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Reflexo condicionado

por Pedro Correia, em 30.11.06
Vital Moreira gasta duas linhas e meia da sua tinta na Causa Nossa a contestar a falta de consideração do PCP pela "autonomia" e pela "situação pessoal" dos seus deputados e o dobro (!) desse espaço a desancar Luísa Mesquita, chamando-lhe "super-ortodoxa", sem sequer se dignar mencioná-la pelo nome, repetindo a deselegância cometida em Agosto, quando criticou o ex-presidente da Câmara de Setúbal, Carlos Sousa. Numa espécie de reflexo condicionado que parece provir dos tempos em que, enquanto deputado comunista na Assembleia Constituinte, chamava aos adversários políticos "demente" e outros mimos em boa hora recordados aqui, o constitucionalista vai ainda mais longe, destilando uma insinuação inqualificável contra Luísa Mesquita: "São Bento vale bem uma infidelidade partidária!"
Tratar-se-á de um "ajuste de contas", explica o Daniel Oliveira. Talvez só isso justifique tanto primarismo, na forma e no conteúdo. Nem os autocratas de serviço na Soeiro Pereira Gomes foram tão longe.


16 comentários

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De Pedro Correia a 02.12.2006 às 20:51

Muito bem. Até à próxima polémica...
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De Margarida a 02.12.2006 às 20:44

Só por ele ser o o Presidente do Grupo Parlamentar, Pedro? Não me acredito que acredite isso. Mas pronto. Fiquemos por aqui.
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De Pedro Correia a 02.12.2006 às 19:52

Claro que sim. Mas essas palavras só tiveram tanta repercussão pelo facto de ele desempenhar funções relevantes, como presidente do grupo parlamentar do PCP.
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De Margarida a 02.12.2006 às 18:15

O Pedro conhece os nossos Estatutos, sabe que lá “dentro” discutimos tudo e com bastante calor, e que é escusado pensar que a direcção ou algum responsável iria desrespeitar os Estatutos que obrigam a todos, falando de divergências para “fora”. Isso simplesmente não fazemos, mesmo que nos custe incompreensões.
E sobre as declarações do Bernardino é óbvio que se não fossem infelizes ele não teria precisado de fazer o esclarecimento. E lembro-me que na altura – e já lá vão quase quatro anos – eu própria levei alguma “porrada” de camaradas meus porque dizia que tinha “percebido” porque é que o Bernardino dissera o que disse. Graças ao google consegui recuperar essa entrevista que me vai ajudar a explicar porquê. Cá está esse extracto:

“Consideraria que na Coreia do Norte vigora um regime comunista?

Temos falado nisso em vários congressos... julgo que o que caracteriza a questão do Coreia do Norte, neste momento, é a difícil apreensão do que se passa, de facto, naquele país.

Difícil apreensão? Os dados que dispõe não são suficientes para poder dizer, por exemplo, se a Coreia do Norte é uma democracia?

Tenho muitas reservas em relação à filtragem da informação feita pelas agências internacionais.

Ao ponto de não poder dizer se o país é democrático?

Sim. Tenho dúvidas que não seja uma democracia.”

E a explicação é esta: nas vésperas de ter saído essa entrevista eu vira numa das cadeias internacionais (BBC? CNN?) uma reportagem sobre uma grande festa comemorativa na Coreia (não me lembro do quê). E essa reportagem era uma trampolinice do princípio ao fim, nem sequer pretendia ter alguma racionalidade. Daí ter pensado que o Bernardino vira a mesma reportagem quando falou nas “muitas reservas em relação à filtragem da informação feita pelas agências internacionais”. Se viu ou não, não sei, nunca tive oportunidade de lhe perguntar. Mas claro que com a onda de críticas que se levantou até camaradas meus que me estão próximos nem queriam que eu abrisse a boca para tentar “explicar”. È certo que ao Bernardino competia simplesmente expor a posição do Partido, o que imediatamente fez com o esclarecimento posterior. De facto as declarações foram infelizes, mas quanto a mim foram também quase que indecentemente aproveitadas para uma campanha que ainda hoje dura. Afinal não temos todos também declarações infelizes?
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De Pedro Correia a 02.12.2006 às 16:48

Margarida, claro que estou de acordo consigo: "em todos os conflitos há sempre pelo menos duas opiniões". Por isso critico o facto de a direcção do PCP silenciar com frequência opiniões divergentes em nome da sacrossanta regra do "centralismo democrático". Quanto à história da Coreia, o comunicado posterior do Bernardino não invalida as declarações infelizes que ele anteriormente proferiu sobre o mesmo assunto.
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De Margarida a 02.12.2006 às 16:26

Agradeço-lhe a oportunidade que me dá para lhe lembrar que logo no mesmo dia em surgiu essa polémica sobre a Coreia o Bernardino imediatamente esclareceu conforme se segue (mas que é sempre omitido):
“Esclarecimento de Bernardino Soares
Terça, 25 Fevereiro 2003
Tendo sido questionado por vários órgãos de comunicação social, sobre questões de democracia, tenho a declarar o seguinte:
As concepções de democracia e de socialismo que no PCP defendemos para Portugal estão inscritas no nosso Programa.
Quanto à Coreia do Norte é uma evidência que as concepções de socialismo e de democracia que defendemos estão nos antípodas das deste País, e que rejeitamos vigorosamente quaisquer tentativas para “colar” o PCP a experiências ou práticas pelas quais não é responsável e que são estranhas às suas concepções.
Para nós a democracia política tem um valor intrínseco, mas não limitamos a democracia a esta vertente, embora ela seja essencial. Ela deve concretizar-se e aprofundar-se nas suas várias dimensões: democracia política, económica, social e cultural.
O PCP mantém actuais as análises e as críticas que fez no XIII Congresso e que reiterou nos Congressos seguintes ao inaceitável “modelo” de socialismo que se edificou e que levou ao seu colapso.
É também uma evidência que a democracia no nosso País tem vindo a ser empobrecida no campo da democracia política e designadamente nas vertentes da democracia económica e social. “

Quanto às outras questões que levanta, terá que admitir – dando o benefício da dúvida - , que em todos os conflitos há sempre pelo menos duas opiniões, e que muitas vezes só vimos uma publicada.
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De Pedro Correia a 02.12.2006 às 16:01

Margarida, agradeço as sugestões que me dá: um jornalista deve estar sempre receptivo às críticas. Mas terá também de admitir que o partido, em muitos casos, não ajuda nada. Foi o que aconteceu com as declarações infelizes do Bernardino sobre a Coreia e agora os casos Carlos Sousa e Luísa Mesquita. Já não falo em todo o processo interno 2000/02, que deu origem a clivagens tão sérias entre camaradas de toda uma vida, por ser de análise muito complexa. Um dia será feita a história desapaixonada desse período conturbado da existência do PCP.
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De Margarida a 02.12.2006 às 14:54

E então onde é que quer chegar Pedro Correia? Francamente não percebo. Como já lhe disse antes a mim satisfazia-me relatos mais decentes ou tão simplesmente dar o benefício da dúvida, ao menos uma vez por outra.
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De Pedro Correia a 02.12.2006 às 13:24

Ah, e mais: já que fala do DN, fui eu o primeiro jornalista a noticiar (no DN) que Jerónimo de Sousa seria o substituto de Carlos Carvalhas. Na altura, a Soeiro "desmentiu". Poucos meses depois confirmou-se.
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De Margarida a 01.12.2006 às 21:51

Não se vê grande diferença entre o que escreve por aqui e o que escreve por lá.

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