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Eu, cidadão...

por Nuno Sá Lourenço, em 12.04.07
Antes de ser jornalista sou um cidadão deste país. Escrevo para dizer que, enquanto meu concidadão, deixo de acreditar em José Sócrates.

Durante cinco anos fui estudante universitário. Sei como se é favorecido numa universidade. Testemunhei alguns desses casos na Universidade Católica. Este episódio mostrou-me que Sócrates, enquanto foi aluno universitário, se comportou como um desses chico-espertos com que tive de conviver.

Com a minha experiência universitária, há coisas neste dossier que não me deixam dúvidas sobre o favorecimento de Sócrates. Não me interessa se esse favorecimento foi procurado por Sócrates ou se lhe foi oferecido por alguém da universidade e ele o aceitou sem remorsos. As duas situações são-me repugnantes.

Em que universidade é que um reitor dá aulas de Inglês Técnico a um aluno em separado?

Em que universidade é que um diploma é passado a um domingo?

Em que universidade é que um aluno faz um teste separado da restante turma?

Em que universidade é que as pautas têm diferentes notas para uma mesma disciplina?

Em todas, desde que a universidade ganhe com isso.

É isto que as pessoas que dizem que nada se provou neste processo não percebem. É que quem já foi um aluno universitário e viu como certas pessoas passavam milagrosamente de ano reconhece os sinais a milhas. Eu e alguns amigos meus, quando falávamos deste caso, só nos riamos. Porque reconhecíamos o modus operandi.

O problema de Sócrates é que o que se passou com ele não é novo. O repugnante nisto é que o PM seja apenas mais um daqueles chicos-espertos.

Para ter um canudo José Sócrates concedeu neste tipo de comportamento. A forma como se defendeu ontem só me veio provar que não se importa de conviver com o mesmo tipo de comportamentos nestes dias.


12 comentários

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De Cartas de Londres a 13.04.2007 às 00:57

Caro concidadão NSL (e PC),

Concordo convosco: a história fede por todos os lados. Talvez estejemos "a ser injustos" (sem prova inequívoca) mas também eu não acredito na versão socrática dos acontecimentos...
(Mais: vide Paulo Gorjão e os 3Cs)
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De Anónimo a 12.04.2007 às 22:27

Pelo que diz o "observateur" no seu ponto 5, começo a pensar que a estória do ISEL pode ser treta.
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De observateur a 12.04.2007 às 17:33

1- Deixa o ISEL porque não se tratava duma licenciatura (mas só estudava para se cultivar, para aprender, não por causa dos títulos...)

2- Vai para a UnI porque :
a) ficava lá perto (GANDA argumento para se escolher uma universidade)
b)tinha prestígio (a UnI funcionava há 3 anos e o curso de engenharia civil não era reconhecido pela Ordem)
c) tinha horário pós-laboral (o ISEL e o Técnico, segundo três engenheiros que tenho aqui por perto, também tinham)

3 - Uma vez na UnI, não pode apresentar o certificado do ISEL, porque AS NOTAS NÃO ESTAVAM LANÇADAS (mas ele já as sabia, e avisou a UnI informalmente de que cadeiras tinha feito e com que notas no ISEL). As notas demoraram UM ANO a serem lançadas e o certificado a aparecer. A apresentação do certficado NO ACTO DE CANDIDATURA é exigida por lei (portaria 613/93)

4- Na UnI concluiu o curso com um magnífico Projecto Final de nota 18, já sendo à época Secretário de Estado. A UnI como era uma cambada de nhurros, nem lhe passou pela cabeça editar tal Dissertaçao tão meritória do Senhor Secretario de Estado do Ambiente, nem que fosse como poeira para os olhos da Ordem dos Engenheiros lhes reconhecer o curso. Na RTP ninguém lhe pergunta sequer o tema do Projecto Final.

5- Diz que só conheceu António José Morais - o tal professor das 4 cadeiras que meteu uma brasileira empregada de restaurante a trabalhar po Estado de forma que lhe valeu um processo disciplinar, gajo honesto e vertical portanto - na UnI. Ao que consta, António José Morais teria sido o ÚNICO professor da cadeira de Geologia e Geotecnia Aplicadas do CESE do ISEL que José Sócrates frequentou - mas não conhecia o seu professor do ISEL.

