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Ontem à noite fui surpreendido no carro por uma alocução do Presidente da República em directo e até pensei que era por causa de alguma coisa de grave acontecida recentemente. Mas não, era ele a dizer que nos portámos muito bem, que somos os maiores e que por isso merecemos desconfinar.
Não percebo a relutância de Marcelo abordar aquilo que verdadeiramente aflige os portugueses por estes dias. A desculpa da não interferência entre órgãos de soberania soa-me a falso, tanto mais que todos estão envolvidos no edifício da nossa Justiça: Marcelo Rebelo de Sousa, preocupado com a sua inoperância, teve como bandeira até há pouco tempo o célebre “Pacto para a Justiça” para uma reforma do sistema, e na realidade são os partidos políticos que, no parlamento, aprovam com as leis que o aparelho judicial vai ter de lidar.
Como é previsível vai tudo ficar na mesma, o assunto esquecido, Sócrates a banhos na Ericeira e o povo conformado à cata das migalhas que lhe são destinadas e não são garantidas. Os principais actores políticos e as elites estão enterradas até ao pescoço no lodaçal em que sobrevive o nosso regime irreformável, tolerante para com a corrupção e o clientelismo.
Ontem à noite não ouvi a entrevista a José Sócrates porque tenho pudor e sinto uma enorme vergonha alheia - limitei-me a ouvir hoje os comentários na telefonia. Mas percebo a curiosidade mórbida daqueles que tiveram estômago para aquilo. É como o mirone que não resiste a espreitar os escombros de um desastre sangrento.
“Porque nós precisamos da tua (José Sócrates) liderança, conhecimento, experiência, determinação e energia neste momento tão difícil. Mas porque nós precisamos também da tua ambição de progresso, de crescimento e modernidade. Porque nós precisamos da tua dedicação sem reservas a Portugal e aos portugueses.”
Parece-me evidente que a comoção nacional da passada sexta-feira não teve expressão clara nos partidos do sistema. Ademais o silêncio de Marcelo Rebelo de Sousa e António Costa quanto às questões levantadas pela decisão instrutória de Ivo Rosa é gritante. O respeito pela independência dos órgãos de soberania que não se dão ao respeito não explica tudo. Para mim que sou um conservador que preza instituições sólidas tudo isso parece-me um grave prenúncio. Que nos habituámos definitivamente a viver no pântano, ou o regime, incapaz de se olhar ao espelho, ameaça cair com estrondo um dia destes, incapaz ler o alarme da rua. Por agora ainda é possível a um antigo primeiro-ministro corrupto que enterrou o nosso país numa brutal crise financeira vir gozar com a cara de todos nós num canal de televisão – eu por pudor não vou assistir.
Caminhamos em gelo fino. Com uma dívida pública que fechou o ano de 2020 nos 133,7% do PIB de 274,1 mil milhões de euros, com a economia confinada há mais de um ano, prenúncia-se de uma crise de proporções inimagináveis. Talvez seja tempo das oligarquias que se alimentam do regime parar para pensar. É que quando a crise chegar ao estômago dos portugueses não haverá geringonça que os salve nem causas fracturantes que os distraiam.
Agora que fede exposta e putrefacta toda aldrabice, desfaçatez e depravação, que imperava na sinistra entourage de José Sócrates, gostava que a Fernanda Câncio nos explicasse na sua coluna do Diário de Notícias como foi essa experiência de privar pessoalmente o tal Miguel Abrantes que não era Miguel Abrantes. Ou será que o avençado António Mega Peixoto embarrilou-a como tentou fazer comigo?
Sócrates está convicto de que é um preso político. Julgará que com uma vitória socialista será ilibado?
Segundo a sondagem do Expresso hoje, mais de 60% dos portugueses consideram a hipótese (24,7%) ou têm a certeza (35,8%) de José Sócrates estar a ser vítima de perseguição política. Talvez António Costa devesse apanhar boleia de Mário Soares nas suas visitas ao preso 44. E talvez que a ideia de José Sócrates como cabeça de lista em Évora pelo PS seja mais do que uma anedota.
Imeginem que um recurso resgata este homem e o trás para Lisboa a tempo da campanha eleitoral. António Costa se não reza faz figas para que Sócrates se mantenha em preventivo sossego.
Após ocupar cerca de uma página completa da revista Ípsilon do Público com a recensão à dissertação de mestrado de José Sócrates recentemente publicada com estrondo mediático, Diogo Ramada Curto conclui assim:
(…) Este livro não deve ser avaliado positiva ou negativamente em função da personalidade e da carreira pública do autor. Pelo contrário, a apreciação deve cingir-se ao estrito propósito universitário que esteve na génese deste livro. Entrar aqui noutras considerações, que extravasam do conteúdo do livro, seria alinhar com o circo mediático criado para a promoção do autor. Para isso já basta esta recensão. Não fora o autor o ex-primeiro ministro de Portugal, este trabalho de mestrado – tal como sucede com centenas de outros do mesmo género ou, mesmo com excelentes teses de doutoramento – dificilmente teria direito a uma recensão no Ípsilon.
