por Pedro Correia, em 23.12.06
Sem desprimor para os restantes candidatos, sempre em grande número, o prémio da coerência em 2006 merece ser ganho por
Ana Gomes. A fogosa eurodeputada socialista, que escreveu
este texto no seu blogue quando Pinochet morreu, revela hoje em entrevista ao
Sol que perante o falecimento de Fidel Castro a sua atitude será diferente: nada de garrafinhas de champanhe para celebrar.
"Não o ponho no mesmo plano que um Pinochet", esclarece a diplomata na entrevista, conduzida pela jornalista Helena Pereira. Então porquê? Por isto:
"Há [em Cuba] aspectos claramente ditatoriais e abusivos dos direitos humanos e outros aspectos extremamente positivos de independência nacional, de afirmação ao nível dos serviços de saúde, educação, que eu não passo em claro."De facto, não podia ser mais clara: tem dois pesos e duas medidas. Para a democrata Ana Gomes, existem ditaduras boas e ditaduras más. Um regime que viola os direitos humanos pode afinal ter também "aspectos extremamente positivos". Sob o sol das Caraíbas, até os tiranos ganham logo um semblante mais doce...