6- O "termo" Engenheiro é um termo de cortesia social. Não se esqueçam de usar sempre que derem passagem a alguém "Faça favor senhor engenheiro"...

7- Sócrates tem MUITOS AMIGOS que costumam dar notas em Agosto... é NORMALÍSSIMO...

Querem que continue? LOL
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De Lutz a 12.04.2007 às 16:33

Meu caro Nuno Sá Lourenço, admiro a sua pureza moral. A sério! Também tive oportunidade de assistir a casos de favorecimento e desfavorecimento discricionário de alunos nas universidades portuguesas. E também escandaliza-me. Mas da sua argumentação, que parte do pressuposto de que houve, pelo menos, um favorecimento não solicitado - o que a meu ver não está provado, mas vou aceitá-lo pelo bem do argumento... da sua argumentação decorre o seguinte:
Que Portugal só devia ser governado por pessoas de tal rectidão que, quando descobrem que alguém lhes concedeu uma vantagem, não descancassem antes do que lhe fosse retirada.

Digo-lhe: Vai encontrar entre as poucas pessoas que assim se comportam, muito poucas com vocação política e ninguém capaz de gerir o quer que seja de valor.
Quer realmente ser governado por pessoas que, quando lhes cai no colo uma vantagem imerecida, se preocupam antes de mais em ver se livre dela?!
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De me again, anonymous a 12.04.2007 às 11:40

(eu sei, eu sei, deu para perceber que ele queria a licenciatura para ter o canudo de "engenheiro" e não para outro fim qualquer).
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De anonymous a 12.04.2007 às 11:30

Eu achei duas coisas (pelo menos).

1. O master Sócrates deu incontáveis vezes mostras de enfado ou impaciência que lhe ficaram mal.

2. Não se percebeu para que quis ele afinal tirar uma licenciatura se afirmou que o não fez para poder trabalhar como engenheiro civil. Afinal foi para quê?
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De Anónimo a 12.04.2007 às 11:30

Uff, só me apetece soprar. De tédio!
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De ariel a 12.04.2007 às 11:24

Caro Nuno Lourenço,

Eu cidadã, estou completamente de acordo consigo. Qualquer pessoa com um pingo de dignidade pessoal, e de respeito por si própria nunca dormiria descansada com esta situação. Simplesmente estamos no país que estamos. O tempo dos grandes lideres passou. Da politica como arte nobre. Da política a sério. Sá Carneiro, Mário Soares, Adelino Amaro da Costa, já ca não estão e ninguem os substituiu. Chegaram ao topo dos partidos do poder os homens sem rosto, as segundas e terceiras baças figuras que nunca fizeram outra coisa na vida senão medrar para lá cheagrem, uns com mais canudos que outros. Esta é a tragédia do país. Se perguntar ao cidadão comum que se tem de "desenrascar" no seu dia a dia, o Sócrates é um dos seus cheio de determinação para por isto na ordem. Estão cansados da política. Querem é que os deixem em paz com as suas vidinhas tristes. Chegou o tempo das hienas. É tudo.
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De ni a 12.04.2007 às 11:22

Como já encontrei reitores de escolas públicas a visitarem escolas secundárias em simples acções de divulgação universitária não vejo qual seja o problema de um reitor dar aulas. Também não entendo onde foi dito que o reitor só deu aulas ao Sócrates? qual é o problema das notas diferentes? Não há orais e notas de teste ou de exame?
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De Anónimo a 12.04.2007 às 11:10

Eu que nem gosto do Sócrates (embora ainda goste menos de um Santana, por exemplo), acho que o assunto já deu o que tinha a dar, e que se percebe que houve ali qualquer coisita sem grande importância e que pouco diz ao cidadão comum. Uma minoria do eleitorado vai perceber ou preocupar-se com a diferença entre «engenheir» e «licenciado em engenharia», com a inexistência de uma comissão científica que se ocupe de equivalências de cadeiras e coisas assim.

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