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Uma História de Violência

por Francisco Almeida Leite, em 29.03.06

Fui ontem ver o último filme do homem aqui à direita (David Cronenberg). Chama-se "Uma História de Violência" (2005) e estreou há dias atrás. O dedo clássico do realizador só vem ao de cima quando se vêem as caras despedaçadas. Viggo Mortensen está excelente no papel do homem de família aparentemente pacato que esconde um assassino/mafioso debaixo da mesma pele. Mas Maria Bello (qualquer semelhança com a ex-deputada do PS e ilustre líder da maçonaria feminina é pura coincidência...) vale bem o bilhetinho que paguei no Alvaláxia. De uma beleza seca, faz-nos estremecer sempre que aparece no ecrã... até no fim, quando se percebe qual a sua decisão trágica. De Mãe e Mulher. Já agora, a visita a este cinema teve uma outra vantagem para mim: fiquei a perceber a razão para Felipe Soares Franco querer vender os cinemas e o centro comercial. Na sala, para além de mim, estavam quatro pessoas e uma imensa plateia de dezenas e dezenas de cadeiras vazias. Nas outras salas o mesmo. O centro comercial propriamente dito estava às moscas, com acessos muito difíceis que deixam qualquer um que não vá de carro (eu fui), e que não conheça o estádio do Sporting, à beira de um ataque de nervos. Assim não dá.

Amordaçar a liberdade

por Pedro Correia, em 29.03.06
Boa Noite e Boa Sorte é uma fascinante digressão aos meandros do jornalismo americano no início da década de 50, quando a “caça às bruxas” desencadeada pelo senador Joe McCarthy estava no auge. A pretexto do combate ao comunismo, as liberdades democráticas chegaram a correr perigo neste período negro da história norte-americana. Para inverter a maré foi decisiva a actuação do credenciado jornalista Ed Murrow, da CBS, que teve a frontalidade de criticar o senador em directo no seu programa.
George Clooney filma deliberadamente a preto e branco, desenterrando uma estética que parecia morta e enterrada para acentuar o carácter dual dos desafios que então se punham: ou se estava abertamente a favor da liberdade de informação ou se estava liminarmente contra. Aquele período não era propício a neutralismos. No fundo, o que sucedeu há meio século serve para traçar um paralelo com a realidade actual: também hoje a liberdade de expressão está ameaçada a pretexto do combate tenaz ao terrorismo. Estas ameaças ocorrem quando e onde menos se espera. Compete a qualquer de nós, jornalistas ou não, enfrentá-las sem rodeios. McCarthy desapareceu, mas tem muitos discípulos de todos os matizes em vários continentes. Sempre prontos a inventar novos pretextos para concretizar um velho objectivo: amordaçar a liberdade.

Central de comunicação?

por Francisco Almeida Leite, em 29.03.06
Quem não se lembra da vontade demonstrada pelos dois anteriores governos (no último mais esbatida porque nem era preciso...) de criar uma Central de Comunicação? Pois bem, com eventos (a ver vamos se passam disso) como o do "Simplex" está demonstrado que não é preciso uma central para se conseguir ter notícias nas televisões, nas rádios e nos jornais. Antes de mais é preciso que haja "receptividade" e essa está bem à vista. E muda tudo. Veremos quanto tempo dura, mas ou muito me engano ou a pouca vontade já demonstrada por Marcelo Rebelo de Sousa e Alexandre Relvas (na mesma semana, curiosamente) em disputarem a liderança do PSD (ou alguém por eles) tem a ver com isso mesmo. Há dias ouvi da boca de um importante player laranja que "até 2009 não há nada a fazer" e que Sócrates ameaça tornar-se num "novo Blair". No CDS a mesma coisa, com José Ribeiro e Castro mais preocupado em comentar a forma do que o conteúdo do "Simplex" com frases um bocadinho mais sexy... É isto.

Sou fã

por Pedro Correia, em 29.03.06
Do programa Prazer dos Diabos (SIC Comédia, quartas, 22h30). Uma forma saudavelmente delirante de debater os temas da semana. Com humor irreverente em doses imoderadas. E o mais bonito sorriso da televisão portuguesa - o de Adelaide de Sousa. Um reparo: gosto menos do programa quando lá não está a Inês Meneses.

