por João Távora, em 29.09.06
Eu trabalho (com entusiasmo) para uma grande “marca” nacional. Esta empresa foi fundada nos anos 30 pelos senhores Cardoso e Machaz, dois irredutíveis beirões, que com a sua coragem, esforço e empreendedorismo granjearam ao seu projecto uma inegável reputação internacional, hoje símbolo de uma “escola” e “produto” de sucesso em Portugal.
Agora, já não gosto da ideia de chamar “marca” a um
clube de futebol. Eu percebo a ideia, e porventura é até bem razoável. Mas não gosto, não fica bem; é uma questão estética.
A relação de um adepto com um clube de futebol é normalmente um razoado de afectos, que atribuem um estatuto quase místico ao seu clube de eleição. Assim, com esse toque de mágica, o espectáculo de 25 galfarros atrás de uma bola, com meia dúzia de tácticas e regras mais ou menos básicas, ganha um sentido quase superior. Um clube de futebol não é com toda a certeza uma entidade metafísica. Mas é uma paixão, uma ilusão benigna, não compatível com os conceitos materialistas e empresariais de Marca, Produto. Que os clubes sejam geridos como empresas, com competência e racionalidade, rumo ao sucesso, claro que sim!
Mas nessa relação única de adepto, não nos matem o sonho. O meu clube não é uma marca. É o Sporting.