por Corta-fitas, em 30.04.06
Um conflito esquecido está a incendiar um território árido e pobre, sem qualquer relevância para os interesses dos países ricos. Chama-se Darfour e a comunidade internacional devia agir nestes casos.
A rebelião teve origens pouco claras (que eu entenda) e foi iniciada há três anos. Penso que os rebeldes estariam a contestar a divisão dos parcos recursos do Sudão; mas, como é normal em África, podia haver razões mais subtis, étnicas e tribais, ou interesses estreitos de líderes. O que se conhece melhor é que o Governo sudanês retaliou sobre a população do território com invulgar brutalidade, criando uma milícia, os Janjaweed, cujas acções já mataram pelo menos 200 mil pessoas, devastando aldeias e forçando à fuga muita gente desarmada. O conflito no Darfour já produziu uma grande colheita de desgraças e pelo menos 2 milhões de refugiados. A violência ameaça outros países pobres da região, como Chade ou República Centro Africana.
Neste momento, discute-se um plano de paz e há notícias de que os sudaneses aceitaram desarmar os Janjaweed. No entanto, não há garantias de que o problema seja resolvido. Nos Estados Unidos, decorrem pressões para que se mobilize uma intervenção externa, mas ninguém tem ilusões: americanos e europeus enviaram soldados para o Kosovo para evitar o que se apresentava como sendo um genocídio (que não era), mas nunca farão o mesmo no Sudão, onde decorre um genocídio a sério, mas onde nenhum dos seus interesses está posto em causa.
Uma vida no Darfour tem pouco valor. Mas o pior, o verdadeiramente trágico, é que o Darfour não tem relevância para os nossos interesses e o mundo rege-se por interesses, não por valores.
por Nuno Sá Lourenço, em 30.04.06
O adversário remata fraco e denunciado. O guarda-redes agacha-se e faz a concha com as mãos. Pelas regras da tribo do futebol não havia grande coisa a esperar dali. Mas como o guarda-redes em questão é o RICARDO... é servido FRANGO DE RATA! Confesso que há muito não me ria a ver um jogo. Depois lembrei-me que ele é o número 1 das quinas...
por Pedro Correia, em 30.04.06
- Paulo e Virgínia.
- Orgulho e Preconceito.
- Sangue e Arena.
- Crime e Castigo.
- Nove e um quarto. Vamos embora que se faz tarde.
por Pedro Correia, em 30.04.06
Finalmente uma boa notícia para o Sport Lisboa e Benfica: Luís Filipe Vieira admitiu não se recandidatar à presidência do clube.
por Pedro Correia, em 30.04.06
José Alberto Pereira Coelho, um histórico militante do PSD com assento no Conselho Nacional social-democrata, quer ascender à liderança do partido. Está no seu direito. Para isso, precisa no entanto de aprender algumas regras básicas. Uma delas é honrar com um mínimo de civilidade os compromissos que assume. Não foi o que sucedeu ontem. Os jornalistas foram convocados para uma conferência de imprensa do candidato, na sede nacional do PSD, com início marcado para as 19 horas. Mas a essa hora a porta da sede estava fechada e nada se sabia de Pereira Coelho, que pelos vistos não usa relógio. Soube-se depois que estaria fora de Lisboa, "talvez em Santarém", acelerando a caminho da capital. Esperei meia hora na rua, com um repórter fotográfico do jornal. Às 19h30, perante a ausência de notícias do putativo candidato ao lugar de Marques Mendes, chamei um táxi e fui embora. Há limites para a falta de consideração pelos profissionais da informação, sobretudo por parte dos políticos, que são os principais interessados em ver divulgados os seus pontos de vista. Meia hora de tolerância, num caso destes, já é demais...
por Pedro Correia, em 30.04.06
Claro que para os políticos mudarem de atitude é necessário os jornalistas assumirem posições firmes na defesa do seu direito de não serem desconsiderados por parte de quem pretende desempenhar um cargo público. E de serem apoiados, nessa atitude, pelos seus responsáveis hierárquicos. Descortesias como a de Pereira Coelho não merecem outra atitude. E já agora fica também o aviso a Marques Mendes, outro social-democrata que faz gala em não cumprir horários. A competência - ou a ausência dela - também se avalia por coisas destas.
por Pedro Correia, em 30.04.06
Um livro: O Médio Oriente e o Ocidente – O que ocorreu mal? (Bernard Lewis, edição Gradiva). A melhor introdução à história dos países islâmicos disponível no mercado editorial português. Com a vantagem acrescida de ser mais do que uma simples introdução. É uma análise detalhada das razões históricas que conduziram a civilização muçulmana – outrora uma das mais florescentes do planeta – à estagnação dos últimos séculos. Especialista deste tema, Bernard Lewis escreve sem sombra de preconceito sobre os herdeiros espirituais de Maomé. Mas não deixa de assinalar o seguinte: “Se os povos do Médio Oriente continuam pelo caminho actual, o bombista-suicida pode tornar-se uma metáfora adequada para descrever toda uma região, apanhada sem escapatória num círculo vicioso de ódio e vingança, frustração e autocomiseração, pobreza e opressão.” Palavras lapidares, escritas em 2001. E hoje mais actuais que nunca.
