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animalismo

por João Távora, em 19.07.16

Depois de uma indignada conversa dos crescidos à mesa sobre o projecto do PAN de acabar com as charretes e carroças, pergunta-me o pequenote na sua inocência:
- Ó pai, acha que eles vão obrigar as pessoas a carregar os cavalos às costas?

Códigos

por João Távora, em 22.04.16

Ontem de manhã, estacionado o carro perto da escola, quando eu ajudava o meu filhote pequeno a por a mochila (sempre carregada de mais) às costas, ele avisou-me que só a queria com uma alça ao ombro. Apesar de vê-lo todo torcido para andar equilibrado, concedi, porque percebi que era assunto sério. Isso ficou comprovado hoje ao ver a irmã mais velha (que tem muito estilo) sair para o liceu nos mesmos preparos, e quando o miúdo pequeno a caminho da escola confirmou-me apontando os exemplos na rua, que a rapaziada se divide em dois grupos: os fixes que levam a mochila só num ombro… e os outros.

Um raio de sol pela manhã

por João Távora, em 15.04.16

Como acontece muitas vezes pela fresca, esta manhã, terminado o pequeno-almoço, o meu miúdo pequeno veio estender-se na minha cama para aproveitar os últimos minutos enquanto eu me arranjava. Então, atirei efusivo (a ver se ele não adormecia) - Bom dia miúdo! como te está a correr o dia?
- A esta hora ainda não houve tempo de acontecer nada, como um terremoto ou assim - respondeu-me.
Surpreendido com a imaginação, não me deixei ficar e atirei:
- Oh também não é preciso acontecer uma catástrofe, não era bem mais divertido se uns extraterrestres parassem aqui à frente da janela numa grande nave espacial para nos raptarem?”.
Depois de pensar um instante, respondeu-me com o ar desconfiado:
- Ó Pai, mas hoje não é dia de escola?!

Idílico (ou quase)

por João Távora, em 01.06.15

Hoje o meu filhote pequeno veio da escola dócil, meigo e corado, até viu as notícias, a chegada da equipe do Sporting com a taça à varanda da Câmara de Lisboa e assim, cúmplice encostadinho a mim.
Pena que esteja com febre.

Uma questão de fé

por João Távora, em 31.03.14

O meu miúdo pequeno ficou algo confuso desde que há dias levou uma ensaboadela na aula sobre a chegada  primavera, que coincidiu com a chegada da chuva que lá na escola obriga as criancinhas a ficarem fechadas num barracão ensurdecedor durante o recreio. Hoje pela manhã, quando pela mão o levava debaixo dum temporal, em vão tentei consolá-lo mostrando-lhe uns tímidos rebentos de folhagem verde no topo das árvores. Não os vê ainda mas acho que acreditou em mim.

Young conservatives

por João Távora, em 16.10.13

O meu filhote pequeno é um conservador radical: de manhã não quer ir para a escola, à tarde não se quer ir embora; a seguir não quer ir para o banho, depois não quer de lá sair; à noite não quer ir para a cama, de manhã não se quer levantar. Ai vida dura...


Férias em casa

por João Távora, em 27.03.13

 

"Pai, pai, hoje é o meu dia de sorte: a mãe deixou-me fazer tudo menos disparates!".

Crescer em sabedoria e graça

por João Távora, em 23.01.13

 

O meu filhote de 5 anos vem-se apercebendo do potencial do dinheiro (moedas sonantes, mesmo; não virtual) e a sua relação com os brinquedos da loja. Ambiciona ter nada menos que todos. Fascinado com os anúncios do OLX, agora quer vender a mobília da casa. A crança faz-se.

Não digam que vêm daqui

por João Távora, em 09.08.12

 

 

Vou contar-vos um segredo: a par da exigente tarefa de educar (no sentido ortopédico do termo), do silêncio, da solidão e do tédio, todas elas experiências fundamentais na formação do carácter, brindar as cabecinhas das crianças com boas memórias é uma importantíssima tarefa a que os pais são chamados a empreender.
Acontece que uns quantos momentos felizes na infância podem a prazo salvar uma vida confrontada com o desespero. Umas memórias felizes constituem o mais valioso legado que podemos deixar aos nossos filhos. Falo de um património imaterial e afectivo como as festas em família, os passeios, as férias na praia ou no campo, uma ida ao circo ou ao cinema com os primos e amigos, falo de muita partilha de rituais e momentos marcantes, vividos em cumplicidade e sentido de pertença. Mais do que grandes artifícios ou destinos de emoções tão fáceis quanto descartáveis, essas recordações são uma laboriosa construção em que nos cabe o papel de engenheiros: preencher os rituais de significado, fazer que as relações com as pessoas, lugares e acontecimentos ganhem densidade e raízes nas suas existências. Esse é um trabalho de sapa em que os miúdos nos exigem coerência e verdade: eles são os primeiros a desacreditar na fancaria dos afectos e das fúteis ligações. Com as pessoas, com os lugares e com os acontecimentos. Nas suas memórias só guardarão o que seja fecundo de espanto e significado. Eles não sabem ainda, mas as suas marcas de felicidade poderão um dia ser a sua redenção. 

