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Ainda é sexta-feira?

por Francisco Almeida Leite, em 30.11.07
Sarai Givati, numa produção do Daily Mail.

Este ditador vem a Lisboa (13)

por Pedro Correia, em 30.11.07

Meles Zenawi

Primeiro-ministro da Etiópia desde 1995 (onde o cargo de presidente é quase só cerimonial). Tem 51 anos.
Numa guerra, como é sabido, a primeira vítima é a liberdade de imprensa. Uma regra válida para a Etiópia, que tem andado em guerra com a vizinha Somália. Prisões e deportações de jornalistas são uma constante neste país que passou sem transição do domínio de um monarca absoluto para um dos mais asfixiantes regimes marxistas-leninistas do continente africano. A promessa de democracia nunca passou do papel: a "eleição" de 2005 foi considerada fraudulenta pela comunidade internacional. Todos os jornais que ousaram denunciar a fraude foram encerrados enquanto os mais destacados opositores do chefe do Governo eram detidos. Existem centenas de presos políticos, parte dos quais nunca submetida a julgamento. Têm melhor sorte do que os 193 mortos em 2005, pelas forças de "segurança", durante uma manifestação de protesto contra o Executivo.
Os métodos de tortura da polícia etíope, de acordo com a Amnistia Internacional, incluem choques eléctricos e violentas cacetadas nos pés das vítimas, penduradas de cabeça para baixo. "Na prisão de Kaliti, pelo menos 17 detidos foram liquidados nas suas celas", denuncia aquela prestigiada organização, galardoada com o Nobel da Paz.
Zenawi é um déspota. Portugal prepara-se para recebê-lo com todas as honras.

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Homo Socraticus (2)

por Francisco Almeida Leite, em 30.11.07
José Luis Rodríguez Zapatero é líder incontestado do PSOE (socialistas espanhóis) e o quinto presidente do Governo desde a mudança para a Democracia (que diferença connosco, contem quantos primeiros-ministros tivemos). Ganhou as eleições em 2004 (um ano antes de Sócrates) e desde aí mandou regressar as tropas do Iraque (e mandou outras para o Afeganistão), começou a negociar com os terroristas da ETA e legalizou o casamento entre homossexuais. É um modernaço e, como já me disseram alguns "periodistas" do país vizinho, é "um clone" de Sócrates.
Tive acesso ao "índice presidencial e de cenários políticos" em Espanha de Outubro, da autoria do conhecido consultor político José Luis Sanchís e fiquei meio surpreendido, meio conformado. Sanchís, para quem não sabe ou não se lembra, foi o homem que ajudou Francisco Sá Carneiro a ganhar as legislativas de 1979 e que inaugurou a comunicação política em Portugal. Ele diz que Zapatero (59%) tem mais hipóteses que Rajoy (41%) de vencer as próximas legislativas. Mas alerta para o facto de alguns temas ainda poderem baralhar as contas: a presidência do Tribunal Constitucional e a sua decisão sobre o estatuto da Catalunha; a ocorrência de algum atentado da ETA ou de cariz islâmico; uma crise de infraestruturas em Barcelona; e as posições "soberanistas" face à Catalunha e ao País Basco.
Ao menos, por lá, ninguém dá nada por adquirido. Por mais adquirido que possa parecer, à primeira vista.

Uma sexta-feira altruísta

por Corta-fitas, em 30.11.07
Este belíssimo Baby Doll que suspira «classe» foi fabricado com chifon multifibras e é ideal para completar qualquer celebração. Agora que o Natal se aproxima, oferte-o à sua cara-metade e termine o ano de forma mais cor de rosa. (Modelo não incluída)

Para eles, isto é uma coisa boa

por Corta-fitas, em 30.11.07
«O Sindicato Independente dos Médicos (SIM) garantiu hoje que a adesão dos médicos à greve da Função Pública está a paralisar 90 por cento dos blocos operatórios e das consultas externas em hospitais e centros de saúde». Diário Digital

Se não é, parece

por Corta-fitas, em 30.11.07
Intitula-se «A Culpa dos McCann». O autor é Manuel Catarino, chefe de redacção do Correio da Manhã e quem escreve o prefácio é Francisco Moita Flores. Livro, capa e mais informações têm embargo até dia 3 de Dezembro, mas a editora Guerra & Paz vai avisando: «O título deste livro, A Culpa dos McCann, não é um ponto de chegada, mas um ponto de partida. Este livro é essencialmente um trabalho jornalístico (…) Não aponta um dedo acusador aos McCann». Claro que não. Que disparate! Enfim…Há notas de imprensa capazes de ensinar spin ao vigário.

