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O regresso da Múmia

por José Mendonça da Cruz, em 24.11.15

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O governo de António Costa será ruinoso para o país. Qualquer governo do socialismo mumificado que caracteriza o PS português seria ruinoso para o país.

A múmia socialista não compreende a globalização (Soares afirmou que devia haver «um organismo» que «gerisse» a globalização, num dos pronunciamentos mais imbecis da actualidade), não compreende os mercados (chama-lhes «casino», sem reconhecer que «os mercados» são a pura imagem das decisões de investimento de indivíduos livres em enconomias livres) e, consequentemente, não compreende as noções de poupança e investimento. Em vez de poupança, a múmia quer mais consumo privado para «reanimar a economia» (como ignora a globalização, não a preocupa o aumento das importações); em vez de investimento egoísta para o lucro, quer investir o dinheiro dos outros em causas muito bem sonantes e muito pouco escrutináveis: cultura, formação, conhecimento, cidadania (as ideias bem sonantes e pouco escrutináveis são o paraíso dos incompetentes e dos corruptos).

O cadáver socialista não aceita a ideia de crescimento através do investimento privado, e, por isso, estriba-se no bafio marxista para pronunciar que os privados são egoístas, logo prejudiciais, e que o investimento público é neutro, logo virtuoso. Já vimos como a mais sólida e proveitosa reforma do anterior governo (a do IRC) foi revertida pelo mesmo PS que a assinou e depois renegou, pois como sabemos a múmia socialsta não tem palavra. Em breve veremos como a hipoteca a PCP e CGTP voltará a atirar os transportes públicos para os défices operacionais, as paralisações puramente políticas, e o regresso à condição de «banca clandestina» para esconder dívida. A isto se juntará o carrossel de dinheiros a que Costa chama «esquema de financiamento» e que propõe para alimentar esses transportes mal geridos: parte do ISPP, parte do IMI dos proprietários favorecidos e a totalidade da receita de publicidade em outdoors nas grandes cidades.

Não houve país que não caminhasse para a pobreza e a ruína económica com este guião, mas as múmias, por definição, não aprendem. Os povos iletrados, infelizmente, também aprendem devagar, só à custa própria, e só após desgraças repetidas. A iliteracia económica e financeira é cara, mas a iliteracia económica e financeira é o oxigénio da múmia.

Infelizmente, a múmia ruinosa será aplaudida durante bem mais do que os seis meses ou o ano que os optimistas prevêem. A bancarrota pode ser rápida, mas a evidência da bancarrota pode ser tão demorada como é recuperar dela (não se esqueçam, afinal, que -- contra toda a evidência, todos os indicadores, todo o bom senso e todo o instinto de sobrevivência do contribuinte, Sócrates foi reeleito). Sabemos que temos como primeiro-ministro, um derrotado sem sombra de pudor ou vergonha. Sabemos que temos sob o título genérico de «comunicação social» uma hoste de gente que não vacila perante a desonestidade intelectual mais abjecta. Sabemos que os gastos públicos irresponsáveis e ruinosos produzem, durante um período considerável, uma ilusão de bem estar duradouro. Sabemos que os interesses instalados curam muito bem (curam muito melhor) dos seus interesses quando os tratam nos bastidores e têm como interlocutor um governo socialista (que sempre engalanará as negociatas com proclamações bonitas - como engalanou as rendas do sector da energia com ilusões de «vanguarda ecológica», e as piores asneiras das PPPs com gritos de «combate à interioridade»). Sabemos que um dos povos que patenteia maior iliteracia financeira a nível mundial tomará por boa qualquer decisão ruinosa, desde que apresentada com cores bonitas. Sabemos também de muita cupidez e arrivismo que chegam cheios da habitual fome e da proverbial sede. E sabemos, por fim, que aquilo que entre nós passa por «comunicação social» poucas vezes passa de uma cegueira de causas ou de uma venalidade militante. Costa e a múmia socialista, para mal do país, estão aí para durar até ao desastre inevitável.

A grosseria que a esquerda introduziu na política desde há 10 anos, a sua soberba e a sua cupidez hão-de rosnar a quem discorde: «Habituem-se!». Mas não vai haver hábito. O que terá que haver depois de mais esta festa trágica será a apresentação das facturas, a responsabilização pelos danos e o justo tratamento para os companheiros de caminho.

 

 

 


4 comentários

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De Anónimo a 24.11.2015 às 20:23

Acredite que as suas palavras produzem conforto à mente, tal é a sensação de se poder sofrer de doença degenerativa com que se fica ao assistir aos prolongados comentários que passam nas televisões, pelas "autoridades" em tudologia e em enchimento industrial de chouriços, a começar pela senhora que a TVI foi buscar a uma lua de Plutão, que é de mudar de canal na hora.
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De Ali Kath a 24.11.2015 às 23:11

o 'gangster don cavacone' agora é o 'padrinho' da múmia paralítica
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De Slade a 25.11.2015 às 11:28

"não compreende os mercados (chama-lhes «casino», sem reconhecer que «os mercados» são a pura imagem das decisões de investimento de indivíduos livres em economias livres)"

A frase anterior seria notável se não esquecesse condições prévias como: acesso, informação e qualidade estatística. A 'pura imagem', como lhe chamou, apenas e tão só reflecte as condições anteriores, sendo que divergentes: muito acesso, muita informação e pouca qualidade estatística. O resultado é uma mistura (logo impura) entre expectativa egoísta e impossibilidade estatística. Ou seja, a definição de Casino!
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De JP Ribeiro a 27.11.2015 às 14:38

Excepcional! Já enviei o link para a minha lista de distribuição.
Gostei particularmente do ultimo paragrafo, porque é dever de todos o estar atentos e não vergar perante a previsível ameaça, a garantida arruaça, a violência física daqueles que dizem deter o monopólio da "verdade"  e a querem impôr a todo o custo. O neofascismo não passará. Não seremos a Venezuela.

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