Cabem todos no romance

por João Távora, em 08.08.12

 

Coisa insólita, ontem aconteceu-nos à minha mulher e a mim ficarmos em casa só com o nosso caçula de cinco anos. Com tanta liberdade decidimos até petiscar uns camarões cozidos na varanda, coisa que entusiasmou de sobremaneira o pequenote que às tantas declarou: - “ó pai eu já sei, isto é um jantar romântico com pouca luz e música de amor”.

Férias graaaaandes

por João Távora, em 17.07.12

 

Hoje calhou ir a casa a meio do dia e deparar-me com o espectável panorama dos meus dois mais pequenos empastelados no chão da sala com os estores semicerrados a engonhar à frente da televisão. A primeira reacção foi um amargo complexo de culpa de não ter pago o mês de Julho nos colégios em que estes lhes dedicam um completo programa de actividades culturais e recreativas. Mas depois, pensando melhor, perguntei-me se não será de uma enorme injustiça esta minha intolerância para com a indolência alheia, vinda de alguém como eu que usufruía de quase quatro meses de infindáveis férias, em que não havia casa da Avó ou dos primos que me salvasse duma boa temporada em casa. Eram semanas a trocar as voltas ao dia, a embirrar com os irmãos, ver o TV Rural, campeonatos de corta-mato, equitação, encher o bandulho de gemadas e sorvetes em cubos de gelo, ouvir música a contar as rotações do disco às voltas e acabar o dia enfastiado de Tio patinhas e Enid Blytons. 

Será mesmo obrigatória essa modernice de tratar os miúdos como se fossem sacos que se arrumam direitinhos, preenchidos como chouriços, com actividades e programinhas pedagógicos e sociais, das oito da manhã ao cair da tarde? Não será afinal o tédio e a preguiça uma experiência de direito, fonte interminável de criatividade e fantasia, qualidades fundamentais para a construção dum bom caracter?
O que me vale é que já falta pouco para fechar o estaminé, calçar as chinelas e entrar na onda - literalmente. 

Cenas da vida doméstica

por João Távora, em 30.06.12

 

Já é natural, nestes maravilhosos tempos modernos os pequenitos comerem à mesa da sala de jantar, com a complacência dos pais, caridade dos irmãos e algum consentido chavascal à volta do seu lugar. São os danos colaterais da gestão da “aprendizagem” e da “socialização”. Em minha casa há alguns anos que uma conversa séria à mesa não dura mais do que o tempo duma música pop.
Isto tudo a propósito do meu filhote pequeno, que tem pelo na venta, mas não tem a lateralidade definida, e que só recentemente começou a fazer correspondência entre número e quantidade e vem demostrando progressos na estruturação temporal (vem tudo no relatório do colégio – um mimo). Para já sabe que está de férias, e que isso quer dizer que não vai à escola.
Por tudo isto o meu espanto foi enorme um dia destes quando o seu ego colossal interrompeu a conversa ao jantar para me declarar literal e peremptoriamente que “precisava de dinheiro”. Ficámos todos atónitos e eu estive quase para lhe responder à séria que “eu também”; mas o miúdo não me deu tempo com uma pronta justificação: “É para pagar aulas de Inglês”.
Ainda hoje não sei onde ele foi buscar tão assisada ideia, mas desconfio que foi a uma série de desenhos animados.

Coisas do Diabo

por João Távora, em 21.06.12

 

O meu pequenote recentemente descobriu e converteu-se pela mão do mítico irmão mais velho (já na faculdade em Coimbra) ao fascínio hipnótico da consola de jogos electrónicos. Um susto; até faz chichi pelas pernas a baixo e nem a oração ao deitar serena aqueles olhos refulgentes de ansiedade.
É verdade, sim: se não querermos todos os dias andar de rabo para o ar a apanhar os molhos de peças de lego e carrinhos espalhados na sala, se não quisermos perder uma preciosa tarde de Sábado no parque de baloiços, em que mal se consegue ler um jornal e muito menos folhear um livro, se não quisermos perder o debate na tv ao serão para fazermos um puzzle a meias ou contar uma história na cabeceira da cama, o Super Mário é uma diabólica tentação.

Dia da Criança

por João Távora, em 01.06.12

  

 

- Ó pai, o Lucas lá na escola diz que o pai dele é o mais forte e que Jesus não está em todo o lado!
- O Lucas é um grande mentiroso, meu filho.