Os poucos que se extasiam com os olhos piscos de Sócrates são os mesmos que há tempos se embeveceram com Baptista da Silva. Burlão por burlão, prefiro o segundo. Por causa dos óculos.
Quanto ao mais, a realidade passa alheia ao mirabolante circo de horrores que a RTP decidiu patrocinar. De facto, só um banco do Estado para emprestar dinheiro para o mitómano Sócrates viver em Paris dois anos, assim como só a televisão do Estado para lhe "dar voz”. Por estes dias, cada um tem a casa dos segredos e as novelas que quiser nas Tvs. O difícil mesmo é sacar dinheiro à Europa, ter economia e sair da crise.
A notícia de que as extraordinárias reflexões políticas de José Sócrates irão voltar ao nosso quotidiano por via dum programa no canal público, caiu-nos esta manhã nas cabeças que nem uma bomba de estilhaços. Muitos como eu ter-se-ão questionado por momentos se não se trataria de uma mentira de 1º de Abril ou de outro equívoco qualquer, mesmo que saibamos como o sistema mediático simpatiza com o escândalo e as aberrações para se alimentar com os mais baixos instintos humanos. É por is so que, depois de pensar melhor, acabo por compreender a lógica desta contratação. Basta verificar a estupefacção que reina nas ruas, nos cafés, e que emerge num invulgar escarcéu nas redes sociais: assim como o Diário de Notícias ganhou o dia com a cacha, de um momento para o outro a R.T.P. passou da obscura circunspecção para as bocas do mundo, tema do dia, tema da semana, vão ver. No fundo, no fundo, quais serão aqueles de nós que resistirão ao perverso voyeurismo de, pelo menos no primeiro programa, verem com os próprios olhos a cara de pau e a total falta de vergonha do “delinquente político” que pastoreou alegre e convictamente os portugueses para o desastre.
Imigrantes provenientes da Índia e Paquistão, trabalhadores nas lojas do Martim Moniz, Lisboa, e na construção civil seguem José Sócrates para todo o lado, de norte a sul do País, em autocarros pagos pelo PS. São usados para compor os comícios, agitar bandeiras, e puxar pelo partido, apesar de muitos deles não perceberem uma palavra de português e não poderem votar. Em troca têm refeições grátis.
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Se este 1º ministro for deposto no dia 5 de Junho, pela 1ª vez numa noite eleitoral eu levantar-me-ei do sofá para ir prá a rua festejar. De resto hoje aconteceu o que melhor poderia acontecer aos portugueses: Sócrates, desgastado, azedo e insolente, perdeu o debate. Vou dormir mais descansado.
Em estéreo
Em 6 anos de governo socialista a dívida pública aumentou 56,1 mil milhões de euros, passando de 90,7 mil milhões para 159.469,1 milhões de euros. E se em 2004 significava 60% deverá atingir 97,3 por cento em 2011.
Hoje parece ser o dia em que tudo de estranho acontece cá pelo burgo. Antigamente ao tipo de declarações como as que hoje foram feitas pelo Presidente norte-americano Obama acerca das políticas seguidas pelo Governo Sócrates chamava-se "ingerência nos assuntos internos" de outros Estados. Mas as coisas devem ter mudado com a globalização... Agora diz-se tudo às claras e sem pudor. Sócrates agradece, é claro. Não que isso lhe sirva de muito. E Obama sabe-o.
Manuela Ferreira Leite teve hoje no parlamento o seu (ingrato) dia de glória: confirmando a sua irrepreensível postura de Estadista, “a velha”, numa tão sucinta quanto brilhante intervenção veio deitar água na fervura, impor a racionalidade urgente num debate entornado pela hipocrisia, quando não pela mais infame velhacaria argumentativa. Com a autoridade de quem, contrariando uma alucinação colectiva particularmente gritante entre os opinadores oficiosos e os socialistas, há anos nos vem alertando sobre a iminência do abismo, a ex-líder social democrata reforçou que "Portugal está à beira da bancarrota" e que este OGE é o início de um “percurso longo e muito exigente” que “não pode ser desperdiçado com manobras políticas”. No final deixou a mais proeminente questão politica do momento: “como é que foi possível que um partido tivesse conduzido o país de tal forma que tornasse este Orçamento inevitável?".
Nem o País político nem o PSD merecem Manuela Ferreira Leite. Merecem aquilo que têm e o que aí vem. Que Deus nos ajude a todos... apesar de tudo.
Imagem daqui
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