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Sítios para respirar e onde encontrá-los

por José Mendonça da Cruz, em 03.08.17

No presente clima de spin, tolices de férias e vigarice geral -- de que Costa é o totem, César a coroa, Santos Silva o emblema, e Galamba a caricatura -- encontram-se espaços limpos e saudáveis que servem de magnífica alternativa à desinformação e omissão dos media avençados. A série Endeavour, na Fox Crime, é um desses espaços.

Titulada com o nome do protagonista, Endeavour Morse (seria como um português chamar-se, por exemplo, Empenho Marconi), a série Endeavour é medularmente séria, ao contrário da medular falta de seriedade de quem agora nos pastoreia: não ilude os problemas, não foge a eles, nem sugere que se resolvam com conversetas «sinceras» de cinco minutos, ou por se proclamar que estão resolvidos. 

Ao contrário da fina patine de cultura da canalha que por aí perora, e que estala ao primeiro tropeço ou sempre que é preciso usá-la como arma de arremesso, a série Endeavour é medularmente culta. Pode vir-lhe isso de uma cena de igreja em que uma harpa electrónica toca um estudo de Satie; ou do Wagner que o herói ouve intensamente; ou da família aristocrata que vive na grande casa (que não se chama Brideshead), e cujo apelido é Mortmaigne (não Marchmain), e cuja filha se confessa má e com maus desejos (embora não se chame Julia); ou pode vir de uma citação deliciosa de Jaws, em que a menina vai nadar à noite, o menino fica bêbedo em terra, mas quem morre às mandíbulas de uma fera é ele. O enredo policial e com gente verdadeira, contado num tempo e ritmo muito europeu e sábio, está salpicado destes adornos. Faz bem à alma e ali respira-se. A seriedade e a competência estão a léguas da indigência ética e mental que agora nos desregula.


2 comentários

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De João Távora a 04.08.2017 às 12:02

Endeavour é do melhor que tenho visto nas últimas décadas. Aconselho-te já agora a espreitares a genial série policial Vera também na Fox Crime com uma fotografia sublime.


Abraço!  

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