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Nada é deixado ao acaso

por Pedro Correia, em 29.04.08

"Esta não será uma campanha de improvisos. (...) Manuela [Ferreira Leite] deu um beijinho aos notáveis e dois aos militantes."

No DN de hoje (peça do Francisco Almeida Leite)

A conspiração do silêncio

por João Villalobos, em 29.04.08
Voz amiga elucidou-me, finalmente, sobre o porquê daquele destaque de ontem dado a António Cunha Vaz na primeira página do Público e que deixou a redacção em polvorosa por ser algo a que só Gorbatchev e mais um ou dois do mesmo calibre até aí tinham tido direito.
Sei agora que tudo foi apenas uma manobra para abafar, com a dita entrevista, o artigo bombástico com declarações de ACV à revista supremamente dirigida pela nossa Cristina Ferreira de Almeida e publicada no mesmo dia. Todos às bancas em busca das revelações escaldantes de Cunha Vaz à revista VIP e é já!

Ainda dizem que não se pode viver de poesia

por João Villalobos, em 29.04.08

 

 

Finalmente uma boa notícia, pelo menos para mim: Já chegou finalmente às FNACs do Chiado e do Colombo o meu opúsculo literário, e mesmo a tempo de ser a prenda escolhida por todos os filhos extremosos para oferecerem às suas mamãs no domingo que vem. É verdade que no site modificaram o título do livro e deixaram cair o til no meu nome de baptismo. But, who cares

O livro está em excelente companhia ao lado de «Admirável Diamante Bruto e outros contos» de Waldir Araújo, «Mister Mouse ou a Metafísica do Terreiro» de Phillipe Delerm e ainda «E como ficou chato ser moderno» do Luís Filipe Cristóvão, o editor a quem tudo devo menos dinheiro (e mesmo isso não estou certo).

Marcelo em plena forma

por Pedro Correia, em 29.04.08

 

Marcelo Rebelo de Sousa mantém o espaço de comentário político mais interessante da televisão portuguesa.

O que disse o ex-presidente do PSD no seu programa do passado domingo na RTP?

Disse que apoia Manuela Ferreira Leite na corrida para o posto de comando na São Caetano à Lapa, como já se esperava.

Mas de caminho foi anotando isto:

1. É a quarta vez que "o destino bate à porta" da ex-ministra das Finanças. "Nem toda a gente tem quatro hipóteses."

2. Esta candidatura representa "um regresso à geração Cavaco Silva" - dez anos mais velha que a geração de Fernando Nogueira e do próprio Marcelo, vinte anos mais velha que a de Durão, Santana, Mendes e Menezes.

3. Principal ponto fraco de Manuela Ferreira Leite: ser apoiada por "barões a mais do barrosismo". Os mesmos que estiveram com Santana quando Barroso rumou a Bruxelas. "Não pode aparecer com mais do mesmo", advertiu Marcelo.

4. A candidata precisa de um "discurso novo", que mobilize eleitorado jovem. "Tem que ter um discurso de futuro. As pessoas querem um suplemento de alma, de esperança."

5. Última observação, talvez a mais importante para refrear tanto entusiasmo que por aí anda, como se Ferreira Leite fosse a Padeira de Aljubarrota: "A um candidato a primeiro-ministro não basta ganhar o partido - tem que ganhar o País."

 

Todas estas observações confirmam que Marcelo está em plena forma. Para ele, ao contrário de outros, o comentário político não se confunde com adulação servil a gregos ou troianos.

Proposta indecente

por João Villalobos, em 29.04.08

E enganosa também. Vejam só o convite por nós recebido na caixa do correio:

«Caros Corta-fiteiros,
as meninas do www.osexoeacidade.wordpress.com adoravam aparecer no Corta-Fitas. Passem por cá para alternar sobre Coimbra. Beijinhos, C.»
Feita a visita, comprova-se que C. só pode ser a inicial de Carlão. Meninas nem vislumbre, entre tanta conversa sobre empreendimentos polémicos, campos de golfe e politiquice. Bah!