Pelo cano abaixo

por Pedro Correia, em 29.03.06
Em noite de Benfica-Barcelona, transmitido em directo na RTP, a TVI apostou a fundo na contra-programação, prolongando o Jornal Nacional por 76 minutos. Com "notícias" como esta, que durou quatro minutos: "Roupa anticelulite faz sucesso no Brasil." Não há outro país da Europa com noticiários tão absurdos. O propalado acordo de auto-regulação celebrado pelas televisões para evitar estes disparates parece já ter ido pelo cano abaixo.

A última vitória de Sharon

por Pedro Correia, em 29.03.06
Um homem em coma, agonizando num leito de hospital, ganhou a eleição legislativa em Israel. O homem é Ariel Sharon, o partido é o Kadima, que ele fundou poucos dias antes do irreparável problema de saúde que sofreu, em Dezembro. Uma perfeita metáfora para a tragédia de contornos surreais em que mergulhou o instável Médio Oriente.

Liberdade de expressão

por Pedro Correia, em 28.03.06
Leio aqui e aqui: Margarida Rebelo Pinto e a Oficina do Livro accionaram uma providência cautelar para impedir a distribuição e venda da obra Couves & Alforrecas: Os Segredos da Escrita de Margarida Rebelo Pinto. Alguém aí falou em liberdade de expressão?

Sugestão para o CDS ser um partido muito mais sexy (3)

por Francisco Almeida Leite, em 28.03.06

O Pedro pediu-me para não o deixar sozinho na árdua tarefa de encontrar uma solução para aquele partido que nos últimos anos se notabilizou por ser democrata-cristão às segundas-feiras, popular às terças (sobretudo se for dia de feira), liberal às quartas, centrista à quinta e conservador à sexta (porque se aproxima o fim de semana). Aqui fica o meu modesto contributo... Chama-se Letícia Birkheuer e tem a vantagem de falar a nossa língua, mas com sotaque do Brasil.

Os detalhes

por Corta-fitas, em 28.03.06
O facto de alguns países europeus terem efectuado com êxito reformas económicas e sociais demonstrou a todos os outros que tinham urgência em realizar, por seu turno, mudanças significativas nas leis laborais ou na respectiva segurança social. O exemplo irlandês é óbvio. Medido em paridades de poder de compra, o PIB per capita irlandês, em 1986, era de 61% da média europeia. Em 2003, atingira 122% da média europeia (da UE15); no mesmo período, a Espanha passou de 70 para 90; e Portugal, de 55 para 68. Quando entrou na então CEE, Portugal estava a 6 pontos percentuais da Irlanda e a 15 da Espanha; hoje, está a 24 pontos da Espanha e a 54 da Irlanda. Estes são os custos da não mudança ou do receio de enfrentar grupos sociais instalados.
Todos os líderes da União Europeia sabem que devem fazer reformas e até sabem quais são as alterações imprescindíveis. O problema está em como fazer as reformas.
Os conflitos essenciais da Europa orbitam, hoje, em torno desta questão. Os governos tentam introduzir mudanças, por vezes até tímidas, e os grupos prejudicados lutam para as impedir. O quadro geral é que as leis laborais serão flexibilizadas a favor do patronato e as pessoas vão trabalhar mais cedo, durante mais tempo e até mais tarde. O problema dos Governos está em conseguir apurar os detalhes. Terão de fazer isto sem criar mais pobres e excluídos, o que custará dinheiro aos contribuintes.
Em resumo, os diferentes modelos sociais europeus não vão acabar. Estão todos em transformação e, no final do processo, a Europa terá uma economia dinâmica. Agora, imagine-se a influência mundial de uma UE com a competitividade da Finlândia e o bem-estar da Dinamarca.

Engraxadela

por Pedro Correia, em 28.03.06
Bárbara Guimarães, num programa sobre livros que tem na SIC Notícias, recebeu Maria José Ritta. E não se limitou a falar com ela: deu-lhe uma monumental engraxadela. A ex-inquilina de Belém, assegurou Bárbara em jeito de introdução à entrevista, foi uma “notável mediadora de povos e culturas”, revelando-se “uma amiga de todas as horas”. Sem esquecer que “foi com notável convicção que assumiu o papel de primeira dama”.
Não ouvi até ao fim: nada há mais enjoativo do que este tom louvaminheiro muito em voga num certo “jornalismo cultural”. Com toda a franqueza, acho que nem o próprio Jorge Sampaio seria capaz de puxar assim tanto o lustro à sua dama.