As leis do mercado (4)

por Corta-fitas, em 30.11.07

Nas últimas duas décadas as dívidas à banca substituíram os filhos como garante da estabilidade matrimonial. Prevê-se que a situação se inverta à medida que o mercado de arrendamento se for animando.

Zzzzzzzzzzzzz

por Corta-fitas, em 30.11.07
Às duas e quarenta da madrugada, pázinhos! É a essa hora que a RTP anuncia a transmissão do programa de Rui Ramos «O Portugal de...», hoje com Miguel Esteves Cardoso. Quantas italianas duplas querem que eu engula? O que me vale é a certeza de que a festa de aniversário da Casa Fernando Pessoa terá todos os condimentos para afugentar o sono.

Falemos de coisas sérias

por Corta-fitas, em 30.11.07

Alguém tem aí 500 notas destas que possa dar a António Costa? Estou um bocadinho farto de eleições.

Friday's special

por Corta-fitas, em 30.11.07

Pouco depois de Liduvina ter saído, entrou o cão.
Vem cá, Orfeu – disse o dono – vem cá! Pobrezito, que já tens poucos dias para viveres comigo! Ela não te quer lá em casa. Mas aonde te vou largar? que vou fazer de ti? que serás tu sem mim? És capaz de morrer, eu sei! Só um cão é capaz de morrer quando não vê o seu dono. E eu fui mais que o teu dono, fui o teu pai, o teu deus! Ela não te quer lá em casa, afasta-te de junto de mim! Porque tu és o símbolo da fidelidade, estorvarás lá em casa? Quem sabe!... Acaso um cão surpreende os mais secretos pensamentos das pessoas com quem vive e embora se cale... Mas eu tenho de me casar, não tenho outro remédio senão casar-me... De contrário, sabes, nunca mais deixo de sonhar! E tenho de despertar.
Mas porque me olhas desse modo, Orfeu? Parece que choras sem lágrimas... Queres dizer alguma coisa? Vejo que sofres por não poderes falar. Mas depressa me apercebi que tu não sonhas! Tu é que me estás a fazer sonhar, Orfeu! Porque é que existem cães, gatos, cavalos, bois, ovelhas e animais de toda a espécie e sobretudo domésticos? Na falta de animais domésticos para descarregar o peso da animalidade da vida, o homem podia chegar à sua humanidade? Se o homem não tivesse domesticado o cavalo, não andaria uma parte da nossa linhagem às costas da outra metade? Sim, é a vós que se deve a civilização. E também às mulheres. Mas não será a mulher outro animal doméstico? E se não houvesse mulheres, os homens seriam homens? Ah, Orfeu, vem de fora quem da casa te põe fora!
E apertou-o contra o peito e o cão, que parecia estar de facto a chorar, lambia-lhe a barba. – Miguel de Unamuno in Névoa

Já, pois!

por Corta-fitas, em 30.11.07
Esperem aí! Acho que a Susan Ward que procurava era outra...

Thank God it's Friday

por Pedro Correia, em 30.11.07

Gwyneth Paltrow

Já é sexta-feira?

por Cristina Ferreira de Almeida, em 30.11.07
Consegui chegar a tempo?

