Saltar para: Post [1], Comentários [2], Pesquisa e Arquivos [3]




Tristes figuras e alegres notícias

por José Mendonça da Cruz, em 06.02.15

Não há como as notícias sobre o novo governo grego para apreciarmos em todo o seu esplendor a mediocridade e enviesamento da comunicação social portuguesa, com SicN, Público, DN e JN à cabeça. O governo que os media retratam como dinâmico e inovador é o que conseguiu alienar em poucos dias a opinião dos países que o governo grego imaginava como aliados contra a «austeridade», que é, como sabemos, o nome que a esquerda dá às boas contas. Hollande manda Tsipras dar uma curva e consola-o com acordos culturais; Renzi diz que pois, pois, e dá-lhe uma gravata; a Espanha nem quer ouvir falar das novas presunções caloteiras; o governo português satiriza os sonhos infantis.

Este governo em que os nossos media veem gente notável, desempoeirada, genial, um punhado de académicos ilustres que descobriu como ser-se feliz e endividar-se sem nunca pagar, é o mesmo governo cujo académico mais confrangedor, o peripatético marxista arribado da América, já foi reconhecido pelo que vale em Inglaterra («falei com um académico, e não com um ministro», disse um membro do governo inglês), já conseguiu a recusa do BCE de avançar dinheiro contra títulos de dívida, e a quem Schauble já bateu com a porta na cara das ilusões. Com a mania das vanguardas,com a ideia de que as suas luzes conduzirão à verdade 27 democracias que julga enganadas, a criatura grega ainda insiste que não paga o que deve, e que lhe devem dar mais e a fundo perdido, porque ele traz «uma solução para Europa», a mesma que 27 países não querem. Mas a nossa comunicação social vê nisto verdades profundas, uma revolução europeia, uma multiplicidade de amanhãs a cantar. 

Um governo inexperiente, irresponsável, ignorante e tonto aprofunda a ruína da Grécia, mas os nossos media vislumbram nisso um caminho exemplar. No fim, perdem os gregos. Mas para os nossos media, no fim a culpa será alemã.


4 comentários

Sem imagem de perfil

De João. a 06.02.2015 às 12:55

Um post que transpira ressentimento. Deve ser lixado invejar as almas fortes. 


“To be incapable of taking one's enemies, one's accidents, even one's misdeeds seriously for very long—that is the sign of strong, full natures in whom there is an excess of the power to form, to mold, to recuperate and to forget (a good example of this in modem times is Mirabeau, who had no memory for insults and vile actions done him and was unable to forgive simply because he—forgot). Such a man shakes off with a single shrug many vermin that eat deep into others; here alone genuine 'love of one's enemies' is possible—supposing it to be possible at all on earth. How much reverence has a noble man for his enemies!—and such reverence is a bridge to love.—For he desires his enemy for himself, as his mark of distinction; he can endure no other enemy than one in whom there is nothing to despise and very much to honor! In contrast to this, picture 'the enemy' as the man of ressentiment conceives him—and here precisely is his deed, his creation: he has conceived 'the evil enemy,' 'the Evil One,' and this in fact is his basic concept, from which he then evolves, as an afterthought and pendant, a 'good one'—himself!” (Nietzsche)



http://www.goodreads.com/quotes/tag/ressentiment
Imagem de perfil

De José Mendonça da Cruz a 06.02.2015 às 19:37

Não há nada mais característico da esquerda do que ela desprezar a cultura. Para a esquerda a cultura não é estruturante, é uma arma de arremesso. O caso mais famoso foi a torção nefasta de um livro científico de António Damásio para pô-lo a dizer que Cavaco não tinha emoções (ou é «afectos» que se deve dizer?).
Seja como for, desta vez tivemos sorte, foi Nietzsche (tirado laboriosamente do goodreads). Sorte, porque podia ter sido Marx, ou Engels, ou Lenine, ou Rosseau, ou d`Alembert, ou Sartre, ou Rita Franco, ou Cohn-Bendit ou Sousa Santos.
E também no caso menor deste comentário, como sempre, a esquerda não acerta. É que em relação aos radicais gregos e ao pungente pateta das finanças, eu não tenho ressentimento nenhum. Sinto apenas alegria, da mais sincera e jovial.
Sem imagem de perfil

De João. a 06.02.2015 às 19:48

Não sei do que é que você está a falar... De resto o seu post está impregnado de ressentimento e daí até achar uma citação de Nietzsche que encaixe bem é fácil. 
Sem imagem de perfil

De J.Ventura a 07.02.2015 às 17:46

Já  para as contas e verdades insofismáveis como as referidas no artigo não há citação de Nietzsche que acuda.Mas cai sempre bem.

