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O futuro é vermelho

por Pedro Correia, em 28.12.06
Há um país onde os comunistas parecem ter um futuro auspicioso. E esse país fala o nosso idioma. Refiro-me ao Brasil, onde a nova atracção do partido da foice e do martelo é esta senhora que podemos ver na foto. Passo a apresentá-la: Manuela Pinto Vieira d'Ávila, uma gaúcha de 25 anos e diplomada em jornalismo. No blogue dela, que bem merece uma visita, justifica assim a sua adesão ao comunismo: "Em 2001, após longo debate, ingressei nas fileiras do Partido Comunista do Brasil. Somente lutar pela educação e pela juventude era fundamental. Mas eu senti a necessidade de debater mais a fundo as questões relativas a construção de um Brasil socialista. Um Brasil de igualdade."
Uma lutadora, portanto. Ou não fosse uma nativa do signo Leão. Ex-vereadora em Porto Alegre, Manuela d'Ávila acaba de ser eleita deputada federal pelo Rio Grande do Sul, recolhendo a maior votação de todo o Brasil. A moça promete, a bem do partido. Gostava de a ver por cá, como convidada no próximo congresso do PCP. E ofereço-me desde já para entrevistá-la. É uma forma de me redimir dos vários posts anticomunistas que tenho escrito. O primeiro passo para a minha conversão acaba de ser dado.

Palavras no vácuo

por Corta-fitas, em 28.12.06
Cheguei a um estado de quase angústia do vazio só de ler o seguinte parágrafo do comunicado de apresentação do Fórum Não Governamental para a Inclusão Social (nome pomposo dado ao conjunto das associações que colaboram no famoso Plano Nacional de Inclusão Social):
A experiência acumulada ao longo dos anos recentes, no âmbito nacional e internacional, aconselha que se avance no reforço de uma colaboração entre o sector público, privado e 3.º Sector, articulando um sistema de participação no diagnóstico de necessidades e no estabelecimento de prioridades que facilite a cooperação no desenvolvimento de objectivos e dando impulso a estratégias que tenham demonstrado ser eficazes para as políticas de acção social, especialmente as que se dirigem aos sectores mais vulneráveis da população, enquadrando formas de solidariedade cidadã, bem como facilitando e promovendo o aparecimento de novas alternativas como resposta a novas necessidades; tudo isto sem menosprezar ou inverter as responsabilidades que cabe a cada sector individualmente.

A capa do dia (1)

por Francisco Almeida Leite, em 28.12.06
O Le Monde faz hoje uma manchete dizendo que a "Europa convida os seus membros a privilegiar o nuclear civil". É caso para dizer que Patrick Monteiro de Barros tinha razão antes de tempo. Volte, está perdoado...

A seguir o Sporting

por Francisco Almeida Leite, em 28.12.06
Luís Figo deixou o Inter de Milão, aparentemente por problemas com Roberto Mancini (que não o punha a jogar com a assiduidade pretendida), e assinou por seis meses pelos sauditas do Al-Ittihad. O contrato é de cerca de 6 milhões de euros. Espera-se que a seguir o destino possa ser o Sporting, na próxima época, para acabar a carreira em grande, já com 35 anos. Temos capitão para a época 2007-2008.

Um mal nunca vem só

por Pedro Correia, em 28.12.06
Estar doente, na semana do Natal, já é castigo suficiente. Mas como se isto não bastasse os doentes internados no Hospital de São José e no Instituto Português de Oncologia, em Lisboa, receberam este ano algo pior do que a fava no bolo-rei: o ministro da Saúde decidiu "visitá-los" na noite de Natal, num desvelo de caridade cristã. E para que toda a gente ficasse a par de tão caritativo gesto o gabinete de Correia de Campos "convocou" os jornalistas para cobrirem o acontecimento, ao jeito do que sucedia no ancien régime, quando Suas Excelências recorriam aos préstimos de jornalistas a propósito de coisa nenhuma só para provarem que existiam. A irrelevância, neste caso, era de tal ordem que Correia de Campos atravessou o São José "em passo de corrida", na deliciosa descrição de Joana Latino, que demonstrou na SIC como é possível (e desejável) dividir as águas que devem sempre separar o jornalismo de qualquer tempo de antena do Governo. Do mal o menos: os internados em São José tiveram de suportar os holofotes mas não a prédica pseudo-curativa de um ministro com sede de protagonismo e necessidade de recuperar nas sondagens. Em noite de consoada, despachada a acção de propaganda, Correia de Campos tinha mais que fazer...