Uma carga de trabalhos

por João Távora, em 28.03.12

 

Como pai dedicado, amanhã enfrento um desafio hercúleo: falar da minha profissão à sala de aula dos 4 / 5 anos do meu filhote. Incompreensível para muitos adultos, explicar aos petizes o que é consultoria de marketing e comunicação é uma causa ingrata, quando não perdida; mais ainda se tivermos em conta “concorrência” como a do pai do Liam que é piloto da Nato, ou do Gonçalo que é "arranjador" (electricista, presumo) e outro ainda que “trabalha no Google” (engenheiro de sistemas). Resta-me a consolação dum dos progenitores que me precedeu ser funcionário da Direcção Geral dos Impostos. 

Mas não juguem os meus amigos que eu deixo os meus créditos em mãos alheias: pró que der e vier, vou artilhado com computador e projector, e em caso de desespero distraio-os com o site da Disney. Ah, também levo uma pequena recordação para a criançada: uma latinha com terra com sementes de petúnias para fazer propaganda à Primavera. Basta misturar água... e acho que vão gostar.

The day after

por João Távora, em 26.12.11

 

Não se imagina a aflição que, no meio da euforia das festas, pode significar para um miúdo de quatro anos as rodas metidas dentro de um automóvel miniatura da loja do chinês, acidentalmente calcado, mas subitamente tornado o único, o mais importante de todos os presentes. Não se imagina o heróico e bem querido que se pode tornar um Pai que, numa delicada operação de conserto, desventra o frágil brinquedo e consegue recuperá-lo com êxito.

 

Instado pela minha filha na lufa-lufa do fim do jantar, brado ameaçador: ”José Maria ajuda a mana a levantar a mesa!” A resposta é firme e desconcertante: “Oh pai, não pócho! Estou a brincar!!!”

Burro velho não Estrumpfa línguas

por João Távora, em 12.08.11

Enquanto as “boas notícias” dos “cortes nas despesas do Estado” são proteladas pelo ministro das finanças quiçá para a rentrée, estrumpfemos entretanto de coisas sérias: só há dias realizei a estranha opção do rebatismo dos Estrumpfes para o publico português, os celebrizados gnomos azuis do ilustrador Belga Peyo, como um facto consumado. Tratou-se, segundo consta, duma miserável exigência imperialista dos produtores do filme que ontem estreou para a garotada. O problema é que não se trata apenas de mudar radicalmente o nome duns personagens, é toda uma linguagem com verbos, substantivo e tudo o mais, que é literalemente deitada ao lixo. O meu filho de quatro anos que está numa excitação por causa da campanha publicitária, já me informou com sobranceria, que “eles agora são os Smurfes, pai”. Uma estocada no meu coração, um precoce mas profundo buraco no nosso inevitável generation gap (tenho idade para ser avô dele).

Como não sou jornalista, não devo fidelidades a nenhuma distribuidora de cinema e e não recebi nenhum press release, estrumpfarei coerentemente a chamar Estrumpfes àquelas adoráveis criaturinhas que não resistem aos presentes explosivos do Estrumpfe Brincalhão que lhes estrumpfam na cara de quatro em quatro páginas.

O álbum "A Flauta dos Seis Estrumpfes" de 1958 da série "Johan et Pirlouit" foi um dos livros que mais vezes reli na minha remota infância. Fascinava-me e revia-me naquele simpático e elegante cavaleiro, de olhos fundos com o seu leal e disparatado pajem montado num bode. É nesse ambiente mágico medieval que aparecem pela 1ª vez os pequenos gnomos azuis de collants e capuz brancos, ainda num traço oval distante da forma com que se viriam a impor em aventuras autónomas. Claro que toda a obra está esgotadíssima, valorizada nos alfarrabistas, e tudo o que eu possa argumentar sobre a verdade dos Estrumpfes, do Grão Estrumpfe, do Estrumpfe brincalhão, da amorosa Estrumpfina, dos inesquecíveis álbuns “Os Estrumpfes Negros” e “O ovo dos Estrumpfes” ninguém cá em casa vai acreditar. Certo, certo, é que vou levar as crianças ao cinema um dia destes, mas quanto ao nome deles decido-me pela desobediência civil. Mesmo que isso me custe desdém e incompreensão. Definitivamente burro velho não Estrumpfa línguas. 

Danos colaterais

por João Távora, em 17.06.11

 

O mais pequenote ainda dá saltinhos de alegria quando chego a casa: por estes dias vive afogueado num virote com a sua trotinete nova, que só falta dormir com ela.
Levamos uma vida a educar os miúdos tão amorosos, primeiro nos baloiços e nos jogos nas brincadeiras, depois nas tarefas e nas obrigações, a desafia-los à plenitude, ao amor, a confiarem e a questionarem, a entregarem-se e relacionarem-se, superarem-se, afirmarem-se, questionarem-se, resistirem e rebelarem-se… sem darmos conta que seremos nós, os pais, os primeiros em quem os filhotes queridos ensaiarão integralmente o que lhe fomos ensinado.

Dedicado ao meu filhote pequeno

por João Távora, em 31.05.11


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