A blasfémia do dia (XX)

por Pedro Correia, em 28.03.06
Quem for a Meca leva com a moca.

Dilema resolvido

por Pedro Correia, em 28.03.06
Acabei por ir ouvir a Helena Matos ao Hotel Lutécia. Ainda bem que o fiz: ela falou com o brilhantismo de sempre, alertando as pessoas contra a "culpabilização social" de que os pais hoje são vítimas a toda a hora. "Se há um filho com insucesso escolar ou que se torna toxicodependente, a culpa é sempre dos pais. Devemos lutar contra isto", diz a Helena, também revoltada contra os apelos implícitos ou explícitos ao regresso das mulheres "ao lar" nos tempos que correm, em que até os partos em casa são apontados como modelos. "Já repararam que nas novelas da TVI as mulheres que trabalham e têm uma carreira profissional são sempre as más da fita?", questionou. Confessando ter assumido "outra opção de voto" (em Cavaco) nas presidenciais, foi muito aplaudida nesta sessão dominada por apoiantes de Manuel Alegre. Só a deputada bloquista Helena Pinto, que também lá estava, não aplaudiu.

Cherchez la femme

por Pedro Correia, em 27.03.06
Nova incursão por blogues com marca feminina. Encontro vários a que vale a pena estar atento. Já mencionei antes os Tristes Tópicos, o Táxi, a Miss Pearls. Gosto também do que escreve a Sónia, na Gola Alta. E dos textos da Ana Cláudia, no Amigo do Povo. Sou leitor diário da Sofia, no blogue Defender o Quadrado. E da Carla, nesse original Welcome to Elsinore. Sem esquecer a Helena, com a sua Linha de Cabotagem. Mais alguns que justificam leitura demorada: Blue Notes, Complicadíssima Teia, Ecos da Falésia, A Morgadinha e There's Only 1 Alice. Todos a merecer visita.

General Alcazar

por Pedro Correia, em 27.03.06
O presidente da Venezuela, Hugo Chávez, chamou "burro", "cobarde", "assassino", "genocida" e mimos equivalentes ao seu homólogo dos Estados Unidos, país com o qual mantém relações diplomáticas e ao qual continua a vender generosas doses de petróleo com a prodigalidade de sempre. O general Alcazar do Tintim não faria melhor.

Guerra de civilizações 17

por Pedro Correia, em 27.03.06
Essa burca fica-te mesmo a matar.

Novo ciclo

por Pedro Correia, em 27.03.06
'Tá-se bem em Belém.

Dilema

por Pedro Correia, em 27.03.06
Há dias assim, em que tudo parece acontecer. O que fazer hoje, ao fim da tarde? Ir ao Centro Cultural de Belém para assistir ao lançamento do novo livro de Francisco Seixas da Costa? Ou ao Parque das Nações para dar um abraço ao Baptista-Bastos, que vai receber o Prémio João Carreira Bom? Ou ao Hotel Lutécia para ouvir a Helena Matos defender o aumento da licença de paternidade, na primeira das iniciativas mais visíveis do movimento de Manuel Alegre? Vida de jornalista também é feita de dilemas destes. Por vezes dá vontade de estar em vários sítios ao mesmo tempo.

Frases de filmes (4)

por Pedro Correia, em 26.03.06
"Vou fazer-lhe uma oferta que ele não pode recusar."
Vito Corleone/Marlon Brando
em O Padrinho, de Francis Ford Coppola (1972)

Adeus, Manhattan

por Pedro Correia, em 26.03.06
O GNT vai desaparecer do pacote da TV Cabo, apesar de figurar entre os dez canais mais vistos. Adeus Manhattan Connection, um dos programas televisivos de que mais gosto. É desta vez que vou ponderar a sério deixar de ser cliente da TV Cabo. Não têm vontade de fazer o mesmo?

Em defesa da Ordem

por Pedro Correia, em 26.03.06
Emídio Rangel sai em defesa pública da Ordem dos Jornalistas. Alcides Vieira faz o mesmo. Miguel Sousa Tavares também. A ideia está a seguir o seu caminho. Apesar das vozes do costume.



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