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O desempenho de Pedro Passos Coelho na negociação do Orçamento de Estado conforta-me. Pedro Passos Coelho esteve hoje no jornal das 9 da Sic Notícias, e, como de costume, foi confuso em tudo menos na demonstração da utilidade que tem para os adversários do PSD. E a Sic Notícias, claro, estima muito tê-lo de visita nestes momentos.
No seu modo claro e acutilante, disse Passos Coelho que o PSD tinha perante o Orçamento dois caminhos. Depois esqueceu-se do segundo. O primeiro, segundo ele, seria votar a favor - a bem da estabilidade; o segundo, diz ele, é que «assim não». E «assim não», diz ele, porque não conhecendo o Orçamento, Manuela Ferreira Leite não pode negociá-lo. Fazer depender a aprovação do OE da consagração nesse diploma de «orientações gerais» que o PSD considera fundamentais é, portanto, uma ideia demasiado complexa para Passos Coelho.
O conforto que me proporciona a atitude de Passos Coelho durante a negociação do Orçamento é, portanto, este: confirmar-me, ainda uma vez, a decisão de nunca votar nele.
O fenómeno da conflituosidade e anticorpos granjeados por Pedro Passos Coelho na sua a longa e fratricida batalha pela liderança laranja, atingiu hoje níveis verdadeiramente fracturantes dentro do partido. Em resultado disso estão definitivamente comprometidos os intentos desta candidatura, ou no caso contrário, se for eleito líder da oposição, suspeito que assistiremos a uma sangria de quadros e dirigentes jamais vista, que remeterão o PSD para um plano de menoridade política em favor do CDS ou de novos projectos reformadores que surjam à sua direita.
De resto, confrontado com a crise no capitalismo mundial e com uma estrutura económica cristalizada numa extrema dependência na despesa pública, Pedro Passos Coelho há muito deixou cair a bandeira do liberalismo e parece que vai cedendo à quimera dum bloco central como bóia de salvação, não do país que já deu tudo para esse peditório, mas dum discurso esvaziado de ideias.
Santos Silva acusa Ferreira Leite de usar linguagem própria da extrema-direita
A propaganda já era habitual neste governo. Os grandes anúncios. Os grandes pacotes de emergência. As grandes medidas de apoio às famílias. Já estávamos habituados a tudo isso. Aquilo a que não estávamos habituados, de todo, era a este tipo de insinuação, no mínimo, infeliz. O que Augusto Santos Silva está a fazer é a utilizar toda a carga negativa associada à extrema-direita (o racismo, a intolerância, o nacionalismo, as mortes, a repressão, o Mussolini e o Salazar) para denegrir a imagem de um partido que, por ser de direita e por estar num país que ainda não compreendeu a diferença entre a direita de hoje e a do passado, é alvo da desconfiança de muitos. Dizer actualmente que Manuela Ferreira Leite é de extrema-direita é como dizer que José Sócrates é socialista - daquele socialismo que "se usava" na Rússia de Estaline. O PS está podre.
Carregado de razão está Pacheco Pereira ao clamar contra a escolha no PSD de Pedro Santana Lopes para candidato à Camara Municipal de Lisboa. Com mais ou menos justiça, mais ou menos inabilidade, Santana Lopes foi a face visível dos mais patéticos momentos da política nacional dos últimos trinta anos. Tendencialmente apreciado pelo jornalismo estabelecido, suspeito que também o é secretamente pelos adversários à esquerda, na expectativa dum caminho fácil rumo aos seus objectivos.
A última sondagem da Marktest, publicada no Diário Económico, é um desastre para o PSD, confirmando que a estratégia de silêncio levada a cabo por Manuela Ferreira Leite tem vindo a destruir todas as possibilidades de recuperação do partido. Ferreira Leite é a mais impopular dos dirigentes políticos portugueses, com apenas 18% de opiniões positivas (sete pontos atrás de Portas, 11 atrás de Sócrates, 20 atrás de Jerónimo de Sousa e 23 atrás de Louçã). Pior ainda é o descalabro do PSD nas intenções de voto: baixa quase dois pontos percentuais num mês (de 31% para 29,3%), mantendo-se ao nível do péssimo resultado registado pelo partido nas legislativas de 2005 e obtendo o pior índice neste barómetro desde os humilhantes 27,6% de Marques Mendes em Setembro de 2007.
Noto alguma preocupação dos socialistas com estes números. Receiam certamente que, sendo tão maus, possam acelerar o processo de substituição da silenciosa "líder" laranja. É algo que não desejam. Percebo-os muito bem: na óptica do PS, a ex-ministra das Finanças é a dirigente ideal do PSD.
Isto é embaraçoso. Não sou ferreira-leitista, mas até parece. À medida que o tempo passa e se vai acentuando este braço de ferro entre os que supostamente marcam o estilo e o ritmo da agenda mediática e M.F.L., a minha admiração por ela aumenta.
As pressões para falar, agir e aparecer a propósito de tudo e de nada são imensas. Mas ela, agindo de acordo com o que sempre pensou acerca do foguetório que anima a política quotidiana em rigorosa articulação com os interesses dos media, não se demove.
Questionada pelo Expresso sobre este assunto em entrevista publicada na edição de ontem, explicou, mais uma vez, que falará quando assim o entender, de acordo como seu timing, frisando que não é do seu estilo pronunciar-se sobre dossiers que não conhece profundamente.
Posso não concordar com algumas das suas ideias políticas - que ao contrário do que se tem escrito para aí, são conhecidas na sua essência - mas esta atitude só pode despertar a minha simpatia.
Paradoxalmente, a sua antipática negação à exposição mediática e a obstinação em permanecer na política igual a si própria (mais uma vez sublinhou que não quer assessores de imagem para nada) revela-me uma mulher cuja autenticidade só me pode ser simpática. Até porque neste seu desejo de transparência e seriedade julgo vislumbrar - passe a presunção - um pouco de ingenuidade. É que "ser diferente" em política só resulta se for de marketing que estivermos a falar.
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