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Sabem que mais?

por Corta-fitas, em 28.02.07
Eu a partir de agora até podia passar a ser politicamente correcto e só dizer o que me permitir a cartilha da boa consciência democrática e igualitária que hoje se manifestou aqui. Até a minha outra significante já me invectivou. Mas não me apetece. Não estou aqui para levar esta coisa a sério. Sou aquilo a que se convencionou chamar um comic relief. Se ainda não perceberam isso, não têm lido com atenção este vosso criado nos últimos meses. Dito isto, reafirmo tudo o que escrevi e confesso que me diverti muito com este verdadeiro tema fracturante. Obrigado a todos.


10 comentários

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De Anónimo a 28.02.2007 às 19:25

Quando nasci há quase 40 anos, suponho que havia criadas mais ou menos à moda antiga em casa dos meus pais, onde havia 4 crianças. Não tenho memória delas, mas depois de nos mudarmos para Lisboa, com o 25A, lembro-me que a minha mãe ainda fez várias tentativas para manter uma empregada interna até à nossa adolescência, mas elas não paravam por lá: saíam logo que arranjavam trabalho num supermercado ou cabeleireiro perto. Ou quando se apaixonavam, nas saídas ao fim-de-semana. Ainda vinham da província recomendadas por uma familiar, mas já usavam as “casas de família” basicamente para entrarem na cidade. Curiosamente, as únicas que me lembro de me chamarem de “menina” com carinho são as empregadas externas que tivemos depois, ambas casadas e com filhos que estudaram e não foram criados por nós. Uma delas, reformada há mais de 15 anos, ainda aparece por casa dos meus país, e emociona-se sempre que vê os “seus meninos”. E a outra ainda trabalha alguns dias para a minha mãe, e sabe quase tanto da minha vida (e agora da dos meus filhos), como sabia na altura - quase tanto como os meus pais. Não é o nome que se dá ao cargo, nem o tempo que passavam “a nos criar”, que faz os laços. Como também não se pode comparar as criadas do pré-25A com qualquer sucedâneo de hoje em dia. As empregadas internas hoje são quase todas brasileiras ou de leste, mas continuam a agir como as que me lembro no imediato pós-25A: as casas onde aterram são apenas pontos de passagem para uma suposta vida melhor. A nenhuma das muitas que conheci e conheço lhe passa pela cabeça dedicar a sua vida aos meninos que ajuda temporariamente a criar. Por muito que as mães ainda se iludam. E quando saem, nunca mais regressam a esses meninos. Para o bem e para o mal. E a mim também não me passa pela cabeça ter uma: não há baby-sitting-quase-todas-as-noites (que basicamente é o que elas fazem a mais por serem internas) que pague a minha intimidade no regresso a casa, e a minha proximidade com os meus filhos.
Isto tudo para dizer que acho bem que quando se encerram ciclos e se mudam tão radicalmente as percepções e vivências, se reinvente a terminologia. “Criada” foi um termo que usei naturalmente, e que deixei de usar naturalmente - soa bafiento hoje em dia, e não faz mais sentido.
Filipa

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