uma das melhores selecções que vi jogar desde sempre. Com o seguríssimo Casillas, na baliza. O eficaz lateral esquerdo Capdevila. A muralha formada pelos defesas centrais Marchena e Puyol. O arrojo do lateral direito Sergio Ramos, que ontem mais parecia um extremo. O fabuloso meio-campo, em que se destaca o baluarte Senna, talvez o melhor jogador deste Europeu. Mas também Xavi e Fábregas, com os seus passes certeiros e milimétricos, e a criatividade da dupla Iniesta-Silva, que destroçou as linhas defensivas alemães, alternando lances ofensivos à esquerda e à direita. E ainda os avançados, David Villa (melhor marcador do Europeu) e Fernando Torres (autor do golo de ontem, em que demonstrou o que é um ponta-de-lança àqueles que por cá continuam a enaltecer os méritos de Nuno Gomes).
Não me entusiasmam muito as noticias que por aí circulam anunciando projectos de ciclovias para a cidade de Lisboa. Antes preferia conhecer desenvolvimentos quanto aos prosaicos problemas da limpeza ou do estacionamento caótico na cidade. Por mais politicamente correcta que seja a ideia, trata-se quanto a mim de uma caprichosa veleidade provincianamente importada das eficazes e planas cidades europeias.
«A vida de José Sócrates vista por um barão do PSD».
Ana Sá Lopes, no DN.
«O facto de estarmos em plena fase de debandada das bolsas significa que as economias vão continuar a desacelerar por muitos meses mais e que não há qualquer perspectiva de recuperação: nem como, nem quando, nem onde».
Paulo Ferreira, no Público.
Casamento (enquanto actividade precária)
Não te peço fidelidade, mas desejo
Deixa as magnólias no banco do jardim, os costumes brandos
As ciências botânicas, astronomia de ponteiro ou dedo em riste
Daedalus, Cassiopeiae, Chi Cygni
Bocejos
Destrói o romantismo, o humor pardacento e mole de enamorado
O humedecer das mãos juntas na escuta do evangelho
Das escrituras, só se herda fantasmas e cegueira
Dos poetas, só ambiciono o pó dos livros
Uma frase de circunstância
E que não incomodem
Não te peço respeito, mas volúpia
Carne quente, um arfar prudente, dominante
Dois goles de vinho branco intermitentes
Outro na tua boca. Antes, depois, durante.
E no final, um despedir superficial, pedante
I don't believe in an interventionist God
But I know, darling, that you do
But if I did I would kneel down and ask Him
Not to intervene when it came to you
Not to touch a hair on your head
To leave you as you are
And if He felt He had to direct you
Then direct you into my arms
Acontece com as pessoas, acontece com as famílias, acontece com os povos. O excesso de história é causa de entropias fatais, de decadência, de extinção. Agarrados a velhos mitos e traumas, cultivam desavenças e incompatibilidades pueris. Qual amargo solteirão que não se liberta de vazios rituais e trôpegas manias, é atraído para o abismo da estéril solidão. Sem futuro nem esperança, mistificam um passado glorioso, e esperam um improvável messias, uma miraculosa lotaria que os resgate da ameaçadora decadência.
A cozinha é uma mulher pérfida, que gosta de me trazer pela arreata. À mínima distracção queima-me e corta-me. Estou cheia de marcas feitas pela sua tropa de choque, chapeada a inox. As facas são as mais falsas e perigosas. Parecem cobras, sempre prontas a morder ao menor deslize. Mas os tachos ainda me irritam mais, porque são sonsos e perversos. Se os olho nos olhos não acontece nada, mas mal viro costas desatam a ferver. Se me distraio, queimam tudo. Ah, como eu os odeio! Como odeio a disciplina a que tenho de me sujeitar para que essa analfabeta que só quer saber de sopas e de couves não se fique a rir dos meus desastres culinários!
Só quem não tem a experiência é que pode imaginar que numa cozinha há menos disciplina que num escritório. Acaso a fotocopiadora desata a soprar se nos esquecemos lá dos nossos prints? Porventura nos queimam e esfaqueiam só porque nos desconcentrámos? Alguma vez o nosso chefe inutilizaria por completo o nosso trabalho só porque não estava no ponto?
Não me venham com conversa mole. A cozinha é uma sargenta que não admite falhas. É uma bronca que me obriga a levar a sério um refogado e não tolera divagações.
Como escapismo só vale pela extrema concentração que exige aos seus amadores. Para isso serve. Pode ser boa como desporto, mas não a desejem em permanência porque é absorvente, possessiva e caprichosa como só uma mulher insuportável sabe ser!
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