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Virtudes Comuns (crónica)

por Luís Naves, em 28.02.08

Irreverência

Quando li esta opinião do Eduardo Pitta, a minha primeira reacção foi a de resistir. Tive de reler, para concluir que era mesmo o que estava escrito.

A propósito de uma polémica sobre o encerramento de um blogue de Daniel Luís, Eduardo Pitta escreveu isto:

 

 “Qualquer trabalhador por conta de outrem, docente universitário ou jornalista, empregado de livraria ou contabilista, funcionário público ou quadro de empresa, não pode ignorar o feedback das suas irreverências face à imagem do empregador”.

 

Acho que há aqui aspectos que convém discutir. Na qualidade de trabalhador assalariado, e ainda por cima jornalista, esta frase soa-me a uma espécie de epitáfio. Gosto de ser irreverente mas, se o Eduardo tiver razão, terei de guardar para mim toda a irreverência que gostaria de cultivar em público. Já que não posso ignorar o feedback das minhas irreverências face à imagem do empregador, preciso de saber até que ponto posso ir. Isto aplica-se certamente ao que escrevo no jornal, mas deverá aplicar-se em blogue? E se eu escrever um livro irreverente? O meu empregador tem alguma coisa a ver com isso? Como bem sabe o Eduardo, o que se ganha em livros ou blogues não chega para pagar a renda de casa, portanto, o meu empregador terá de me sustentar por mais algum tempo... E isso retira-me direitos? Fiz mal a alguém?

Mas este caso é interessante por outro aspecto. Os empregadores podem e devem interferir em blogues dos seus empregados se estes falharem no seu dever de lealdade ou se o contrato de trabalho limitar de alguma forma o direito de expressão do trabalhador. É tudo uma questão de bom senso.

De resto, aplica-se a regra da liberdade. Ninguém tem nada a dizer sobre a minha liberdade de expressão. Ponto final parágrafo.

Mas temo que a discussão não fique tão racional. Um dia virá em que jornalistas como eu não poderão escrever em blogue tudo o que pensam. Será um dia muito triste, garanto-lhe, Eduardo. A natureza dos blogues é esta, a de serem irreverentes com o poder, ou não serem, se lhes apetece. Estamos aqui a falar dos fundamentos da liberdade, que para todos nós não devem ser negociáveis, nem um milímetro, se tivermos sabedoria.  


4 comentários

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De Caravana a 29.02.2008 às 11:06

bom dia! sou aluna da Universidade do Minho e já tive o prof Daniel Luis como docente de duas cadeiras que tive. fiquei francamente chocada com esta noticia. há tanta coisa que devia ser proibida naquela Universidade, há tanta coisa mal passando pela anarquia total realizada pelos professores que não consigo perceber porque raio tanta atenção a este assunto, quando há coisas mais importantes a fazer naquela instituição educativa e há professores a tomar decisões e actos piores do que ser irreverente num blog.

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