Até para o ano!

por Corta-fitas, em 28.12.06
E os desejos para todos vós de uma entrada em 2007 recordando as palavras do mestre Chesterton: «O objectivo do Ano Novo não é o de termos um novo ano. É o de termos uma nova alma». Se precisarem de mim, estarei na piscina.

As palavras dos outros

por Pedro Correia, em 28.12.06
"Se você conhecer uma pessoa muito idosa esquerdista, é porque está com problema. Se você conhecer uma pessoa muito nova de direita, é porque ela também está com problema."
Lula da Silva (61 anos)

Gostei de ler

por Pedro Correia, em 28.12.06
1. A nostalgia da liberdade. Do Francisco José Viegas, no Jornal de Notícias, via A Origem das Espécies.
2. Liberdade e poder. De Pedro Caeiro, no Mar Salgado.
3. Todos odeiam a liberdade. De Carlos Manuel Castro, no Tugir.
4. Dois pesos. Da Marta Romão, no Astro que Flameja.
5. Perceber a Europa. De Eduardo Pitta, no Da Literatura.
6. A mensagem. Do João Gonçalves, no Portugal dos Pequeninos.
7. Questões de saúde. De Coutinho Ribeiro, no Anónimo.
8. As canções (34). De Henrique Fialho, na Insónia.
9. Livros (2). Do Tomás Vasques, no Hoje Há Conquilhas.
10. Dos modernos. Da Carla Quevedo, na Bomba Inteligente.
11. Os desastres dos defensores do "sim"... Do Nuno Simas, no Glória Fácil.
12. Espírito e sensibilidade. Do Paulo Cunha Porto, n' O Misantropo Enjaulado.

Crítica a Luciano Amaral

por Corta-fitas, em 28.12.06
Devo dizer que detesto truques de retórica, como os que são tão evidentes neste texto de Luciano Amaral. Segundo o autor, o “impasse” europeu “tem apenas que ver com a ideia abstrusa, vinda não se sabe muito bem de onde, segundo a qual a UE precisa de uma Constituição”. O autor segue por ali fora a elogiar o alargamento, afirmando por exemplo, que “só um quadro institucional flexível permite integrar países tão diversos”. Não quero entrar na discussão da forma usada por Luciano Amaral para caricaturar os argumentos daqueles que defendem mudanças institucionais na Europa, referindo (entre outras pérolas) uma suposta intenção de criar um novo bloco anti-americano (ideia, sim, abstrusa, que nunca existiu).
A tese do texto é clara: temos a ganhar com um sistema europeu muito “flexível” e penso que isto significa, para Luciano Amaral, uma UE limitada ao menos possível, uma simples “coligação de democracias”, como ele escreve. Nada de política externa comum ou de defesa. É a Europa minimalista, enquanto tudo o que seja mais integração é a Europa “problema”.
Acho que tudo isto se resume à única frase com a qual concordo no texto de Luciano Amaral: “a má qualidade do debate”.
Veja-se esta pergunta: “Alguém vê algum problema em deixá-la [à UE] como está, melhorando apenas os mecanismos de decisão para acomodar mais países?”.
Pois bem, eu vejo. Eu e 25 países.
Sem novo tratado, estará em vigor o de Nice, cujos mecanismos de decisão (só podem ser alterados por tratado) não agradam a nenhum país e, sobretudo, estão longe de servir para as necessidades da tal coligação de democracias (por exemplo, nas questões de imigração, segurança interna, política externa, defesa). É óbvia a necessidade de políticas comuns nestas áreas. Se não há fronteira entre Vilnius e Lisboa, é de elementar bom senso que haja regras no acesso à fronteira em Vilnius. O argumento sobre a defesa foi muito usado na altura em que alguns países (como a França e a Alemanha) se opuseram à Guerra do Iraque, sendo na altura acusados de quererem torpedear a aliança com os Estados Unidos. Luciano Amaral: em relação ao Iraque, o senhor estava enganado e estes países estavam certos.
Mas a razão mais importante para se defender uma alteração institucional e um novo tratado é o facto, evidente, de que se não houver novo tratado, os países continuam a defender os seus próprios interesses.
Uma Europa minimalista, como a que defende Luciano Amaral, é do interesse do Reino Unido; uma federalista, como defende, por exemplo, o primeiro-ministro belga, é do interesse da Bélgica e da França. Mas nenhuma das duas interessa verdadeiramente a Portugal.
Se não existir um tratado semelhante ao que foi rejeitado pelos franceses, haverá qualquer coisa mais próxima de uma Europa a várias velocidades, com um núcleo duro que terá França, Alemanha, Bélgica, Holanda e Luxemburgo, além de, talvez, Itália e Espanha. Portugal estará fora deste grupo, que tentará acelerar a sua integração. O Reino Unido terá todo o interesse (e a capacidade) para ficar fora do núcleo duro, assim como os países escandinavos. Em relação aos mais pobres e atrasados, não existe alternativa: ficarão no segundo patamar.
É por isso que temos de apoiar a entrada da Turquia com plenos poderes e deveres, e não como simples parceira de uma hipotética segunda divisão, que criará uma Europa a várias velocidades.
Se houver diferentes ritmos de integração, Portugal estará no ritmo inferior.
Ao defender a Europa minimalista e criticar um novo tratado (este ou outro qualquer) que garanta a igualdade entre os Estados-membros, Luciano Amaral está a defender a Europa a várias velocidades. E deve afirmar isso com clareza.