Classificação: ****
por Pedro Correia, em 30.04.06
"Nunca odeies os teus inimigos. Isso afecta o teu discernimento."Michael Corleone/Al Pacino
em
O Padrinho III (1990)
por Pedro Correia, em 30.04.06
Três textos importantes, que justificam reflexão na blogosfera:
1. Sobre o absurdo a que chegámos no "jornalismo antecipativo", que confunde factos com a suposta antevisão dos mesmos. De João Pedro Henriques, na
Glória Fácil.
2. Sobre outro absurdo, desta vez no domínio da rádio, que ignora a música portuguesa por vezes em percentagens escandalosas. De João Paulo Meneses, no
Blogouve-se.
3. Sobre a queda progressiva da qualidade da informação da SIC, que chegou a ter uma das melhores Redacções do País e onde ainda hoje trabalham excelentes profissionais do jornalismo. De Nuno Azinheira, no DN de ontem.
Voltarei eu próprio a qualquer destes temas, juntando-me ao debate.
por Pedro Correia, em 29.04.06
- Álvaro de Campos ou Alberto Caeiro?
- Prefiro o Jorge Coroado, que escreveu agora um excelente livro sobre os bastidores da arbitragem.
por Pedro Correia, em 29.04.06
Já me tinham falado do restaurante, mas só ontem lá fui, com um grupo de gente amiga. Chama-se Os Bichos, (Rua Poiais de São Bento, 38, Lisboa). É uma casa pequenina, mas com uma ementa que se recomenda, baseada sobretudo em pratos de raiz alentejana. Hesitei entre empadas de Nisa, carne de alguidar com migas e tomatada de bacalhau, acabando por escolher este último prato, que me pareceu o mais original. E fiz bem: estava óptimo, o que me leva a dar os parabéns às irmãs Anabela e Susana Bicho, proprietárias do estabelecimento. Mas o melhor da refeição foi ver na mesa ao lado o grande Júlio Pomar. Em excelente forma, aos 80 anos, continua a apreciar os sabores da vida. E a pintar melhor que nunca.
por Pedro Correia, em 29.04.06
Para as frases sempre verborreicas do eterno padre Melícias. Uma autêntica "picareta falante", agravada pelo uso imoderado do latim: quase faz Guterres passar por mudo.
por Pedro Correia, em 29.04.06
"Em democracia se ganha e se perde."
Guilherme Lemos, candidato (derrotadíssimo) à presidência do Sporting, 28 de Abril
por Pedro Correia, em 29.04.06
"O caminho mais curto entre a ideologia e o poder é a corrupção."
Millôr Fernandes, Veja, 19 de Abril
por Rodrigo Cabrita, em 29.04.06
Ora deixa lá ver... hmmmmm... OK... parece-me bem... está decidido! Este ano não celebraremos os 32 anos do 25 de Abril!!!
Fotografia:
Rodrigo CabritaP.S. - Aconselho a lerem a crónica do Ricardo Araújo Pereira na
Visão sobre o 25 de Abril na Madeira... Muito bom!
por Nuno Sá Lourenço, em 28.04.06
O jornal "Meios & Publicidade" andou a perguntar a jornalistas se era possível misturar nacionalismo e jornalismo.
Uma sondagem a propósito "da recente visita do primeiro-ministro, José Sócrates, a Angola, que levantou a questão do posicionamento dos jornalistas face a assuntos de interesse nacional". Importa aqui esclarecer que a questão foi levantada à conta de um trabalho meu sobre direitos humanos em Angola - em plena visita oficial - criticado por um sub-director de um semanário que me reprovou por falta de sentido de Estado.
O inquérito revelou que "55 por cento dos profissionais que fazem parte do painel defendeu que patriotismo e jornalismo são conceitos conciliáveis". Mas o mais assustador foi a percentagem de respostas afirmativas à pergunta se as questões de "interesse nacional" se devem sobrepor aos critérios editoriais: 42 por cento dos inquiridos optaram pelo "sim, mas apenas em casos excepcionais".
A minha experiência em Angola leva-me à seguinte conclusão: Quanto maior o patriotismo, menor o jornalismo.
por Francisco Almeida Leite, em 28.04.06
"Há a primeira classe, a classe executiva e... hum a outra".
José Sócrates, na Assembleia da República, esta quinta-feira, quando questionado pelo CDS sobre a razão de os membros do Governo terem de viajar em classe turística, mas com um regime de
opting-out em que o Estado compensa a TAP pela diferença e eles, afinal, passam para a primeira classe. Ou será classe executiva? Não sei bem...
por Pedro Correia, em 28.04.06
- Costuma ler o quê quando vai de metro?
- O
Metro.- Só?
- Às vezes também o
Destak.
- Nunca um livro?
- Não sabia que eles também ofereciam livros no metro.
por Pedro Correia, em 28.04.06
Gosto do bar do Hotel Ritz, sobretudo aos fins de tarde. Com a sua atmosfera de anos 50, é um dos melhores recantos de Lisboa. Tem um charme inultrapassável. Fui lá esta semana. Bebericava um sumo de tomate temperado e trincava umas castanhas de caju sem me apetecer abrir o jornal. À minha volta, gente conhecida. Um dirigente socialista com notórios interesses empresariais conversava com visitantes estrangeiros. O director de uma das principais agências de comunicação portuguesas pontificava numa mesa muito engravatada. O patrão de um influente órgão de informação trocava confidências com uma das suas mais competentes jornalistas. E o pianista tocava
La Vie en Rose. Por momentos pensei que a música não podia ser mais apropriada ao cenário circundante. Parecia uma cena de filme. Deixei-me ficar um pouco mais. Como se o tempo pudesse parar.