A melhor década do cinema (96)

por Pedro Correia, em 29.04.08

GIGI

(Gigi, 1958)

Realizador: Vincente Minnelli

Principais intérpretes: Leslie Caron, Maurice Chevalier, Louis Jourdan, Hermione Gingold, Jacques Bergerac, Eva Gabor

"Paris nunca teve tanto encanto." (Angela Errigo)

Palavras que odeio (129)

por Pedro Correia, em 29.04.08

Deletério

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Semelhanças para lá da primeira letra do nome

por Filipa Martins, em 29.04.08

Ouvi PSL na SIC, há uns dias, a tratar a questão do déficit como algo démodé e a falar do Pacto de Estabilidade e Crescimento como coisa do passado. Percebemos de imediato qual será o argumento central na candidatura contra MFL:  

  

“A Dra. Manuela Ferreira Leite propôs o que propôs, foi o rosto de uma política que o meu Governo continuou no âmbito do anterior Pacto de Estabilidade e Crescimento. Se Manuela Ferreira Leite for candidata não mudou o seu pensamento. Acha que os portugueses vão aceitar mais da mesma política? Ela sabe bem o que faz, a minha opinião é que tem uma política errada”

 

Depois de ouvir estas palavras, não consegui deixar de pensar em Nicolas Sarkozy, que é agora o presidente mais impopular desde 1958, e da forma como há uns meses agitou a bandeira do choque fiscal (descida de impostos, descida de contribuições para a Segurança Social), para logo depois chocar de frente com o propósito de diminuir o déficit, mandando para as urtigas o Pacto de Estabilidade, levantando a voz contra a ortodoxia europeia, alegando recessão estrutural e sendo aclamado como um líder de coragem. O mesmo Sarkozy que há poucos dias veio dizer que o déficit francês será reduzido até 2012 a zero e que apenas 50 por cento dos funcionários públicos vão ser substituídos ou reformados nos próximos anos… Sarkozy teve tudo nas mãos para levantar a França e fracassou.

Para lá da primeira letra do nome, Sarkozy e Santana têm ainda em comum o facto de terem saído os dois a meio de uma entrevista…

Onde pára a polícia?

por João Távora, em 29.04.08

Na sequência do assalto à esquadra de Moscavide, os polícias “exigem mais segurança dentro das esquadrasnoticia o DN de hoje. Se o problema é de recursos humanos, eu sugiro que a PSP recorra ao outsourcing para colmatar a lacuna do sistema: para as zonas mais problemáticas poder-se-á avençar uns "seguranças da noite", da branca do Porto ou da negra de Lisboa. Certamente estas criaturas, se escolhidas a dedo, serão conhecedoras dos gangs e delinquência local e negociarão com facilidade a paz e segurança dentro de portas. Por outro lado, se por mero acaso algum desafortunado for condenado por algum crime, basta transferir o seu posto de trabalho para dentro da cela.
Para as esquadras localizadas em lugares mais pacíficos, penso que bastará um "Securitas" sentado a uma secretária a limar a unha. Este será um tremendo elemento dissuasor, para mais se for apoiado por um daqueles tradicionais sistemas electrónicos: uma câmara de vigilância e um alarme ligado à central, que quando activado soará em simultâneo... na esquadra da polícia, para um eficaz e pronto socorro.

P"SD": o próximo César, os próximos brutos

por Pedro Correia, em 28.04.08

O meu amigo Duarte anda animadíssimo com a perspectiva de uma vitória de Manuela Ferreira Leite nas directas do P"SD" e antevê até já isso como um marco para a regeneração do partido, que "bateu no fundo" (nas sábias palavras de Rui Rio) ou toma posições "abaixo de cão" (segundo o douto Marcelo Rebelo de Sousa). Lamento, mas não consigo partilhar deste optimismo. Mantenho o que escrevi aqui diversas vezes: este partido que se prepara para eleger o sexto "líder" da última década tornou-se uma confederação de interesses em torno de umas quantas fatias de poder. Nada há que una ideologicamente um Pacheco Pereira a um Alberto João Jardim, uma Helena Lopes da Costa a uma Paula Teixeira da Cruz, um Miguel Veiga a um Ribau Esteves, um Aguiar Branco a um António Preto. Perdido o poder, excepto a nível autárquico e no feudo madeirense, o P"SD" demonstra ser um albergue espanhol onde os ódios pessoais se sobrepõem às rivalidades políticas, internas ou mesmo externas. Santana, como "líder", não teve um momento de sossego: desde o primeiro instante a oposição interna mobilizou-se para lhe fazer a cama. O mesmo sucedeu com Mendes e Menezes. Alguém imagina que o próximo " líder", seja quem for, deixará por milagre de sofrer a contestação dos "companheiros" e passará a ser encarado com a veneração que os cardeais dispensam ao Papa recém-eleito em conclave? É óbvio que não.