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Repórter XXX

por Corta-fitas, em 28.12.06
Graças ao comentário de um dos nossos anonymous fui ler este relato da visita do jornalista Paulo João Santos ao «Calor da Noite», publicado hoje no Correio da Manhã. Há reportagens mais fáceis do que outras e esta parece ter causado algum stress pós-traumático ao Paulo João. Atente-se quando ele diz que o decote de Suzy é «capaz de despertar os sentimentos mais íntimos e secretos» e «de povoar o imaginário dos mais exigentes», como o jornalista deduzo que seja (e eu também sou, não pensem!).
Mais à frente, partilha-se de forma ainda mais expressiva o sofrimento padecido por PJ. Sim, porque trabalho é trabalho e whisky marado é whisky marado:
«O ambiente deste ardor de mulheres deslumbrantes é agradável» (Só agradável, ó Paulo João!?). «Está quente, mas não em demasia. O suor escorre da pele por outros motivos, que não propriamente pela temperatura interior» (Interior à pele ou ao estabelecimento, quem sabe? Por esta altura ainda o PJ não recuperou da taquicardia e a escrita ressente-se).
Imagino, suado mas agradado, o nosso jornalista trocando confidências com a talvez não tão jovem assim Suzy, a mesma que «não precisa de usar minissaia nem vestido justo para deixar em brasa quem procura companhia». Atrás, brotam tacinhas de espumante e cocktails embandeirados cor de rosa. Robbie Williams geme das colunas e uma diáfana moça espirala no poste, revolteando os longos cabelos de raízes mal oxigenadas. E Paulo João, quase finda a noite, regressa à redacção. No lead do artigo escreve, ainda tremente: «As mulheres são todas de encher o olho, a ponto de não deixarem grandes opções. Mas não é um sítio barato». Ó Paulo João, é para isso que servem as facturas.

Aprender, aprender, sempre aprender

por Corta-fitas, em 28.12.06
Visitar o Herdeiro de Aécio é para mim aprender sempre algo de novo. Hoje e aqui, fiquei a saber mais sobre o conflito entre a Etiópia e a Somália. E o A. Teixeira nem me passou trabalho para casa!

O género

por Corta-fitas, em 28.12.06
O Abrupto decidiu dar-nos um final de ano ocupado:
«Trabalho de Casa: na Rede, que blogues envelhecem mais rapidamente, os que têm género ou os que não têm? Ou, o que é quase a mesma coisa, os de homens (sem género) ou os de mulheres (que se classificam como tendo muito género)?».
Mas o que é isto? O que significa «muito género» e quem é que classifica? E por que é que os blogues de homens não o têm? Então não falamos de moçoilas, bola e política? Estes são temas que envelheçam, por amor da santinha? Já não bastava a eleição que houve para aí ter dividido os blogues em masculinos e femininos e continuamos a malhar no mesmo?
Confesso que não entendo nada deste TPC e vou certamente chumbar por falta de entrega do trabalho, mas é preciso ver que, no mesmo post, também se pode ler isto:
«Na categoria GMail de "Recentes", a fotografia de Margarida Rebelo Pinto que ilustra a sua crónica do Sol é muito representativa. Como todo o presente, está muito cheia de significado: cheia de Moda. Densa, intensa, falando por todos os poros da roupa. Aquela roupa não se usava há dois anos (há dois anos Margarida Rebelo Pinto far-se-ia fotografar numa saia de folhos e não nuns calções de ganga), e está a começar a deixar de se usar».
Cá para mim, isso que «fala por todos os poros da roupa» (ou será através?) não me parece ser moda, mas sim um par de pernas. Mas que sei eu, que nem género possuo?