Declaração de voto

por Cristina Ferreira de Almeida, em 29.11.07
Para além do bem escrito que está, da reconstituição brilhante de uma época e tudo o mais, o que me intrigou em Glória, de Vasco Pulido Valente, foi o "chico-espertismo" do herói do livro. Porque é que alguém perde anos de vida a biografar uma figura menor é algo que me escapa. E se as crónicas semanais do VPV são de adesão imediata - amar ou odiar - a entrevista que deu ao Expresso é, para mim, um mistério. O cronista que não esconde o quanto ficou aborrecido com as inconfidências factuais do livro de memórias de Maria Filomena Mónica não pestaneja quando faz declarações surpreendentes sobre assuntos que temos como íntimos, como é o caso da relação com a filha ou com as mulheres com quem casou. Qual a linha que separa o íntimo do privado? Pulido Valente não explica, temos que adivinhar. É perturbante, sem dúvida. Voto nele. Vou lá clicar.

Palavras para ocasiões especiais (5)

por Cristina Ferreira de Almeida, em 29.11.07
Façanhudo

Nas colunas

por Corta-fitas, em 29.11.07

Charles Aznavour, «On ne sait jamais»

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Cinema Nostalgia (19)

por Pedro Correia, em 29.11.07

No tempo em que na lua havia rios

Há aparições na tela que ficam para sempre gravadas na memória do cinema. Uma das mais inesquecíveis é a de Audrey Hepburn à janela do seu apartamento novaiorquino, de viola na mão, cantando uma melodia que Henry Mancini compôs para ela como se estivesse em estado de graça: “Moon River”.
Cantava num sussurro, ao jeito da bossa nova. Talvez não por acaso: nesse filme – Breakfast at Tiffany’s (1961) – ela representava uma “boneca de luxo”, pronta a rumar ao Brasil, onde daria um presumível golpe do baú. E chega até a pronunciar umas frases num português bem perceptível.
O golpe jamais se concretiza: Audrey troca a miragem da fortuna por um amante sem dinheiro. E em nenhuma outra actriz isso soava tão credível. Da novela ácida de Truman Capote, Blake Edwards fez uma deliciosa comédia romântica que ainda hoje parece não ter ganho rugas. Um filme só possível por incluir Audrey à cabeça do elenco: ela deixava sempre um rasto de fascínio na tela. Todas as películas que protagonizou perduram no subsconsciente do espectador.
O que havia nela de tão especial? Uma espantosa fotogenia que desafiava os padrões de Hollywood à época, sem dúvida. Mas, mais que isso, dela se poderá dizer o que Truman Capote escreveu sobre Holly Golighly, a rapariga de província que desembarca em Nova Iorque para satisfazer todos os sonhos: “Ele triunfava sobre a fealdade, o que tantas vezes é mais sedutor que a verdadeira beleza.” Como se o autor de Música Para Camaleões soubesse de antemão quem encarnaria a sua criação literária na adaptação para cinema.
Com aquela silhueta esguia e um par de olhos capazes de iluminar a escuridão de uma viagem ao fim da noite, Audrey Hepburn triunfou sobre a fealdade numa sucessão de obras-primas que a transformaram num dos maiores ícones da modernidade forjados nas salas de espectáculo. Quer fizesse de manequim (Funny Face, de Stanley Donen, 1957) ou de religiosa (A História de uma Freira, de Fred Zinnemann, 1959), em épicos como Guerra e Paz (de King Vidor, 1956), em westerns como O Passado não Perdoa (de John Houston, 1960) ou até em fitas de espionagem (Charada, outra vez de Donen, 1963). Milhões de jovens dos anos 50 imitaram-lhe o original penteado quando a viram cortar o cabelo numa cena de Férias em Roma (William Wyler, 1953), filme que lhe valeu o Óscar com apenas 24 anos. Lançaria uma nova mode de calçado baptizada com o nome da sua personagem ao interpretar Sabrina (Billy Wilder, 1954). E deu uma sofisticação sem par ao cockney londrino com a sua fabulosa Eliza Doolittle, em My Fair Lady (George Cukor, 1964).
“As pessoas julgam que uma estrela de cinema tem necessariamente um ego gigantesco. Na verdade, é essencial não ter ego nenhum.” São ainda palavras de Capote nesse tratado sobre as luzes e sombras da sedução que é Breakfast at Tiffany’s. Palavras que parecem aplicar-se em cheio à tocante fragilidade de Audrey, actriz mais etérea do que carnal, nos antípodas de várias divas suas contemporâneas, como Kim Novak ou Ava Gardner.
Tantos anos depois, é ainda o fio da sua voz que irrompe entre as nossas melhores recordações das noites de cinema: “Oh dream maker, you heart breaker, / Wherever you’re going I’m going your way...”
Onde quer que vamos, ela acompanha-nos. E se ela nos disser que existem rios na lua, nem por um instante somos capazes de duvidar.