Meu caro Duarte, o problema do P"SD", como há muito venho escrevendo, é ser dois partidos num só. Esses partidos estão condenados à cisão - e o que sucedeu na Câmara de Lisboa, no Verão passado, confirma isso. Enquanto a cisão não ocorrer, vamos assistindo a este indecoroso espectáculo: sucessivos Césares apunhalados na Lapa por uns quantos Brutos.

Traços

por Francisco Almeida Leite, em 28.04.08

Será que o Duarte Calvão e o João Távora, entusiastas da solução Manuela Ferreira Leite para a liderança do PSD, tomaram a sua decisão depois de Rui Rio dizer que o avanço da antiga ministra das Finanças tem um certo "traço monárquico"?

A melhor década do cinema (95)

por Pedro Correia, em 28.04.08

A VOLTA AO MUNDO EM 80 DIAS

(Around the World in 80 Days, 1956)

Realizador: Michael Anderson

Principais intérpretes: David Niven, Cantinflas, Shirley MacLaine, Robert Newton, Buster Keaton, José Greco, John Gielgud, Robert Morley, Marlene Dietrich, Frank Sinatra

"Um grande espectáculo - cheio de alta e baixa comédia, atracções de circo, um cenário atraente e dezenas de caras que nos são familiares." (Hollis Alpert)

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Mais partido que nunca

por Pedro Correia, em 28.04.08

 

O PSD, que bateu no fundo (Rui Rio dixit), exige uma intervenção de emergência. É preciso salvá-lo, dizem.

Pois bem: Luís Filipe Menezes facilitou a tarefa aos putativos salvadores, demitindo-se.

Avançou Rio? Não.

E Marcelo Rebelo de Sousa? Não.

E José Pacheco Pereira? Também não.

E Paula Teixeira da Cruz? E Nuno Morais Sarmento? E António Borges? E Alexandre Relvas? Não. Não. Não. Não. E não.

Agora que a cadeira de “líder” ficou vaga, ao menos o deputado Aguiar Branco, que antes se mostrara disponível para avançar, decidiu enfim arregaçar as mangas?

Nada disso. Primeiro disse que talvez sim, depois disse “nim”. Finalmente, disse não.

Quem sobra então para “salvar” o partido?

Manuela Ferreira Leite, garantem em coro os outros todos, que têm minoria absoluta nos congressos e maioria absoluta nas colunas dos jornais. É ela, é ela.

Aguardemos. Para já, é consolador ver como tantos “salvadores” potenciais, na hora da verdade, assobiam para o lado e esperam que seja o vizinho ou a vizinha a avançar.

Isto diz tudo sobre tais “notáveis”: quando a luta aquece, ei-los ausentes em parte incerta.

É isto um partido. E nunca a expressão “partido” teve aqui tanto cabimento como agora.

Blogues do país real (7)

por Pedro Correia, em 28.04.08
Terra de Paixão (de Alcobaça)

Palavras que odeio (128)

por Pedro Correia, em 28.04.08

Empregabilidade

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Blogue da semana

por Isabel Teixeira da Mota, em 27.04.08

Cheguei ao Sorumbático através deste post do João Távora. Uma história sombria (deve o nome ao blogue) que Barreto corrige, afinal. Em todo o caso, uma curiosidade, a de perceber como funcionam na blogosfera alguns daqueles que temos por fazedores da opinião que vale a pena -  António BarretoAlfredo Barroso, José Luís Saldanha Sanches, Alice VieiraCarlos Medina Ribeiro, e outros.