Mais pinguins

por M. Isabel Goulão, em 28.12.06

"Happy feet"

Quando o ar dança

por Corta-fitas, em 28.12.06
Às vezes apetece começar o dia com músicas assim, capazes de nos fazer levitar logo pela manhã. Saudades da Orquestra do Café Pinguim.

Lisboa à noite a várias mãos

por M. Isabel Goulão, em 27.12.06

Hoje, no Diário de Notícias, uma longa reportagem a várias mãos e a vários copos: cinco jornalistas escrevem sobre a noite de lisboa, ou melhor, enfrentam a árdua tarefa de viver ou reviver noitadas, vidas até altas horas, enfim, uma maçada.

Jazz numa noite de Inverno é (bem) escrita por um jovem com escandalosos vinte e poucos anos, que relata a sua experiência iniciática no Snob, histórias de clubes de jazz, passagem pelo Napron (já estive em algumas dessas festas de que fala), pela Bicaense, B.Leza, Tóquio, antigo Texas Bar e final da noite no Lux.
Agora experimentem ler A boina negra e a boina branca, ou seja, as mesmas voltas da noite escritas e descritas por um tipo de quarenta e tal anos (sic). Coisas do passado, nunca saberemos se "aquela boina branca vagamente conhecida saía do Bicaense antes de eu confirmar se era mesmo um sorriso de outrora." Também gostava de escrever assim.
A Ana Sá Lopes escreve uma crónica sobre o bairro alto, quando A Revolução já passou por aqui. Cara Ana, "o meu companheiro (também) era um rapaz lindíssimo e brilhante mas nunca se vestiu de preto monocolor, que eu me lembre" e eu uma conservadora da Faculdade de Letras (oxímoro?), por isso nunca compreendi porque não passei pela mesma humilhação para entrar no Frágil. Uma vez lá dentro, entrei sempre que quis, furando pelo meio dos "ultrajados" a quem era barrada a entrada.
Ainda há outra crónica sobre espreguiçadeiras e Cafés com 'design' que inauguram novas rotas e mais Bairro Alto com Histórias de copo na mão.
Um reparo: e a noite "betinha? Em querendo, estou disponível para uma city sightseeing dos restos mortais da noite queque. Pensando bem, ainda se arranjam um ou dois locais de culto já não tão gloriosos como no passado, mas ainda com espelhos, veludos e com serviço à antiga.
Prometo que deixo as pérolas e o chanel 5 em casa ao lado das pantufas.

Colecção de crónicas (II)

por Corta-fitas, em 27.12.06


Serve esta crónica para louvar o cinema europeu. Não se trata da visão do historiador de arte, ou algo do género. Será visão ingénua, de quem se deixou maravilhar tantas vezes por filmes inesquecíveis. Será resistência, também, pois o cinema europeu tem momentos que rivalizam com os melhores de Hollywood. E nós, europeus, esquecemos isso facilmente.
Escrevi em cima que os filmes eram inesquecíveis, mas não é bem assim. Acho que um dos encantos do cinema é que pode tocar-nos a alma e, mesmo assim, sendo fracção de um todo, acaba por nos iludir. Escapa sempre parte do drama, pedaço da alegria que nos contagiou. Sim, é isso. O esquecimento faz parte do encanto, até quase imaginarmos o filme que verdadeiramente vimos.
Queria aqui referir alguns dos que me comoveram ou tocaram e dos quais posso ter esquecido, sem querer, alguns dos farrapos.
Baisers Volés, de François Truffaut, ou Disparem sobre o Pianista; I Vitelloni, de Fellini, ou Amarcord, ou ainda Roma. Cinzas e Diamantes, de Andrzej Wajda. Korhinta, de Zóltan Fábri (a que se refere a imagem); lembro Jean Renoir (A Regra do Jogo); Ingmar Bergman (Morangos Silvestres). E há tantos outros!
E o que me marcou em cada um destes filmes foi um momento, a ligação efémera ao mais essencial do humano. O instante da levitação, em que nos transformamos em algo de alheio, que habita outro universo. Enfim, não será isso mesmo a arte?
Niente d’Amore, Noites Brancas, um leopardo, a polonaise, um velho a recordar o passado. De Kohrinta: A cena da dança, alucinada e obsessiva, rodando, rodando. E a cara que se transforma; um homem que tem um machado na mão; primeiro assassino; depois cedendo à sua humanidade, submetendo-se à melancólica desistência. E o machado a tombar no solo lamacento...

