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2. Operações militares convencionais estão condenadas ao fracasso em Timor, desde logo pelas características orográficas do país, dominado por cadeias montanhosas. A história da ocupação militar do território pelo invasor indonésio, entre 1975 e 1999, só confirma este princípio.
3. Existem de momento em Díli forças millitares australianas e neozelandesas que não conseguiram travar algumas das acções mais violentas por bandos de desordeiros nas ruas da capital timorense. O fracasso destas patrulhas demonstra bem que a solução da crise não depende de factores militares.
4. A acção da GNR em Timor-Leste deve estar sempre enquadrada pelo direito internacional - e em particular pela Organização das Nações Unidas.
5. No terreno, as forças portuguesas devem cooperar com australianos e neozelandeses. Mas sem ilusões: em termos geoestratégicos, os interesses de Lisboa e Camberra são divergentes. Portugal não pode pode aceitar que a Austrália ou a Nova Zelândia transformem Timor num protectorado, como se fosse a Tasmânia ou as Ilhas Cook. Meio milénio de presença portuguesa em Timor - seguido de quase três décadas de abandono - exige que olhemos para este país com uma atenção muito especial. Nenhum outro povo como o português tem tanta legitimidade para o efeito. E tanta responsabilidade histórica.
6. Em Díli, Xanana Gusmão assumiu enfim a mediação do conflito, reivindicando as áreas ministeriais da Defesa e da Segurança Interna. Um claro indício de que o Presidente da República vai tornar-se o vértice real do sistema político timorense, apesar das limitações impostas por uma Constituição inapropriada à realidade do país.
7. Alkatiri é o grande derrotado. Mas poderá ainda sair airosamente de cena, em obediência ao tradicional princípio oriental de não fazer ninguém "perder a face". A sua inépcia política ficou patente na total passividade que revelou no combate à crise. Devia ter sido ele, e não Xanana, a tomar a iniciativa de exonerar os titulares da Defesa e da Segurança, restabelecendo um clima de confiança no país.
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