Bonecas

por Teresa Ribeiro, em 27.04.08

No meu tempo as bonecas serviam-me para brincar às casinhas ou recriar as minhas histórias de encantar preferidas. Sem sexo e sem curvas, as minhas filhas de plástico, mesmo quando faziam papéis de crescidas, nunca perdiam a inocência. Aliás, para mim, a definição de boneca passa por essa noção de inocência perene, resistente até aos desvios inevitáveis da imaginação infantil pelo mundo misterioso da sexualidade.
Aqueles corpinhos amorfos e os rostos bochechudos, de aspecto mais infantil que o meu, nunca me desafiavam. Dóceis e afáveis, adaptavam-se às exigências dos meus guiões na perfeição. Se numa brincadeira rodopiavam, triunfantes, nos braços de um príncipe imaginário, na seguinte regressavam ao meu colo, na condição de bebés sem que algo na sua anatomia se revelasse contraditório em relação a qualquer dos papéis.
No meu tempo as Barbies não estavam na moda. Nem eu nem as minhas amigas simpatizávamos com aquela serigaita em tudo mais perfeita que nós. Instinto? Talvez. Acredito que foi bom para a minha geração ostracizá-la. Poupámo-nos a preocupações desnecessárias. Mas infelizmente o marketing acabou por vencer, impondo a boneca de cintura fina e pernas longas às gerações que se seguiram. Imagino que não deve ser fácil sair da infância tendo aquela vamp como referência e pergunto-me até que ponto a mania das dietas precoces estará associada ao ícone preferido das garotinhas de sete anos.
Rompendo com a inocência original das bonecas, esta loira estilizada foi fazendo escola ao longo dos 49 anos que já leva no mercado mundial. Hoje há sucedâneos da Barbie e marcas da sua cultura all over. O produto mais recente da cultura rosa shocking de que tenho notícias é de suporte digital. Trata-se de um jogo chamado Miss Bimbo, que convida as participantes a fazer das suas bonecas as mais belas, famosas e ricas do mundo. Para o efeito é possível recorrer a cirurgias plásticas, comprar-lhes lingerie e adquirir comprimidos para emagrecerem. O objectivo é entrar em competição com outras meninas a fim de transformar as suas bonecas num sucesso, conquistando fama e maridos milionários para elas.
Muito popular entre as meninas dos 9 aos 16 anos, o Miss Bimbo é jogado por milhões de crianças de 200 países.

Domingo

por João Távora, em 27.04.08

Evangelho segundo São João 14, 15-21

Naquele tempo, disse Jesus aos seus discípulos: «Se Me amardes, guardareis os meus mandamentos. E Eu pedirei ao Pai, que vos dará outro Paráclito, para estar sempre convosco: Ele é o Espírito da verdade, que o mundo não pode receber, porque não O vê nem O conhece, mas que vós conheceis, porque habita convosco e está em vós. Não vos deixarei órfãos: voltarei para junto de vós. Daqui a pouco o mundo já não Me verá, mas vós ver-Me-eis, porque Eu vivo e vós vivereis. Nesse dia reconhecereis que Eu estou no Pai e que vós estais em Mim e Eu em vós. Se alguém aceita os meus mandamentos e os cumpre, esse realmente Me ama. E quem Me ama será amado por meu Pai e Eu amá-lo-ei e manifestar-Me-ei a ele».

 

Da Bíblia Sagrada

A ratificação do tratado (fotonovela)

por Luís Naves, em 27.04.08

1

Após o ruidoso semestre de presidência portuguesa, a ratificação do novo Tratado de Lisboa pela Assembleia da República decorreu no maior secretismo. O Corta-Fitas está em condições de revelar, em primeira mão, que o processo incluiu uma espectacular operação de agentes internacionais, protagonizada pelos famosos Thunderbird. A missão era evitar que alguém soubesse do que acontecera.

Quando foi contactada pelo Governo português, a família Tracy ainda não sabia da complexidade do problema que tinha em mãos:

“É preciso evitar que o povo perceba a importância do conteúdo deste tratado”, disse o representante do governo à família de agentes, reunida no grande salão da sua mansão inglesa.

Três conselhos familiares depois (cada um deles a fazer lembrar um conselho europeu), começou a emergir um plano devastador.

2

Foi sem grande dificuldade que a sensual Lady Penelope convenceu Santana a prolongar o suspense sobre a sua candidatura.

Dias antes, o Thunderbird one convencera Menezes à desistência, abrindo uma oportuna crise no maior partido da oposição. Convencidos de que essa crise tinha mesmo importância (manobra extremamente inteligente dos nossos agentes), a população seguiu com interesse as peripécias dos políticos da oposição. Mas a atitude de Santana seria crucial. Aí, surgiu Lady Penelope, que atraiu Santana a uma conversa a dois:

“Quero que prolongues o suspense sobre a tua candidatura”, disse Lady Penelope, usando a sua irresistível magia.

Fascinado, Santana rendeu-se:

“Farei tudo o que quiser, Lady Penelope, prolongarei o suspense durante vários dias, a ponto de, quando ocorrer a ratificação do tratado de Lisboa, só ser possível falar na crise do meu partido”.

3

Apesar deste primeiro êxito, a rede internacional de agentes secretos não podia correr qualquer risco.

