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Alguém aí falou em Europa unida? Por estes dias, o confrangedor espectáculo dos dirigentes europeus sem uma política concertada e coerente sobre a “independência” unilateral do Kosovo vem exibir com nitidez os limites da chamada “construção europeia”, ficção política sem tradução prática sempre que estão em causa os sacrossantos interesses nacionais no Velho Continente. A “Europa” divide-se quanto ao Kosovo: enquanto Alemanha, França, Itália e Reino Unido, a reboque de Washington, se apressam a aplaudir esta “independência” sem suporte jurídico internacional, países como a Espanha, a Grécia, Chipre, a Bulgaria e a Roménia já anunciaram que não reconhecerão o Kosovo como estado independente. Nuns casos joga-se aqui a esfera de influência russa: Moscovo não tolera o corte de laços políticos entre o Kosovo e a Sérvia, que abre um precedente às reivindicações autonómicas dentro do seu próprio território. Espanha, confrontada com a explosão quase incontrolada das “nacionalidades” no seu interior, também não quer tal precedente. E Atenas sabe bem que um Kosovo “independente” dá mais fôlego à chamada República Turca do Norte do Chipre que Ancara pretende impor desde 1974, contra a vontade dos cipriotas gregos.
O Kosovo pode ser um vírus pronto a alastrar na Europa. Veja-se a Bélgica, prestes a implodir devido ao interminável conflito entre flamengos e valões. Repare-se nos húngaros que se agitam na Voivodina e na Transilvânia. Ouça-se o clamor de bascos e catalães. Dentro das próprias fronteiras dos estados que se apressaram a reconhecer o Kosovo não faltam pulsões nacionalistas – desde a Escócia, cada vez mais distante de Londres, à Córsega e ao País Basco francês, já para não falar nas eternas clivagens regionais no frágil estado italiano e dos problemas territoriais entre a Polónia e a Alemanha.
Em pleno século XXI parece às vezes que recuámos duzentos anos na História. Eis-nos novamente no início do século XIX, nacionalista e fragmentário. Só nos falta um Lorde Byron, tendo numa mão a espada e noutra a pena…
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