A pagar pelo destinatário

por Corta-fitas, em 27.12.06
Este Governo mostra bem a conversão socialista, da fase do diálogo do Engenheiro Guterres para a do monólogo do Engenheiro Sócrates. Antes, todos falavam e ninguém se entendia. Hoje, há só um que fala e não entende quem quer que seja. Entre estes dois extremos, é altura de dar lugar ao bom senso.
Se não o fizermos, continuamos personagens de um filme onde a principal figura é um verdadeiro Harry Potter aritmético, capaz de fazer magias com os números mas onde são os outros a ficar com as cicatrizes.
Enquanto o senhor primeiro-ministro avança com os seus anúncios, fecha os olhos à realidade que os desmente. Isso tem um nome: Sonambulismo. Dizem que não se deve acordar os sonâmbulos mas, neste caso, não estou de acordo. Alguém deve acordá-lo e depressa. Ou então, continuamos numa lógica igual às chamadas de valor dito acrescentado. O Governo faz os seus anúncios, mas nós é que os pagamos.

Previsões 2007 (outros continentes)

por Corta-fitas, em 27.12.06


Infelizmente, há vastas regiões do globo onde 2007 será mais um ano mau. Em África, a instabilidade política está a provocar grande violência num vasto arco que vai do Chade à Somália, passando por Etiópia, sul e oeste do Sudão, incluindo Eritreia. Esta vasta região está perante uma gigantesca crise humanitária, que ameaça alastrar à República Centro-Africana, Uganda e Quénia. Mais a sul, o Congo continua fragmentado, apesar do relativo êxito das eleições controladas pelas Nações Unidas. ONU que está muito activa também na Serra Leoa, o que talvez permita ali eleições livres. Zimbabwe e, sobretudo, Nigéria, são dois outros países onde 2007 promete correr mal. No caso da Nigéria, que terá eleições presidenciais, com possíveis consequências globais ou, no mínimo, efeitos regionais importantes.
A América Latina parece ter vivido um importante ciclo nos últimos anos, com várias eleições onde foram escolhidos líderes populistas moderados ou, em oposição, dirigentes cuja plataforma política é de confronto com os Estados Unidos. O México promete alguma instabilidade, consequência de uma crispação política que não parecia possível. Chile e Argentina estão em boas condições económicas, mas no segundo caso a situação pode não ser inteiramente favorável. O primeiro finalmente tem condições para construir a sua democracia normal, após o desaparecimento de um ex-ditador que impediu o ajuste de contas com a História. O Brasil deverá entrar num ciclo de transição e preparar a era pós-Lula. Nos restantes países, não haverá boas notícias. O trio Chávez-Morales-Ortega é bastante imprevisível.
A maior incógnita será sobre a transição em Cuba. É evidente que Fidel Castro já não exerce o poder. Como será a transição? Uma lenta agonia ou o regime vai desmoronar-se?
Há muitas outras regiões em perigo. Na Ásia Central, o controlo político é disputado por Rússia e China; no sudeste asiático, continuará o silêncio sobre um dos regimes mais delirantes do mundo (Myanmar).
Coreia do Norte e Irão prosseguirão os seus esforços para fabricarem armas nucleares. Os feiticeiros brincam com o fogo.

2007 odisseia nos preços

por Corta-fitas, em 27.12.06

Vamos pagar mais 2,1% pelos transportes públicos, 6% pela electricidade, 1 a 5% pelos medicamentos, mais pelos combustíveis, mais (muito mais) pelo tabaco, aumentam as taxas de juro e por aí fora. Os ordenados, esses, não aumentam (para os privados) ou aumentam uma ridicularia face à inflação (para os funcionários públicos). Feliz 2007.
É assim que, de acordo com o primeiro-ministro, caminhamos passo a passo para a recuperação colectiva. Só é pena que, individualmente, corramos a passo de corrida para um saldo negativo permanente na conta bancária. Podem já não existir amanhãs que cantam mas, pelo menos, ainda há políticos dotados para o canto lírico.
P.S. Dizem-me que José Sócrates escolhe nos almoços com a sua entourage o prato que todos comem. Faz sentido. Nós também acabamos por engolir o que ele nos impõe. Em alguns casos, infelizmente, apenas as migalhas que restam sobre a mesa.
Como complemento ler aqui: «Sócrates tornou-se a costureirinha de Portugal». Esta só podia vir do Fernando, pois claro.

Tertúlia literária (119)

por M. Isabel Goulão, em 27.12.06
- São textos sobre música pop?
- Sim, é Escrítica Pop.



Corta-fitas

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