Foi decidido enviar o Thunderbird two com ozono troposférico, para lançar este gás meio anestesiante para a atmosfera, reduzindo a visibilidade em Lisboa, mas também a atenção da opinião pública. A missão decorreu sem incidentes, embora provocasse excesso de calor na semana seguinte e um curioso efeito secundário: a equipa do Benfica sofreu copiosas derrotas, pois os seus craques pareciam distraídos e ausentes, intoxicados pela nuvem.

Mas a ideia funcionara: no dia da ratificação, o parlamento estava envolvido por uma nuvem ou bruma ténue, que reduzia a atenção dos transeuntes, hipnotizando os deputados.

4

Isto ainda não chegava. Era preciso garantir uma votação albanesa e reduzir o debate.

Um deputado de esquerda que queria votar contra a ratificação caminhava nos corredores cheios de fumo (o tal ozono troposférico) ao lado de um deputado da direita que também queria votar contra, quando os dois encontraram o piloto do Thunderbird Four, que se ofereceu para os escoltar (o perigo talibã, etc…).

“Ainda bem que você apareceu. Isto, dos talibãs, é um perigo”, disse o deputado da direita ao agente internacional.

“Temos uma votação muito importante”, explicou o deputado de esquerda. “Este Tratado vai mudar substancialmente o país e acelerar a chamada construção europeia. Os grandes países aumentam o seu poder e ficou por resolver o problema do défice democrático”.

“Pior ainda, perde-se a soberania e o mar português”, dizia o da direita.

 “O mar já não era nosso, ó senhor deputado”, interrompeu o da esquerda.

“Ó sua besta, e a PAC, o que me diz da PAC?”

Foi nesse momento, quando os dois deputados pareciam à beira de uma cena de pugilato, que Thunderbird Four disparou os dardos tranquilizantes. Os dois deputados caíram no chão, inconscientes. Foram levados para um gabinete, onde dormiram a tarde toda. Quando acordaram, tinham sido vestidos com fardas dos Thunderbird e levados para um local secreto, onde ainda estão a ser interrogados. E houve dois votos a menos para os adversários da construção europeia.

5

Foi de facto uma votação discreta, para tal importância. A missão dos agentes internacionais constitui um grandioso êxito. Os Thunderbird já estão algures na Irlanda, onde irrompeu uma curiosa crise política antes do referendo e onde se verificou um estranho aumento do ozono troposférico nas sedes de campanha do “não”.

Corações

por Teresa Ribeiro, em 27.04.08

- Gostaste?

Respondi que sim. O meu tom, sem sombra de emoção, despertou de imediato a reacção de quem me acompanhou ao cinema. Fiquei então a ver, algo surpreendida, aquela reprise do filme a que tinha acabado de assistir, sublinhada pelos seus gestos eloquentes e exclamações. Fui comparando mentalmente as cenas, a tentar perceber se era a mim que me tinha escapado algo de essencial ou se toda aquela excitação não tinha grande fundamento. Mas não valorizei a dessintonia. Acontece tantas vezes.

O episódio registou-se há mais de uma semana. Como por um scanner, durante mais de uma semana correram pelos meus olhos milhares de imagens, mas aquelas têm sido estranhamente invasivas, o que não me sucedia há muito tempo com um filme. Reconheço quando me acontece: é o meu subconsciente a tocar as notas que me escaparam à primeira audição.

O subconsciente gosta de símbolos, por isso não são linhas de texto que me cruzam a memória, mas imagens: a de neve a cair sobre duas mãos sobrepostas, os biombos de vidro que separam vidas solitárias, os pés do ancião, já deitados, à espera da morte.

Coeurs, de Alain Resnais, uma adaptação da peça, do britânico Alan Ayckbourn, Private Fears in Public Places, fala-nos da oposição entre o eu social e aquela espécie de fantasma da ópera que vive clandestinamente dentro de cada um de nós. É um tema banal, daí o mérito ser maior quando se consegue, como é o caso, fugir ao lugar comum. Mais difícil ainda é fazê-lo através de personagens não estereotipadas, como neste filme.

Foi a subtileza da narrativa de Coeurs (em português, Corações) que me rasteirou e aquela gente – não actores, mas gente tão real como aquela mulher que estou a ver agora da minha janela – que me confundiu os sentidos. Não o percam. É de cinco estrelas e se alguém vos disser o contrário mandem-no ficar em pousio durante uns dias à espera de um sinal. Em caso de dúvidas que voltem à sala, antes que saia do circuito.

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