Publicado no DN

Homo Socraticus (1)

por Francisco Almeida Leite, em 29.11.07
O senador norte-americano Barack Obama é uma figura de proa do Partido Democrata, entrou na corrida às presidenciais de 2008 e, dizem, tem sex appeal. Também usa aqueles fatinhos escuros muito apertadinhos, gravatas monocolores e tem um discurso feito à medida. Usa a comunicação como ninguém. Ah, ao fim de semana usa o tal fatinho completo com camisa branca e sem gravata. É o mais descontraído que o conseguem apanhar.



Conversa em futebolês

Adoro discutir futebol, porque ninguém consegue ser racional durante uma discussão sobre futebol e, como sabem, tenho fascínio pelo irracional. Mas há sempre saborosas excepções. No bar futebolândia, onde costumo passar nas noites de derby, só há inteligentes análises e os utentes usam uma linguagem específica, o futebolês, nas suas sofisticadas conversas.
Também vão lá algumas pessoas que usam gel no cabelo.
Ontem, o Pedro e o Francisco estavam a discutir o seleccionador nacional e aquilo contagiou toda a gente. De súbito, não havia ninguém que não estivesse a discutir os méritos do senhor Scolari. Excepto eu, que estava sentado no bar, minding my own business, quando chegou um tipo (de gel na cabeça e cabelo espetado) que me perguntou o que eu pensava das tácticas do senhor Scolari.
“De facto, interessa-me mais a estratégia dele”, expliquei.
“Sem eggs no Hamlets, não acha?”
Fiquei calado, a saborear o meu uísque, enquanto ele desatava numa procastinação sobre acessibilidades, tecnicidade, a cobrança de cantos e a estatística de jogadas de cabeça.
“Acho fundamental poder encostar para o golo, reforçar o flanco esquerdo, mais talento e polivalência”, disse ele, com grande convicção. “Da primeira vez que tocou na bola, o senhor selecionador transformou um defesa de raiz num segundo poste, ainda por cima em crise de forma, apesar do remate forte e colocado. É preciso alavancar mais ataques e vitórias, não acha?”
“Se fala das clássicas vitórias morais, concordo”, respondi, para não parecer indelicado.
“E não teme que isso possa colidir com a nossa tradição da crítica permanente do sucesso?”, perguntou o desconhecido.
“A tradição evolui, como sabe”.
Ele ficou a pensar naquilo, com um ar muito sério.
“E o que acha do quatro, três, três?”
“Sou favorável... em princípio”
“Então, nesta questão, estamos os dois do mesmo lado. É preciso colocar mais unidades junto à baliza adversária, numa lógica de apostar em novos valores com grande categoria e confirmar a liderança com magia e individualismo”.
“Sim”, concordei, “numa palavra: Vencer”.
“Nesse ponto, discordamos. O importante é despedir o treinador”.
Bebi mais um gole (ou seria golo?) do meu uísque. Reflecti. Percebera, naquela conversa, que o sujeito não era adepto do meu clube favorito.
Ele deve ter percebido o mesmo e afastou-se, sussurrando um insulto irrelevante. Notei que tinha dois pés esquerdos, o tipo, além de gel na cabeça.

Adolfo Ernesto

Pacheco em baixa

por Pedro Correia, em 29.11.07
José Pacheco Pereira, com 42 votos, desceu para o quinto lugar no nosso inquérito. Atrás de Vasco Pulido Valente (173 votos), Miguel Sousa Tavares (71), Rui Ramos (50) e Alberto Gonçalves (46). Isto promete.

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