Uma das coisas que gosto mais de fazer na vida é ouvir música. Quando casei, já convertido aos CDs, não fui capaz de me desfazer de umas centenas de velhos LPs de estimação. Coisas como The Beatles, Grappelly, A Banda do Casaco, Brian Eno, Leonard Cohen, Keith Jarret, Genesis (com o Peter Gabriel, claro), Mozart, João Gilberto, Beethoven, Jacques Brel, Tchaikovsky, The Tom Robinson Band, Carlos Paredes, Stranglers, muito Neil Young e tantos outros, misturavam-se moribundos numa prateleira da sala. Nunca precisei de negociar esse espaço. É o amor.
Acontece que além disso, a minha mulher é esperta, e recentemente ofereceu-me um… lindo gira-discos!
De então para cá, redescubro (em raras oportunidades de silêncio exclusivo, bem sei…) o gozo de ouvir o “vinil” outra vez.
É como um ritual: Vinte minutos de gozo, e levanto-me para com deferência virar o disco, limpá-lo com a escovinha. Finalmente, sento-me de novo, deleitado espreitando a “posologia” da obra na contracapa.
Bem sei que hoje posso ouvir os
Concertos de Brandemburgo de Johann Sebastian Bach em duas doses de uma hora cada (num duplo CD). Mas não é a mesma coisa… até porque nunca chego ao fim, que a minha vida não mo permite. Pelo contrário, vinte minutos, (o tempo de um lado de um disco) é um tempo mais humanizado, mais verosímil. O som? Bem, o som é do melhor: encorpado e sólido sai das pesadas colunas com um vigor único.
No outro dia, encontrei numa discoteca perto de mim o álbum
X&Y dos Coldplay em vinil. Bonita a capa, de bom cartão e design, contendo boas fotografias num tamanho decente. E trouxe-o para casa a ver se convertia os miúdos mais velhos ao analógico. Acho que não tive sucesso (só querem é o
i Pod). Quem ficou fã dos Coldplay fui eu! … Mas só em vinil!