Comentar post



Corta-fitas

Inaugurações, implosões, panegíricos e vitupérios.

Contacte-nos: bloguecortafitas(arroba)gmail.com



Notícias

A Batalha
D. Notícias
D. Económico
Expresso
iOnline
J. Negócios
TVI24
JornalEconómico
Global
Público
SIC-Notícias
TSF
Observador

Subscrever por e-mail

A subscrição é anónima e gera, no máximo, um e-mail por dia.

Comentários recentes

  • Hugo

    A confiança constrói-se. Já se percebeu com quem M...

  • Filipe Bastos

    Perante resposta tão fundamentada, faço minhas as ...

  • Filipe Bastos

    O capitalismo funciona na base da confiança entre ...

  • anónimo

    "...Ventura e António Costa são muito iguais, aos ...

  • lucklucky

    Deve ser por a confiança ser base do capitalismo q...


Links

Muito nossos

  •  
  • Outros blogs

  •  
  •  
  • Links úteis


    Arquivo

    1. 2024
    2. J
    3. F
    4. M
    5. A
    6. M
    7. J
    8. J
    9. A
    10. S
    11. O
    12. N
    13. D
    14. 2023
    15. J
    16. F
    17. M
    18. A
    19. M
    20. J
    21. J
    22. A
    23. S
    24. O
    25. N
    26. D
    27. 2022
    28. J
    29. F
    30. M
    31. A
    32. M
    33. J
    34. J
    35. A
    36. S
    37. O
    38. N
    39. D
    40. 2021
    41. J
    42. F
    43. M
    44. A
    45. M
    46. J
    47. J
    48. A
    49. S
    50. O
    51. N
    52. D
    53. 2020
    54. J
    55. F
    56. M
    57. A
    58. M
    59. J
    60. J
    61. A
    62. S
    63. O
    64. N
    65. D
    66. 2019
    67. J
    68. F
    69. M
    70. A
    71. M
    72. J
    73. J
    74. A
    75. S
    76. O
    77. N
    78. D
    79. 2018
    80. J
    81. F
    82. M
    83. A
    84. M
    85. J
    86. J
    87. A
    88. S
    89. O
    90. N
    91. D
    92. 2017
    93. J
    94. F
    95. M
    96. A
    97. M
    98. J
    99. J
    100. A
    101. S
    102. O
    103. N
    104. D
    105. 2016
    106. J
    107. F
    108. M
    109. A
    110. M
    111. J
    112. J
    113. A
    114. S
    115. O
    116. N
    117. D
    118. 2015
    119. J
    120. F
    121. M
    122. A
    123. M
    124. J
    125. J
    126. A
    127. S
    128. O
    129. N
    130. D
    131. 2014
    132. J
    133. F
    134. M
    135. A
    136. M
    137. J
    138. J
    139. A
    140. S
    141. O
    142. N
    143. D
    144. 2013
    145. J
    146. F
    147. M
    148. A
    149. M
    150. J
    151. J
    152. A
    153. S
    154. O
    155. N
    156. D
    157. 2012
    158. J
    159. F
    160. M
    161. A
    162. M
    163. J
    164. J
    165. A
    166. S
    167. O
    168. N
    169. D
    170. 2011
    171. J
    172. F
    173. M
    174. A
    175. M
    176. J
    177. J
    178. A
    179. S
    180. O
    181. N
    182. D
    183. 2010
    184. J
    185. F
    186. M
    187. A
    188. M
    189. J
    190. J
    191. A
    192. S
    193. O
    194. N
    195. D
    196. 2009
    197. J
    198. F
    199. M
    200. A
    201. M
    202. J
    203. J
    204. A
    205. S
    206. O
    207. N
    208. D
    209. 2008
    210. J
    211. F
    212. M
    213. A
    214. M
    215. J
    216. J
    217. A
    218. S
    219. O
    220. N
    221. D
    222. 2007
    223. J
    224. F
    225. M
    226. A
    227. M
    228. J
    229. J
    230. A
    231. S
    232. O
    233. N
    234. D
    235. 2006
    236. J
    237. F
    238. M
    239. A
    240. M
    241. J
    242. J
    243. A
    244. S
    245. O
    246. N
    247. D