Saltar para: Posts [1], Pesquisa e Arquivos [2]
Serve esta crónica para louvar o cinema europeu. Não se trata da visão do historiador de arte, ou algo do género. Será visão ingénua, de quem se deixou maravilhar tantas vezes por filmes inesquecíveis. Será resistência, também, pois o cinema europeu tem momentos que rivalizam com os melhores de Hollywood. E nós, europeus, esquecemos isso facilmente.
Escrevi em cima que os filmes eram inesquecíveis, mas não é bem assim. Acho que um dos encantos do cinema é que pode tocar-nos a alma e, mesmo assim, sendo fracção de um todo, acaba por nos iludir. Escapa sempre parte do drama, pedaço da alegria que nos contagiou. Sim, é isso. O esquecimento faz parte do encanto, até quase imaginarmos o filme que verdadeiramente vimos.
Queria aqui referir alguns dos que me comoveram ou tocaram e dos quais posso ter esquecido, sem querer, alguns dos farrapos.
Baisers Volés, de François Truffaut, ou Disparem sobre o Pianista; I Vitelloni, de Fellini, ou Amarcord, ou ainda Roma. Cinzas e Diamantes, de Andrzej Wajda. Korhinta, de Zóltan Fábri (a que se refere a imagem); lembro Jean Renoir (A Regra do Jogo); Ingmar Bergman (Morangos Silvestres). E há tantos outros!
E o que me marcou em cada um destes filmes foi um momento, a ligação efémera ao mais essencial do humano. O instante da levitação, em que nos transformamos em algo de alheio, que habita outro universo. Enfim, não será isso mesmo a arte?
Niente d’Amore, Noites Brancas, um leopardo, a polonaise, um velho a recordar o passado. De Kohrinta: A cena da dança, alucinada e obsessiva, rodando, rodando. E a cara que se transforma; um homem que tem um machado na mão; primeiro assassino; depois cedendo à sua humanidade, submetendo-se à melancólica desistência. E o machado a tombar no solo lamacento...
Infelizmente, há vastas regiões do globo onde 2007 será mais um ano mau. Em África, a instabilidade política está a provocar grande violência num vasto arco que vai do Chade à Somália, passando por Etiópia, sul e oeste do Sudão, incluindo Eritreia. Esta vasta região está perante uma gigantesca crise humanitária, que ameaça alastrar à República Centro-Africana, Uganda e Quénia. Mais a sul, o Congo continua fragmentado, apesar do relativo êxito das eleições controladas pelas Nações Unidas. ONU que está muito activa também na Serra Leoa, o que talvez permita ali eleições livres. Zimbabwe e, sobretudo, Nigéria, são dois outros países onde 2007 promete correr mal. No caso da Nigéria, que terá eleições presidenciais, com possíveis consequências globais ou, no mínimo, efeitos regionais importantes.
A América Latina parece ter vivido um importante ciclo nos últimos anos, com várias eleições onde foram escolhidos líderes populistas moderados ou, em oposição, dirigentes cuja plataforma política é de confronto com os Estados Unidos. O México promete alguma instabilidade, consequência de uma crispação política que não parecia possível. Chile e Argentina estão em boas condições económicas, mas no segundo caso a situação pode não ser inteiramente favorável. O primeiro finalmente tem condições para construir a sua democracia normal, após o desaparecimento de um ex-ditador que impediu o ajuste de contas com a História. O Brasil deverá entrar num ciclo de transição e preparar a era pós-Lula. Nos restantes países, não haverá boas notícias. O trio Chávez-Morales-Ortega é bastante imprevisível.
A maior incógnita será sobre a transição em Cuba. É evidente que Fidel Castro já não exerce o poder. Como será a transição? Uma lenta agonia ou o regime vai desmoronar-se?
Há muitas outras regiões em perigo. Na Ásia Central, o controlo político é disputado por Rússia e China; no sudeste asiático, continuará o silêncio sobre um dos regimes mais delirantes do mundo (Myanmar).
Coreia do Norte e Irão prosseguirão os seus esforços para fabricarem armas nucleares. Os feiticeiros brincam com o fogo.
A subscrição é anónima e gera, no máximo, um e-mail por dia.
Israel é, por si só, um espinho incomodo nas aspir...
os terroristas palestinos [...] que dominam o Líba...
« a culpada foi a cobra ...
Olhemos para o dinheiro. Se os grupos terroristas ...
Aviso, desde já, que não contem comigo para tomar ...